«Brumas e Escarpas» #114
A Fajã do Rodovalho
Cuida-se que Gomes Dias Rodovalho e sua mulher Beatriz Lourenço Fagundes foram o primeiro casal que ocupou o território da ilha das Flores onde se situa actualmente a freguesia da Fajã Grande. Mas o filho de Diogo Vaz Rodovalho e de Maria Esteves Cansado, para além de fundador da Fajã Grande, também foi capitão-mor e ouvidor da ilha das Flores, sendo possuidor de muitas terras e, por isso mesmo, ficou sempre ligado à história da ilha e não apenas da Fajã Grande, já que terá sido ele o principal responsável pelo povoamento definitivo da maior ilha do grupo ocidental, iniciado por volta de 1504. Gomes Dias Rodovalho terá sido o primeiro capitão-mor, ouvidor e “sesmeiro” na ilha das Flores.
Sabe-se que era de origem francesa e que nasceu em Viana do Alentejo, junto de Évora, por volta de 1480, descendendo da Casa de Rodovalho, uma das mais importantes da Baixa Normandia (França). A sua mãe, Maria Esteves Cansado, era natural de Viana do Alentejo.
Na posse da ilha das Flores, sucedeu aos Teives e aos Telles, uns e outros desinteressados pela ilha, abandonando-a e fixando noutras paragens, uma vez que, sobretudo os Teives, estavam mais interessados em explorar a cana-de-açúcar na ilha da Madeira.
Sabe-se que foi o novo capitão-donatário das Flores, João da Fonseca, conterrâneo de Rodovalho, que o levou para as Flores, juntamente com outros colonos, com o intuito de o ajudar a povoar a ilha. Com eles terão chegado outros nomes conhecidos: Diogo Pimentel, Antão Vaz, Lopo Vaz, os irmãos Rodrigo Anes e Álvaro Rodrigues, Pedro Vieira e João Fernandes, tendo alguns deles perpetuado os seus nomes nos lugares da ilha que, provavelmente, ocuparam ou lhes pertenceram. Por essa altura, ou seja, no início do povoamento definitivo terão chegado outros colonos, entre os quais, os irmãos António e Pedro Fraga – com as respectivas mulheres – e Jordão Rodrigues, Gonçalo Anes Malho e João Fernandes, também eles a deixar registos da sua presença na toponímia da ilha.
Assim a Fajã Grande, a exemplo da Fajã de Lopo Vaz, da Fajã de Pedro Vieira, do Ilhéu de Álvaro Rodrigues, poder-se-ia muito bem ter chamado Fajã de Gomes Dias Rodovalho, ou simplesmente, Fajã do Rodovalho. Mas confesso que este último nome não soaria muito bem, podendo prestar-se a confusões ou graçolas.
Carlos Fagundes
Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».
1 comentário:
Alguém se lembra da tia Rodovalha?
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