segunda-feira, 30 de junho de 2014

Falta de certificação da pista florentina não impede aterragens noturnas da FA

A Força Aérea (FA) já operou na ilha das Flores sem iluminação certificada, mas recusou-se a fazer uma evacuação em São Jorge, precisamente porque a iluminação da pista não está certificada.

O caso do ferido grave em São Jorge, que faleceu a aguardar por uma evacuação médica, continua envolto em polémica. A Força Aérea lamenta a morte e garante ter disponibilizado todos os recursos para o transporte do doente para o Hospital de Ponta Delgada. Os militares mantêm que o avião que iria efetuar a evacuação não podia fazer uma operação noturna em São Jorge sem a iluminação da pista estar devidamente certificada, isto apesar de se tratar de uma operação de emergência e não de uma viagem comercial regular.

O aeroporto de São Jorge tem, efetivamente, iluminação. De acordo com o manual de informação sobre a pista, disponibilizado pela NAV, a que os pilotos têm acesso, São Jorge tem iluminação de aproximação e fim de pista, iluminação lateral e ainda dois outros tipos de iluminação de apoio à navegação. Apesar de não estar certificada, a iluminação em causa garante que nenhum aparelho aterre às escuras.

O avião da Força Aérea não operou em São Jorge durante a noite, mas já o fez nas mesmas condições no aeroporto das Flores, cuja pista não está também certificada. Uma fonte dos Bombeiros locais garantiu à Antena 1 que a Força Aérea já operou à noite naquele aeroporto por várias vezes. O manual da NAV indica a existência na ilha das Flores apenas de iluminação lateral.


Notícia: RDP Antena 1 Açores.
Saudações florentinas!!

domingo, 29 de junho de 2014

Nova revista à portuguesa d' A Jangada

No próximo sábado (dia 5) irá estrear a nova revista à portuguesa levada à cena pel' A Jangada - Grupo de Teatro, intitulada "Super-Tuga e os heróis da revista". Como sempre será mostrada no Auditório da sede d' Os Minhocas, pelas 21h30. Esta décima quarta edição de revista à portuguesa levada a cabo pela Jangada será ainda apresentada nos dias 6, 7, 8 e 9 de Julho, à mesma hora e no mesmo local. A encenação e direcção artística está a cargo de Joaquim Salvador.
Saudações florentinas!!

sábado, 28 de junho de 2014

Imbróglio na Cooperativa Ocidental

Vai um grande imbróglio na Cooperativa Ocidental. Há membros da nova direção impedidos de tomar posse.

Foram eleitos mas não podem tomar posse. A Cooperativa Ocidental está sem gestão desde o dia 31 de Maio. Tudo porque um dos membros eleitos voltou atrás e já não é sócio da Cooperativa.

Os sócios da Cooperativa foram chamados na noite da passada quarta-feira (dia 25) para uma nova reunião. O presidente da Assembleia Geral, Armindo Tavares admite que a actual situação é insustentável e confusa. Vitorino Azevedo, anterior presidente da direcção da Cooperativa, demitiu-se a 31 de Maio. De imediato foram marcadas eleições para o dia 23 de Junho, mas o acto eleitoral acabou por ser antecipado, tendo sido realizado no passado dia 18. Dos mais de 30 sócios, votaram dezoito e foi eleito um novo presidente: Francisco Xavier, um dos maiores produtores da ilha e principal opositor da anterior direcção. Para a Assembleia Geral foi reeleito Armindo Tavares.

Mas no dia seguinte à votação tudo se alterou: na hora de assinar a acta de posse, um dos membros eleitos, José Henrique Nóia apresentou uma carta a informar que não pode continuar a ser sócio da Cooperativa, dado não produzir há já um ano, tal como obrigam os estatutos da instituição. É com a saída deste membro que a situação na Cooperativa Ocidental se complica: a Conservatória do Registo Comercial recusa fazer o apontamento dos novos corpos sociais. Por isso, neste momento a Cooperativa está sem gestão desde o dia 31 de Maio.

A falta de rumo e orientações diárias é evidente: o combustível para a carrinha que faz o transporte do leite tem sido pago pelas duas autarquias da ilha das Flores e a EDA já ameaçou cortar o fornecimento de energia. Fontes ligadas à área do Direito admitem à Antena 1 Açores que perante este cenário deverá ser necessário realizar um novo acto eleitoral.

Instabilidade na Cooperativa Ocidental na ilha das Flores. Uma Cooperativa que tem estado com situação financeira complicada.


Notícia: Espaço noticiário das 13h na Antena 1 Açores (dia 25).
Saudações florentinas!!

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Sopas de Espírito Santo dos Escuteiros

Na semana de 9 a 15 de Junho, o agrupamento de Escuteiros 691 de Nossa Senhora da Conceição, da vila de Santa Cruz, realizou a sua festa de Espírito Santo, com um arrojado programa que se prolongou por toda a semana, culminando no domingo com uma procissão desde a sua sede até à Igreja Matriz (e regresso), onde foi celebrada a eucaristia pelo padre Francisco Xavier, com a participação activa do corpo de escutas que para além da participação tiveram a seu cargo os cânticos da missa.

Foi no decorrer desta eucaristia, no tempo adequado, que dois novos escuteiros fizeram a sua promessa [assumir o compromisso para com os escuteiros] e dois fizeram a sua investidura [renovação da promessa para mudança de secção].

Este agrupamento tem o seu registo datado do ano de 1983, mas já existia há alguns anos, sendo que actualmente tem cerca de 76 elementos nas suas diversas seções que se dividem em: Lobitos (dos 6 aos 9 anos), Exploradores (dos 10 aos 13 anos), Pioneiros (dos 14 aos 17 anos), Caminheiros (dos 18 aos 23 anos) e Chefes (dos 23 até à bonita idade dos 65 aproximadamente).

Neste último dia, e após as actividades religiosas e de compromisso, foram servidas as tradicionais Sopas para todos os presentes. Nesta parte final da festividade ainda houve lugar para a entrega de “louvores” a entidades e pessoas que, no ponto de vista escuteiro, têm vindo a ter relevante importância nesta instituição. Não esquecer que no final da refeição, dois grupos de foliões em conjunto fizeram o “levantar das mesas”, cerimónia que consiste em tocar tambor e pratos que acompanham ritmicamente um cântico com letra adequada ao momento.

Costa Ocidental foi convidado a recolher imagens e divulga-las, assim sendo esteve presente no domingo onde todo o trabalho de vídeo é disso testemunha. Como nota, Costa Ocidental informa que o convite foi feito para as actividades de toda a semana, mas como tal não é possível devido aos custos inerentes, marcou presença no último dia. Desculpas ficam aos escuteiros, mas foi feito o melhor possível.

Muito obrigado aos escuteiros/organização, a todos os intervenientes e os que tornaram possíveis estas imagens. Obrigado especial à Luísa Silveira pela ajuda na produção e responsável pela fotografia.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

quinta-feira, 26 de junho de 2014

«Brumas e Escarpas» #76

A mulher com pés de cabra na Ladeira das Covas

O Bigorna chegou a casa espavorido, misantropo, desfeito, esgazeado, a tremer como varas verdes e branco que nem cal. Enfiou-se vestido na cama, recusou-se a comer ou a beber o que quer que fosse, rejeitou o travesseiro e cobriu a cabeça com os cobertores. Não tugiu nem mugiu durante o resto do dia. Um caco!

A mulher sabia que ele se levantara bastante cedo para ir ceifar um molho de erva à lagoa das Covas e, muito provavelmente, havia de demorar-se por lá algum tempo, como era seu hábito. Por isso, quando o viu entrar pela porta dentro, àquela hora e naquele estado, abriu a boca até aos ouvidos, perdeu a fala e ficou estancada na cozinha qual estátua de gesso. Depois, despertando de tão inaudita letargia, de um salto, abriu a porta do quarto, abanou o homem, sacudiu-o, balanceou-o, tentou descobri-lo e forçou-o a levantar-se. Mas nada. Parecia morto. É que quanto mais o sacudia mais ele se aquietava, quanto mais o remexia mais ele afrouxava e quanto mais o puxava para fora dos cobertores mais ele se encafuava quedo e mudo, por entre os sulcos das folhas de casca que enchiam o colchão da velha enxerga.

De consumida passou a alvoraçada, de alvoraçada a tresloucada e, concluindo que solavancos, repelões e lambadas naquele corpo inerte de nada valeriam para avivar tão estranho e repentino entorpecimento, desata pela vizinhança a gritar, a berrar e a pedir socorro. Que lhe acudissem. Que acontecera uma grande desgraça. Que o seu homem estava a morrer. Que nunca se vira uma coisa assim. Tanto foi o alarido e tão grande o berreiro que, em breve, a casa se encheu de vizinhas, de préstimos, de conselhos, mas também de lamentações e, até, de suspeitas e de desconfianças. Ali havia gato. Olaré se havia!

E os alvitres começaram a disparar: “Chama o senhor padre”, “faz-lhe chá mastrunços”, “põe-lhe um crucifixo nas mãos”, “tira-lhe os cobertores”, “põe-lhe um pano molhado na testa”, “promete um boneco a Santo Amaro”, “acende uma vela a Santa Luzia”, “dá-lhe canja de galinha...” e por aí adiante. Uma enxurrada de sugestões que não tinham fim. Fez-se de tudo e até o vigário veio com cruz, água benta e livro de exorcismos. Mas nada... O Bigorna quedava-se recolhido no leito, mudo, inerte, estático, indiferente a tudo e a todos, perante o cada vez maior desespero da mulher e o inacreditável espanto dos circundantes.

Passaram-se dois dias, três dias de angústias extremas e de preocupações galopantes e nada. Ao quarto dia, mandada vir do Lajedo de propósito, apareceu por ali a Georgina Benta, muito entendida e experiente em bruxedos e maus olhares. Observou o doente e sentenciou de imediato:

- Há aqui o dedo do mafarrico! Se há... Ou eu não me chamo Georgina Benta. Aqui há bruxedo e dos graúdos. Posso garantir que isto só lhe passa com uma oração do livro de São Cipriano.

A mulher do Bigorna, muito da igreja e muito conceituada junto do pároco e de sua irmã, a princípio não aceitou muito bem a ideia. Mas era o seu homem que definhava dia a pós dia. “Só quem passa por isto é que sabe. Venha de lá a Benta e traga o livro de São Cipriano e todos os livros que quiser e entender. Primeiro que tudo está a saúde do meu homem.”

Entrou-lhe pois a Benta do Lajedo pela porta dentro, de livro, vassoura e balde cheio de água benta. Não esteve com meias medidas e atira para cima do Bigorna a oração da “Cabra Preta”, enquanto o ia salpicando com respingues da água retirados do balde e atirados com a vassoura: “Cabra preta milagrosa que pelo monte fugiu, trazei-me o Bigorna que de minha mão sumiu (...) Bigorna, com dois te vejo, Bigorna com três te prendo, com Caifaz, Satanás, Ferrabás. Ámen!”

Não demorou muito. O Bigorna, ou pelo fresco da água ou pela intercessão de São Cipriano, lá foi escapulindo lentamente da letargia em que se encontrava. Esperneou, contorceu-se, escabujou, esticou o corpo prolongadamente, arregalou os olhos, atirou com os cobertores às urtigas e veio pôr-se à janela, a olhar admirado para a meia dúzia de mirones que lhe haviam parado em frente da casa.

Nunca se soube a quem o Bigorna contou o seu segredo. Mas correndo de boca em boca, toda a freguesia, algum tempo mais tarde, teve conhecimento do que acontecera naquela iníqua madrugada: o Bigorna cruzara-se na Ladeira das Covas com uma mulher, jovem e bela, mas que não conhecera. Voltando-se para trás, por mera curiosidade, seguiu-a durante uns segundos. Foi então que a mulher também se voltou e o Bigorna, estarrecido de medo, viu que da cintura para baixo, tinha o corpo coberto de pêlo negro que parecia pêlo de cabra e os pés, esses eram mesmo bem iguaizinhos aos pés de uma cabra.

Esta era a razão por que muita gente tinha um medo enorme de passar na Ladeira das Covas, onde uma misteriosa mulher, com pés de cabra, aparecera ao Bigorna.


Carlos Fagundes

Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Etapa do concurso Miss Queen Portugal

Miss Queen Portugal é o concurso de eleição oficial das representantes portuguesas para os maiores certames de beleza do Mundo, proporcionando às várias candidatas meios eficazes de divulgação e promoção da sua auto-imagem, dos seus atributos, projectos, objectivos e propósitos.

A organização Miss Queen Portugal desenvolve diversas causas solidárias, tendo como principal legado a proteção ambiental e na sua Miss Eco Beauty a principal embaixadora. Miss Earth é o certame internacional de beleza de maior referência para a organização Miss Queen Portugal, que celebra anualmente a defesa e promoção de uma causa ambiental, definida pelo programa ambiental das Nações Unidas.

É um privilégio representar Portugal, levar a nossa língua e costumes a todos os continentes, honrando os nossos antepassados, mas sempre vangloriando as nossas referências presentes, com a humildade de enriquecermos com novos países e culturas. A vencedora de Miss Queen Portugal será a representante portuguesa no Miss Earth, que é um dos quatro maiores concursos internacionais de beleza do planeta, com cerca de 90 países participantes e grande audiência televisiva.

A ilha das Flores teve na noite do passado sábado (dia 21) a oportunidade de eleger a sua Miss Queen, neste caso concreto o concelho das Lajes. Numa noite cheia de luz, cor, talento, beleza e uma belíssima organização, pela passerelle desfilaram seis candidatas em diversos trajes, sempre com um arrojado cuidado e muita atenção aos pormenores.

No final o resultado de um primeiro lugar que coube a Valéria Freitas que, com enorme simplicidade e simpatia recebeu dois prémios, exactamente o de vencedora e Miss Simpatia. Assim ficando os lugares de dama honor para: (1ª) Diana Rodrigues, (2ª) Maria Elisa e (3ª) Catarina Amaral. Miss Fotogenia coube a Elisa Medeiros. Muitos parabéns às vencedoras e à organização.

Muito obrigado à organização, às concorrentes, aos intervenientes e a todos que de uma forma ou de outra tornaram possíveis estas imagens. Agradecimento especial à Luísa Silveira pela fotografia e ajuda na produção.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

terça-feira, 24 de junho de 2014

Noite de Sons e Sabores internacionais

No próximo sábado (dia 28) realiza-se a Noite dos Sons e Sabores Internacionais. Este evento terá lugar pelas 19h30 na Casa do Povo das Lajes e além de um jantar cultural que contará com a presença de sabores regionais e internacionais, a organização promete uma noite recheada de surpresas. A iniciativa do Lions Clube Pérola do Ocidente tem como principal objetivo a angariação de fundos destinados a apoiar a Santa Casa da Misericórdia das Lajes das Flores na aquisição de camas para o Lar de Idosos das Lajes.

Notícia: "sítio" da Câmara Municipal de Lajes das Flores.
Saudações florentinas!!

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Espécies marinhas invasoras ameaçam os ecossistemas das ilhas açorianas

Espécies invasoras marinhas que chegam aos Açores incrustadas em embarcações de recreio e navios podem pôr em causa as espécies endógenas da Região, dada a fragilidade dos seus ecossistemas e, consequentemente, o pescado, afirma uma investigadora.

“Considerando que os ecossistemas das ilhas, em particular das oceânicas, são muito frágeis, se alguma coisa chega por mão humana é relativamente simples ter condições de se desenvolver e proliferar, deixando de ser uma espécie exótica para ser uma espécie invasora”, disse a investigadora Ana Cristina Costa.

A bióloga está ligada ao projeto ‘Açores: stop over for marines aliens species’, do departamento de Biologia da Universidade açoriana, que visa contribuir para travar a entrada de espécies marinhas invasoras, decorrendo até 2015.

Ana Cristina Costa afirma que os ecossistemas dos Açores se podem confrontar com “grandes problemas”, uma vez que, por competição pelo espaço e por serem mais eficazes em termos reprodutivos, algumas espécies podem dominar todo o sistema, fazendo desaparecer algumas espécies endógenas: “Acaba por haver um empobrecimento do sistema e poderá haver algum decréscimo na competitividade, inclusive de espécies com interesse comercial e que são exploradas”, frisa a bióloga.

A investigadora refere, por outro lado, que o “grande risco” para a saúde pública das espécies marinhas invasoras reside no facto de algumas serem portadoras de outras de menor dimensão, que podem causar problemas ao nível do consumo, em termos de intoxicações: “É o caso do pescado, sobretudo do marisco, embora as espécies geralmente mais afetadas sejam bivalves [mexilhão, amêijoa e conquilha, entre outros], o que não existe muito nos Açores e nos resguarda”, declara a bióloga.

Ana Cristina Costa sublinha que não há uma relação direta: “Em termos de risco para a saúde pública, geralmente o que é preocupante são algumas espécies de mais pequenas dimensões que possam vir associadas a outras espécies introduzidas, que podem tornar-se invasoras”, declara a bióloga.

A investigadora especifica que o projeto ‘Açores: stop over for marines aliens species’ visa identificar espécies invasoras através das marinas e portos, dos navios comerciais oriundos de outros países, sendo identificadas inúmeras espécies exteriores à Região: “Estamos a avaliar a situação das portas de entrada e relacioná-las com o tráfego de embarcações, nomeadamente de recreio, a mais importante via de entrada nos Açores, através das incrustações nos cascos das mesmas”, afirma.

Ana Cristina Costa refere que o estudo se processa através da recolha dos organismos que estão nos cascos das embarcações, quando estas vêm a doca seca, tentando-se perceber a ligação entre a origem das embarcações e as espécies: “Nos Açores, as espécies são disseminadas pelas embarcações que fazem o circuito das ilhas. Muito facilmente, algo vindo das Caraíbas, num instante se instala numa ilha, ou desta para outras”, frisa a bióloga. As espécies invasoras são consideradas uma ameaça global à biodiversidade marinha.


Notícia: «Açoriano Oriental», «Público» e jornal «i».
Saudações florentinas!!

domingo, 22 de junho de 2014

Sons do Entardecer: um serão musical

A ilha das Flores é por excelência e graças à benevolência do Criador e dos Deuses, uma terra muito procurada em especial no Verão, por muitas pessoas das mais distintas e longínquas paragens deste planeta azul. É de salientar as surpresas que têm quando conhecem muita da nossa realidade.

Dessas muitas paragens, é frequente encontrarem-se grupos vindos do território continental português. Este caso que vos mostro é disso um exemplo, em que a surpresa e perplexidade perante as nossas belezas, saberes, usos e costumes ficou bem patente, quando se tem o privilégio de partilhar um pouco de tempo, trocar alguns conhecimentos e sobretudo assumir uma cumplicidade criada quando as condições superiores ao razoável, chegando mesmo ao limito do perfeito.

A Costa Ocidental foi convidada a registar este momento para divulgação e dar a conhecer que não existem barreiras quando as boas vontades, os desejos, a paz, harmonia, dignidade, respeito... são o prato forte, diria mesmo único, numa ementa que deveria perpetuar nos tempos e nas memórias, sendo um exemplo de como é possível estabelecer relações e fomentar a paz e harmonia quando as condições estão reunidas.

Este foi um serão diferente onde a música e cumplicidade foram as notas predominantes entre humanos de bem. Quero agradecer ao grupo de Caminhantes pela partilha e enorme cumplicidade, simpatia, respeito e sobretudo dignidade. Agradecimento ao Renato Bettencourt pela imprescindível ajuda à viola. Especial agradecimento à incansável Luísa Silveira pela captação de imagens e ajuda na produção.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

sábado, 21 de junho de 2014

Apelo ao estudo da nossa História local

A historiadora Susana Goulart Costa apelou para que a nova geração de investigadores sociais aprofunde o estudo sobre a História local, por haver "uma grande falta de conhecimento" sobre os dezanove concelhos açorianos e existirem fontes.

"O nosso repto é que alguns membros desta geração olhassem para essa História local, porque quando fazemos este estudo mais microscópico depois podemos perceber melhor as grandes influências da História nacional e mesmo europeia", afirmou Susana Goulart Costa.

As Primeiras Jornadas de História Local reuniu vários investigadores e alunos de mestrado e doutoramento da Universidade dos Açores com o propósito de refletir e apresentar o resultado das respetivas pesquisas sobre várias perspetivas da História Local.

"O objetivo é de facto dar uma atenção particular ao que é a micro-História, à História local, que tem muito a ver com instituições locais, com Câmaras Municipais e, portanto, são olhares muitos circunscritos àquilo que é a fonte para a História local, as biografias locais", disse a professora universitária.

"Há uma grande falta de estudos sobre os 19 concelhos açorianos. Há muito para trabalhar e existem fontes. Quando vamos aos arquivos estão lá fontes manuscritas do século XVII, XVIII, XIX. Por exemplo, no século XIX e primeira metade do século XX, muitos concelhos tinham impressão de jornais próprios", sustentou Susana Goulart Costa.


Notícia: «Açoriano Oriental» e «Correio da Manhã».
Saudações florentinas!!

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Explorações agrícolas estão em risco

Na ilha das Flores a preocupação com a proposta açoriana para o novo POSEI é grande e extensível à maioria dos produtores. De acordo com a Associação Agrícola daquela ilha, se o documento for em frente, o desaparecimento de explorações é mais que certo.

Em declarações ao jornal «Diário Insular», o vice-presidente do Associação Agrícola, Valter Câmara, explicou que com a abolição dos prémios - sobretudo aos bovinos machos e às vacas aleitantes - há cerca de 400 mil euros que deixam de entrar na economia agrícola daquela ilha: "Fizemos as contas e é esse o valor em causa. Arrisco-me a dizer que isso vai levar à rutura de algumas explorações, mais ainda numa altura em que os custos de produção são cada vez maiores. Esse dinheiro é praticamente o lucro de alguns produtores", sublinhou.

Trata-se de verbas que os agricultores com explorações já instaladas não conseguem ir buscar de nenhuma outra forma. "Se víssemos que a perda dessa ajuda era completada com outra, não nos preocuparíamos tanto, mas não é isso que acontece. Intensificar a produção também está fora de questão: as Flores é uma ilha de carne e não podemos aumentar o encabeçamento", avançou Valter Câmara.

A proposta açoriana para o POSEI elimina os suplementos à extensificação da produção e criação animal, que têm vigorado até agora. Essa abolição, acreditam produtores e especialistas, pode resultar na intensificação produtiva, o que acarreta consequências preocupantes ao nível do ambiente e da qualidade alimentar, por exemplo.

A eliminação dos prémios que compensam quem tem menor número de animais por hectare é, de facto, a linha de mudança do POSEI que maiores dúvidas coloca. De acordo com o documento, essa medida "contribui para a simplificação técnica do programa", mantendo, contudo, "o nível de apoio às atividades económicas predominantes e à melhoria qualitativa da produção de carne de bovino e dos produtos da criação animal tradicional".

Produtores e especialistas contactados pelo jornal «Diário Insular» acreditam que a abolição dessa compensação pode fazer com que os produtores passem a recorrer às rações para alimentar os animais, sendo certo que a alimentação à base de erva é uma das componentes que confere à carne e ao leite açorianos os seus valores nutricionais. A proposta de novo POSEI deverá induzir ao aumento de importações e à dependência do exterior: "Os contribuintes estavam dispostos a pagar para ter essa qualidade ambiental e alimentar. Com esta proposta, vai-se pagar por piores. É um documento que vai contra todas as boas regras".


Notícia: jornal «Diário Insular».
Saudações florentinas!!

quinta-feira, 19 de junho de 2014

XIV Convívio de Pesca Desportiva

Já vem sendo hábito nos Açores serem realizadas iniciativas no âmbito da pesca. Um grupo de amigos/pescadores de Peniche há alguns anos a esta parte que vem fazendo, em diversas ilhas, o seu encontro anual de pesca desportiva de mar. Desta feita coube ao grupo Ocidental, às Flores e Corvo, serem as ilhas escolhidas para tal efeméride.

O grupo composto por quase quatro dezenas de pessoas, dedicaram alguns dias a estar junto das águas cristalinas do Atlântico e, com a paciência e o conhecimento que convém, capturaram várias centenas de quilos de peixe, em mais de um milhar de exemplares de várias espécies.

O convívio, camaradagem, amizade, cumplicidade e sobretudo o enorme gosto pela pesca são o prato forte para o sucesso desta “operação” que teve duração de vários dias, divididos entre as ilhas das Flores e do Corvo e, como convém, o descanso, o lazer, o desfrutar das belezas das ilhas, o convívio e muita partilha. De salientar que todo o pescado reverteu para uma instituição social, neste caso a Santa Casa/Lar de Idosos de ambas as ilhas.

Por motivos óbvios não foi possível à Costa Ocidental acompanhar as tarefas diárias destes homens do mar, mas não pudemos faltar à cerimónia de encerramento que aconteceu no restaurante Pôr do Sol, na freguesia da Fajãzinha, e que constou, para além do jantar, da entrega de prémios e muita música, visto alguns dos elementos do grupo serem músicos e de um modo geral todos cantarem entoadamente e conhecedores de muitos temas ali interpretados.

Resta agradecer ao senhor Gaspar (da MAP) que cedeu as imagens do pescado, ao restaurante Pôr do Sol onde foram captadas estas imagens, aos intervenientes e a todo o grupo que tudo fizeram para que este trabalho fosse possível. Especial agradecimento à Luísa Silveira pela ajuda na produção, fotografia e algumas imagens em vídeo.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Dívidas da CMLF aumentaram 800%

A Câmara Municipal das Lajes deve quase 3 milhões e meio de euros. A dívida aumentou 800% em menos de dois anos, revela auditoria do Tribunal de Contas.

A principal conclusão da auditoria diz respeito ao elevado nível de endividamento. "O valor das contas a pagar, reportadas nos pagamentos em atraso, totalizava 2,5 milhões de euros: mais oitocentos e cinco por cento, entre Janeiro de 2012 e Outubro de 2013. Apurado o valor global das contas a pagar: superior a 3,4 milhões de euros", afirmou o presidente da edilidade Luís Maciel.

O pedido de auditoria surge na sequência da abstenção do Partido Socialista aquando da votação de um empréstimo em 2013. "Recordo que no comunicado em que o Partido Socialista se absteve, justificou que a evolução da dívida do Município era preocupante, na medida em que evoluiu num ano de cerca de 1,7 milhões de euros para cerca de 2,3 milhões de euros. Agora verificamos que era superior a 3,4 milhões de euros", esclareceu Luís Maciel.

O documento realça ainda que a prática do anterior executivo evidencia um forte presidencialismo, com intervenção a todos os níveis, nomeadamente na gestão da contabilidade. Neste sentido é apontado um desfasamento entre a informação reportada e a situação real, ou seja a subavaliação dos valores do passivo, das contas a pagar e dos pagamentos em atraso. As irregularidades detetadas têm graves consequências para a autarquia, nomeadamente a retenção de verbas até ao montante aproximado de um milhão duzentos e setenta e dois mil euros.

Luís Maciel diz que a maior parte das irregularidades ao nível administrativo têm vindo a ser resolvidas, como é o caso da implementação do SIADAP ou a integração dos trabalhadores da Associação de Municípios das Flores na Câmara das Lajes.


Notícia: RDP Antena 1 Açores.
Saudações florentinas!!

terça-feira, 17 de junho de 2014

À conversa com Conceição Nunes

Falar da senhora Conceição Nunes não é tarefa fácil. Deixo algumas poucas palavras sobre ela, até porque a sua autobiografia é bem clara. Nascida a 30 de Janeiro de 1946, Conceição Nunes desde cedo tomou a vida muito a sério assumindo responsabilidades no seio de uma família exemplar. Sendo mãe relativamente cedo, não se deixou ficar pelo cómodo da casa e da família e enveredou pela formação profissional na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Após a sua formação, regressou às origens para dar o seu melhor na sua ilha e “dar à luz” algumas centenas de seres humanos (mais concretamente 535 partos realizados) que ainda hoje fazem parte, diria mesmo grande parte, da população florentina e muitos que emigraram pelos mais vareados motivos.

Actualmente, mãe e avó, Conceição parteira, como gosta de ser conhecida, está aposentada, mas pautando-se sempre pela calma, paz, serenidade, gosto pela vida e sempre com um brilho nos olhos que não deixa dúvidas que a felicidade e a tranquilidade na sua vida e na sua alma são factores determinantes para uma vida exemplar, quer familiar quer ao serviço dos outros, da ilha das Flores e da Humanidade.

Convidei a Conceição Nunes para fazer este trabalho o que logo aceitou, sendo o resultado este que se pode ver e ouvir, deliciosamente... Na edição deste vídeo fiz questão de não fazer cortes, pois o conteúdo é todo ele contextual, fazendo com que, na minha opinião, este seja um testemunho muito importante para a História da ilha das Flores.

Muito obrigado à Conceição Nunes e seu marido Francisco Nunes.
Obrigado à Luísa Silveira por toda a ajuda na produção e responsável por grande parte das fotografias que são publicadas sobre o trabalho que tem vindo a ser feito sobre esta terra do Sol Poente, bem como os seus saberes, usos e costumes.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Projeção de fotografias antigas

“A ilha das Flores à época da Base dos Franceses” é o nome da projeção de fotografias que terá lugar na ilha das Flores no mês de Junho. A iniciativa da associação Reinventar Ilhas pretende mostrar à população florentina cerca de quinhentas fotografias que remontam ao período entre 1971 e 1974, durante o qual esteve instalada nas Flores a Base Francesa. As fotografias projetadas são de Christian Dupin, um fotógrafo que no passado foi técnico civil na Base dos Franceses na ilha das Flores e que pretende agora partilhar os momentos que teve oportunidade de registar fotograficamente.

As projeções terão lugar no sábado às 17h30 no café do Gil (em Santa Cruz), no domingo às 15 horas no café Porto Velho (nas Lajes) e no dia 24 (terça-feira) às 17h30 no Restaurante Pescador (em Ponta Delgada). A entrada será gratuita.


Notícia: "sítio" da Câmara Municipal de Lajes das Flores.
Saudações florentinas!!

domingo, 15 de junho de 2014

O futuro depende de nós

A beleza das ilhas traz consigo uma população simples, humilde, honesta, rural e simpática. Enquanto que em outras partes do Mundo os turistas não têm grande relevância para as pessoas residentes, neste arquipélago são tratados de forma quase familiar. Os gestos de simpatia da população pacata incentivam-nos a voltar, daí ser uma ferramenta importante para o turismo.

O arquipélago dos Açores contém nove ilhas lindíssimas, ricas em fauna e flora. Os Açores têm vivido uma época de grande prosperidade no turismo, que muito possivelmente será o seu futuro mais promissor e que traz um desenvolvimento significativo nas áreas de hotelaria, restauração e atividades de lazer.

Como estas ilhas são autênticos paraísos para quem as visita, é necessário apostar e inovar nesta atividade. Para começar seria fundamental baixar os preços das viagens aéreas para atrair mais visitantes, inclusive aqueles com menos possibilidades económicas e também para facilitar as deslocações entre ilhas.

Seguidamente seria de grande importância reabilitar espaços degradados e trilhos pedestres que se danificaram com a passagem dos anos e com as derrocadas provocadas pelo mau tempo. Os locais antigos, como casas desocupadas e moinhos abandonados, devem aliar o conforto com a tradição para se adequar às necessidades e exigências dos turistas sem perder o património que também se vê ameaçado pela sua degradação.

Outra forma de mostrar que o arquipélago é verdadeiramente único a nível marítimo seria criar e implementar em todas as ilhas novas atividades neste meio. As viagens marítimas entre ilhas, observação e natação com cetáceos, mergulho, expedições em torno das ilhas, entre outras atividades já são praticadas, no entanto pode-se sempre inovar e cativar mais turistas.

A beleza das ilhas traz consigo uma população simples, humilde, honesta, rural e simpática. Enquanto que em outras partes do Mundo os turistas não têm grande relevância para as pessoas residentes, neste arquipélago são tratados de forma quase familiar. Os gestos de simpatia da população pacata incentivam-nos a voltar, daí ser uma ferramenta importante para o turismo.

No entanto para quem vive neste ambiente de ruralidade, a agricultura é, sem sombra de dúvida, o seu futuro. Com terras férteis e um longo historial nesta atividade, a agricultura é essencial para a autossuficiência das famílias açorianas. A cultura da vinha, dos vegetais e leguminosas, do alimento para o gado, da criação para consumo de gado, de suínos e de galinhas, entre outras atividades têm sido o seu sustento e continuarão a ser, pois a ilhas têm de se manter de certa forma rurais para que a sua beleza não seja destruída pela grande indústria.

A gastronomia é mais uma forma de abonar o futuro. A forte presença das tradições nas comidas açorianas, que são raras noutros pontos do Mundo, dão-lhes um caráter exclusivo. O cozido das Furnas, linguiça com inhames, lapas, peixe, erva “patinha”, sopas do Espírito Santo, torresmos, filhós/malassadas, queijadas da Graciosa, queijo de São Jorge, entre muitos outros pratos confecionados com as diversas partes dos animais ou com a biodiversidade presente no mar em redor das ilhas ou com a matéria prima cultivada são exemplos de pratos procurados por quem nos visita e que são cada vez mais procurados.

A falta de emprego tem feito os jovens emigrar. É necessário combater essa tendência, pois os jovens são o futuro das ilhas. É imprescindível criar emprego e mantê-los no local para que alguém possa tomar a iniciativa e desenvolver mais e mais as ilhas.

Concluindo, o turismo e a agricultura são as principais áreas promissoras para garantir um futuro de êxito no arquipélago dos Açores. É também essencial manter os jovens neste local para garantir esse futuro. Depende de todos nós que o destino dos açorianos seja sorridente.


Goreti Jorge
Estudante, Santa Cruz das Flores

Artigo de opinião de Goreti Jorge, integrante da edição de 30 de Maio do mensário «Mundo Açoriano», contendo caderno temático sobre o futuro dos Açores visto por 19 jovens de todas as nove ilhas.
Saudações florentinas!!

sábado, 14 de junho de 2014

Referendos nos Açores a partir de 2015

Regime jurídico das comissões de inquérito no Parlamento dos Açores também foi aprovado pela Assembleia da República.

O novo regime jurídico das comissões de inquérito na Assembleia Legislativa dos Açores e a proposta de regulamentação dos referendos regionais registaram a unanimidade dos partidos na Assembleia da Republica.

Idêntica unanimidade, como recordou Mota Amaral, verificou-se no Parlamento dos Açores relativamente a estes regimes jurídicos que estão previstos na Constituição da República e no Estatuto Político Administrativo da Região, desde que este foi revisto em 2009. O ex-presidente do Governo Regional manifestou-se convicto que da aplicação do referendo ao âmbito regional resultará uma participação dos cidadãos superior à registada nos referendos nacionais sobre "questões fracturantes".

Ao contrário do que já foi feito para os referendos nacional e local, a lei orgânica regulamentadora do referendo regional ainda não tinha sido aprovada. Estas iniciativas dão às Assembleias Legislativas Regionais o poder de propor referendos ao Presidente da República sobre matérias de interesse para a Região e que devam ser decididas através de decreto legislativo regional. Ficam assim excluídas as matérias que são da competência legislativa exclusiva dos órgãos de soberania, bem como de conteúdo orçamental, tributário ou financeiro.

Por outro lado, a proposta de lei da Assembleia Legislativa dos Açores sobre o funcionamento e as competências das comissões de inquérito do Parlamento regional tem como objectivo dar-lhes poderes de investigação judicial idênticos aos das comissões da Assembleia da República. A iniciativa, tal como a proposta de lei relativa ao referendo, aguardava aprovação pelo Parlamento nacional há vários anos, mas caducou em 2012 com o termo da legislatura na Região.

Na sua proposta de lei, que segue agora para discussão na especialidade, a Assembleia Legislativa dos Açores reconhece que, apesar de o Estatuto Político-Administrativo daquela Região determinar a aprovação do regime jurídico das comissões parlamentares de inquérito por decreto legislativo regional, algumas normas deste regime versam matéria da reserva de competência legislativa da Assembleia da República, pelo que esta deve ser chamada a aprová-las.

Nesse sentido, propõe a aprovação de três normas sobre direitos e poderes das suas Comissões de Inquérito, nomeadamente o direito a beneficiar, nos mesmos termos que os tribunais, da coadjuvação das autoridades judiciárias, dos órgãos de polícia criminal e das autoridades administrativas, em formulação idêntica à do regime jurídico dos inquéritos da Assembleia da República. Igualmente replica a aplicação da lei processual penal à justificação da falta de comparência ou recusa de depoimento, assim como a tipificação, como desobediência qualificada, da falta de comparência, recusa de depoimento e não prestação de informação, colaboração e documentos, que não sejam justificadas.


Notícia: jornal «Público» e «Açoriano Oriental».
Saudações florentinas!!

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Harmonizar os tarifários da água

O presidente da Entidade Reguladora de Águas e Resíduos dos Açores (ERSARA) alertou para a necessidade de ser harmonizada a forma de cálculo dos tarifários da água na Região.

"Há uma grande dicotomia na própria construção dos tarifários dos Açores, quer quanto à estrutura, quer quanto à forma, quer quanto aos escalões", frisou Hugo Pacheco na sessão de abertura do II Seminário Ambiente e Desenvolvimento.

Segundo o presidente da ERSARA, o que importa não é harmonizar os preços, mas a forma de cálculo dos tarifários nos diferentes concelhos dos Açores. Hugo Pacheco considerou ainda que é preciso recuperar o défice de tarifário que existe, lembrando que em alguns concelhos "não houve atualização" de preços durante muitos anos. Frisou ainda que os principais desafios no abastecimento de água atualmente são o reforço da sua qualidade e uma gestão "mais eficiente".

O presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória apelou a uma maior consciencialização da população para a gestão dos recursos existentes. Roberto Monteiro salientou que não é possível falar em ambiente e em desenvolvimento sustentável sem ter em conta a racionalidade dos recursos e a viabilidade económica das entidades que os gerem.

O autarca, que preside também à Associação de Municípios dos Açores, frisou que para além dos recursos serem limitados, a sua gestão envolve investimentos avultados, que a população não tem em mente quando se fala na necessidade de atualizar os tarifários: "Há duas formas de manter isto sempre equilibrado: ou se pratica um tarifário que cobre a totalidade das despesas que se tem ou, em contrapartida, se reduz no serviço que é oferecido para poder em correspondência ajudar o tarifário".


Notícia: jornal «Açoriano Oriental».
Saudações florentinas!!

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Impõe-se passar da palavra à acção

É necessário apostar no turismo durante todo o ano e não apenas na escassa temporada de Verão. Facto é que o nosso clima dificulta o acesso à ilha, mas não o impossibilita, de todo. Há outras atividades que podem constituir fatores de atração turística, como é o exemplo da agricultura biológica.

O arquipélago dos Açores é especial, por natureza e pela natureza. É um destino turístico cada vez mais procurado e, neste contexto, realço o potencial da ilha das Flores, de onde sou natural e onde escolhi residir, embora consciente do desafio que é cogitar o seu futuro.

A ilha das Flores é Reserva da Biosfera, denominação da UNESCO, facilmente percetível. Existem cerca de vinte e cinco percursos destinados à prática de canyoning, quatro percursos pedestres homologados, seis geosítios, onde estão incluídas, por exemplo, seis das sete lagoas existentes, bem como a Rocha dos Bordões e, por último, sete locais privilegiados para a observação de aves. São inúmeras as baías, locais propícios para o mergulho recreativo, ilhéus, cascatas e ainda temos para oferecer a possibilidade de praticar pesca desportiva, observar cetáceos e acampar em plena natureza.

Para além da hotelaria tradicional, tem sido aposta de alguns empresários locais o turismo rural, como é o caso da Aldeia da Cuada, inclusivamente reconhecida como um dos cinquenta hotéis mais românticos do Mundo (pela revista «Travel+Leisure») e, recentemente, como uma das dez aldeias mais pitorescas de Portugal (conforme publicação da «3 vilas»). O empreendimento de ecoturismo Sítio da Assumada, que contempla o aluguer de casas de madeira, auto sustentáveis, é o mais recente exemplo dessa aposta.

Apesar de todas estas oportunidades, penso que é necessária a criação de condições de desenvolvimento. A mais óbvia é a adequação do preço das passagens aéreas, uma luta antiga. No entanto, há muito para fazer noutros domínios, de forma prioritária. É necessário apostar no turismo durante todo o ano e não apenas na escassa temporada de Verão. Facto é que o nosso clima dificulta o acesso à ilha, mas não o impossibilita, de todo. Há outras atividades que podem constituir fatores de atração turística, como é o exemplo da agricultura biológica, que começa a conhecer algum desenvolvimento por parte de alguns empresários locais e pela comunidade estrangeira residente na ilha.

A vertente cultural, histórica e patrimonial deveria ser mais explorada na época baixa, nomeadamente através de visitas às estruturas museológicas e religiosas, como forma de transmissão daquilo que nos define como povo. A gastronomia é outro ponto fundamental. Têm de ser potenciadas condições para receber melhor, formação, quiçá.

Temos excelentes produtos: carne, peixe, marisco, laticínios e outros alimentos frescos e naturais, que podem enriquecer a nossa oferta.

Será tudo isto assim tão inalcançável ou irrelevante? Os dados estatísticos revelam que as dormidas na hotelaria tradicional subiram no mês de Janeiro. No caso da ilha das Flores, ficaram hospedadas mais cinquenta e duas pessoas do que em Janeiro do ano passado, num total de cento e oitenta e nove visitantes. É, no mínimo, um sinal positivo de que o turismo deve ser explorado durante mais tempo.

A população florentina encontra-se cada vez mais reduzida e envelhecida. O número de residentes não chega a três mil e oitocentos e não há condições para a fixação dos jovens. Impõe-se, com urgência, passar da palavra à ação, criar dinâmica, condições que promovam o emprego, que fixem os jovens, que muitas vezes pretendem regressar mas simplesmente não têm oportunidade. O turismo é uma porta entreaberta. Mas pretende-se um turismo sustentável, não direcionado para as massas e que respeite as condições naturais que definem o nosso panorama paisagístico e cultural.


Susana Soares
Repórter e técnica de audiovisual, Lajes das Flores

Artigo de opinião de Susana Soares, integrante da edição de 30 de Maio do mensário «Mundo Açoriano», contendo caderno temático sobre o futuro dos Açores visto por 19 jovens de todas as nove ilhas.
Saudações florentinas!!

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Açores na revista National Geographic

A «National Geographic» publicou há 95 anos o primeiro artigo sobre os Açores, uma das regiões portuguesas que "maior enfoque" tem tido naquela revista norte-americana, fruto da sua "posição geoestratégica no Atlântico", defende um investigador da universidade açoriana.

"Quando lemos os artigos sobre os Açores não deparamos com apreciações geoestratégicas ou geopolíticas. A «National Geographic Magazine» não é a «Foreign Affairs», não é uma revista de política internacional, mas o que é facto é que há um grande cuidado e persistência em mostrar os Açores", afirmou Carlos Riley, docente e investigador da Universidade dos Açores, para quem "o potencial geoestratégico" do arquipélago "está sempre lá contido subliminarmente".

Data de Junho de 1919 o primeiro artigo sobre os Açores publicado na revista da National Geographic Society, instituição norte-americana fundada em 1888. O pretexto foi a "primeira tentativa bem-sucedida" de atravessar o Atlântico norte em três hidroaviões CURTISS da Marinha dos EUA, que fizeram escala nos Açores (Horta e Ponta Delgada), tendo apenas um dos aparelhos completado a travessia até Lisboa.

"O artigo faz uma apresentação dos Açores, chamando a atenção para os aspetos etnográficos, pitorescos, as tradições, os costumes, a paisagem, as casas e a forma como as pessoas se vestiam", disse Carlos Riley, acrescentando que o trabalho, ilustrado com várias fotografias de interesse histórico, foi escrito por um antigo cônsul norte-americano na ilha de São Miguel, Arminius T. Haeberle.

"A atenção que a National Geographic começa a dar aos Açores a pretexto da travessia transatlântica é muito do género: temos de olhar mais de perto este grupo de ilhas que estão aqui no meio do Atlântico, entre o Novo Mundo e a Europa", refere Carlos Riley, acrescentando que os americanos passam a considerar o arquipélago "muito como uma fronteira avançada do seu território".

Foram depois publicados vários outros artigos, com destaque para 1935, quando surgem 26 fotografias de várias ilhas dos Açores, em 1958 aquando da erupção do vulcão dos Capelinhos, e o período pós-revolução de 1974, devido ao fenómeno do independentismo.

"Os Açores não têm petróleo no sentido literal do termo, mas o grande petróleo dos Açores é a sua geografia, é a sua posição estratégica. Não obstante os avanços tecnológicos, não me parece que as pessoas possam concluir, precipitadamente, que os Açores hoje tenham perdido o seu valor geoestratégico", afirmou o investigador, alegando que este vai muito para além da mera utilização militar.

Carlos Riley, doutorado em História Contemporânea, considerou que os Açores são "um ponto privilegiado à escala global", por exemplo, para a observação e estudo nos domínios da climatologia, oceanografia e aeroespacial.

Atualmente, a revista «National Geographic» é publicada em mais de trinta idiomas, sendo que desde 2001 Portugal conta com uma edição própria, que também já dedicou vários artigos e suplementos aos Açores, essencialmente para dar a conhecer o potencial natural e científico das ilhas.


Notícia: «Diário de Notícias» e «Correio da Manhã».
Saudações florentinas!!

terça-feira, 10 de junho de 2014

Telemedicina deve estar quase a chegar

Governo Regional estima que até final do ano o uso da telemedicina se generalize a todas as ilhas do arquipélago, permitindo aos doentes consultas regulares sem deslocações e a realização de alguns exames online.

“No quarto trimestre deste ano já se passarão a fazer consultas regulares recorrendo à telemedicina entre as Unidades de Saúde [de ilha] e os hospitais da Região, com a possibilidade da realização de alguns exames online”, disse fonte oficial da Secretaria Regional da Saúde. Esta possibilidade, segundo acrescentou, decorre da "introdução de uma aplicação informática” que já existia nos Centros de Saúde “e que agora foi implementada nos hospitais".

Atualmente, e segundo a tutela, o recurso à telemedicina "é feito de uma forma pontual" entre o hospital da Terceira e a Unidade de Saúde de São Jorge na especialidade de nefrologia e entre o hospital de Ponta Delgada e o de Coimbra na área da pediatria. Nas outras ilhas também se recorre "a formas de telemedicina", nomeadamente "transmissão de exames de diagnóstico para avaliar a necessidade da realização das evacuações áreas", acrescentou.

O Centro de Saúde de Santa Cruz das Flores, no grupo ocidental do arquipélago, começou a recorrer em 2003 às novas tecnologias de comunicação para assegurar o acompanhamento “na hora” por especialistas das consultas e exames realizados no seu Centro de Saúde. Segundo a Secretaria Regional da Saúde, "a telemedicina já se realizou de uma forma regular entre o Centro de Saúde de Santa Cruz das Flores e o hospital do Porto através de um protocolo existente", admitindo que para generalizar o recurso àquela tecnologia no arquipélago "foi necessário encontrar uma solução técnica adequada".

"Desde há muito que se tem desenvolvido esforços para o recurso à telemedicina de forma regular" nos Açores, garantiu a secretaria regional, sublinhando a utilidade do projeto num território descontínuo como os Açores e que permite a optimização dos recursos e evita deslocações dos doentes.

Na mais pequena ilha dos Açores, no Corvo, os habitantes estão expectantes em relação à implementação da telemedicina, tanto mais que só existe um médico de clínica geral na ilha: “Uma vez que as ilhas das Flores e Corvo estão ligadas pelo cabo de fibra óptica está tudo em condições para começar a funcionar, mas não está a funcionar. A telemedicina será certamente uma mais-valia”, afirmou a presidente do Conselho de Ilha do Corvo, Ângela Valadão.


Notícia: «Açoriano Oriental» e «Diário de Notícias».
Saudações florentinas!!

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Azores Fringe Festival na ilha das Flores

Este fim-de-semana o Azores Fringe Festival continuou contando com grande presença na ilha das Flores.

Terry Costa, fundador do festival internacional de artes, apresentou na sexta-feira a ideia do Fringe, assim como um workshop de expressão teatral realizado no novo Museu das Lajes. Logo de seguida foi projectado o filme “Atlantes”, que já teve audiências de mais de 15 mil pessoas, desta vez foi a apresentação deste documentário para os florentinos.

Sábado e domingo, a festa artística mudou de cenário com a inauguração de O Valzinho das Flores, um espaço criado para acolher arte e artistas na freguesia da Fazenda, no concelho mais ocidental da Europa. Os proprietários, João e Nina, acolheram artistas da Galiza, França e várias partes de Portugal, para lançar ao mundo este lindo Valzinho. O presidente da Câmara Municipal das Lajes, Luís Maciel, esteve presente para a cerimónia e mencionou que “o Valzinho é mais uma valia para o concelho, a ilha e para a divulgação dos Açores no mundo”. Terry Costa adicionou que “parcerias com entidades como o Valzinho são os laços mais fortes do Fringe, e assim um bom começo para que artistas locais e estrangeiros possam se desenvolver na ilha” e que deseja no futuro “mais parcerias com entidades florentinas para chegar a outros cantinhos da ilha”.

Nesta edição de 2014 o Azores Fringe apresenta trabalhos de mais de 200 artistas de 30 países em 6 ilhas dos Açores. Esta semana nas ilha Terceira, Graciosa e Santa Maria a programação continua para incentivar artistas e entidades locais a maior participação no futuro.


Notícia: jornal «Açores 9».
Saudações florentinas!!

domingo, 8 de junho de 2014

Impérios mantêm tradição religiosa

Cerca de duas centenas de pequenas edificações de devoção ao Espírito Santo, terceira pessoa da Trindade, conhecidas como “Impérios”, erguem-se nas nove ilhas dos Açores, numa tradição secular que tem vindo a expandir-se devido, em parte, à emigração.

“Uma estatística, relativamente atual, do Sistema de Informação para o Património Arquitetónico identifica 171, mas acredito que esteja perto dos 200, porque os Impérios têm vindo a aumentar”, disse a historiadora Susana Goulart Costa, frisando que estes pequenos templos ou até designadas Casas do Espírito Santo revelam atualmente “uma explosão de policromia e de aplicações”.

As celebrações do Espírito Santo nos Açores iniciam-se após a Páscoa e prolongam-se até ao oitavo domingo seguinte, o da Trindade, mas chegam a decorrer até ao Verão, por causa do regresso de muitos emigrantes, e constituem um dos festejos com maior expressão no arquipélago.

Nos Impérios, verdadeiras “casas”, venera-se o Espírito Santo e estas estruturas têm vindo a proliferar pelas ilhas. As festividades em honra do Espírito Santo têm vindo a tomar um peso muito grande por causa da emigração, essencialmente para os EUA e Canadá.

Com cerca de 30 metros quadrados, existem quatro tipologias de construção de impérios, conforme as ilhas: “São relativamente pequenos, alguns mais imponentes e alguns com uma escadaria”, referiu Susana Goulart Costa, admitindo que o Império edificado mais antigo existente nos Açores data de meados do século XVIII, o Império dos Nobres, na ilha do Faial.

Nos primórdios, nos séculos XVII e XVIII, os Impérios eram móveis, construídos apenas na altura da festa e posteriormente desmontados: “Eram decorados com panos, faias e flores e feitos com madeira e só especificamente para o período do ano entre a Páscoa e o Pentecostes”, explicou a historiadora, revelando que naquela altura a decoração e a cor eram muito mais simples.

Atualmente as construções exibem no seu interior várias colorações e em seu redor realizam-se as festividades do Espírito Santo.


Notícia: «Correio da Manhã» e jornal «Açores 9».
Saudações florentinas!!

sábado, 7 de junho de 2014

Música sem fronteiras, com José Gaspar

Desde sempre que a música corre nas veias do ser humano. Será, porventura, a linguagem mais universal, por isso não lhe são conhecidas barreiras. Assim sendo, quando dois músicos se encontram... estes são os resultados: José Gaspar, nascido na ilha do Pico, engenheiro de profissão (aposentado) e Arménio Carneiro, natural de Pinheiro, em Castro Daire, comerciante.

Muito obrigado a ambos e muitas felicidades.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Autarquias açorianas pagam salários sem cortes e com remuneração complementar

No presente mês de Junho, as autarquias dos Açores vão "processar os vencimentos sem cortes, em conformidade com a decisão do Tribunal Constitucional", bem como o pagamento da remuneração complementar.

As autarquias açorianas vão processar os vencimentos de Junho dos seus funcionários sem os cortes previstos no Orçamento do Estado [na semana passada declarados inconstitucionais] e pagar ainda a remuneração complementar, mas não terão capacidade para o fazer até final do ano: "As autarquias dos Açores não têm condições financeiras para, até ao final do ano, processar o pagamento dos vencimentos sem cortes e da remuneração complementar", frisou o presidente da Associação de Municípios da Região Autónoma dos Açores, Roberto Monteiro. No entanto, se alguma autarquia não processar os vencimentos sem cortes este mês, será apenas "por questões de logística".

"Esta é uma situação temporária, porque se tratam de duas matérias complementares, mas distintas", frisou o autarca. O presidente da AMRAA explicou que os autarcas estão a aguardar pelo que vai acontecer a nível nacional e a nível regional, mas admite que possam ter de recorrer à "revogação" da remuneração complementar.


Notícia: jornal «Correio da Manhã».
Saudações florentinas!!

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Dia da Criança na ilha das Flores

O Dia Mundial da Criança é celebrado em todo o Mundo, variando as datas de país para país. Na certeza porém de que a criança é lembrada e tem um dia consagrado a ela. O Dia Mundial da Criança é oficialmente 20 de Novembro, data que a ONU reconhece como Dia Universal das Crianças por ser a data em que foi aprovada a Declaração dos Direitos da Criança em 1959 e a Convenção dos Direitos da Criança em 1989. Em Portugal essa efeméride é celebrada a 1 de Junho, talvez porque o primeiro Dia da Criança foi comemorado no Mundo inteiro a 1 de Junho de 1950.

Na ilha das Flores e por motivos de agenda escolar e conveniência, o concelho de Santa Cruz escolheu sexta-feira dia 30 para assinalar essa efeméride. De salientar a enorme afluência, com cerca de 200 crianças do concelho de Santa Cruz a marcarem presença. Alguns jogos, demonstração de rapel, insufláveis, brincadeiras, uma merenda, boa disposição, camaradagem... enfim, uma tarde bem preenchida.

Mesmo ao lado do Polidesportivo encontrava-se uma atracção muito especial. O Oceanário de Lisboa fez deslocar a esta ilha do Sol Poente a sua “embaixada” ambulante, nem mais nem menos que uma viatura adaptada para produção de multimédia, com capacidade para mais de uma dezena de pessoas, onde profissionais dão explicações e tiram dúvidas sobre a vida marinha, focando algumas espécies.

Já no concelho das Lajes, o Dia Mundial da Criança foi comemorado a 1 de Junho com algumas actividades, sensibilização para a natureza, com a distribuição de algumas espécies de plantas e um lanche no campo de jogos das Lajes e à noite foi exibido o filme "Khumba", no auditório do Museu municipal.

Costa Ocidental esteve presente nas duas comemorações e aqui ficam as imagens captadas, para prova e memória futura. Obrigado às organizações, à Luísa Maria Silveira pela fotografia e ajuda na produção e a todos os que tornaram possíveis as imagens captadas.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

terça-feira, 3 de junho de 2014

Inauguração do espaço “O Valzinho”

A Câmara Municipal das Lajes apoia o Azores Fringe, festival internacional de artes realizado nos Açores e que inaugurará um espaço recentemente criado na freguesia da Fazenda. Este espaço, designado por “O Valzinho das Flores”, através da agricultura e da recuperação de quintas abandonadas, alia as artes plásticas à arquitetura alternativa e à criatividade, dando espaço à música, à dança, às artes, às atividades vocacionadas para o bem estar e iniciativas coletivas.

O Azores Fringe Festival, sendo também completamente voltado para as artes, inaugurará “O Valzinho” e trará a todos os florentinos a oportunidade de participar em workshops e atividades como o yoga, a meditação, a dança, massagens de relaxamento, concertos, exposições de fotografia, passeios por trilhos pedestres da ilha, entre outras atividades.

O Azores Fringe Festival 2014 decorre em seis ilhas, sendo que nas Flores irá ter actividades entre os dias 6 e 8 de Junho, constituindo um contributo fundamental para a valorização da cultura na ilha das Flores.


Notícia: "sítio" da Câmara Municipal de Lajes das Flores.
Saudações florentinas!!

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Preservação dos caldeiros da baleação

Passados 7 meses e 20 dias desde a denúncia pública, a Costa Ocidental pode constatar que o restauro e preservação dos caldeiros de derreter o toucinho de baleia, estão na fase de conclusão. Ainda é notória a movimentação de inertes na zona, bem como alguns pormenores de acabamento, mas o essencial está feito.

Esta atitude é da maior importância e de relevante significado patrimonial, cultural, histórico, sentimental e com certeza irá ser motivo de contemplação e apreciação, quer por habitantes florentinos, quer por aqueles que nos visitam e têm interesse por este género de "coisas".

Muito grata e enriquecida fica a História florentina bem como o património baleeiro local e regional. Obrigado a todos os responsáveis por esta recuperação e esperemos que os pequenos detalhes em falta sejam visíveis e concretizados.


José Agostinho Serpa

domingo, 1 de junho de 2014

«Brumas e Escarpas» #75

Os achados

Na Fajã Grande dos anos 1950 havia a convicção de que o mar era “muito rico”, chegando mesmo a considerar-se que seria “mais rico do que a terra”. E o povo tinha razão, apesar de neste seu juízo de valor não aludir à importante fonte alimentar que o mar continha - o peixe. Referia-se apenas a riquezas materiais, a tesouros e outros bens de valor que estariam algures nas profundezas dos oceanos e que, de um dia para o outro, poderiam muito bem serem trazidos pelas ondas, sobretudo quando bravas e altivas, despejando-os na orla marítima. Era esta ideia que levava muitos homens, sobretudo em dias de mar bravo, a correr a costa, isto é, a percorrer toda a zona marítima desde o Canto do Areal até ao Rolo, na mira de encontrar tudo aquilo que o mar possuía e que vinha à tona com a revolta das ondas e das correntes, agarrando tudo o que muito bem encontrassem e conseguissem arrastar para terra.

E não se enganavam estes aventureiros da busca de tesouros marítimos. Na realidade muitos eram os homens e até algumas mulheres, que nos dias de mau tempo, se dirigiam para junto da orla marítima, equipados com grandes e potentes pexeiros, vasculhando tudo o que fosse poça, caneiro, enseada ou baía. E verdade é que muita coisa era encontrada, pescada para terra e trazida para casa, sendo aproveitado tudo o que o mar dava. Eram os célebres e tão desejados achados.

Os achados mais frequentes eram garrafas e frascos. As primeiras, sobretudo as de litro, eram muito apreciadas, assim como os garrafões que com menos frequência apareciam. Depois de lavadas eram usadas para o vinho ou para o petróleo, para a creolina, para o óleo de fígado de bacalhau e as mais pequenas para biberons de bebé ou para colocar o azeite doce, a tintura ou álcool. Os frascos serviam para guardar o doce. Outros achados muito frequentes eram as bóias de ferro ou de alumínio. De forma geralmente redonda, com capacidade entre 2/3 litros, depois de furadas junto à asa e bem lavadas por fora e por dentro, eram usadas para o transporte de água, uma vez que a conservavam muito fresca, para os homens beberem enquanto trabalhavam nos campos ou ainda para o transporte para as galinhas ou para outro uso qualquer. Também se encontravam tábuas, barris, lâmpadas usadas, latas, caixas e muitas outras bujigangas. Mas os achados mais desejados, porque muito valiosos, eram os fardos de borracha. Tratava-se de cubos de borracha maciça, alguns bastante grandes e que depois de secos e limpos poderiam ser vendidos e dar bom dinheiro. Na Fajã Grande era a senhora Dias que os comercializava. No entanto, a pessoa que encontrava o fardo não chegava a receber o dinheiro, uma vez que a senhora Dias tinha uma mercearia e entregava o valor estimativo do fardo de borracha em géneros e depois ela própria os vendia a quem os exportava para o Continente. No entanto, este negócio nos anos 1950 trouxe-lhe alguns dissabores, por quanto a lei não permitia que se comercializassem produtos encontrados no mar. A senhora Dias acabou por ter que responder em tribunal, o que veio a prejudicar sensivelmente o negócio, tornando-se a procura dos fardos menos incentivada.

Entre as garrafas, as mais procuradas eram as fechadas, por quanto se cuidava que poderiam trazer dentro alguma mensagem, e entre estas, alguma que pudesse mudar a vida de quem a encontrasse. No entanto, as mensagens destinavam-se sobretudo aos estudos das correntes marítimas ou eram meras brincadeiras.

Outros objectos procurados eram os provenientes dos destroços dos navios naufragados: madeira, objectos de ferro, talheres, bidões, latas, etc. Havia também, nalgumas casas da Fajã Grande, camas, portas, candeeiros e louças encontradas nos destroços da Bidart, do Slavónia e de muitas outras embarcações. Muito interessantes, também, eram as bolas de vidro, brancas, azuis, verdes e castanhas que serviam para ornamentar as salas das habitações. Havia homens que se atiravam ao mar, mesmo quando bravo, simplesmente para agarrar uma garrafa ou uma bola de vidro.

A maioria dos achados, devido à sua longa permanência no mar, geralmente na parte que flutuava debaixo de água, estavam cheios de minúsculos percebes, pelo que, depois de retirados do mar, sobretudo fardos e garrafas tinham que ser muito bem limpos e postos ao Sol a secarem.

A procura de achados caracterizou a ligação ao mar durante muitos anos de uma população que - exceptuando a caça à baleia - pouco se interessava pela exploração do mesmo mar, ou seja, pela pesca.


Carlos Fagundes

Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».