IV Encontro Cultural da ilha das Flores
Da Associação Amigos da ilha das Flores [AAiF] recebemos a nota informativa que abaixo transcrevemos (na íntegra):
A Associação Amigos da ilha das Flores promoveu o seu IV Encontro Cultural, este ano subordinado à temática: “Histórias das nossas gentes – florentinos que se distinguiram” e com a presença de dois oradores convidados: José Arlindo Trigueiro e Maria do Céu Fraga.
O investigador e escritor florentino José Arlindo Trigueiro começou por apresentar o seu livro ‘Obras do Padre Camões’ e falou deste, do seu percurso de vida e da sua obra, bem como de outros florentinos que se distinguiram.
Relativamente ao Padre José António Camões, recordou que a sua grande vocação era o ensino e o gosto por partilhar com os outros o seu saber, falando ainda da sua passagem pelas [ilhas das] Flores e Corvo, dele ter ido preso para Angra [do Heroísmo] e de ter falecido pobre e abandonado com apenas 49 anos de idade.
Já sobre outros florentinos que se distinguiram e que [José Arlindo Trigueiro] escolheu para a sua intervenção, [alguns] despertaram grande interesse e curiosidade por parte da assistência ao saberem das suas vidas e feitos, por muitos ainda desconhecidos. Foi o caso de:
- Cristiano Júnior: fotógrafo, empresário e vinhateiro, foi também autor de «scrimshaw» [gravação e/ou pintura realizada em marfim de cachalote]. Nasceu em Santa Cruz em 1832 e emigrou para o Brasil em 1855. Foi um dos grandes implementadores mundiais da fotografia paisagística, chegando mesmo a receber uma medalha de ouro num concurso de fotografia em Córdova. Faleceu em 1902 no Paraguai;
- James McKee: nasceu na Escócia em 1790 e morreu na [ilha da]s Flores em 1874, tendo feito o curso de Medicina em Edimburgo, foi tenente na Marinha Real e terá sido o primeiro médico nas Flores;
- James McKee filho: nasceu em 1832, provavelmente em Santa Cruz, foi vice-cônsul de Inglaterra e agente consular dos Estados Unidos da América na [ilha da]s Flores. Esteve presente nos grandes acidentes de barcos que naquela altura ocorreram nas Flores, como por exemplo o Slavonia em 1909.
Roberto de Mesquita e as ‘almas cativas’
A segunda oradora convidada foi Maria do Céu Fraga, que é descendente de florentinos e docente no Departamento de Línguas e Literaturas Modernas da Universidade dos Açores, em cuja intervenção abordou a temática “A ilha de Roberto de Mesquita: a Poesia e o Universo”.
Uma autêntica aula de sapiência com direito a declamações de poemas e passagens várias, intercaladas com uma intervenção que teve tanto de emotiva como de esclarecedora para todos os presentes que ficaram a saber um pouco mais sobre este grande poeta florentino.
Contou que “olhar para as almas” era o que na [ilha da]s Flores se podia fazer e que foi isso que Roberto Mesquita fez, “lendo os sentimentos da natureza e estabelecendo uma relação afectiva e religiosa com as coisas familiares”, pelo que não se poderá pensar que ele se fechou na sua ilha e [que esteve] isolado da cultura do seu tempo.
Nasceu em 1871 e faleceu em 1923, foi escriturário e além da [ilha da]s Flores também viveu no Corvo e no Pico. O seu primeiro livro não chegou a sair [do prelo], colaborou no entanto com jornais e revistas e tinha influências de Antero de Quental e também de Cesário Verde, no entanto na altura [Roberto Mesquita] não atraiu muito a crítica.
Foi em 1931, oito anos depois do seu falecimento, que foi publicada a sua obra póstuma e em 1989 foi publicada uma nova edição da autoria de Pedro da Silveira.
Maria do Céu Fraga acrescentou ainda que a insularidade pesava nos poemas de Roberto Mesquita e que este viveu na época certa conciliando as correntes do seu tempo mais a sua sensibilidade pessoal, “fazendo falar a alma cativa das coisas”, já que …”tanto na ilha como no universo todos são habitados por almas cativas”.
A apresentação dos oradores e a moderação do debate esteve a cargo do jornalista da RTP-Açores, Herberto Gomes, que em tempos idos foi professor na [ilha da]s Flores e que também aproveitou para recordar outros tempos.
Na sessão de abertura, o presidente da Direcção da AAiF, Jacinto Avelar, agradeceu a todos os presentes a sua participação em mais esta actividade da AAiF, enquanto que o presidente da Assembleia Geral, José Cabral Vieira, recordou o nascimento e crescimento da AAiF desde a sua criação em 2003, sublinhando as obras de melhoramento que têm vindo a ser realizadas na sede e o apoio social que tem sido dado a doentes carenciados que da ilha das Flores se deslocam a São Miguel por motivos de doença.
A terminar o Encontro, a assistência foi presenteada com uma projecção multimédia à qual foi dado o nome de ‘Volta à ilha das Flores’, produzida e oferecida à AAiF por Samuel Pinheiro, filho de Adão Pinheiro, fotógrafo florentino já falecido.
Saudações florentinas!!
1 comentário:
Louvável em todos os aspectos as actividades da AAIF. Felismente tem havido boa adesão dos Florentinos (e não só9 residentes em SMG.
quanto aos livros agora apresentados, esperemos que o de José Arlindo Trigueiro tenha menos calinadas que o habitual. É pena porque mesmo assim, a sua elaboração deve dar muito trabalho.
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