domingo, 20 de agosto de 2017

Mosteiro sem candidatos autárquicos

A reorganização das freguesias, datada de 2013, fez com que o Mosteiro passasse a ser a freguesia portuguesa com menos eleitores, contando com apenas 30 pessoas recenseadas.

Só se lembram do Mosteiro quando o povo vota. A estatística faz com que a freguesia só apareça no mapa quando se descobre a graça de por lá serem tão poucos a votar. E nem todos os que lá estão recenseados residem actualmente no país. Nas últimas eleições, as Legislativas Regionais de Outubro de 2016, foram às urnas 22 pessoas.

Na freguesia do Mosteiro não há cartazes com os rostos dos candidatos à Junta e o período eleitoral em nada altera a tranquilidade de uma população rural no meio do Atlântico.

A pouco mais de um mês da data para as eleições autárquicas, a actual presidente ainda nem sequer sabe se o seu futuro passa por continuar à frente dos destinos da Junta de Freguesia. Isabel Tenente, 36 anos, é independente e acumula a função de presidência da Junta com o trabalho por conta própria na área da agricultura biológica. Quanto a uma eventual recandidatura revela ao telefone com o jornal «Público» que “ainda é muito cedo para saber” se concorre ou não.

Aqui não há apresentação de listas no tribunal local. Por estar à frente de uma freguesia com menos de 150 eleitores, a tradicional Assembleia de Freguesia é substituída por um Plenário de Cidadãos eleitores. Esta especificidade só obriga os candidatos a apresentarem listas no dia da reunião do plenário, que normalmente é convocado duas semanas depois da data das eleições a nível nacional.

Em 2013, Isabel Tenente concorreu sozinha e sem estar ligada a nenhum partido. Agora garante que “apesar de não ser um trabalho a tempo inteiro, há sempre coisas para fazer na freguesia”. A freguesia do Mosteiro é também um caso raro no que toca à composição do executivo. Os três membros que integram a Junta – presidente, secretária e tesoureira – são mulheres.

A dez quilómetros da sede de concelho, o Mosteiro “tem o básico”. Situada num vale profundo a freguesia “já tem acesso à internet, às redes móveis e o Governo Regional já concluiu o ramal de acesso”. Aqui não há lugar a promessas políticas. “Vai-se trabalhando com o que tem”. É um trabalho que “se faz consoante as necessidades”, explica Isabel Tenente.

O orçamento da Junta de freguesia do Mosteiro é de tal forma escasso que o apoio da Câmara Municipal de Lajes das Flores se torna imprescindível. Mosteiro gasta o que tem em despesas correntes, já as grandes obras são feitas com o apoio financeiro e logístico da autarquia de Lajes das Flores. O orçamento de 2014, o último que se encontra publicado no sítio da Junta de freguesia, previa receitas que não chegavam aos 15 mil euros e despesas de igual valor.

“Dada a população que temos não podemos estar a exigir muito”, diz em tom de desabafo a presidente que ainda não sabe se quer ficar com o lugar que lhe pertence. Passados quatro anos tem pena de não ter feito o miradouro que pretendia, “não por falta de condições, porque a Câmara Municipal tem ajudado bastante”, mas sim porque não houve acordo com os donos do terreno onde ficaria o “observatório”. Diz esperar que o próximo presidente volte a pegar no projecto.

Isabel Tenente revela-se satisfeita com o trabalho que fez, mas acha que “os primeiros quatro anos são um estágio” isto porque “há muita coisa para aprender” e para isso “tem de haver mais algum tempo para mostrar que se consegue fazer alguma coisa”.

Depois de Outubro, quando os eleitores escolherem os seus autarcas, o país só se deve voltar a lembrar da freguesia do Mosteiro quando se regressar às urnas nas eleições para o Parlamento Europeu, em 2019. Mas até lá, na encosta voltada para o Atlântico, “há muita coisa para se ir fazendo”.


Notícia: jornal «Público».
Saudações florentinas!!

5 comentários:

Anónimo disse...

Sou das Lajes e dou a razão ao Povo do Mosteiro.

Anónimo disse...

Deviam por um outdoor à porta do Mosteiro com os seguintes dizeres: ratos e partidos - fora!

Anónimo disse...

O João Lourenço foi o homem que fez alguma coisa no Mosteiro.

Anónimo disse...

O Mulher tu dizes que os primeiros 4 anos são um estagio, deves estar a brincar com a tua conversa, em 4 anos faz-se muito trabalho.

Anónimo disse...

é preciso haver vontade de trabalhar.