
No entanto a cana roca, uma planta invasora muito comum nas ilhas dos Açores, florescia em catadupa nas terras de mato da Fajã Grande, nomeadamente no Delgado, Cabaceira, Cuada, Espigão, Cancelinha, Lombega, Moledo Grosso, Pocestinho, Pico Agudo, Lavadouros, Vale Fundo, Curralinhos e de muitos outros e até no sopé da Rocha e em muitas relvas sobretudo nas mais próximas das terras de mato. Nesses tempos recuados e de grandes trabalhos e canseiras, os donos das terras de foice em riste haviam de se livrar de toda ela, ceifando-a e cortando-a durante horas e dias, por vezes até arrancando as suas carnudas raízes, simplesmente para deitar fora, pois não servia para nada.
A cana roca, considerada também como planta ornamental, dada a beleza das suas flores é originária do Himalaia. Tem um caule herbáceo e as suas folhas são de um verde brilhante e as flores amarelas e alaranjadas, de rara beleza e adocicado aroma, crescendo em botões em forma de espigas. Pode atingir os dois metros de altura. As raízes são carnudas, assemelham-se a tubérculos e são muito parecidas, no aspeto e no sabor, às do gengibre, uma das plantas medicinais mais antigas e populares do mundo, de cuja família a cana roca açoriana é uma espécie.
O seu nome científico é Hedychium Gardnerianum, sendo conhecida popularmente pelos nomes comuns de conteira, jarroca, roca, cana roca e gengibre-selvagem e, em muitas regiões assim como nas ilhas açorianas, é considerada espécie invasora. Nos Açores, na verdade, tem vindo a tornar-se um problema crescente para as espécies nativas. Recorde-se que são consideradas plantas invasoras as espécies que, a nível geral, apresentam alta capacidade reprodutiva, alta capacidade de dispersão, alta resistência e versatilidade adaptativa face a mudanças ambientais, ausência de competição importante por parte de espécies nativas e escassez ou ausência de inimigos naturais no novo ambiente.
A cana roca está incluída na lista das 100 espécies exóticas invasoras mais perigosas do mundo publicada pela União Internacional para a Conservação da Natureza.
Carlos Fagundes
Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».
Sem comentários:
Enviar um comentário
Sendo este um espaço livre de troca de ideias e opiniões, a equipa de "administração" do «Fórum ilha das Flores» não se responsabiliza pelo conteúdo dos comentários aqui colocados, contudo apela-se ao bom senso, sentido de responsabilidade e civismo d@s comentador@s. NÃO SÃO PERMITIDOS COMENTÁRIOS ESCRITOS EM MAIÚSCULAS, o sistema informático apaga-os de forma automática!