Luís Maciel (CMLF): "República tem retirado poder vital aos municípios"
«Diário Insular»: É ou não possível manter no Plano e Orçamento do seu município para 2015 os montantes do ano anterior e porquê? E que fontes de financiamento crescem ou descem em montantes mais significativos e porquê?
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Quais os grandes investimentos de raiz municipal que estão previstos para o próximo ano e que razões os justificam?
Não estão previstos grandes investimentos no próximo ano devido à difícil situação financeira do Município. As receitas previstas são insuficientes para as despesas básicas de funcionamento e para o pagamento dos compromissos já assumidos, como referido na questão anterior. Foram definidas áreas muito criteriosas de investimento, nomeadamente no emprego, áreas sociais e apoio aos setores estratégicos de desenvolvimento económico do concelho.
Que estratégias tem a sua autarquia desenvolvido para fazer face aos problemas gerais de financiamento do poder local provocados pela crise e a eventuais problemas que sejam específicos do seu concelho?
Tendo em conta o desequilíbrio das contas que se tem verificado, que teve como consequência a retenção de verbas do Fundo de Equilíbrio Financeiro dos municípios, devido ao excesso de endividamento, o Município das Lajes tem vindo a efetuar um esforço de redução da despesa e maximização de receita de forma a diminuir o excesso de endividamento. Neste sentido a despesa de investimento foi reduzida ao mínimo, bem como o Município procurou alienar algum património não considerado essencial ao regular funcionamento da autarquia, para aumentar a receita.
Concorda ou não com a regionalização da tutela do poder local açoriano, tendo por objetivo, entre outros, harmonizar as áreas de intervenção com o poder regional autónomo?
A procura de modelos de organização política que aproximem os centros de decisão dos cidadãos através de uma descentralização política e administrativa traz normalmente vantagens aos cidadãos, desde que essa descentralização seja acompanhada das respetivas transferências de meios financeiros e de autonomia política e administrativa. Infelizmente temos tido uma evolução negativa nos últimos anos, em que o Governo da República tem vindo a retirar autonomia política e administrativa às autarquias e a reduzir as transferências financeiras, o que tem vindo a diminuir a capacidade de resposta das autarquias aos cidadãos em áreas essenciais como o emprego, o apoio social ou o apoio à economia local.
Entrevista de Luís Maciel (presidente da Câmara Municipal das Lajes) ao jornal «Diário Insular» (edição de 14 de Novembro).
Saudações florentinas!!