segunda-feira, 21 de maio de 2007

IV Encontro Cultural da ilha das Flores

Da Associação Amigos da ilha das Flores [AAiF] recebemos a nota informativa que abaixo transcrevemos (na íntegra):

A Associação Amigos da ilha das Flores promoveu o seu IV Encontro Cultural, este ano subordinado à temática: “Histórias das nossas gentes – florentinos que se distinguiram” e com a presença de dois oradores convidados: José Arlindo Trigueiro e Maria do Céu Fraga.

O investigador e escritor florentino José Arlindo Trigueiro começou por apresentar o seu livro ‘Obras do Padre Camões’ e falou deste, do seu percurso de vida e da sua obra, bem como de outros florentinos que se distinguiram.
Relativamente ao Padre José António Camões, recordou que a sua grande vocação era o ensino e o gosto por partilhar com os outros o seu saber, falando ainda da sua passagem pelas [ilhas das] Flores e Corvo, dele ter ido preso para Angra [do Heroísmo] e de ter falecido pobre e abandonado com apenas 49 anos de idade.
Já sobre outros florentinos que se distinguiram e que [José Arlindo Trigueiro] escolheu para a sua intervenção, [alguns] despertaram grande interesse e curiosidade por parte da assistência ao saberem das suas vidas e feitos, por muitos ainda desconhecidos. Foi o caso de:
- Cristiano Júnior: fotógrafo, empresário e vinhateiro, foi também autor de «scrimshaw» [gravação e/ou pintura realizada em marfim de cachalote]. Nasceu em Santa Cruz em 1832 e emigrou para o Brasil em 1855. Foi um dos grandes implementadores mundiais da fotografia paisagística, chegando mesmo a receber uma medalha de ouro num concurso de fotografia em Córdova. Faleceu em 1902 no Paraguai;
- James McKee: nasceu na Escócia em 1790 e morreu na [ilha da]s Flores em 1874, tendo feito o curso de Medicina em Edimburgo, foi tenente na Marinha Real e terá sido o primeiro médico nas Flores;
- James McKee filho: nasceu em 1832, provavelmente em Santa Cruz, foi vice-cônsul de Inglaterra e agente consular dos Estados Unidos da América na [ilha da]s Flores. Esteve presente nos grandes acidentes de barcos que naquela altura ocorreram nas Flores, como por exemplo o Slavonia em 1909.

Roberto de Mesquita e as ‘almas cativas’

A segunda oradora convidada foi Maria do Céu Fraga, que é descendente de florentinos e docente no Departamento de Línguas e Literaturas Modernas da Universidade dos Açores, em cuja intervenção abordou a temática “A ilha de Roberto de Mesquita: a Poesia e o Universo”.
Uma autêntica aula de sapiência com direito a declamações de poemas e passagens várias, intercaladas com uma intervenção que teve tanto de emotiva como de esclarecedora para todos os presentes que ficaram a saber um pouco mais sobre este grande poeta florentino.
Contou que “olhar para as almas” era o que na [ilha da]s Flores se podia fazer e que foi isso que Roberto Mesquita fez, “lendo os sentimentos da natureza e estabelecendo uma relação afectiva e religiosa com as coisas familiares”, pelo que não se poderá pensar que ele se fechou na sua ilha e [que esteve] isolado da cultura do seu tempo.
Nasceu em 1871 e faleceu em 1923, foi escriturário e além da [ilha da]s Flores também viveu no Corvo e no Pico. O seu primeiro livro não chegou a sair [do prelo], colaborou no entanto com jornais e revistas e tinha influências de Antero de Quental e também de Cesário Verde, no entanto na altura [Roberto Mesquita] não atraiu muito a crítica.
Foi em 1931, oito anos depois do seu falecimento, que foi publicada a sua obra póstuma e em 1989 foi publicada uma nova edição da autoria de Pedro da Silveira.
Maria do Céu Fraga acrescentou ainda que a insularidade pesava nos poemas de Roberto Mesquita e que este viveu na época certa conciliando as correntes do seu tempo mais a sua sensibilidade pessoal, “fazendo falar a alma cativa das coisas”, já que …”tanto na ilha como no universo todos são habitados por almas cativas”.

A apresentação dos oradores e a moderação do debate esteve a cargo do jornalista da RTP-Açores, Herberto Gomes, que em tempos idos foi professor na [ilha da]s Flores e que também aproveitou para recordar outros tempos.

Na sessão de abertura, o presidente da Direcção da AAiF, Jacinto Avelar, agradeceu a todos os presentes a sua participação em mais esta actividade da AAiF, enquanto que o presidente da Assembleia Geral, José Cabral Vieira, recordou o nascimento e crescimento da AAiF desde a sua criação em 2003, sublinhando as obras de melhoramento que têm vindo a ser realizadas na sede e o apoio social que tem sido dado a doentes carenciados que da ilha das Flores se deslocam a São Miguel por motivos de doença.
A terminar o Encontro, a assistência foi presenteada com uma projecção multimédia à qual foi dado o nome de ‘Volta à ilha das Flores’, produzida e oferecida à AAiF por Samuel Pinheiro, filho de Adão Pinheiro, fotógrafo florentino já falecido.

Saudações florentinas!!

1 comentário:

Anónimo disse...

Louvável em todos os aspectos as actividades da AAIF. Felismente tem havido boa adesão dos Florentinos (e não só9 residentes em SMG.
quanto aos livros agora apresentados, esperemos que o de José Arlindo Trigueiro tenha menos calinadas que o habitual. É pena porque mesmo assim, a sua elaboração deve dar muito trabalho.