sábado, 20 de agosto de 2016

Várias velocidades será coesão regional?

Os resultados do ICDIR-Açores revelam que em 2010 a Região era globalmente mais coesa em termos de desenvolvimento do que em 1980.

O Indicador Compósito de Desenvolvimento Intra-Regional (ICDIR) permite a observação das assimetrias das ilhas no âmbito da Região Autónoma dos Açores, nas vertentes da competitividade económica, da coesão social e da sustentabilidade ambiental e na vertente global do desenvolvimento intra-regional. Tem como objectivo medir o posicionamento e a evolução do desenvolvimento de cada ilha no contexto regional, entre 1980 e 2010, nas vertentes económica, social e ambiental.

O Indicador de Competitividade Económica pretende captar o potencial de cada ilha em termos de competitividade dos recursos humanos e infra-estruturas, assim como o grau de eficiência na trajectória seguida (medida pelos perfis educacional, profissional, empresarial e produtivo) e, ainda, a eficácia na criação de riqueza. A única ilha que apresenta um índice de competitividade superior ou igual a 100 (média regional) em todos os anos estudados é São Miguel; mas ocorre um aumento significativo (acima de 7,5 pontos) nas ilhas mais periféricas em termos de dimensão, como Santa Maria, Graciosa, Pico, Flores e Corvo.

O Indicador de Coesão Social procura reflectir o grau de acesso da população a equipamentos e serviços colectivos básicos, bem como os perfis conducentes a uma maior inclusão social e a eficácia das políticas públicas, traduzida no aumento da qualidade de vida. Nesta componente, os resultados mostram um retrato da Região mais equilibrado entre todas as ilhas do que o observado em termos de competitividade económica.

O Indicador de Sustentabilidade Ambiental está associado às pressões exercidas pelas actividades económicas e pelas práticas sociais sobre o meio ambiente. O número de indicadores recolhidos no âmbito desta componente é diminuto e esta foi uma das principais razões para o aparecimento de uma nova versão do ICDIR com início em 2015.

O comportamento diferenciado nas três componentes do desenvolvimento permite identificar perfis diferentes nas diversas ilhas e, de certo modo, agrupá-las. É então possível identificar três grandes grupos de ilhas, correspondentes a diferentes perfis.

O primeiro grupo é constituído por São Miguel, Terceira e Faial, ilhas que aparecem na zona azul ao longo do período. São Miguel é a única ilha que, ao longo das três décadas em estudo, apresenta sempre valores acima da média regional no Indicador de Competitividade Económica e no Indicador Compósito de Desenvolvimento Intra-Regional.

Há depois um segundo grupo de ilhas constituído por Santa Maria, Pico e Corvo com Indicador Compósito de Desenvolvimento Intra-Regional e Competitividade Económica sempre inferiores a 100 mas que no ICDIR se aproximam bastante da média regional (acima dos 9 pontos).

Finalmente, o terceiro grupo formado por São Jorge, Flores e Graciosa, também com Indicador Compósito de Desenvolvimento Intra-Regional e Competitividade Económica sempre inferiores a 100 mas com mais ligeira aproximação à média regional (de 1 a 6 pontos). Ao longo das três décadas em estudo, São Jorge e Flores apresentam desempenhos em termos de competitividade económica e global menor que 100, mas nas últimas décadas aparecem com a Coesão Social ou a Sustentabilidade Ambiental acima da média regional.


Notícia: «Correio dos Açores» e «Diário Insular».
Saudações florentinas!!

1 comentário:

Anónimo disse...

Os numeros só revelam o que há anos se sente. Uma cidade tomou conta da região, tal como Lisboa centralizou todo o país, gerando desequilibrios, periferia e, pior do que tudo, uma desertificação tremenda que só não angustia quem não a vê. Foi para isto que lutamos contra Lisboa e conquistamos a Autonomia?