segunda-feira, 31 de março de 2014

Minhocas é campeão da A.F. Horta

O Grupo Desportivo Os Minhocas sagrou-se campeão de futsal da Associação de Futebol da Horta no escalão de iniciados, em competição jogada este fim-de-semana no Pavilhão Municipal de Santa Cruz. Com clara supremacia, a equipa florentina ganhou ambos os jogos em que defrontou o Flamengos (campeão do Faial): sábado por 7-3 e domingo por 6-4.

No próximo fim-de-semana esta equipa campeã distrital de jovens florentinos irá defrontar os representantes das Associações de Futebol de Ponta Delgada e de Angra do Heroísmo, em competição para o apuramento do campeão regional inter-clubes no escalão de iniciados masculinos.


De salientar que também no escalão de júniores a respectiva equipa do Minhocas sagrou-se campeã da AF Horta, tendo recentemente jogado o Regional inter-clubes. Por último, refira-se ainda que no escalão de séniores a equipa A do GD Os Minhocas conquistou o Torneio José Amorim, competição terminada neste fim-de-semana.
Saudações florentinas!!

domingo, 30 de março de 2014

«Brumas e Escarpas» #72

A Fajã Grande dos anos 1950 a três tempos

III - Quando a tarde descia


Após um “jantar” frugal – batatas ou inhames com uma limitada porção de peixe, ou conduto de porco racionado ou uma torta de ovos, às vezes simplesmente batatas de mangão – impunha-se novamente um caminhar apressado e lesto para os campos, porque a tarde descia rápida, a fim de que se desse continuidade ou se terminassem as tarefas iniciadas de manhã. Muitas vezes havia que substituí-las por outras, impossíveis de adiar. No primeiro caso, as mulheres iam aos campos levar o jantar aos que ali trabalhavam. Poupava-se tempo e ganhava-se no avanço do trabalho. Havia no entanto muitas tardes em que era imperioso homens e mulheres dedicarem-se a outras tarefas, como a apanha das batatas, o plantar e cortar as couves, acarretar esterco para os campos ou, na maioria das vezes, trabalhar as terras mais próximas de casa e as situadas à beira-mar. Nas tardes de Verão, no entanto, era quase impossível trabalhar nos campos da Fajã Grande. A razão era simples: a freguesia situa-se, como o nome indica, numa “fajã”, ou seja, num terreno baixo por trás do qual existe uma rocha. Só que, neste caso, a rocha de tão alta e inclinada que era, fazia jus a que o Sol nela se reflectisse e retrocedesse sobre o povoado, como que redobrando a força, a intensidade e o calor. Um autêntico forno! Por isso os homens passavam as tardes sentados à sombra das casas, conversando e falquejando. No Inverno, ao invés, tardes havia em que era impossível trabalhar, neste caso devido à chuva e ao mau tempo.

Em contrapartida trabalhava-se à tardinha e durante uma boa parte da noite para compensar as “folgas” das tardes calorentas. Estes trabalhos relacionavam-se sobretudo com o tratamento e ordenha do gado e a limpeza dos palheiros, esta uma das tarefas mais degradantes, asquerosas, conspurcas, imundas e enlameadas que os homens eram forçados a executar. Munidos do “garfo de tirar esterco”, puxavam, rapavam, remexiam, amontoavam, espetavam toda aquela imundície acumulada nos palheiros e padejavam-na às garfadas para um monte de esterco que dia após dia ia crescendo e fermentando fora da porta do palheiro, levantando um cheiro horroroso, promíscuo, mefítico, aberrante que penetrava pelas frestas e paredes das casas contíguas e que se defluía, emanava e dispersava pelos arredores. Uma ou duas vezes por semana também era necessário despejar a poça, com odores e cheiros ainda mais mefíticos. O seu conteúdo era padejado com um caneco velho para dentro das “latas da urina”, ou seja, uns enormes vasilhames de madeira, exclusivamente usados para este fim e que depois de cheios eram transportados aos ombros presos num pau, um atrás das costas e outro à frente, para alimentar e fazer crescer as caseiras, as batatas doces e as couves que floresciam nas terras do Porto, das Furnas e do Areal.

Trabalhos cansativos e degradantes que custavam e que doíam, realizados, como Fernando Pessoa escreveu, enquanto a sombra da tarde descia, emersa nas canseiras do fim do dia.

O Sol às casas, como a montes,
Vagamente doura.
Na cidade sem horizontes
Uma tristeza loura.

Nesta hora mais que em outra, choro
O que perdi.
Em cinza e ouro o rememoro
E nunca o vi.

Felicidade por nascer,
Mágoa a acabar,
Ânsia de só aquilo ser
Que há-de ficar.
Sussurro sem que se ouça, palma
Da isenção.
Ó tarde, fica noite, e alma
Tenha perdão.


E nesta “cidade sem horizontes” (entenda-se: nesta freguesia sem horizontes) chegava uma tristeza loura, um suplício a que estiveram rigorosa e permanentemente condenados, em pleno século XX, os nossos avós, os nossos pais e os nossos irmãos. Talvez por estas e por outras razões e porque, voltando ao poema de Pessoa, havia uma felicidade por nascer, uma mágoa a acabar, e, por isso, com uma enorme ânsia de só aquilo ser, muitos escapuliram para a América e para o Canadá.


Carlos Fagundes

Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».

sábado, 29 de março de 2014

Festival de Sopas Tradicionais

Desde sempre o ser humano teve necessidade de se alimentar. Por tempos prolongados na História evolutiva o ser humano alimentou-se de produtos naturais e crus, passando depois a fazer uma alimentação variada contendo peixe e carne, o que se mantém até aos nossos dias. A evolução foi colocando ao serviço do ser humano diferentes e variadíssimas opções e alternativas, fazendo com que actualmente o acto de comer por vezes se torne quase num acto sagrado e em extremos de luxúria e gula.

Mas deixando as generalidades e indo ao concreto: a ilha das Flores foi palco de mais um evento, desta feita o Festival de Sopas. A ideia foi da administração do Grupo Desportivo Os Minhocas, que se bem o pensaram, melhor o fizeram.

Reunidas as vontades, as pessoas, os ingredientes, eis que um jantar dedicado aos sabores e degustações de diferentes sopas caseiras aconteceu no passado sábado (dia 22) no salão da sede dos Minhocas. Foram 16 os sabores diferentes, caseiros e tradicionais que estiveram à disposição de quem ali se deslocou para mais uma degustação e partilha conjunta de sabores que teimam em desaparecer com o passar dos anos, gerações e fruto da dita evolução...

A Costa Ocidental teve o convite para estar presente a fim de captar as imagens e divulga-las, para que uma vez mais esta terra do Sol Poente seja vista em todos os "cantos" deste planeta azul. Muito obrigado à direcção dos Minhocas, bem como a todos os intervenientes e a todos que, de uma forma ou de outra, tornaram possível este trabalho/imagens. Obrigado especial à Luísa Silveira pela fotografia e ajuda na produção.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

sexta-feira, 28 de março de 2014

Mudança para a "hora de Verão"

Há que acertar o relógio este domingo. A mudança da hora suscita sempre a mesma dúvida: é mais uma hora ou menos uma hora? À meia-noite deste domingo (dia 30) devemos então adiantar o relógio 60 minutos, passando para a uma hora da madrugada.

O fuso horário dos Açores corretamente aplicado teria de se situar num valor entre menos uma hora e quarenta minutos na longitude mais a Este e menos duas horas e cinco minutos na longitude mais a Oeste. Devido à dispersão das ilhas açorianas temos uma diferença horária real de 25 minutos entre a ilha de Santa Maria e a ilha das Flores. Isso quer dizer que o Sol nasce 25 minutos mais tarde na ilha das Flores do que nasce na ilha de Santa de Maria. Mesmo tomando a iniciativa de arredondar estes valores horários, teríamos de arredondar para menos duas horas, falhando apenas em 20 minutos mas bem melhor do que a solução atual que falha em 40 minutos! Considerando o tempo médio nos Açores, que é de aproximadamente menos uma hora e cinquenta e três minutos, temos um fuso horário que está relacionado com a longitude de um semimeridiano que, curiosamente, cruza o ponto mais alto da ilha do Pico, a maravilha da Natureza que é a montanha do Pico.

Nos Açores adoptamos o fuso horário de menos uma hora em relação ao meridiano de Greenwich. Isso significa que quando for meio-dia em Greenwich, ou Lisboa ou Funchal (pois adoptou-se o fuso horário de Greenwich para ser a hora legal no Continente português e na Madeira), nos Açores são 11 horas da manhã, como todos nós sabemos. Mas considerando a longitude dos Açores e elaborando uns breves cálculos, o fuso horário correto para os Açores teria de ser menos duas horas, ficando assim como uma diferença horária de 2 horas do Continente português, como durante algum tempo já existiu na década de 80 no século XX.

O horário de Verão é a alteração do horário de uma região durante uma parte do ano, que engloba normalmente as estações da Primavera e do Verão, onde se adiantam os relógios uma hora ao fuso horário local. O horário de Verão contribui para reduzir o consumo de energia, mas esta medida só é prática nas regiões mais distantes da linha do equador, onde os dias se tornam mais longos e as noites mais curtas. Seguindo as orientações do Observatório Astronómico de Lisboa, neste domingo (dia 30) quando for meia noite nos Açores teremos então de adicionar 60 minutos à hora legal, passando a entrar na "hora de Verão". Portanto teremos menos uma horinha de sono na próxima madrugada de sábado para domingo.


Excertos do artigo de opinião de João Cabral, professor universitário.
Saudações florentinas!!

quinta-feira, 27 de março de 2014

Restaurante Forno Transmontano fez "formação" de como se fazer alheiras

Desde a Idade do Fogo que o homem cozinha uma boa parte dos alimentos que consome. Todas as terras têm os seus saberes, usos e costumes e, com mais ou menos frequência, põem em prática sempre que se justifica ou há necessidade. Também é bem verdade que é transversal no tempo a emigração bem como a imigração. É neste contexto que Valentina Pereira e o seu marido José Manuel lançaram amarras e abraçaram as vivências e realidades florentinas, depois de uma viagem com origem em Trás-os-Montes, mais concretamente desde Torre de Moncorvo.

Para além das suas profissões têm um restaurante que se especializou em comidas transmontanas, bem como de outras regiões. Há mais de 25 anos com âncoras postas nesta terra do Sol Poente, desde 2002 que têm este serviço de restauração ao serviço dos florentinos, bem como de todos aqueles que por cá passam. Servindo duas refeições diárias, esta família só precisa de marcação prévia para servir com a melhor qualidade e profissionalismo; quem já lá esteve é testemunha disso.

A destacar algumas especialidades da casa: assados mistos no forno a lenha; pernil assado no forno; enchidos e grelhados caseiros tradicionais do norte de Portugal; peixe assado no forno, na grelha e na brasa; galinha de cabidela; pão caseiro de milho, trigo, integral e escaldadas à moda do Pico. Estes são algumas das iguarias que podem ser degustadas no restaurante Forno Transmontano.

Os seus donos primam pela diferença e pela inovação. Nesta linha de orientação, de quando em vez realizam iniciativas no âmbito da formação à população interessada. Desta feita foi um workshop para aprender a fazer alheiras. A enorme cozinha foi pequena para tanta procura e enorme azáfama. Era visível a satisfação e gratidão de todos os que ali se deslocaram, dando o seu contributo em tudo o que era preciso e assim enriquecendo o seu conhecimento.

Muitos parabéns por esta iniciativa, bem como a disponibilidade para informar um pouco das entranhas da cozinha, bem como os sabores que daí advêm. Obrigado ao restaurante Forno Transmontano, ao senhor José Manuel, esposa e família, a todos os participantes, bem como a todos os que tornaram possíveis estas imagens. Obrigado especial à Luísa pela ajuda à produção e captação da imagem fotográfica.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

quarta-feira, 26 de março de 2014

Autarquias usam herbicida perigoso?

A associação de conservação da natureza Quercus e a Plataforma Transgénicos Fora (PTF), onde estão representadas as principais associações portuguesas de defesa do ambiente, endereçaram uma carta a todos os presidentes de Câmaras Municipais alertando para os riscos ambientais e de saúde na aplicação de herbicidas em espaços urbanos (zonas de lazer e vias públicas), prática generalizada por todo o país.

A Quercus e a PTF destacam o uso crescente e indiscriminado do herbicida glifosato, por ser este o mais usado em todo o Mundo e o seu uso ter aumentado muito nos últimos anos devido à proliferação das culturas geneticamente modificadas (OGM) que passaram a resistir ao herbicida (quando antes da modificação genética morriam com aplicação de herbicida). Na carta enviada aos presidentes de Câmara, as duas organizações pedem que as autarquias adiram à iniciativa "Autarquias Sem Glifosato", aproveitando a Semana Internacional de Acção contra os Pesticidas, evento internacional promovido pela Pesticide Action Network, onde se pretende que sejam desenvolvidas iniciativas para a redução do uso de pesticidas.

Em Portugal está autorizada a comercialização de um herbicida à base de glifosato para usos urbanos, o Spasor. O seu fabricante, a multinacional Monsanto, alega que é inócuo para insectos auxiliares, minhocas, abelhas e humanos e rapidamente biodegradável na água e no solo. Mas contrapondo a alegada inocuidade divulgada pelas empresas fabricantes e distribuidoras têm surgido cada vez mais estudos de cientistas não dependentes dessas empresas e publicados em revistas científicas mundiais, reveladores das consequências gravosas de vários herbicidas para a saúde e para o ambiente, em particular os herbicidas cuja substância ativa é o glifosato.

O glifosato (ingrediente principal do Roundup) atua nos animais como desregulador hormonal e cancerígeno em doses muito baixas, que podem ser absorvidas nos alimentos e na água de consumo, supostamente “potável”. Este herbicida tem ainda uma degradação suficientemente lenta para ser arrastado (pela água da chuva, de rega ou de lavagem, em conjunto com um resíduo também tóxico resultante da sua degradação) para a água, quer a superficial (rios, ribeiras e lagoas), quer a subterrânea. Em França mais de metade das águas superficiais analisadas tinham resíduos de glifosato e/ou do seu metabolito tóxico.

Estas novas evidências científicas revelam que a avaliação toxicológica do glifosato e dos seus adjuvantes foi subavaliada pelas autoridades oficiais, em parte por se basearem apenas nos estudos apresentados pelas empresas fabricantes e espera-se que a sua utilização venha a ser revista. Por outro lado, a nova lei sobre o uso de pesticidas em Portugal (aprovada em Abril do ano passado, assim se transpondo a respectiva Diretiva Europeia), contempla a aplicação destes produtos em espaço urbano apenas como o último recurso. Ainda assim e porque existem outros meios para combater as plantas infestantes, vulgo ervas daninhas, tais como os meios mecânicos, térmicos ou manuais e por vezes nem se justifica uma tão grande eliminação, pois as ervas têm diversas vantagens (protegem o solo, aumentam a biodiversidade), pede-se que seja abandonado o uso de herbicidas em espaços públicos.

Anexo à carta aos autarcas foi enviado junto o “Manifesto de adesão – Autarquia sem glifosato”, sendo que no próximo mês de Outubro será divulgado o registo público das autarquias (municípios ou freguesias) subscritoras, através do qual a Quercus e a PTF vão realçar e mostrar como exemplo a seguir os concelhos e freguesias cujos executivos se comprometeram a deixar de aplicar herbicidas sintéticos no controle de plantas infestantes em zonas de lazer, vias públicas e restantes espaços sob a sua responsabilidade.


Notícia: jornal «i» e "sítio" da associação ambientalista Quercus.
Saudações florentinas!!

terça-feira, 25 de março de 2014

Concurso fotográfico convida a ir “À Descoberta das Reservas Florestais”

Numa parceria entre o Governo Regional e a Associação de Fotógrafos Amadores dos Açores, foi lançado um concurso fotográfico para assinalar o Dia Mundial da Floresta, intitulado ‘À Descoberta das Reservas Florestais de Recreio’, que decorre até 21 de Abril.

Este concurso fotográfico tem como objetivo sensibilizar os fotógrafos - e população em geral - a visitarem as vinte e sete Reservas Florestais de Recreio dos Açores, por forma a mobilizar os sentidos para a capacidade de observação da floresta como espaço de recreio e lazer, assim como incentivar a população a desenvolver e valorizar a floresta de forma criativa.

No âmbito do concurso, o secretário regional dos Recursos Naturais afirmou que “ter-se-á oportunidade de descobrir nestes espaços pormenores que, às vezes, podem escapar a cada um de nós”, destacando assim a importância da “preservação” das vinte e sete Reservas Florestais de Recreio existentes na Região.

Na ilha das Flores existem a Reserva Florestal Luis Paulo Camacho e a Reserva Florestal da Boca da Baleia.


Notícia: «Açores 24 Horas», «Açoriano Oriental», "sítio" da Câmara Municipal de Lajes das Flores e o inestimável "serviço informativo" do GACS [Gabinete de Apoio à Comunicação Social, da Presidência do Governo Regional dos Açores].
Saudações florentinas!!

segunda-feira, 24 de março de 2014

Celebração do Dia Mundial da Poesia

Poesia e música: este foi o mote para uma noite diferente, organizada pelo conselho executivo da Escola Secundária das Flores com a colaboração de professores e alunos. Assim, nada melhor para um casamento perfeito: a Poesia e a Música juntas na Noite...

O anfiteatro da escola, em Santa Cruz, foi pequeno para albergar todos aqueles que marcaram presença neste serão cultural, na passada sexta-feira (21 de Março, Dia Mundial da Poesia). Grandes poetas - florentinos e não só - foram evocados perante a atenção dedicada e empenhada de todos os presentes. Dos poetas lembrados destacam-se: Da Costa e Silva, Natália Correia, António Maria Gonçalves, Octávio Brasil, Albino Magaia, Roberto Mesquita, Sérgio Frusoni, Pedro Homem de Melo, Valério Florense, Pedro da Silveira e Vinicius de Moraes.

As idades na assistência variavam mas, infelizmente, eram os de meia-idade a sua maioria. Todo o desenrolar dos acontecimentos culturais foram de igual relevância e importância, sendo assim todos os momentos especiais. A qualidade dos textos, bem como dos "declamadores", os músicos e os temas excepcionalmente bem interpretados, formaram sem sombra de dúvida o menu perfeito para saciar o apetite daqueles que ali se deslocaram ávidos de momentos destes, quase sui generis por estas paragens. De salientar um pormenor de grande importância, no meu ponto de vista, que é o facto do cenário, bem como os arranjos e efeitos serem construídos a partir de materiais usados, ou seja, reciclados.

A Costa Ocidental teve o convite para estar presente a fim de captar as imagens e divulga-las, para que uma vez mais esta terra do Sol Poente seja vista em todos os "cantos" deste planeta azul. Muito obrigado ao conselho executivo da Escola das Flores, bem como a todos os intervenientes e a todos que, de uma forma ou de outra, tornaram possível este trabalho. Obrigado especial à Luísa Silveira pela fotografia e a ajuda na produção.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

domingo, 23 de março de 2014

«Brumas e Escarpas» #71

A Fajã Grande dos anos 1950 a três tempos

II - Pela manhã fora, toque, toque


Após o almoço da manhã seguia-se a parte mais tormentosa e cansativa do dia, em termos de trabalhos agrícolas. Era por volta das nove horas que se iniciava esta segunda etapa de trabalho intenso e extenuante, a qual terminava ao início da tarde. Na Primavera era o tempo de preparar os campos e semear os milhos, tarefa demorada porquanto as terras tinham que ser adubadas com esterco ou sargaço, muitas vezes acarretado às costas. Depois era o lavrar com o arado de ferro, desfazer leivas e torrões com a grade, atalhar e, finalmente, semear o milho com o arado de pau. Já crescido, o milho tinha que ser mondado, sachado e corrido e quando espigado era necessário espalhar e semear as forrageiras – trevo ou erva-da-casta – pelo meio. No Verão as manhãs eram ocupadas com a ceifa dos feitos nas relvas e terras de mato e o desbravar da cana-roca, um flagelo que infectava o crescimento das árvores e dos inhames. Era também necessário dar continuidade aos trabalhos agrícolas. Além disso, como o gado nesta estação do ano, devido ao excessivo calor, ficava fechado nos palheiros, era imperioso acarretar os alimentos que necessitavam. No Outono era a apanha dos milhos e o seu arrumo nos estaleiros, tarefa que ocupava não apenas as manhãs mas o dia todo. Além disso, havia muitas outras colheitas a serem recolhidas, nomeadamente, batatas, feijão, cebolas, etc. No Inverno eram as terras de mato o destino de homens e mulheres. Havia que cortar e recolher os incensos, alimento fundamental e quase único para os bovinos naquela estação do ano. Era também nesta altura que se sachavam os inhames e se cortava e serrava a lenha. O Inverno, porém, na Fajã Grande era bastante intempestivo e chuvoso, pelo que durante muitos dias os homens, impedidos totalmente de ir para os campos, a não ser para cumprir os serviços mínimos obrigatórios, aproveitavam a manhã para um merecido descanso, juntando-se à Praça, numa emblemática casa velha que ali existia. Conversavam, fumavam, discutiam, faziam negócios e jogavam às cartas, tendo como mesa um cesto com o fundo virado para cima. Bem pior era a situação das mulheres nesses dias, porquanto aproveitavam para remendar, costurar, fiar e efectuar outras tarefas domésticas.

Era pois pela manhã fora, por vezes conduzindo animais, que o povo caminhava com destino aos campos, a fim de realizar estes e muitos outros trabalhos, calcorreando caminhos sinuosos a abarrotar de pedregulhos, ladeiras íngremes, atalhos e veredas, por vezes carregando pesadíssimos sacos, cestos ou molhos, os homens às costas, com um bordão a servir de alavanca e contrapeso e as mulheres à cabeça, com uma rodilha de pano a proteger-lhe o cocuruto.

Pela estrada plana, toque, toque, toque,
Guia o jumentinho uma velhinha errante.
Como vão ligeiros, ambos a reboque,
Antes que anoiteça, toque, toque, toque,
A velhinha atrás, o jumentito adiante!...

Toque, toque, a velha vai para o moinho,
Tem oitenta anos, bem bonito rol!...
E contudo alegre como um passarinho,
Toque, toque, e fresca como o branco linho,
De manhã nas relvas a corar ao Sol.

Vendo esta velhita, encarquilhada e benta,
Toque, toque, toque, que recordação!
Minha avó ceguinha se me representa...
Tinha eu seis anos, tinha ela oitenta,
Quem me fez o berço fez-lhe o seu caixão!...


Mas na Fajã Grande, freguesia com grande parte do território encastoado entre colinas e outeiros, os caminhos não eram nada planos e o jumento, na década de 1950, ainda era um animal raro naquela freguesia. Para além de se ir levar a moenda ao moinho, com alguma frequência havia muitas outras tarefas a realizar, mas, à boa maneira da moleirinha de Guerra Junqueiro, homens, mulheres, velhos e crianças caminhavam todos os dias, manhã fora, toque, toque, a trabalhar árdua e penosamente, a fim de, ao início da tarde, ao chegar a casa dispor, apenas e tão só, de um simples e parco jantar.


Carlos Fagundes

Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».

sábado, 22 de março de 2014

Ludoteca Sénior chega à ilha das Flores

Foi ontem alargado à ilha das Flores o projecto da Ludoteca Sénior, que visa - entre outras coisas - a autonomia da pessoa idosa.

Tendo arrancado em São Jorge, o projecto da Ludoteca Sénior visa a autonomia do idoso, a permanência no seu local de referência e o combate ao isolamento através do contacto com familiares que se encontram ausentes dos Açores.

A secretária regional da Solidariedade Social, que participou na abertura desta nova resposta social na ilha das Flores, salientou que a carrinha, tal como acontece em São Jorge, vai percorrer as freguesias florentinas permitindo aos idosos aceder a material lúdico e a livros, mas também a uma ligação via Skype com a qual podem contactar os familiares que estão fora da ilha.

Esta iniciativa pretende aproximar várias gerações, bem como possibilitar aos idosos a oportunidade de “ver e rever as suas famílias e amigos e potenciar a relação entre os mais novos e os mais velhos”, afirmou Piedade Lalanda. O projecto Ludoteca Sénior, que conta com a parceria da Fundação Portugal Telecom, deverá ser alargado a outros lugares dos Açores, dando assim “oportunidade aos idosos para manterem vivo e actual o contacto com os seus mais queridos, reforçando laços afectivos”.


Notícia: «Jornal Diário», rádio Atlântida, «Correio dos Açores» e o inestimável "serviço informativo" do GACS [Gabinete de Apoio à Comunicação Social, da Presidência do Governo Regional dos Açores].
Saudações florentinas!!

sexta-feira, 21 de março de 2014

CMSCF tem remuneração complementar

A Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores, reunida no dia 26 de Fevereiro do corrente ano, deliberou por unanimidade aprovar o pagamento da remuneração complementar aos trabalhadores da Câmara Municipal.

O presidente da autarquia diz que a atribuição da remuneração complementar é uma decisão que visa atenuar as medidas negativas impostas pelo Governo da República aos trabalhadores da Função Pública e, em particular, aos trabalhadores da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores.

Com esta importante tomada de decisão, os trabalhadores desta Câmara Municipal vêem assim reposta a remuneração complementar num âmbito mais abrangente, o que constitui um importante apoio ao seu rendimento disponível, com claros benefícios para a dinamização da economia local.


Notícia: "sítio" da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores.
Saudações florentinas!!

Regional júnior de ténis de mesa

O Campeonato Regional de ténis de mesa no escalão de júniores decorreu durante o passado fim-de-semana no Pavilhão Municipal das Lajes, tendo contado com a participação dos respetivos campeões das ilhas do Pico e da Terceira e também das equipas florentinas.

O torneio foi dominado pela equipa do Juncal (Terceira) no sector feminino e pela equipa do Toledos (Pico) no sector masculino.

O Grupo Desportivo Fazendense esteve representado pelas mesa tenistas Adriana Viveiros, Beatriz Lourenço e Leonor Martins, assim como André Martins, Daniel Melo, Delmiro Tavares e Miguel Cabeceira, apresentando uma crescente melhoria dos resultados desportivos, ficando à vista de todos o excelente trabalho que tem sido realizado pelo clube e pelo treinador na formação dos seus jogadores ao longo de um ano e meio de trabalho.


Notícia: "sítio" da Câmara Municipal de Lajes das Flores.
Saudações florentinas!!

quinta-feira, 20 de março de 2014

Fármaco atrasa doença do Machado

Investigação realizada na Universidade do Minho desenvolveu um modelo que comprova a eficácia do fármaco 17-DMAG nos casos de Machado-Joseph ao “atrasar a progressão” dessa doença, estando também a ser testado em tumores cancerígenos avançados. Esta doença neurodegenerativa hereditária e incurável tem bastante prevalência na ilha das Flores.

Uma equipa liderada por investigadores da Universidade do Minho comprovou recentemente a eficácia de um medicamento no tratamento da doença de Machado-Joseph, patologia que afeta a coordenação dos movimentos corporais e que atinge milhares de pessoas. Os investigadores comprovaram que o fármaco 17-DMAG atrasa a progressão da doença, estando já em fase de ensaios clínicos.

Patrícia Maciel, coordenadora da investigação, explica que "os resultados servem para comprovar que o 'alvo' a que se dirige o fármaco é um bom alvo a atingir, mas é necessário melhorar as 'armas' a utilizar, desenvolvendo compostos com a mesma ação e com menos efeitos secundários. Felizmente há já algumas empresas farmacêuticas a trabalhar neste sentido e nós estamos a trabalhar ativamente com uma delas para testar esses novos fármacos", acrescenta.

A investigadora começou a estudar a doença de Machado-Joseph há 20 anos: "Comecei a estudar a patologia antes de ser identificado o gene causador, precisamente com o objetivo de o identificar e daí avançar para compreender melhor a doença e eventualmente conseguir tratá-la", conta Patrícia Maciel.

O estudo, agora publicado na prestigiada revista «Neurotherapeutics», foi desenvolvido com ratos de laboratório: "Os ratinhos apresentam uma progressiva descoordenação motora, perda de força e neurónios, bem como uma agregação da proteína ataxina-3 mutada em várias regiões do cérebro", explica Patrícia Maciel. Este modelo, que reproduz fielmente a doença de Machado-Joseph, constitui uma importante ferramenta para testar novas estratégias terapêuticas.

A doença de Machado-Joseph é uma patologia neurodegenerativa hereditária incurável, causada por uma mutação no gene ATXN3. Caracteriza-se sobretudo pela descoordenação dos movimentos corporais. Este desequilíbrio pode ter interferências na coordenação dos dedos, mãos, braços e pernas, nos movimentos oculares e no mecanismo de deglutição.


Notícia: semanário «Expresso», «Diário dos Açores» e Porto Canal.
Saudações florentinas!!

quarta-feira, 19 de março de 2014

A carreira do Fazendense na 3ª Divisão Nacional de futsal - Série Açores 2014

Encontra-se já decorrida a primeira volta da Série Açores da 3ª Divisão Nacional de futsal, que pela primeira vez conta com a participação de uma equipa florentina: o Grupo Desportivo Fazendense. Em termos classificativos o GDF está posicionado em décimo e último lugar com apenas 4 pontos (uma vitória, um empate e sete derrotas). Mas devemos notar que a equipa treinada por Márcio Furtado não tem o pior ataque (22 golos marcados) nem a pior defesa (35 golos sofridos) desta primeira volta da competição, sendo mesmo de salientar que quatro das derrotas averbadas pelo Fazendense foram pela margem mínima e que na primeira jornada sofreu uma derrota (3-0) na secretaria com a Academia dos Biscoitos, que será o próximo adversário no Pavilhão das Lajes, neste sábado (dia 22).
Saudações florentinas!!

terça-feira, 18 de março de 2014

Mosteiro ganhou prémio Eco Freguesia

Desde que o ser humano habita neste planeta, progressivamente e de acordo com a evolução da sociedade que vai sendo criado lixo e resíduos, muitos deles com carácter prejudicial e destruidor para o planeta, em alguns casos mesmo de carácter irremediável.

Nas últimas décadas o mesmo produtor destes resíduos, o ser humano, tem vindo a tomar consciência do mal que faz e tem tomado medidas que dentro do possível remedeiam a situação.

É nesse sentido que em quase todos os países, todas as cidades, vilas e aldeias existem programas específicos para a recolha, tratamento, armazenamento e até reciclagem dos referidos resíduos. Assim sendo, e porque estamos nos Açores, o Governo Regional legislou sobre como devem ser tratados os lixos por todos nós produzidos.

Nessa matéria uma das iniciativas é o programa “ECO Freguesia, freguesia limpa”. Este programa tem como principal objectivo reconhecer e distinguir o esforço das freguesias e a colaboração das populações na limpeza, remoção e encaminhamento do lixo para destino final.

O poder local, concretamente as Juntas de Freguesia têm primordial importância na execução deste programa. Desta feita coube à mais pequena freguesia florentina, o Mosteiro (actualmente com 37 habitantes) receber esta distinção referente ao ano transacto. Segundo as palavras de Conceição Gonçalves, secretária da Junta, este prémio Eco Freguesia 2013 só foi possível graças ao esforço da Junta de Freguesia e, claro está, a colaboração empenhada da população do Mosteiro.

Na cerimónia estiveram presentes as mais altas individualidades do concelho envolvidas neste programa: elementos da Junta de Freguesia, vigilante da natureza, director do Serviço de Ambiente e presidente da autarquia, para além da população que ali se deslocou. Parabéns à freguesia do Mosteiro, um muito obrigado e um bem-haja a todos.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

segunda-feira, 17 de março de 2014

CDEF conquista regresso à 2ª Divisão

Na próxima época a ilha das Flores voltará a ter uma representação na Segunda Divisão nacional de voleibol, com o Clube Desportivo Escolar das Flores (CDEF) a competir na Zona Açores.

Em mais uma brilhante prestação, a equipa do CDEF ficou na segunda posição do Campeonato regional de voleibol em séniores masculinos, disputado na ilha das Flores neste fim-de-semana. Esta competição regional foi ganha pela equipa B da Associação de Jovens da Fonte do Bastardo (ilha Terceira), mas como a equipa principal deste clube já participa na Primeira Divisão nacional de voleibol será então o CDEF a competir na Segunda Divisão nacional na próxima época.

Muito motivados pelo entusiástico apoio do público florentino, os jogadores do CDEF ganharam por 3-2 ao Clube Kapa B (na sexta-feira) e por 3-0 aos Bombeiros da Horta (sábado). Na finalíssima disputada domingo, a Fonte Bastardo B venceu o CDEF por 3-1.

O Clube Desportivo Escolar das Flores voltará na próxima época a representar a ilha das Flores numa competição de nível nacional de voleibol. Muitos parabéns à valorosa equipa do CDEF por mais esta conquista desportiva para a ilha das Flores!

Saudações florentinas!!

domingo, 16 de março de 2014

«Brumas e Escarpas» #70

A Fajã Grande dos anos 1950 a três tempos

I - Ao romper da aurora


Na década de 1950 na Fajã Grande dava-se, inequivocamente, cumprimento ao estabelecido no velho adágio “deitar cedo e cedo erguer...”, pelo que o povo caminhava para os campos e trabalhava de acordo com a popular modinha beirã “Ao romper da bela aurora, vai o pastorzinho...”

Na realidade, naqueles longínquos anos, todos os dias, incluindo domingos, dias santos, feriados e dias santos abolidos, o dia de trabalho iniciava-se altas horas da madrugada. No Inverno, os homens saíam de casa com destino aos campos, ainda noite escura. Havia tarefas que, necessariamente, deveriam ser feitas alta madrugada. A mais cansativa, para quem tinha gado bovino, era a de ir ceifar um ou dois molhos de erva às lagoas – terrenos onde a erva crescia no meio de água – acarretando-a às costas para os palheiros, onde o gado a aguardava como alimento preferido. A erva, para manter a qualidade e a frescura de bom alimento, devia ser ceifada e guardada antes do Sol nascer. Era uma tarefa cansativa e desgastante, não apenas no ceifar mas sobretudo no carregar com os molhos às costas. Para além de serem muito pesados, pingavam enorme quantidade de água que escorria pelos ombros e costas dos que os carregavam, encharcando-os, por vezes, da cabeça aos pés. Outra tarefa, embora mais leve e menos cansativa e, por isso mesmo, atribuída geralmente às mulheres e às crianças, era a de ir buscar ou levar o gado às relvas, o que também era feito de madrugada. O gado devia evitar o calor do dia ou o frio da noite e ser ordenhado a tempo de o leite ser entregue nas máquinas. Assim, uma outra tarefa que se impunha era a da ordenha e do transporte do leite para os sítios onde era desnatado. Só depois, por vezes já bastante tarde, as mulheres faziam o café, misturando alguns grãos do dito cujo com chicória, cevada e, por vezes até favas ou milho torrado, tudo devidamente moído, em água a ferver. Despejado em grandes tigelas misturava-se um pouco de leite. O almoço, como então se chamava a primeira refeição do dia, para além do café bem quentinho, aromático e fumegante, incluía pão de milho ou bolo, geralmente acompanhado com queijo caseiro ou doce. O pão de trigo era apanágio dos dias de festa e, quando o de milho escasseava, recorria-se a bolo do tijolo ou a papas fritas, quando estas sobravam da véspera. Quando o pão de milho era mais envelhecido e rijo ou já roçava o gosto azedo do bolor, fritava-se em banha de porco, sendo que muitas vezes as fatias, antes de fritas, eram passadas por ovo batido. Nesses dias, considerava-se o almoço um luxo. Só então se partia para os campos para as tarefas da manhã.

Ao romper da bela aurora,
Sai o pastor da choupana.
Vem gritando em altas vozes:
- Muito padece quem ama

Muito padece quem ama,
Mais padece quem namora.
Sai o pastor da choupana,
Ao romper da bela aurora

Não empobrece ninguém.
Assim como não enrica.
Não empobrece ninguém
Assim como não enrica.


Se na bela e popular canção beirã substituíssemos a palavra “ama” por “trabalha”, embora perdendo a rima e desajustando a métrica, ganharíamos um interessante e significativo hino ao árduo labor que, quer nas frescas madrugadas de Verão, quer nas tempestuosas e escuras manhãs de Inverno, homens, mulheres e crianças realizavam na Fajã Grande, na década de cinquenta do século passado.


Carlos Fagundes

Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».

sábado, 15 de março de 2014

Fazendense sem dinheiro para treinador

Na ilha das Flores há cerca de duzentos atletas federados na modalidade de ténis de mesa. Metade joga pelo Grupo Desportivo Fazendense, cuja equipa sénior disputa esta época a Segunda Divisão nacional. Sem apoios do Governo Regional, o clube florentino não tem dinheiro para contratar um treinador.

Notícia: «TeleJornal» da RTP Açores.
Saudações florentinas!!

sexta-feira, 14 de março de 2014

Queijos açorianos contêm detergente?

Já alguma vez lhe pareceu que o queijo dos Açores tem sabor a detergente?

Não é por ter um paladar muito fino mas desde o último ano várias vezes comprei queijo aqui na minha freguesia na ilha das Flores e não consegui comê-lo porque sabia a algo químico. Não conseguia identificar o sabor mas falei com os empregados da loja para perguntar se enxaguavam bem as prateleiras onde estavam expostos os queijos, pensando que aquele produto detergente usado na loja pudesse entrar no celofane dos queijos. Disseram que não era a primeira pessoa a queixar-me disso e que os queijos vinham assim das fábricas de lacticínios de várias ilhas do arquipélago.

Eu comecei a pensar que algo era preocupante e fiz a minha própria investigação, falando aqui e ali, até que a explicação chegou, depois de falar com um produtor de leite de uma ilha do grupo central, durante umas férias.

Infelizmente a sensibilidade do meu paladar não me tinha enganado e descobri até mais: quase todos os queijos produzidos nos Açores contêm altas taxas de detergente! Porquê? Porque deixar as bilhas e os tanques de leite mal lavados com um resto de detergente (até colocado conscientemente algumas vezes) é um truque usado por muitos produtores de leite do arquipélago, para o seu leite ter baixas taxas bacteriológicas e ser aceite nas Cooperativas de lacticínios e assim dar mais lucro.

Pois... é assustador. Eu fiquei sem voz e tinha dificuldade em acreditar. Se isso é bem real, estamos perante um grande escândalo de saúde pública que põe em questão a qualidade dos lacticínios açorianos. Este assunto não existia nos Açores antes de ter chegado um serviço especial de análise do leite, forçando os pequenos produtores a pôr em perigo os consumidores para conseguirem viver da sua produção de leite.

É um assunto muito delicado e importante de fazer emergir nos meios de comunicação social açorianos e portugueses em geral. Esperando que haja uma reacção das entidades responsáveis que tutelam este sector das normas de higiene e leis que criam essas aberrações. Essa informação foi enviada a todos os jornais açorianos e recebi unicamente um silêncio rádio geral... comprovando a importância do assunto. Se os media não nos querem informar, então têm que ser as pessoas do Povo a difundir a informação e fazer as suas próprias pesquisas para saber a realidade dessa questão.


Opinião publicada na página FaceBook de OValzinho das Flores.
Saudações florentinas!!

quinta-feira, 13 de março de 2014

Regional de voleibol joga-se nas Flores

Neste fim-de-semana será disputada no Pavilhão da Escola Secundária das Flores, em Santa Cruz, a segunda fase do Campeonato regional de voleibol em séniores masculinos.

A equipa do CDEF irá representar a ilha das Flores, enfrentando o Clube Kapa B na sexta-feira (amanhã) às 21 horas e depois irá ainda defrontar a Associação Desportiva e Cultural dos Bombeiros da Horta no sábado às 20h30.
Os jogos de apuramento final serão realizados no domingo.

Saudações florentinas!!

quarta-feira, 12 de março de 2014

Lions comemoraram o Dia da Mulher

Numa sociedade consumista onde o capitalismo e o neoliberalismo imperam, onde não são olhados meios para atingir os fins, muitos são os que ficam à margem do que é razoável e aceitável, chegando mesmo atingir os limites da pobreza e muitas vezes a morte por fome.

É nessa mesma sociedade que existem organizações, umas com mais peso que outras, umas mais credíveis que outras, que dedicam os seus objectivos à ajuda aos outros, em especial os mais necessitados na comunidade onde estão inseridas, bem como a nível global. Entre muitas dessas organizações dispersas por todo o planeta encontram-se os Lions, com presença activa em mais de 50 países. A ilha das Flores tem, desde 2002, uma representação: o Lions Clube das Flores - Pérola do Ocidente, que frequentemente realiza iniciativas inseridas nos seus princípios consagrados nos estatutos, cujo lema é “nós servimos”, onde privilegiam o serviço, a amizade e o companheirismo.

Desta feita tratou-se no passado domingo (dia 9) da realização de um convívio com jantar, bingo e boa disposição, cujo objectivo foi celebrar o Dia Internacional da Mulher, bem como angariação de fundos para a aquisição de dez camas articuladas completas para o Lar de Idosos das Lajes. De salientar que foi oferecido um quadro/pintura do artista plástico florentino António Maria Gonçalves, como prémio sorteado no bingo da noite e que saiu a Luísa Silveira.

Costa Ocidental foi convidada a estar presente para recolha de imagens e respectiva divulgação do evento.

Obrigado ao Lions Clube da ilha das Flores, a Armando e Regina Meireles, à Casa do Povo das Lajes (onde foram captadas as imagens), a Janete Almeida e a todos os que de uma forma ou de outra contribuíram para que este trabalho fosse possível. Agradecimento especial à Luísa Silveira pela fotografia, bem como a ajuda na produção.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

terça-feira, 11 de março de 2014

Minhocas é campeão júnior no futsal

No passado fim-de-semana disputou-se no Pavilhão da Escola Básica das Lajes o Campeonato regional inter-clubes de futsal em júniores masculinos. Na luta pelo título açoriano, a equipa do Grupo Desportivo Os Minhocas (campeão da ilha das Flores) representou a Associação de Futebol da Horta, enfrentando o Matraquilhos FC (campeão da Associação de Angra) e o Clube Escolar de Vila Franca do Campo (representando a Associação de Ponta Delgada). A equipa do Matraquilhos revalidou o título açoriano, sagrando-se assim bi-campeão regional de futsal em júniores masculinos.

De salientar o bom trabalho desenvolvido pelo Minhocas nos escalões de formação de futsal, pois esta época também foram campeões (a nível de ilha) no escalão de iniciados.

Saudações florentinas!!

segunda-feira, 10 de março de 2014

Menos inspeções ambientais em 2013

No ano passado foram realizadas apenas 159 inspeções ambientais nos Açores, menos 77 do que em 2012, devido "à menor afetação de recursos humanos à atividade inspetiva" e a uma diminuição da dotação financeira do plano de ação para 2013.

A Inspeção Regional do Ambiente (IRA) dos Açores fez menos um terço de inspeções em 2013 do que no ano anterior: "Tendo em conta o número de inspeções realizadas em 2012 (236) na área ambiental, verificou-se uma redução de cerca de 30% do número de inspeções, o que se deveu essencialmente à menor afetação de recursos humanos à atividade inspetiva", lê-se no relatório de atividades do serviço.

A redução de pessoal em causa são dois técnicos superiores que deixaram de exercer funções inspetivas devido à "reestruturação" da orgânica e competências da IRA, resultante da fusão das ex-tutelas do Ambiente e do Mar e a da Agricultura e Florestas na atual Secretaria Regional dos Recursos Naturais, que integra a IRA, e ainda a um reposicionamento de carreira na IRA. O inspetor regional do Ambiente, Francisco Medeiros referiu tratar-se de uma "situação normal de funcionamento, com pouca importância", apesar de "ter consequência nos números totais" de uma equipa composta por dezasseis elementos.

O responsável atribuiu antes a redução do número de inspeções a um "processo de maturidade" e de "maior abertura das empresas" à atividade inspetiva da IRA, criada em Fevereiro de 2008: "Dedicamos mais tempo a inspeções já realizadas e a atualizar os dados, a verificar notificações para regularização de situações em infração, do que propriamente a realizar novas inspeções", sublinhou o inspetor, que refere ainda "maior dedicação a sessões de esclarecimento com empresas relativamente a legislação ambiental".

O relatório descreve que em 2013 "não foram realizadas ações inspetivas nas ilhas de Santa Maria, Graciosa, São Jorge e Corvo, facto que se deveu essencialmente a restrições de ordem orçamental". Apesar de referir que não existe obrigação legal, o inspetor que coordena a IRA, sediada na ilha Terceira e com dois núcleos inspetivos em São Miguel e no Faial, refere que para 2014 vai "tentar suprir essa cobertura que não foi total no ano anterior".

No âmbito do Quadro de Avaliação e Responsabilização (QUAR), relativo à eficiência da IRA na resposta às solicitações, o relatório refere que "o objetivo não foi cumprido". "De acordo com os registos efetuados das solicitações recebidas e os dias que decorreram desde a entrada na IRA até à data de resposta ou diligência, verifica-se que o objetivo não foi cumprido", detalha o documento, situação justificada pelo inspetor regional com "a complexidade das questões colocadas" à IRA. "Há matérias que requerem investigação e que impedem de dar respostas mais céleres", disse Francisco Medeiros, referindo ainda a existência de legislação ambiental "dispersa" e de "diversas" entidades envolvidas em matéria de fiscalização e controlo ambiental.


Notícia: jornal «Açoriano Oriental».
Saudações florentinas!!

domingo, 9 de março de 2014

Vamos aprender sobre a diabetes

O ser humano desde sempre sofreu de maleitas que, de uma forma ou de outra, atrofiam o seu estado de saúde, bem como a jornada terrena e que mais cedo ou mais tarde o levam à morte. Também é verdade que foi criado um sistema para de alguma forma prevenir e por vezes dilatar no tempo as consequências das referidas maleitas.

Existem dois métodos enraizados entre os humanos: a medicina convencional e a medicina alternativa. Sejamos convenientes e realistas em saber que a medicina actualmente relegada e intitulada de alternativa foi desde o início a mais utilizada, só recentemente aparecendo a auto-intitulada medicina convencional.

No Mundo existem muitas instituições que têm entre os seus princípios a ajuda na divulgação de conhecimentos, acções de sensibilização de quais as alternativas que cada população têm ao seu alcance no meio onde está inserida. Entre muitas dessas organizações dispersas por todo o planeta encontram-se os Lions, com presença activa em mais de 50 países. A ilha das Flores tem uma representação: o Lions Clube das Flores - Pérola do Ocidente, que realiza algumas sessões de esclarecimento, bem como o rastreio em alguns pontos da ilha.

Costa Ocidental foi convidada a estar presente e as imagens recolhidas estão editadas neste trabalho, que deve ser uma ferramenta sempre à mão de todos os que têm interesse.

Obrigado ao Lions Clube Pérola do Ocidente, a Armando Meireles, ao doutor Pedro Silva, à enfermeira Marina Freitas, à Casa do Povo da Fajã Grande (onde foram captadas as imagens) e a todos os que de uma forma ou de outra contribuíram para que este trabalho fosse possível. Agradecimento especial à Luísa Silveira pela fotografia, bem como a ajuda à produção.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

sábado, 8 de março de 2014

Esclarecimento de José Agostinho Serpa

Após muita reflexão sobre o assunto, cheguei à conclusão que seria útil esclarecer o seguinte: como é do conhecimento público, sempre que posso e me é possível faço recolha de imagens do que por cá (ilha das Flores) se passa, logo que na minha opinião seja assunto que tenha relevância e/ou sirva para mostrar os nossos saberes, usos e costumes, bem como tradições, muitas delas seculares.

Por vezes não é fácil conciliar a minha disponibilidade com o facto de existir mais que um evento no mesmo dia. Assim sendo, e como é do conhecimento de todos, dou o meu melhor com a ajuda imprescindível da Luísa. Mas muitas são as vezes que me dizem que eu ganho muito dinheiro com este trabalho. Pois, para esclarecimento público, tal como os trabalhos que têm vindo a ser feitos, informo que nem 50 cêntimos ganho com isto, aliás tendo em conta o preço dos combustíveis, da electricidade, do equipamento necessário, as centenas de horas de captação de imagem, bem como outras tantas para edição, software adequado/profissional para edição de vídeo e fotografia... já se podem fazer algumas contas e imaginar resultados.

(A título de curiosidade: a máquina de filmar teve uma avaria que custou 500 euros para reparar, eu pedi ajuda a uma instituição pública do concelho que me respondeu - entre outras coisas - que nada tinha a ver com isso, pois que eu fazia isto porque queria. A ajuda que pedi foi de 200 euros. Bem, este foi um desabafo.)

Nunca pedi nada em troca pelos trabalhos feitos e mais acrescento que costumo pagar as entradas, caso elas existam, nos locais para captar as imagens, bem como as águas que consumo. Apenas um trabalho foi encomendado e teve uma remuneração simbólica.

Acho que a ilha das Flores, bem como os seus usos e costumes merecem ser documentados para memória futura, já que na minha opinião fazem parte do nosso património cultural imaterial que requer preservar. Para além disto e como fui emigrante quase trinta anos, sei o quanto é bom saber e ter conhecimento do que por cá se faz, bem como também dar a conhecer a outras paragens um pouco da nossa realidade.

Só pelo facto de saber que muitos florentinos, quer de primeira, segunda ou terceira geração e até muitos e muitos que nada são a esta terra do Sol Poente, ficam felizes por ver os trabalhos, já vale a pena. Aqui fica o meu abraço e agradecimento pelas mensagens de alento e agradecimento que me fazem chegar, quer por escrito ou pessoalmente.

Assim fica, desta forma, o esclarecimento.
Obrigado pela atenção dispensada.


José Agostinho Serpa

sexta-feira, 7 de março de 2014

Teatro na Festa de Carnaval do CNLF

O Clube Naval das Lajes (CNLF) já nos habituou a comemorar as efemérides o melhor que lhe é possível, pois o tempo é de crise e com a crise não se brinca. Assim, e inserido no programa da Festa de Carnaval 2014, o teatro foi contemplado com uma encenação própria e textos originais, levando à cena “O Dia das Amigas”. Muito bom, tendo em conta que foi a primeira vez que estes actores se apresentaram em público, não obstante tornando-se no ponto mais alto da noite. Parabéns e bem-haja a todos.

Obrigado ao Clube Naval das Lajes, todos os intervenientes, à Casa do Povo das Lajes (onde foram captadas estas imagens) e todos os que de uma forma ou de outra contribuíram para a edição deste trabalho. Obrigado especial à Luísa Silveira pela fotografia e ajuda à produção.

Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.

O Clube Naval das Lajes já nos habituou a comemorar as efemérides o melhor que lhe é possível, pois o tempo é de crise e com a crise não se brinca. Assim, e inserido no programa da Festa de Carnaval 2014, o teatro foi contemplado com uma encenação própria, levando à cena “A Branca de Neve e a História que ficou por Contar”. Muito bom, tendo em conta a idade, o adiantado da hora e ter sido (para muitos) a primeira vez que estes actores se apresentaram em público, não obstante tornando-se num dos pontos mais altos da noite. Parabéns e bem-haja a todos.

Obrigado ao Clube Naval das Lajes, todos os intervenientes, à Casa do Povo das Lajes (onde foram captadas estas imagens) e todos os que de uma forma ou de outra contribuíram para a edição deste trabalho. Obrigado especial à Luísa Silveira pela fotografia e ajuda à produção.

Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

quinta-feira, 6 de março de 2014

Passeio interpretativo no Dia da Mulher

Para celebrar o Dia da Mulher, a Santa Casa da Misericórdia de Santa Cruz, em parceria com o Parque Natural da ilha das Flores, promove um passeio interpretativo no percurso pedestre de ligação da Ponta Ruiva aos Cedros.

Assim, no próximo sábado (dia 8) decorrerá o passeio interpretativo com uma extensão de 3,7 kilómetros e aproximadamente três horas de duração, seguido de degustação de chá e bolo na Casa dos Cedros. Para o passeio recomenda-se o uso de casaco impermeável e calçado de campo.

O ponto de encontro para o arranque desta actividade será às 14 horas na Fábrica da Baleia do Boqueirão, em Santa Cruz. Inscrições prévias junto do Parque Natural da ilha das Flores.

Saudações florentinas!!

quarta-feira, 5 de março de 2014

Danças do Carnaval florentino 2014

Mantendo a tradição, um grupo de entusiastas juntou-se e levou a cabo mais uma tradição com a formação da “Dança de Carnaval da ilha das Flores”. Desta feita os elementos que a compõem são provenientes de quase toda a ilha. Nesta quadra visitaram todas as freguesias florentinas e ainda actuaram em locais à sua escolha. Parabéns e bem-haja a todos.

Obrigado à “Dança de Carnaval da ilha das Flores”, à Casa do Povo das Lajes (onde foram captadas estas imagens) e todos os que contribuíram para a edição deste trabalho. Obrigado especial à Luísa Silveira pela fotografia e ajuda na produção.

Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.

Mantendo a tradição, um grupo de entusiastas juntou-se e levou a cabo mais uma tradição com a formação da Dança de Carnaval da Casa do Povo de Ponta Delgada. Com elementos de várias idades e um leque musical a preceito, nesta quadra visitaram todas as freguesias da ilha das Flores e ainda actuaram em locais à sua escolha. Parabéns e bem-haja a todos.

Obrigado à Dança de Carnaval da Casa do Povo de Ponta Delgada, à Casa do Povo das Lajes (onde foram captadas estas imagens) e todos que contribuíram para este trabalho. Obrigado especial à Luísa Silveira pela fotografia e ajuda na produção.

Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

terça-feira, 4 de março de 2014

«Brumas e Escarpas» #69

“Dia D’Intrude”

Na década de 1950, a terça-feira de Carnaval na Fajã Grande chamada popularmente por Dia d’Intrude, assim como o domingo que a antecedia e que era designado por D’mingue Gorde, eram dias consagrados ao divertimento e à folia e, estranhamente, festejados e celebrados mais entusiasticamente do que o Natal ou a Páscoa, as maiores festas cristãs do calendário litúrgico e religioso, ambas plenas de costumes, de tradições e de festejos noutras regiões do país. Não havia casa, incluindo as mais pobres, que não tivesse o cardápio melhorado naqueles dias, do qual constava, infalivelmente, galo ou galinha guisado, acompanhado com inhames e filhoses. A maioria dos homens, sobretudo os mais jovens, divertiam-se à brava mascarando-se, fantasiando-se e disfarçando-se de formas estranhas, por vezes esquisitas e até assustadoras e com os mais extravagantes trajes, numa completa transformação, não apenas do seu aspecto físico mas também da sua personalidade e da sua maneira de ser, chegando mesmo a alterar as suas formas físicas e o próprio sexo. Incompreensivelmente, às mulheres era absolutamente “proibido” participar activamente em todos os folguedos destes dias e muito menos mascarar-se ou fantasiar-se, sendo-lhes apenas permitido assistir como espectadoras passivas a todas as brincadeiras, pirraças, assaltos alegres às casas de uns e outros, assim como às danças de entrudo que, apesar de autênticas manifestações da cultura popular, também estavam interditas ao sexo feminino, talvez por influência de crenças e convicções religiosas. Estranhamente eram alguns homens que se fantasiavam de mulher para formarem pares e dançarem uns com os outros, nas chamadas “danças de Carnaval”.

Mas estes dias na Fajã Grande eram realmente dias de grande festança e alegria. Em primeiro lugar ocupavam lugar de destaque as célebres e tradicionais Danças de Entrudo, não apenas as que se organizavam na freguesia, mas até algumas vindas de outras freguesias, geralmente da Fajãzinha. Ensaiadas e preparadas muitas semanas antes, no que dizia respeito à letra e música de cada uma, ao fabrico e arranjo de roupas e adereços e aos ensaios das cantigas e da própria dança. Entre as brincadeiras, a da água era a rainha. Nesse dia toda e qualquer pessoa, incluindo as mulheres, podiam atirar água para cima de outrem que ninguém levava a mal. Só que depois vinha a “vingança” por parte daquele ou daquela que inicialmente havia sido molhado. E então aconteciam autênticas batalhas de água, com o objectivo de ver quem atirava mais água para cima de um “adversário”, servindo para tal tudo o que fosse vasilhame manejável. Muitas vezes, à água misturava-se farinha e, eventualmente, outros ingredientes menos aconselháveis.

Finalmente, em cada casa o almoço era substancialmente melhorado. No domingo gordo havia filhoses doiradas, salpicadas com açúcar e canela, saborosas, deliciosas, quase celestiais de se comer e chorar por mais. Antes porém o galo, morto de véspera, guardado em vinha-d’alhos de um dia para o outro. Depois de rosado e guisado, era colocado à mesa a fumegar, juntamente com uma travessa de inhames, a encher a casa de odores perfumados e os comensais de apetites devoradores. Na terça-feira tudo se repetia, acrescentando-se ao galo ou substituindo-o por torresmos e linguiça e uma morcela ou outra que para tal se havia guardado da altura da matança.

Na realidade, sendo o Entrudo ou Carnaval uma festa de lazer e divertimento, mas cujo significado e vivências se associam à cultura de cada povo, a Fajã Grande também o celebrava à sua maneira e de acordo com as suas potencialidades, não devendo, no entanto, ser estranha a estes festejos alguma influência oriunda de outras localidades, naturalmente trazida pelos primeiros povoadores, nomeadamente no que dizia respeito às danças e sobretudo à tradição de nestas circular um velho ou uma velha. É que em muitas localidades do Norte de Portugal celebra-se nestes dias o “Culto do Velho ou da Velha”, que simboliza uma espécie de despedida do Inverno e o acolhimento da Primavera que está prestes a chegar. Tudo isto, talvez, vestígios de cultos pagãos muito antigos. Na Fajã Grande também se designava o Carnaval por “Velho Entrudo”.

Os festejos de Carnaval na Fajã Grande, no entanto, também tinham um outro significado importante, na medida em que representavam uma espécie de subconsciente colectivo, dado que era uma festa de liberdade, onde tudo era permitido fazer-se, e onde normas, preceitos e costumes se esqueciam para permanecer durante três dias o quase "vale tudo", libertando-se assim o sofrimento, a dor e a vida dorida daquele povo.

Por mim confesso que em criança era tanto o medo que eu tinha dos mascarados e dos velhos das danças que não saía de casa naqueles dias. Como era geralmente no “Dia d’Intrude” que meu pai fazia o canteiro da batata doce, na terra da porta junto ao monte do estrume do gado, eu pelava-me para ficar com ele e o ajudar nesse dia, encontrando assim um excelente pretexto para me evadir dos festejos carnavalescos e sobretudo de ser agarrado pelos “velhos” mascarados das danças que se atiravam aos “pimpolhos como cães a bofes”.


Carlos Fagundes

Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».

segunda-feira, 3 de março de 2014

Dança de Carnaval à moda da Terceira: “Esta ilha é um bailinho”, na Fajãzinha

O calendário reserva-nos esta época do ano aos festejos carnavalescos. Por todo o Mundo, nuns lugares mais que noutros, essa tradição é mantida e festejada de acordo com os usos e costumes. Nos Açores essa tradição é mantida em todas as ilhas, sendo que algumas levam a festa ao rubro e outras nem tanto.

Desde há muitos anos que a ilha das Flores não foge à regra e traz às ruas e palcos florentinos as suas danças de Carnaval, que por cá têm características diferentes das restantes ilhas.

Este ano a freguesia da Fajãzinha quis inovar e para tal ensaiou não uma dança mas um bailinho de Carnaval à moda da ilha Terceira. Uma ideia de Francisco Correia, mais conhecido por António da Pedra, natural da Terceira e com o Carnaval a correr-lhe nas veias.

Se bem sonhou, melhor o fez, após contactos com algumas pessoas, juntou esforços em comunhão com muitas boas vontades e muitas horas de ensaios, eis que no passado dia 21 de Fevereiro foi apresentada em estreia na freguesia da Fajãzinha a Dança do Pandeiro "Esta ilha é um Bailinho", onde a sátira, o descobrir algumas verdades (que nesta época ninguém leva a mal) e o apontar do dedo, bem como um bom mexerico, deram o mote para um prato bem servido com iguarias carnavalescas para delícia de todos os presentes que encheram o salão.

Este bailinho de Carnaval conta com 31 elementos, cujas idades variam entre os 6 e os 67 anos e provenientes de várias localidades da ilha das Flores, bem como de outras ilhas (nomeadamente, Terceira, Pico e Faial), sendo que muitos dos músicos são profissionais. Parabéns e bem haja a todos.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

domingo, 2 de março de 2014

Encontro das Danças do Carnaval 2014

Na terça-feira "gorda", pelas 21h30 no salão do Grupo Desportivo Os Minhocas, poderá assistir ao Encontro de Danças de Carnaval, no qual irão participar as crianças que frequentam a Biblioteca Municipal de Santa Cruz, entre outras danças que animam a nossa ilha nesta época festiva.

Na tarde de terça-feira (dia 4) decorrerá ainda uma matiné de Carnaval para as crianças brincarem e se divertirem.


Notícia: "sítio" da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores.
Na última semana têm ocorrido diversos festejos carnavalescos na ilha das Flores: Dança do Pandeiro “Esta ilha é um bailinho”, Baile de Carnaval na Associação Cultural Lajense, Dança de Carnaval “Ilha das Flores” e o Clube Naval das Lajes organiza Festa e Matiné.

Saudações florentinas!!

sábado, 1 de março de 2014

Monitorização de artrópodes no PNiF

O Parque Natural da ilha das Flores (PNiF) encontra-se a colaborar com o Grupo da Biodiversidade dos Açores num estudo ecológico de longa duração na floresta natural.

O objectivo deste estudo é analisar o impacto das alterações climáticas na produtividade das florestas nativas dos Açores, através da monitorização da fauna de insetos voadores. A monitorização será realizada 4 vezes por ano durante 5 anos.

Na ilha das Flores as armadilhas foram montadas em Setembro de 2013 na zona do Morro Alto e na zona da Caldeira Funda. A primeira recolha foi efectuada em Janeiro de 2014 com o apoio de um técnico da Universidade dos Açores, mas as próximas recolhas ficam a cargo da equipa do Parque Natural da ilha das Flores.

Através da análise dos primeiros resultados podemos constatar que o maior número de espécies endémicas foi encontrado na zona da Caldeira Funda. Por outro lado, é de registar que na zona do Morro alto só foi encontrada uma espécie exótica.


Notícia: "sítio" do Parque Natural da ilha das Flores (PNiF).
Saudações florentinas!!