terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Até Outubro devem ser "regionalizados" todos os serviços da nossa Meteorologia

Já se encontram criados dois grupos de trabalho que tornarão real a regionalização do Instituto de Meteorologia para os Açores. Um é composto por elementos do Governo Regional, através da Secretaria Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos e que iniciará, em breve, reuniões com o outro grupo, a ser criado ainda durante este mês, da Secretaria de Estado do Mar, para que assim se processe esta mesma regionalização.

Em declarações ao jornal «Correio dos Açores», José Contente salientou que “o Governo da República anuiu na eficácia e eficiência que será esta regionalização da delegação do Instituto de Meteorologia nos Açores”.

Os grupos de trabalho irão, a partir de agora, tratar das questões relativas aos recursos humanos e patrimoniais, bem como de assuntos como a salvaguarda dos tratados internacionais em matéria de organização meteorológica, preparando assim toda a parte burocrática e administrativa do processo, para que a regionalização aconteça “o mais cedo possível”. E segundo José Contente, “o mais cedo possível” é “até ao final desta legislatura”. Ou seja, segundo o Governo Regional, em Outubro, “estará tudo a funcionar no mesmo local onde o Instituto está sedeado actualmente em Ponta Delgada.

No entanto, o secretário regional salienta que “vão ser ganhas algumas sinergias, nomeadamente com a Universidade dos Açores, no âmbito da Geofísica, através de uma ligação mais estreita com o Centro de Vigilância Sismovulcânica. Para além desta, a proximidade de um serviço como este, e que é de tamanha importância para a Região, será igualmente uma mais-valia para os açorianos, em termos de segurança global e uma demonstração da centralidade dos Açores perante projectos da área da climatologia e meteorologia”.

Esta é uma pretensão que tem vindo a ser levantada ao longo dos últimos anos. Desta vez, o Governo Regional dos Açores confia que a mesma “ficará resolvida, face a algum trabalho que este executivoproduziu nesta matéria”.


Notícia: «Correio dos Açores».
Saudações florentinas!!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

BANIF pede insolvência da Castanheira & Soares devido a dívida de 24 milhõ€$

Agravam-se os problemas para a empresa de construção civil Castanheira & Soares, a maior empregadora da ilha das Flores.

O BANIF está a pedir a sua insolvência por causa de uma dívida de 24 milhões de euros. O processo judicial respectivo já deu entrada no Tribunal de Santa Cruz das Flores.

Não são de agora os problemas financeiros da Castanheira & Soares. Ainda há poucos dias foi noticiada a falta de pagamento de ordenados a trabalhadores desta mesma empresa na ilha do Corvo.

A empresa alega por seu lado ser credora de dívidas da Câmara Municipal das Velas e da Escola Profissional de São Jorge. Dívidas que ultrapassam os 6 milhões de euros, de acordo com a administração da Castanheira & Soares.


Notícia: RDP Antena 1 Açores e «Açoriano Oriental».
Saudações florentinas!!

domingo, 29 de janeiro de 2012

«Brumas e Escarpas» #35

O Dr Freitas Pimentel

Era eu ainda criança quando me desloquei pela primeira vez às Lajes, com o objectivo de ir buscar uma encomenda vinda da América. Fi-lo acompanhado e com uma dupla e incontida alegria. Por uma lado tinha a oportunidade de, pela primeira vez, ver, apreciar e percorrer as ruas de uma vila, que eu cuidava ser algo de muito grandioso e imponente e, por outro, animava-me a esperança de ter umas roupinhas novas e, eventualmente, um ou outro brinquedo já gasto e usado ou, simplesmente, uma esferográfica sem tinta, vinda na “saca” da América.

Nessa altura, ainda não havia estrada a ligar a Fajã Grande às Lajes, pelo que o trajecto, entre as duas localidades, era feito a pé por inteiro, atravessando a ilha de lés-a-lés, percorrendo veredas e atalhos, saltando grotas e ribeiras, subindo montes e rochas, descendo ladeiras e aclives e, por vezes, atravessando relvas e pastagens, à mistura com vacas e bezerros, a fim de encurtar distâncias e aliviar percursos. Eram quatro horas de viagem cansativa e fatigante, mas alegre e folgazona. A certa altura, cheio de sede e a arfar fadiga, bebi água em sítio onde muito provavelmente esta estaria infectada. Passados alguns dias fui acometido de febres muito altas, com a boca inchadíssima e num estado lastimável, pelo que permanecia de cama, inerte, sem poder comer o que quer que fosse. Um enorme sofrimento para mim e uma atribulada angústia para os que me rodeavam. Uma tragédia! Meu pai, aflito, nem sabia o que fazer. Na Fajã Grande não havia médico e levar-me a Santa Cruz era de todo impossível, devido à distância, à falta de transporte e ao meu estado de extrema fraqueza e acentuada debilidade.

Por feliz coincidência, nesses dias, o senhor Doutor Freitas Pimentel, à altura Governador Civil do distrito da Horta, realizou uma visita oficial à Fajã Grande, viajando num gasolina, desde as Lajes. Recebido apoteoticamente em cima do Cais, sua Excelência, acompanhado da sua comitiva, na qual já se incluíam as autoridades da ilha, dirigiu-se para a Casa do Espírito Santo de Cima, apinhada de gente, onde lhe foram dadas as boas vindas e feitos os discursos. Meu pai sabia que o senhor Governador Civil também era médico. Aguardou serenamente que todo este cerimonial se realizasse e, quando se apercebeu de que o mesmo se aproximava do fim, correu a casa, embrulhou-me num cobertor e trouxe-me ao colo até à Casa do Espírito Santo. Furando por entre a multidão, ludibriando os seguranças e resistindo à oposição de alguns membros da comitiva, aproximou-se do Dr Freitas Pimentel e solicitou-lhe que, por alma dos seus, me visse, me observasse e me receitasse algum remédio, ao mesmo tempo que me desembrulhava do cobertor.

O Dr Freitas Pimentel, apercebendo-se da gravidade do meu estado de saúde, de imediato, suspendeu a sua actividade de Governador Civil e solicitou ao seu secretário que lhe trouxesse uma pasta, donde retirou diversos instrumentos de diagnóstico médico. Observou-me, mediu-me a temperatura, auscultou-me e abriu-me a boca com uma espátula. De seguida, acalmou o meu progenitor, dizendo-lhe que eu tinha um gravíssimo ataque de piorreia mas que tudo se iria resolver. Receitou-me uma valente dose de penicilina, alguns comprimidos e um desinfectante oral, sugerindo que as injecções me fossem aplicadas o mais rapidamente possível.

Meu pai voltou a embrulhar-me no cobertor e perguntou quanto era a consulta. O Dr Freitas Pimentel, esboçou um leve sorriso, deu-lhe uma leve palmada nas costas e disse-lhe apenas:

- Vá depressa, homem. Vá depressa a Santa Cruz ou às Lajes comprar as injecções, que as não há aqui na Fajã.

Cumpriram-se com rigor as prescrições médicas e, alguns dias depois, eu estava são que nem um pero e meu pai aliviado.

Passaram-se mutos anos, sem que nunca mais visse o dr Freitas Pimental. Certo dia, porém, ao embarcar no aeroporto da Horta, dei com ele, só, abandonado, triste e melancólico, num canto da sala de espera. Cuidei que era a altura de lhe agradecer o que ele, há muitos anos, fizera por mim. Com alguma hesitação, aproximei-me, cumprimentei-o e apresentei-me, recordando o episódio de há muitos anos em que ele me havia curado. Que se lembrava muito bem das suas idas à Fajã Grande, mas não se lembrava de me ter tratado. Que procurara sempre ajudar a todos, mesmo quando lhe solicitavam cuidados médicos. Que nunca se recusara a tratar um doente e que sempre o fizera, sobretudo, naquelas localidades onde, na altura, não havia médico.

Agradeci-lhe mais uma vez e despedi-me. Para espanto meu, o antigo Governador Civil da Horta disse-me:

- Muito obrigado por ter vindo falar comigo!


Carlos Fagundes

sábado, 28 de janeiro de 2012

Carlos Mendes: uma vida de aventura

Projectos
Ribeira dos Algares(ilha das Flores)Depois de tantas histórias, é inevitável perguntar a Carlos quais serão as suas próximas aventuras e o que tem na manga para os próximos tempos. “Basicamente, o que quero fazer é, juntamente com os meus irmãos, criar um conjunto de animação turística para que uma pessoa, quando visita a ilha das Flores, consiga ter meios para se deslocar e ter um ‘pacote’ completo de animação. Essa é a grande vantagem de trabalhar em família. Se um cliente vem e quer ficar num hotel tem o hotel dos meus pais, se quer passear, caminhar ou mergulhar pode fazê-lo comigo e se, ao mesmo tempo, pretende manter-se em forma pode ir para o ginásio do meu irmão e depois jantar no restaurante do meu outro irmão. Fica tudo em família e o tratamento é simplesmente o melhor.”

Para além disso, outro dos grandes objectivos de Carlos é incentivar cada vez mais as pessoas da ilha a praticar desporto e a usufruir da ilha. “Lembro-me de há 10 anos vestir uns calções de lycra para andar de bicicleta e as pessoas gozarem comigo. Quando chegava a ilha do Corvo, metia a mochila às costas para subir a montanha e ir fotografar, mas as pessoas diziam que eu era doido, que devia era estar em casa. Naquela altura as pessoas não desfrutavam do que tinham à sua volta. Ficavam no sofá, a ver televisão e a ‘contribuir para as farmácias’. Felizmente, houve uma evolução nesse sentido e, hoje em dia, vejo imensas pessoas de cá a praticar desporto. Num meio pequeno é complicado, tudo demora mais tempo.”

Para além de continuar a contribuir para o bem-estar das pessoas e influenciá-las a ter uma vida mais saudável, Carlos também pretende alcançar uma nova meta: subir até aos sete mil metros no Nepal. Mas, enquanto este novo desafio não é atingido, Carlos irá continuar a preservar e a partilhar os encantos naturais da sua ilha e, em breve, poderá fazê-lo com alguém muito especial ao seu lado: o seu filho, que irá nascer brevemente e a quem, certamente, irá transmitir todas as suas paixões e valores.


Parte 3 de 3 da entrevista realizada por Magali Tarouca e publicada na revista de aventura «OutDoor» na sua edição do mês de Janeiro.
Saudações florentinas!!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Na festa de homenagem a José Amorim

É sempre triste quando se recebe uma notícia do falecimento de um ente-querido, de um amigo, de um conhecido. Neste último caso, chegou-me mais uma de tristeza, através de um artigo alinhavado por Renato Moura, também colunista deste matutino e com residência em Santa Cruz das Flores. A paradisíaca ilha das Flores que visitei pela primeira vez, ao serviço de «A União», e acompanhando o Lusitânia, para fazer cobertura da homenagem prestada ao guarda-redes do Boavista, o agora falecido José Amorim que, manda a verdade dizer, ficou radiante com a nossa presença, visto se tratar de um jornal com expressão na ilha Terceira e consequentemente nos Açores. Isto aconteceu em 1984, com o Lusitânia a realizar primeiro um jogo em São Miguel e, depois, partida para a ilha das Flores e cuja população de Santa Cruz nos recebeu com muito carinho e o José Amorim sempre presente com aquele ar de felicidade pelo facto do mais campeão dos Açores participar na sua festa, que não sei se foi de despedida. De homenagem, sim, e de todo merecida pela grande figura que foi José Amorim ao serviço do futebol florentino. E encaixa muito bem esta frase do presidente do rival Minhocas: “Amorim está para o futebol das Flores, como o Eusébio para o do Benfica”, óbvio dentro da relatividade das coisas.

Com a presença do Lusitânia foi uma jornada de excelente confraternização e de muito divertimento, à noite, na residencial do Machado, que, como se sabe, é terceirense (Fonte do Bastardo) e se fixou nas Flores. Nesse ano, o João Luís (“o Zenite”) jogava no Lusitânia e o irmão fez questão de acompanhar a caravana, para mais que lá estavam alguns amigos mais íntimos, destacando, nomeadamente, o presidente e vice-presidente, respectivamente, Guilherme Carvalhal e Jorge Valadão, para além de outros amigos, tais como, o próprio Couto (treinador), Valdir e Ramiro. Contudo, numa bela noite, no hall da residencial onde funcionava o bar, o nosso bom amigo Avelino Luís Gonçalves, perante a presença do José Amorim e de outras pessoas ligadas à organização da festa, viu-se a braços com uma situação de algum modo "tragicómica”, sem pontinha de exagero. Os dirigentes do Lusitânia tentaram vestir-lhe uma camisa do clube para uma foto de posteridade. Jamais o “pequenino”, que hoje é o grande presidente do Angrense, se deixou levar naquela onda verde-e-branca, rolando-se pelo chão e daí os seus amigos não conseguirem concretizar os intentos da tal foto que no fundo teria uma pitada de sacanagem, sabendo-se que o Avelino Luís Gonçalves sempre se revelou um anti-lusitanista. Eu próprio, confesso, fiquei surpreendido com a sua presença, mas, também, acabei por compreender que ele ali estava pelo irmão e pelos seus amigos Guilherme Carvalhal e Jorge Valadão. O José Amorim, que chegou a ser guarda-redes do Angrense, revelou-me que, no tempo em que esteve na ilha Terceira, frequentava muito a Zenite e que muito conversava com o senhor Avelino.

Depois de contada esta história, cabe-me dizer que, em representação deste jornal «A União», em Agosto de 1984, tive o grato prazer de estar na festa de homenagem do José Amorim em Santa Cruz das Flores. E porque nunca me esqueço das pessoas que fazem parte do meu trajeto jornalístico (48 anos, será pouco tempo?), não podia, de forma alguma, deixar de falar do José Amorim, falecido no dia 13 de Janeiro. Pena, realmente, e segundo o que descreveu o Renato Moura, que muitos outros colegas do futebol, incluindo dirigentes, não estivessem presentes no último adeus a um homem que no futebol - e não só nesta actividade - deu muito à ilha das Flores.

Descansa em Paz, José Amorim, velha glória do futebol florentino e cidadão que todos se habituaram a respeitar.


Carlos Alberto Alves
Artigo do jornalista terceirense Carlos Alberto Alves, n' «A União».

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Carlos Mendes: uma vida de aventura

A Montanha
Na ronda dos AnnapurmasUns quantos metros acima da linha do mar, Carlos encontrou outra paixão: a montanha. “Tinha cerca de 13 ou 14 anos quando chegou um grupo de suíços para explorar a ilha, pessoas que ainda hoje nos visitam. O meu pai, que tinha uma residencial, acolhia-os, e nós transportávamo-los numa carrinha de caixa aberta e deixávamo-los na entrada do trilho – era aí que começava o meu papel. O meu pai pedia-me para os guiar, pois os trilhos não tinham sinalização, e era assim que passava as minhas férias do Verão. Guiava turistas de um lado para o outro e, nas folgas, ia para o mar. Foi assim que nasceu a paixão pela montanha, tendo já subido o Island Peak e o Kilimanjaro, entre outras. Mais tarde surgiu a oportunidade, com o João Garcia, de ir aos Himalaias e, daí em diante, a minha paixão fortaleceu-se mais ainda”.

Mas, para quem vive todos os dias ao nível do mar, nem sempre é fácil a adaptação à montanha. No Island Peak (Imja Tse), cujo topo rodeia os 6.200 metros, “enquanto vários amigos que foram na mesma expedição se aclimataram facilmente, já eu tive alguma dificuldade, tendo demorado um ou dois dias a mais do que eles. Porém, depois de estar aclimatado, talvez devido à prática de mergulho livre, recuperava o fôlego muito mais facilmente do que eles, pois a pulsação baixava mais rapidamente. A primeira vez que atingi os 5 mil metros foi doloroso e passei uma semana com dores de cabeça, mas hoje já consigo reconhecer os erros que cometi na altura. Agora faço a aclimatação sem problemas”. Foi nesta expedição, em 2005, nos Himalaias, com o João Garcia, que Carlos conseguiu um feito único para os açorianos: colocou uma bandeira dos Açores mais alta do que nunca, precisamente nos 6.200 metros.

Canyoning Salto Alto Ribeira da SilvaPara além do mergulho e da montanha, Carlos confessa que é um desportista universal. “Pratico tudo o que me provoca adrenalina e que me permita desfrutar da natureza, sem a estragar. O canyoning é um exemplo disso mesmo. Adoro descer as ribeiras e, pelo que eu vejo e muitas pessoas me dizem, a ilha das Flores deve ser um dos melhores sítios da Europa para a prática deste desporto. Tem um potencial enorme e é pouco explorado. A costa da ilha é fantástica. Vemos debaixo de água relevos idênticos ao que a ilha tem por cima, ou seja, são bastante acidentados. À superfície, a ilha muda de quilómetro para quilómetro, mas debaixo de água, as mudanças ocorrem de 10 em 10 metros. Com um ginásio natural destes, eu consigo preparar-me para qualquer coisa”.

A determinada altura perguntamo-nos: será que não existe nenhum desporto em que Carlos seja menos bem sucedido? A sua resposta é quase automática e vem acompanhada de uma gargalhada: “Parapente! Esse desporto joga com uma força natural que é o vento, e eu não o consigo dominar. Talvez pela ilha em si, pelos ventos cruzados, pelos vales da ilha, pela quantidade de vegetação e pela deslocação de massas de ar térmicas. Uma vez, decidi voar com um amigo meu mais experiente. Ele preparou a sua asa, levantou voo e eu achei que era uma coisa fácil. Quando me preparei para levantar, não reparei que o vento tinha aumentado e que estava no seio de uma ascendente muito rápida. Sem me aperceber do perigo, preparei a asa e, assim que faço um pequeno gesto para esta levantar, o vento insuflou a asa e subi uns 200 metros sem ter que fazer coisa alguma — parecia-me que estava tudo bem. Mas, entretanto, o meu amigo aterrou e começou a tentar dar-me algumas indicações para eu aterrar. Eu tentava seguir as indicações, mas, assim que estava quase a aterrar e a tocar com os pés no chão, voltava a levantar voo de novo. Ele estava mais preocupado do que eu e não parava de me dar instruções, mas com a força do vento eu não ouvia absolutamente nada. Passada meia hora com várias tentativas falhadas para aterrar, resolvi tentar puxar as últimas duas linhas da ponta da asa (manobra de emergência). Ao fazer isso, corria o risco de ter uma queda abrupta, mas como estava tanto vento eu pensei que não ia correr esse risco. Assim, puxei essas cordas com tanta força que até me cortaram os dedos... mas nunca as larguei até sentir os pés tocarem no chão. Ingenuamente, passei a achar que era fácil aterrar, pelo que levantei voo outra vez. Porém, quando puxo outra vez as duas cordas para aterrar, e já muito perto do chão, um vento traseiro fez com que eu fosse a bater com o rabo numa série de plantas, até que fiquei instalado num enorme campo de silvas. Levei mais de 3 horas para sair dali, já era de noite e o parapente acabou por ficar lá. E foi assim a minha primeira aventura de parapente”.

Mas as histórias vividas por este intrépido jovem não se ficam por aqui e davam direito a escrever um livro de aventuras de fazer inveja a qualquer Indiana Jones. Aqui fica mais uma digna de nota. “Aos 15 anos, com um grupo de escuteiros, resolvemos subir a montanha do Pico. Assistimos a um pôr do Sol fantástico e tudo correu bem. A madrugada é que foi agitada. Um amigo meu, a meio da noite, diz: Carlos estou com uma grande dor de barriga. Não havia ali nada que pudéssemos fazer. Eram 5 da manhã, estava um vento fortíssimo lá fora, e estava quase a chover. Estávamos na cratera do Pico, recolhidos numas grutas vulcânicas com uns 10 metros de profundidade, mas pouco mais de um metro de altura, e tínhamos de rastejar por cima de muitos companheiros para conseguir chegar à rua. Mas a dor dele era tão forte que tivemos mesmo de sair para o exterior. Então, viemos por ali a baixo, a descer a montanha do Pico ‘às cambalhotas e trambolhões’, no meio da chuva, do vento e do nevoeiro serrado, apenas com uma pequena lanterna na mão. Para complicar a situação um pouco mais, na altura não havia marcos de sinalização, apenas umas pedras aqui e ali para indicar o caminho. Apesar de tudo, conseguimos descer e, finalmente, encontrámos a carrinha da Polícia, (hoje em dia existe uma casa de guarda) que estava ali para o caso de acontecer alguma coisa com as pessoas que sobem ao Pico. Levaram-nos ao hospital e descobrimos que o meu amigo tinha uma apendicite “, relembra Carlos.

CORNOS DEL PAINE CHILE (auto foto)Como bom aventureiro que Carlos é, seja qual for a parte do Mundo em que se encontre, a adrenalina acompanha-o sempre, como nos conta através de mais uma das suas histórias emocionantes. “Há uns anos fiz uma viagem à Patagónia. Quando cheguei a Buenos Aires, no meio de uma revolução, a primeira coisa que vejo é um cartaz enorme com letras vermelhas a dizer: ‘NO TAXI - peligro de secuestro’ (Não apanhar Táxi - perigo de sequestro). Perante isto, pensei: se calhar o melhor é apanhar um avião e regressar a casa. Mas, achei que não tinha nada a perder, pois não levava nada de valor comigo. Felizmente, não aconteceu nada e consegui desfrutar, embora houvesse manifestações por todo o lado. Após ter visitado a cidade de Buenos Aires, prossegui em direção a Sul, para a Patagónia. Comecei pelo litoral para ver as baleias, depois entrei nas zonas mais montanhosas e, quando cheguei à Terra do Fogo, quis logo agarrar num caiaque e fazer uma travessia. Foi uma viagem que jamais esquecerei, vivi-a intensamente e é um dos sítios mais bonitos do mundo, tal como a Nova Zelândia. Na Patagónia tive a oportunidade de fazer um voo de avioneta, durante 90 minutos, sobre os Andes. Fui filmando e fotografando lagos de várias cores, as montanhas - Cornos del Paine, Fitzroy, Cerro Torre e os fantásticos glaciares (Perito Moreno, Grey e Viedma). Também gostei muito do voo que liga Katmandu a Lukla, mas nada como esta experiência na Patagónia”.


Parte 2 de 3 da entrevista realizada por Magali Tarouca e publicada na revista de aventura «OutDoor» na sua edição do mês de Janeiro.
Saudações florentinas!!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Carlos Mendes: uma vida de aventura

A melhor maneira de descrever Carlos Mendes, seria dizendo que é um apaixonado pela natureza, pelo mar, pela aventura, pela paz de espírito, pela adrenalina – em suma, um apaixonado pela vida! Com apenas 37 anos, a sua história de vida é tão vasta e preenchida que mais parece estarmos a falar com alguém que já viveu duas vezes. Instrutor de mergulho e skipper de profissão, desportista de coração, Carlos nasceu e vive num dos maiores paraísos do planeta, plantado no meio do Oceano Atlântico: a ilha das Flores, um local que afirma conhecer como a palma da sua mão, tanto acima como abaixo da linha do mar. A revista «Outdoor» esteve nas Flores com Carlos, passeou no seu barco pela ilha, fotografou o mais belo nascer e por do Sol e percebeu, ao vivo e a cores, porque é que ele assegura que jamais abandonará a terra, nem o mar, onde nasceu.

Apesar de ter crescido numa ilha, não se pode dizer que a paixão pelo mar tenha vindo de geração em geração. Embora a sua mãe tenha nascido na ilha de São Miguel e o pai na ilha Terceira, nenhum dos dois tem uma grande ligação ao mar. Este foi um interesse que nasceu com Carlos. “Quando era pequeno adorava ver os programas do Jacques Cousteau. Muitas vezes estava à espera que o programa começasse e, de repente, o tempo na ilha piorava e a televisão começava a dar a preto e branco, perdia o som ou, pura e simplesmente, ficava toda aos riscos e não se conseguia ver nada. Era uma frustração para quem ficava uma semana inteira à espera daquele momento”, relembra Carlos.

Mas Carlos não se limitava a ser um mero espectador dos programas que povoavam a sua imaginação de criança. “Nessa altura, eu e os miúdos aqui da ilha, íamos para o porto de pesca e tentávamos imitar o mergulho de garrafas. Metíamos umas mangueiras nas bóias para tentar chegar a, pelo menos, um metro de profundidade. Hoje percebo que isso é impossível por causa da pressão mas, na altura, parecia que tudo funcionava”.

Tentativas frustradas à parte, Carlos aventurou-se a sério pelo mar quando teve o seu primeiro barco. “Vinha um veleiro das Caraíbas, que fundeava na baía de Santa Cruz e, certa vez, com falta de alimentos, negociou com o meu pai trocar comida por um barquinho pequeno de fibra. O barco, com um motor de 2 cavalos, pouco andava, mas permitiu-me ter uma maior autonomia para explorar a ilha.”

A partir daí, Carlos tornou-se um autodidata e começou a explorar uma série de vertentes de desporto aquático, uma delas o mergulho. “Ninguém praticava ou ensinava mergulho, e como os meus pais não tinham qualquer ligação ao mar, não me apoiaram muito nesta aventura. Lembro-me de vestir umas t-shirts e uns fatos de treino, o mais justos possível, para evitar a queimadura de uma alforreca. Estava dez minutos dentro de água e meia hora em cima de uma rocha a tremer de frio e a ver se o Sol me aquecia.


A fotografia subaquática
Peixe Mero na  ilha das Flores Ao descobrir um mundo novo debaixo de água, Carlos quis começar a registar toda a magia que via e sentia quando mergulhava. Desta forma, desenvolveu um novo interesse - a fotografia subaquática. “Na altura tinha de ser em slide e era difícil obter boas imagens. Aqui na ilha havia uma loja que revelava as fotos, mas era tudo caríssimo e vinham sempre com umas cores muito esquisitas. Depois comprei uma câmara melhor, com um flash grande e aí comecei a obter resultados mais satisfatórios. Com a entrada no digital, tudo melhorou. A fotografia subaquática sempre foi muito complicada, mas como não havia muita gente a fazer, era uma área onde nos podíamos destacar. Contudo, a realidade açoriana é muito limitativa em termos de aprendizagem, um obstáculo que só consegui ultrapassar há cerca de dez anos, altura em que os Açores começaram a sofrer uma mudança no turismo, atraindo muitos fotógrafos profissionais por razões publicitárias. Foi através deles que aprendi mais sobre fotografia, começando por perceber como é que a câmara funcionava, posteriormente, como procurar os melhores enquadramentos. Desde então, tenho vindo a aprofundar a minha técnica.”

Parte 1 de 3 da entrevista realizada por Magali Tarouca e publicada na revista de aventura «OutDoor» na sua edição do mês de Janeiro.
Saudações florentinas!!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

«Tenham a bondade de o auxiliar...»

"Devo receber 1.300 por mês, não sei se ouviu bem 1.300 euros”, disse Cavaco Silva aludindo à sua pensão da Caixa Geral de Aposentações. Além disso, terá também direito à pensão do Banco de Portugal. "Tudo somado não dá para pagar as despesas", frisou Aníbal Cavaco Silva, presidente da República portuguesa.

Notícia: jornal «Público».

Na última declaração de rendimentos que Aníbal Cavaco Silva depositou no Tribunal Constitucional constavam os seguintes dados:

1. Trabalho dependente

Em 2010, Cavaco Silva reportou rendimentos de trabalho dependente que ascenderam a 138.942,02 euros.

2. Pensões

Entre o fundo de pensões do Banco de Portugal e a reforma da Caixa Geral de Aposentações, em 2010 o Presidente da República recebeu 141.519,56 euros.

3. Depósitos à ordem

De acordo com a declaração entregue no Tribunal Constitucional, Cavaco Silva era, em 2010, titular de quatro contas à ordem, cujo valor total era de 41.417,16 euros, distribuídos da seguinte forma: BCP (16.881,65 euros), BPI (5.543,24 euros), CGD (10.688,15 euros) e Montepio Geral (6.304,12 euros).

4. Depósitos a prazo

Cavaco Silva surgia, em 2010, como titular de cinco depósitos a prazo: BCP (185 mil euros), BCP (175 mil euros), BPI (91 mil euros), BPI (141 mil euros) e CGD (20 mil euros); num valor total de 612 mil euros.

5. Plano Poupança Reforma (PPR)

O Presidente da República é detentor de um plano de poupança reforma que, no final de 2010, tinha 53.016,21 euros.

6. Obrigações

Cavaco Silva reportou também uma aplicação em obrigações, constituída na CGD, que era no valor de 15 mil euros.

7. Acções

O Presidente da República declarou ter 101.960 acções de 10 empresas portuguesas, incluindo da Jerónimo Martins e do BCP.

8. Subvenção vitalícia

Cavaco Silva foi primeiro-ministro de Portugal entre 1985 e 1995 e teria direito a receber, todos os meses, uma subvenção vitalícia mas renunciou a este direito.

9. Vencimento de Presidente da República

Em 2011, os aposentados que prestam serviço remunerado em serviços públicos ou que ocupam cargos públicos, passaram a ter de optar entre receber o vencimento ou a pensão. Cavaco Silva optou pelas reformas, prescindindo assim do vencimento de 6.523 euros que a lei atribui ao Chefe de Estado.

10. Despesas de representação

Apesar de não receber o vencimento de Presidente da República, Cavaco Silva tem direito a receber mensalmente o valor referente às despesas de representação que rondam 2.900 euros.


Notícia: portal «Dinheiro Vivo».

Já vai a caminho das 30 mil assinaturas a petição com Pedido de "Demissão" do Presidente da República.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Novas direcções técnicas iniciam funções nas Unidades de Saúde de ilha

Nove ilhas, nove Unidades de Saúde de ilha. É este o novo modelo que hoje entrou em funcionamento nos serviços de saúde na Região Autónoma dos Açores.

Um único conselho de administração em cada ilha passa a gerir os Centros de Saúde, com ou sem internamento. Até agora só Graciosa, Pico e São Jorge tinham Unidades de Saúde de ilha. Com esta nova estrutura há também mudanças nos Centros de Saúde: deixam de ter conselhos de administração, passando a ter um director clínico e outro de enfermagem.

Em Santa Cruz das Flores, os lugares são assegurados por Emiliana Dias e pela enfermeira Eunice Lima, respectivamente na direcção clínica e direcção de enfermagem do Centro de Saúde. A médica Emiliana Dias acumula a direcção clínica com a presidência do conselho de administração da Unidade de Saúde de ilha.

A partir de agora, "um único conselho de administração em cada ilha passa a gerir os Centros de Saúde [dessa ilha], quer tenham ou não internamento, existindo em cada Centro de Saúde um director clínico e outro de enfermagem", afirmou a directora regional da Saúde. Sofia Duarte recordou ainda que, no anterior modelo que estava em vigor, cada Centro de Saúde tinha o seu conselho de administração, passando agora a existir apenas uma administração para gerir todos os Centros de Saúde que existirem em cada ilha açoriana.

A directora regional da Saúde destacou "as mais valias" e a "eficiência económica" que esta mudança provocará na estrutura organizativa, alegando que "permite uma melhor gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros".


Notícia: RDP Antena 1 Açores.
Saudações florentinas!!

domingo, 22 de janeiro de 2012

“Parque Aberto” com novas iniciativas

À semelhança do que é feito em outros parques da Região, também o Parque Natural da ilha das Flores tem uma agenda de actividades abertas à população, denominado ‘Parque Aberto’.

Este conjunto de actividades prolonga-se até Abril. Durante este período serão promovidas várias acções gratuitas com o intuito de envolver a população na descoberta do seu próprio património e dar a conhecer os detalhes mais emblemáticos e cativantes dos Parques Naturais.

É desta forma que os Parques apresentam um conjunto de iniciativas diversas, que nos levam a conhecer mais profundamente a beleza natural e as especificidades destas áreas. Percursos pedestres, maratonas fotográficas, aventuras infantis nos diversos Centros de Interpretação Ambiental, oficinas e workshops, exposições e desportos de natureza, são alguns dos exemplos de actividades em que poderá participar.

Com a implementação deste projecto de sensibilização, que decorrerá ao longo de meses, pretende-se aumentar a consciência ambiental e dar a conhecer a importância fundamental da qualidade natural e ecológica das ilhas dos Açores. Assim contribui-se igualmente para a sustentabilidade e qualidade de vida de todos os residentes.

Saudações florentinas!!

sábado, 21 de janeiro de 2012

Descoberto o gene que influencia início precoce da doença de Machado-Joseph

Um estudo desenvolvido por um grupo de investigação liderado por Manuela Lima, da Universidade dos Açores, permitiu descobrir um gene que influencia a idade de início da doença de Machado-Joseph.

O gene da Apolipoproteína E (APOE), uma proteína que participa no transporte e no metabolismo do colesterol, tem um papel modificador na doença de Machado-Joseph, estando a presença de uma variante específica deste gene associada a um início mais precoce dos sintomas da doença.

A partir desta descoberta é possível saber que uma pessoa, que tenha a alteração genética que causa a doença de Machado-Joseph e também uma alteração genética no gene da APOE, vai ter uma idade mais precoce de início da enfermidade.

Esta nova contribuição científica vai permitir melhorar a previsão do início da doença de Machado-Joseph e, em estudos futuros, poderão ser desenvolvidas terapias dirigidas a este gene de modo a que se possa atrasar, de alguma forma, o seu início.

“Trata-se de mais conhecimentos sobre os aspectos genéticos desta doença e que podem permitir o desenvolvimento de terapias que possam pelo menos atrasar o seu início”, revelou a investigadora Conceição Bettencourt.

Para já estes novos dados [publicados em artigo científico na revista «Archives of Neurology»] vão dar aos geneticistas novos meios para os ajudar a prever o início da doença de Machado-Joseph, constituindo assim mais um elemento para o aconselhamento genético.


Notícia: «Açoriano Oriental» e «Telejornal» da RTP Açores.
Saudações florentinas!!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Obras de ampliação do Porto das Lajes

A obra custa 1 milhão de euros e ficará concluída dentro de um ano. O principal porto desta ilha do grupo ocidental açoriano deverá crescer 45 metros. O objectivo é melhorar a operacionalidade do porto comercial na costa sul da ilha das Flores.

Notícia: «Jornal da Tarde» da RTP Açores.
Saudações florentinas!!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Águas balneares em consulta pública

Tal como acontece todos os anos, encontra-se em consulta pública até dia 31 de Janeiro a lista das Águas Balneares a identificar em 2012 nos Açores.

Esta consulta pública tem como objectivo permitir que os cidadãos se manifestem sobre a proposta de águas balneares e que expressem as suas opiniões.

Já está determinada a lista das águas balneares a identificar para 2012. A não identificação [de determinada área balnear] não significa que a água não reúne qualidade suficiente para a prática balnear, significa apenas que as entidades gestoras não desencadearam os procedimentos necessários e previstos na legislação.

A lista de águas balneares identificadas constitui uma garantia, pelo que a inclusão de novas águas balneares naquela lista deve pautar-se por um compromisso sólido e consistente de manutenção de condições de usufruto daquela água balnear ao longo dos anos, nomeadamente em termos das infra-estruturas e da assistência aos banhistas.

“O compromisso estabelecido pela entidade gestora ao propor uma determinada água balnear dá segurança a eventuais investimentos turísticos privados, dada a garantia de manutenção das boas características”, afirmou o director regional dos Assuntos do Mar, Frederico Cardigos acrescentando que “os locais em que haja nadadores salvadores, funcionem instalações sanitárias, esteja estabelecido programa de educação ambiental e não se prevejam obras durante toda a época balnear, podem ainda candidatar-se ao Programa Bandeira Azul, coordenado na Região pela Secretaria Regional do Ambiente e do Mar”.


Notícia: RTP/Antena 1 Açores, rádio Atlântida e sempre inestimável "serviço informativo" do GACS [Gabinete de Apoio à Comunicação Social, da Presidência do Governo Regional].
De relembrar que no ano passado a avaliação da qualidade da água nas 56 zonas balneares dos Açores concluiu que 53 foram ‘excelentes’ e as restantes 3 foram ‘boas’, não tendo existido nenhuma água balnear classificada como ‘aceitável’ ou ‘má’.

Saudações florentinas!!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Até Março deve arrancar a extensão do cabo de fibra óptica às Flores e ao Corvo

Os trabalhos para a extensão do cabo [submarino] de fibra óptica às ilhas das Flores e do Corvo, as únicas do arquipélago dos Açores que ainda não estão ligadas [ao anel de fibra óptica], devem começar até ao próximo mês de Março.

A garantia foi dada por José Contente, secretário regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos, admitindo que as obras poderão prolongar-se por um período entre "9 e 12 meses".

"Prevê-se a instalação das redes de nova geração no centro do país até ao final do primeiro trimestre e o que está acordado é que, quando avançasse no centro do país, também avançaria nos Açores", afirmou José Contente.

Nesse sentido, o secretário da Ciência, Tecnologia e Equipamentos salientou que "o Governo Regional espera que os trabalhos nos Açores se iniciem até Março", acrescentando ainda que "não temos dados actualizados mas sabemos que a instalação nacional das redes de nova geração avança muito brevemente".


Notícia: RDP Antena 1 Açores.
Saudações florentinas!!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Frederico Cardigos: «Encarar o mar como um bem patrimonial a preservar»

“Há novas actividades [maritimo]turísticas implementadas e começam a aproximar-se interessados na exploração dos grandes fundos oceânicos”, a acompanhar as tradicionais actividades ligadas ao mar, como o transporte marítimo, as pescas e a extracção de inertes.

Entre as actividades turísticas, Frederico Cardigos destaca a navegação de recreio que tem vindo a registar valores crescentes na Região ao longo dos anos e o director regional dos Assuntos do Mar espera que com o investimento a realizar na rede regional de marinas “venham ainda a ampliar-se os actuais registos”.

Também a observação de cetáceos, que começou por ser “uma actividade quase familiar na ilha do Pico”, gera actualmente rendimentos brutos superiores a duas dezenas de milhões de euros anuais e movimenta dezenas de milhar de turistas. Apesar da observação de cetáceos ainda não estar implementada em todas as ilhas, Frederico Cardigos acredita que quando tal acontecer se registe um “aumento sustentável”.

Até o mergulho com escafandro autónomo que “praticamente não tinha expressão no arquipélago”, parece agora ter despoletado devido a investimentos feitos por empreendedores e autoridades nas ilhas Graciosa, Corvo, Santa Maria e Flores. Feito para que também contribuiu a descoberta das agregações de tintureiras que pode levar a que a actividade “cresça abruptamente”.

No entanto Frederico Cardigos alerta para se ter algum cuidado “no tentar aumentar os rendimentos e não a massificação do mergulho, embora claramente ainda haja espaço para crescimento” e adianta que mais do que trazer mais pessoas para o arquipélago, “terá de haver uma clara orientação no sentido da manutenção da excelência”, refere.

Excelência que é mantida no arquipélago e confirmada por todos os prémios e reconhecimento que foram atribuídos nos últimos anos. “Os Açores são mesmo considerados um local de excelência, onde o homem vive em harmonia com a natureza. Mais do que não podermos estragar essa imagem, temos de manter e melhorar os factos que a sustentam”, refere.

No entanto Frederico Cardigos revela que é preciso muito mais, “é necessário perceber o que fazer com estes milhões de quilómetros cúbicos de água. O que fazer com tanto e tão profundo fundo marinho”, questiona. Há já uma estratégia definida “que assenta no conhecimento, na planificação, na aposta na sensibilização ambiental, também como ferramenta de adopção patrimonial, e no empreendedorismo privado. Os primeiros resultados, já com diversas certificações internacionais, confirmam o rigor e a pertinência do percurso escolhido pela Região”, acrescenta.

Frederico Cardigos refere que desde a fundação da Universidade dos Açores, os cientistas, em conjunto com diversos parceiros, “estudam detalhadamente os nossos mares, desde a componente aérea, onde se incluem as aves marinhas, passando pela circulação oceânica das grandes massas de água, os mananciais de pescado e a geologia e dinâmica dos fundos, todos os detalhes têm sido escalpelizados”, afirma.

Os estudos efectuados têm provocado novas perguntas e novos desafios mas com os conhecimentos obtidos “aprendeu-se nos Açores a encarar o mar não como uma fronteira ou um caminho tormentoso, mas sim como um bem patrimonial a respeitar e a preservar e uma fascinante oportunidade de alicerçar o progresso”, uma estratégia que deve ser continuada.

Porque só quando o mar for encarado como um bem patrimonial é que se podem desenvolver estratégias de defesa mas também de protecção, mesmo quando estiverem em causa projectos de investimento empreendedores.


Entrevista publicada no «Correio dos Açores» de 3 de Janeiro.
Saudações florentinas!!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Assim se "modernizou" o acesso ao Poço do Bacalhau, na Fajã Grande...


Nem o mítico velho déspota da lenda do Poço do Bacalhau parece ter valido para salvar aquele espaço de beleza natural (até agora) praticamente intocada... será isto a modernidade?

domingo, 15 de janeiro de 2012

Salvaguardar espécies de profundidade

O Governo Regional dos Açores proibiu o desembarque/descarga por embarcações de pesca nos portos do arquipélago de pescado capturado com redes de arrasto pelo fundo, numa medida que visa salvaguardar os recursos piscícolas.

A proibição abrange todos os navios, quaisquer que sejam as suas dimensões e bandeiras, “que pratiquem, a título principal ou acessório, a captura de organismos vivos marinhos para fins de comercialização”, mesmo “que não efectuem capturas pelos seus próprios meios” ou “encaminhem a granel os produtos da pesca transbordados de outros navios”, refere a portaria publicada no Jornal Oficial da Região.

Esta medida inclui ainda os navios a bordo dos quais o pescado seja submetido a operações como "filetagem, corte, esfola, picadura, congelação e transformação”, seguidas de embalagem.

O Governo Regional considera que a proibição pretende salvaguardar os recursos mais sensíveis, nomeadamente as “espécies demersais e as de profundidade e de grande profundidade” que existem na zona em redor do mar dos Açores.


Notícia: «Açoriano Oriental» e «Jornal Diário».
Anteriormente já havíamos referido que estava proibida a pesca [de fundo] com arte de arrasto e redes de emalhar no mar dos Açores.

Saudações florentinas!!

sábado, 14 de janeiro de 2012

«Volta aos Açores» termina hoje nas Flores... com escrita do último capítulo

A «Volta aos Açores em Literatura», uma iniciativa inédita no arquipélago, termina hoje na ilha das Flores com a escrita do último capítulo de um romance que começou a ser trabalhado em Maio de 2011.

“Esperava mais adesão dos açorianos, mas o balanço é positivo. Conseguimos chegar ao final e ter pessoas a escrever em quase todas as ilhas e isso é fundamental”, afirmou Patrícia Carreiro, coordenadora desta iniciativa do EscreViver nos Açores.

A ideia inicial era um “romance escrito a nove mãos”, sendo cada capítulo escrito em cada uma das nove ilhas dos Açores, mas não foi possível encontrar alguém disponível para participar na iniciativa no Corvo e em Santa Maria. “É verdade que a escrita criativa ainda está a dar os primeiros passos, mas esperava mais adesão. Apesar disso, vamos continuar com o objectivo de editar o livro, que [assim afinal apenas] terá sete em vez de nove autores”, frisou Patrícia Carreiro.

O livro conta a história de uma jovem que vive em França e quer ser actriz mas enfrenta a resistência dos pais, o que a leva a viajar para os Açores e a percorrer as ilhas do arquipélago na procura de concretizar o seu sonho. “Vamos ter que esperar pelo último capítulo, que será escrito hoje [na ilha das Flores], para saber se ela vai conseguir ou não”, salientou Patrícia Carreiro.

A iniciativa pretendeu “despertar os açorianos para a escrita, para o bom uso do português e para a criatividade da língua”. No balanço do projecto, Patrícia Carreiro admitiu que “os açorianos ainda estão um bocado fechados para este mundo da escrita criativa”, mas a coordenadora do EscreViver nos Açores frisou que “é um caminho que se está a trilhar e que vai continuar”.


Notícia: «Açoriano Oriental» e rádio Atlântida.
Saudações florentinas!!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Embaixador dos EUA pressiona autoridades portuguesas contra proibição do cultivo de OGM's na Região

Os Estados Unidos da América, através da sua Embaixada em Lisboa, estão a pressionar as autoridades nacionais e regionais para que os Açores não proíbam o cultivo de organismos geneticamente modificados (OGM).

Numa carta enviada nos últimos dias de Dezembro ao presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, o embaixador norte-americano em Portugal, Allan Katz, manifestou “grande preocupação” pela intenção anunciada do Governo Regional proibir o cultivo de transgénicos.

A carta surge depois de o secretário regional da Agricultura, Noé Rodrigues, ter afirmado que o Executivo açoriano estava a preparar legislação para impedir a utilização de produtos geneticamente modificados na agricultura da Região devido à indefinição que o tema ainda gera na comunidade científica.

O diplomata norte-americano considera, no entanto, que os transgénicos “não constituem qualquer risco para a vida humana ou animal, ou até mesmo para ambiente” e recorda que a União Europeia gastou “300 milhões de euros” na última década em investigação nesta área, sem nunca ter encontrado motivos de preocupação em matéria de segurança.

Actualmente existem mais de 150 milhões de hectares de produções transgénicas em todo o Mundo em 29 países, oito dos quais europeus, incluindo Portugal e Espanha. O embaixador norte-americano apelou, por isso, a que as autoridades [portuguesas] revejam a sua posição e permitam que os “agricultores açorianos tenham acesso à mesma tecnologia que já é usada no resto do país e do Mundo”.

Allan Katz salienta ainda que os produtos geneticamente modificados permitem reduzir substancialmente a utilização de pesticidas, poupar as energias fósseis, diminuir a emissão de dióxido de carbono (CO2) e melhorar a utilização dos solos. O embaixador norte-americano termina a carta dando conta de que já fez chegar estas preocupações ao presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, e à ministra da Agricultura, Assunção Cristas.

O cultivo de produtos geneticamente modificados é um tema que tem suscitado diferentes opiniões no arquipélago, onde o presidente da Federação Agrícola dos Açores já disse que “é uma hipocrisia” impedir o cultivo de transgénicos, enquanto o Parlamento Regional está a analisar uma petição subscrita por um grupo de cidadãos a favor da proibição.


Notícia: «Açoriano Oriental», RTP/Antena 1 Açores, rádio Atlântida, «Jornal Diário», «Diário de Notícias» e «Diário Digital».
Entretanto, o Governo Regional já considerou serem “impróprias” as observações do embaixador dos Estados Unidos em relação ao cultivo de transgénicos na Região, frisando que aquelas declarações “exorbitam” as suas funções como embaixador.

Saudações florentinas!!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Secretária da Solidariedade destaca importância da «Casa dos Cedros»

A Casa dos Cedros – cooperativa de economia solidária, da Santa Casa da Misericórdia de Santa Cruz, é “a expressão da cooperação, solidariedade e respeito pelas pessoas, tradições, cultura e especificidade territorial, que deve ser inerente a todos os processos de desenvolvimento local, sobretudo na actual conjuntura”, afirmou [ontem] a secretária regional do Trabalho e Solidariedade Social durante uma visita àquela cooperativa.

Ana Paula Marques elogiou ainda o trabalho desenvolvido pela Santa Casa da Misericórdia de Santa Cruz das Flores, que, para além das valências sociais, apostou na diversificação de actividades para a angariação de fundos, reduzindo assim a sua dependência dos apoios governamentais, e contribuindo simultaneamente para a dinamização da economia local.


Notícia: "serviço informativo" do GACS [Gabinete de Apoio à Comunicação Social, da Presidência do Governo Regional].
Saudações florentinas!!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Região compra no exterior quase todo seu consumo de produtos hortícolas

A importação de frutas e vegetais tem aumentado todos os [últimos] anos nos Açores, passando a Região de uma situação de auto-suficiência para outra em que compra no exterior quase tudo o que consome, alertaram alguns produtores hortícolas do arquipélago.

“Importa-se tudo, da salsa à batata, passando pelo repolho ou pelo tomate. As pessoas deixaram de produzir e a capacidade de compra tem vindo a diminuir”, afirmou Oliveira Melo, empresário do sector, à margem do Primeiro Encontro de Horticultura da ilha de São Miguel.

O empresário recordou que a nossa Região tinha há cerca de duas décadas uma situação de auto-suficiência, mas agora "importa cada vez mais todos os anos", incluindo batata "que era talvez o único produto derivado da terra onde há anos o arquipélago era auto-suficiente".

Nas contas de Oliveira Melo, a ilha de São Miguel "importa anualmente cerca de 6 mil toneladas", frisando que "até a salsa é importada". Os números que apresentou referem ainda que fava, tremoço, maçãs e batatas são produtos importados que chegam ao arquipélago vindos de países como Chile ou Nova Zelândia.

"Estima-se que as importações agrícolas se situem em valores entre 20 a 30 milhões de euros nos Açores", frisou o empresário agrícola, atribuindo a quebra na produção agrícola regional ao aumento significativo da pastagem que "começou a galgar terrenos [anteriormente] destinados à agricultura".

"As pessoas [que nos visitam] ficam fascinadas com o nosso clima e a nossa verdura, mas é praticamente só pastagem", afirmou Oliveira Melo, que adiantou estar confiante numa alteração deste quadro uma vez que já existem indícios "bastante promissores" no cultivo de produtos hortícolas.

"Já existem mais horticultores e pessoas novas com formação académica superior que têm destinado o seu tempo à agricultura", afirmou o empresário agrícola, acrescentando que a crise e as dificuldades "vão fazer regressar" as pessoas ao cultivo de produtos hortícolas.


Notícia: «Açoriano Oriental» e «Jornal Diário».
Saudações florentinas!!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Universidade dos Açores procura teoria sobre biodiversidade em ilhas oceânicas

A Universidade dos Açores vai desenvolver nos próximos quatro anos um estudo científico sobre a biodiversidade em ilhas oceânicas tendo em vista estabelecer uma teoria geral sobre esta matéria.

O projecto denominado ‘Biodiversidade em ilhas oceânicas: um modelo unificado’ vai ser desenvolvido entre 2012 e 2015 pelo Grupo de Biodiversidade da Universidade dos Açores, sob a coordenação do investigador Paulo Borges, para “estabelecer ligações cruciais entre a teoria ecológica e a prática da conservação, avançando no conhecimento e proteção de uma parte única do património europeu em termos de biodiversidade”.

O texto de apresentação do projecto salienta que se tem acumulado na última década “um grande volume de dados sobre as ilhas oceânicas”, mas acrescenta que “apesar de alguns avanços empíricos e do desenvolvimento de alguns modelos conceptuais, descrevendo verbalmente a dinâmica da diversidade em ilhas, continua a faltar uma teoria geral e quantificável da biodiversidade em ilhas”.

A investigação que será realizada parte do pressuposto de que os Açores constituem um “modelo ideal” para este tipo de projecto devido ao “isolamento geográfico, à existência de um número significativo de espécies endémicas de cada ilha e à grande quantidade de dados ecológicos, biogeográficos e moleculares para vários grupos de artrópodes”.

Na apresentação deste projecto é ainda referido que “as ilhas oceânicas são alvo de interesse especial por parte dos cientistas, sobretudo no que respeita à sua génese, formas de colonização biológica e desenvolvimento de organismos e ecossistemas únicos”, alguns dos quais evidenciando “elevadas taxas de extinção”.


Notícia: «Açoriano Oriental» e rádio Atlântida.
Saudações florentinas!!

domingo, 8 de janeiro de 2012

Cabral Vieira: “Não acredito que nosso futuro esteja no turismo [de massas]”

“O turismo de massas é o turismo ligado à hotelaria que construímos nos últimos anos nos Açores e não acredito que esse seja o nosso turismo, porque nós não temos clima, não temos praia, não temos reconhecimento no mercado internacional. Acredito mais no turismo rural”, afirma o florentino José Cabral Vieira, economista e vice-reitor da Universidade dos Açores, em entrevista ao jornal «Correio dos Açores».

- Não acredita muito no turismo?

- Sou céptico. Eu já acreditei no turismo mas penso que, apesar de toda a beleza paisagística e natural que temos nos Açores, vai ser extremamente difícil competir com outros destinos. Nós não estamos vocacionados para o turismo, para aquele turismo de massas que procura praias. O turismo de massas é o turismo ligado à hotelaria que construímos nos últimos anos e não acredito que esse é o nosso turismo, porque não temos clima, não temos praia, não temos reconhecimento no mercado internacional. Temos obtido bons resultados ao nível do pequeno turismo rural. Basta ver que muitos dos empreendimentos de turismo rural conseguem, facilmente, comercializar e sobreviver ao nível da grande hotelaria. A grande hotelaria depende de uma coisa - que é o grande problema das pequenas regiões - que são os operadores [turísticos] e uma grande parte da receita fica nesses operadores e não chega à Região. Isto enquanto ao nível do pequeno empreendimento mais disperso pelas diferentes ilhas, já é mais fácil comercializar ao nível da internet e assim se consegue ter um mercado.

- A economia do turismo não vai criar riqueza nos Açores?

- Acredito que não. Podia atingir, se os Açores se direccionassem para um turismo de nicho, o tal turismo rural disperso pelas diferentes ilhas com elevado valor acrescentado. O turismo de massas não vai vingar na Região porque a maior parte do rendimento fica necessariamente no exterior e depende dos operadores [turísticos]. A comercialização aqui é fundamental e quando falo em comercialização, os hotéis ficam sem ninguém. De vez em quando os operadores [turísticos] fazem umas birras, digamos assim, e vê-se quais são as consequências. E, logo depois, impõem um novo preço para trazer[-nos] alguns estrangeiros. Esta não é, efectivamente, a melhor forma, a não ser quando a hotelaria está integrada em cadeias internacionais e mesmo assim não há grande rendimento.

Eu acredito mais no turismo rural nos Açores. Sou céptico em relação ao turismo de massas exactamente porque acho que a política do betão estragou o nosso património todo. Nos Açores não temos nada, não preservamos aldeias históricas, lugares históricos, como Marvão, Sortelha, lugares que foram preservadas ao longo do tempo obviamente dando conforto às pessoas mas sem as desvirtuar e que têm um grande contributo turístico. Nos Açores todos os poderes regionais e autárquicos foram destruindo património edificado, algum do qual existia há centenas de anos. Arrancámos calçadas históricas que são irrecuperáveis neste momento. Pegámos em casas que eram de pedra e destruímos algumas e rebocámos outras, descaracterizando-as totalmente. Desapareceu o nosso património, que não era valorizado, mas que, na nova economia do turismo, poderia ter algum valor. Podíamos ter preservado alguns nichos que destruímos e que são irrecuperáveis e hoje, infelizmente, temos uma economia de betão para mostrar aos turistas.

Nós podíamos ter nos Açores trilhos turísticos, agora asfaltados sem que lá passe um carro por dia, e que podiam ser extremamente importantes. São trilhos que têm a sua história, desde as grutas onde os agricultores se sentavam para se abrigar das chuvas. Todo este património, num país desenvolvido tinha sido aproveitado porque tinham essa estratégia em relação ao futuro e nos Açores foi destruído à procura de um retorno imediato.

Nos Açores temos as Furnas e as Sete Cidades mas isso só não são os Açores, isso só por si não traz turismo. O nosso meio rural não se podia ter descaracterizado e descaracterizou-se, até as casas são de cimento sem se ter preservado qualquer traçado. As nossas ruas poderiam ter sido preservadas e podiam ser “vendidas” ao turista em visitas guiadas. Muitos dos nossos moinhos foram abandonados ou destruídos. Portanto, há muito património que foi destruído ao longo das últimas três décadas que os Açores não souberam aproveitar.

Por isso, não acredito num turismo de massas, de hotelaria, e sou céptico porque acho que aquilo que tínhamos relativamente ao património edificado e histórico rural, e não só, foi destruído pela política do betão.


Entrevista publicada no «Correio dos Açores» de 20 de Dezembro.
Saudações florentinas!!

sábado, 7 de janeiro de 2012

«Brumas e Escarpas» #34

Vinte e Dois de Janeiro de Mil Setecentos e Oito

Francisco António Pimentel Gomes, natural da freguesia da Fazenda, ilha das Flores, publicou, entre outros, dois importantes livros sobre o passado histórico da ilha de onde é natural: “Casais das Flores e do Corvo” e “A ilha das Flores: da redescoberta à actualidade (subsídios para a sua História)”. Estas obras, de grande qualidade e de acentuado rigor histórico, por um lado, contribuem para melhor se conhecer a história da maior ilha do grupo ocidental açoriano e, por outro, para quem estiver interessado em elaborar a sua árvore genealógica, fazer uma interessante pesquisa sobre os seus antepassados e conhecer alguns dos acontecimentos históricos mais importantes em que eles se envolveram e participaram.

O primeiro livro, no caso dos meus antepassados paternos, permitiu-me, circulando de registo em registo, através dos nomes de uns e de outros, identificar os meus avoengos até aos nomes dos pais dos meus penta-avós, os quais terão vivido em pleno século XVIII, sendo o registo mais antigo o do casamento de um dos meus tetra-avós, António de Freitas Fragueiro, natural das Lajes e Ana de Freitas, natural da Fajã. Casaram na igreja paroquial das Fajãs, no lugar da Fajãzinha, em 6 de Novembro de 1763.

No entanto, do lado materno foi-me permitido ir mais longe e chegar aos nomes dos meus octo-avós, alguns dos quais terão vivido nos finais do século XVII, ou seja por alturas da criação da paróquia das Fajãs, no longínquo ano de 1676. Neste caso o registo mais antigo, por mim encontrado, foi o dos meus hepta-avós, Bartolomeu Lourenço e Isabel de Freitas que casaram na Fajãzinha em 25 de Fevereiro de 1725. Segundo o registo deste casamento Bartolomeu era filho de António Lourenço e de Maria de Freitas. Por sua vez Isabel era filha do alferes André Fraga e de Bárbara de Freitas, naturais e residentes na Fajãzinha. Estes são, por conseguinte, os meus octo-avós. O alferes André Fraga nasceu em 1677, um ano depois da criação da paróquia das Fajãs e faleceu em 1750 e era sobrinho do padre André Álvares de Mendonça, primeiro vigário da paróquia das Fajãs.

O segundo livro, para além de conter uma informação histórica muito diversificada e completa, é enriquecido, pelo autor, com um anexo que contém 167 documentos históricos, alguns dos quais muitíssimo interessantes. É o caso do documento 39, copiado do “Livro do Tombo da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios” pelo padre António Joaquim Inácio de Freitas. Segundo esse documento, um grupo de “fregueses” acompanhados pelo vigário André Alves de Mendonça, em 1705, solicitaram ao bispo diocesano, D. António Vieira Leitão, autorização para colocar o sacrário para guardar o Santíssimo, na primitiva igreja da paróquia construída havia trinta anos. O bispo, que faleceu alguns anos depois nas Velas, durante uma visita pastoral à ilha de São Jorge, autorizou mas com a condição de haver um grupo de pelo menos vinte paroquianos que assegurassem o dote para o azeite da lâmpada, para as velas e outros acessórios indispensáveis à manutenção do Santíssimo Sacramento numa igreja. Para tal foi lavrada uma escritura de doação e obrigação, no dia 22 de Janeiro de 1708, na primitiva igreja paroquial das Fajãs, situada perto da actual igreja da Fajãzinha e na qual estiveram presentes 131 pessoas, pertencentes aos quatro mais importantes lugares povoados da paróquia: 67 da Fajãzinha, 37 do Mosteiro, 17 da Ponta e 10 da Fajã. Fizeram parte deste grupo de dez pessoas oriundas da Fajã Grande, juntamente com o capitão Domingos Rodrigues Ramos e do seu filho, o também capitão Gaspar Henriques e a esposa deste, Francisca Rodrigues, os meus octo-avós António Lourenço e Maria de Freitas, precisamente os pais de Bartolomeu Lourenço. Por sua vez também integraram a delegação da Fajãzinha os meus octo-avós, o alferes André de Fraga e Bárbara de Freitas, pais da esposa de Bartolomeu Lourenço, Isabel de Freitas. Acrescente-se que as restantes cinco pessoas que integraram a delegação da Fajã foram: Amaro Carneiro e sua mulher Maria de Freitas, António Jorge e sua mulher Maria de Freitas e Isabel Rodrigues, viúva.

Não deixa de ser interessante o facto de a delegação da Ponta ser bem mais numerosa do que a da Fajã. Creio que isso se deveu ao facto de a Ponta até 1767 pertencer à freguesia de Ponta Delgada, instituída já há alguns anos e a Fajã, na mesma altura, ser ainda um pequeno lugarejo pertencente à paróquia das Lajes. Outro aspecto a realçar é o facto de a paróquia das Fajãs, à altura, ter mais seis lugares povoados para além destes e nenhum deles se fazer representar, talvez por serem povoados bem mais pequenos do que os outros quatro representados: Cuada, Caldeira, Ribeira da Lapa, Fajã dos Valadões, Pico Redondo e Pentes.


Carlos Fagundes

Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Concurso para transporte marítimo de mercadorias entre as Flores e o Corvo

Durante o primeiro trimestre deste ano, o Governo Regional vai abrir concurso para a operação de transporte marítimo de mercadorias entre as ilhas das Flores e do Corvo.

Esta operação está actualmente a ser realizada pela MareOcidental na sequência de um contrato assinado no ano 2000 e cuja vigência termina em 2012. O concurso a ser lançado prevê a concessão do serviço de transporte marítimo de mercadorias entre as ilhas das Flores e do Corvo por um período de três anos, prorrogável por mais um.

Segundo Vasco Cordeiro “este é mais um passo na construção de um modelo de transporte marítimo de passageiros e mercadorias que o Governo Regional tem vindo a implementar e no qual se podem destacar as intervenções que estão a ser realizadas em vários portos da Região, como é o caso da construção de rampas roll on roll off, da construção dos novos navios destinados a operar no Grupo Central, da aquisição de lanchas de piloto para os portos de São Jorge, Pico, Faial e Flores, entre diversas outras intervenções que têm sido efectuadas nos últimos anos”.

Para o secretário da Economia “fica assim evidente que o Governo Regional dos Açores tem vindo a concretizar uma verdadeira revolução tranquila no sistema de transportes marítimos da Região, o que neste caso se traduz na ambição permanente de melhoria da qualidade do serviço que neste âmbito é prestado à população corvina”.


Notícia: rádio Atlântida, «Açoriano Oriental» e o sempre inestimável "serviço informativo" do GACS [Gabinete de Apoio à Comunicação Social, da Presidência do Governo Regional].
Saudações florentinas!!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Pescadores insistem no FundoPesca

Metade dos pescadores da ilha das Flores subscreveu um abaixo assinado, dirigido ao Governo Regional, pedindo a activação do FundoPesca. Esta reivindicação conta com a solidariedade dos armadores.

Recorde-se que o subsecretário regional das Pescas, Marcelo Pamplona, já veio a público dizer que não se justifica, para já, a aplicação do FundoPesca, opinião que mereceu a concordância do próprio presidente da Federação do sector.

A Associação de Pescadores das Flores também se demarca desta reivindicação de metade dos pescadores da ilha.

Os pescadores florentinos que reclamam dizem, no entanto, que o último ano [2011] foi péssimo para as pescas, assim se justificando accionar o Fundo destinado a compensar os pescadores por perdas decorrentes de intempéries. Em 2011, na ilha das Flores houve 31 candidaturas ao FundoPesca mas apenas 20 foram aprovadas.

Também os pescadores das ilhas de São Miguel e Terceira já haviam reclamado a activação do FundoPesca.


Notícia: RDP Antena 1 Açores.
Saudações florentinas!!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Governo Regional quer que ministro explique atraso na extensão da fibra

O Governo Regional dos Açores quer que o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, revele as razões que impediram até agora o início das obras de extensão do cabo de fibra óptica às ilhas das Flores e do Corvo.

“A obra tem financiamento garantido e já obteve o visto do Tribunal de Contas, pelo que queremos saber o que se passa”, afirmou o secretário regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos.

José Contente enviou [ontem] uma carta ao ministro da Economia solicitando informações sobre a data para o início dos trabalhos que permitirão ligar as duas últimas ilhas do arquipélago ao cabo [submarino] de fibra óptica que permite a ligação dos Açores ao continente europeu.

Desde finais de Outubro, altura em que o Tribunal de Contas deu o visto a esta empreitada, que o Governo Regional considera que “não há nenhum constrangimento” ao início dos trabalhos desta empreitada.

O contrato para a instalação do cabo [submarino] de fibra foi assinado a 18 de Março de 2011, numa cerimónia realizada na ilha das Flores, a que assistiu o então ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, António Mendonça.

Para o Executivo regional açoriano, a ligação da fibra óptica às ilhas das Flores e do Corvo, as duas únicas do arquipélago que ainda não estão ligadas a este cabo submarino, é “fundamental para garantir a coesão territorial e permitir o acesso de todos os açorianos em condições de igualdade à sociedade da informação e do conhecimento”.


Notícia: «Açoriano Oriental» e rádio Atlântida.
Saudações florentinas!!