«Preto no Branco» #11
Foi-se o Advento, haja Natal!
O outro dia, no escritório, em conversa morna, de fim de tarde, perguntei ironicamente a uma colega, “Então, já escreveu a sua carta ao Pai Natal?”.
Resposta, “Não, o Natal é um conceito pequeno-burguês!”.
Repliquei, “Não diga isso. A figura do “Pai Natal” é burguesa. O Natal não. A não ser para quem não o vive à luz da mensagem cristã”.
Na tréplica, a colega alegou, “Concordo, o mais possível. Mas eu não sou crente. Por isso, o Natal não me diz nada”.
Vem isto a propósito das infindas reflexões natalícias que todos os anos se dizem e escrevem, numa renovação de votos de cheiro a naftalina, que se desempoeiram e lustram.
Vou destoar, como de costume.
Parece que é uma moda. De repente, “toda a gente” apressa-se em esvaziar a Natividade do “Nazareno”, por um lado, criticando hipocritamente, por outro, o aluvião festivo, consumista, artificial e cínico em que a Quadra embebeda a sociedade. Queriam que fosse como?
O Natal tornou-se num “Festival do Mundo”, no sentido mais “profano”, ponto.
Das duas, uma:
Ou é vivida segundo a Mensagem do Presépio (que não é triste, antes pelo contrário, diga-se), ou é ocasião para celebrar aquilo que tão bem retratado está na Árvore ornamentada: o luxo, a extravagância, o consumo, a alegria, a diversão, o prazer, etc.
A uma e outra subjaz um espírito, de matriz cristã. Nuns casos, o pendor é religioso. Noutros, mundano. Frequentemente, estes traços confluem, acabando por conjugar-se.
Ora, o “pequeno-burguês” advirá daí. Faz-se assim, “porque sim”, porque “toda a gente celebra”, porque “é bonito”, porque “é tradição”, porque é “felicidade”, porque, afinal, quem não brilha não existe, seja acrescentado.
Deus me livre de não me livrar de tal conceito!
Farto estou é daqueles que anualmente dizem que “todos os dias deviam ser Natal” e nem nesse dia deixam de ser uns fariseus! Que desconsolo. Haja autenticidade, ao menos uma vez no ano! Evoque-se, como é devido, o nascimento do Menino Jesus, ou permita-se, como é legítimo, a “Festa”, pura e dura.
Por mim, contrariando a moral vitoriana, já decretei. Em casa, o Presépio, sem mais. Na rua, a Árvore e o Mundo. Na esperança que raízes frutifiquem, para o ano inteiro.
Agora, Árvore e Presépio, não. Cada coisa no seu lugar. Para que se possa falar, com maior propriedade, todos os dias, das injustiças e dos mais necessitados. Uma coisa é certa. Não farei Natal à custa dos sofrimentos alheios.
Porque vejo-os todos os dias, e todos os dias sei que é preciso falar-lhes e estender-lhes a mão. Em certa medida, também serei um deles. E bem sabemos - é preciso praticar mais que as “Obras de Misericórdia” - o que já não é coisa pouca.
Não abordaremos isso agora... podia, por exemplo, dizer-vos que há casos de mortes, por fome, nas Flores. Sim, leram bem!
Mas era muito chato entrar por caminhos e canadas a pretexto da “questão social”, num texto que não pretende estragar o festim a certos “discursos oficiais”.
Quem entender, entendeu. Quem não perceber, é porque não era mesmo para perceber.
Assim, “preto no branco”, apesar ou sobretudo por ser Natal.
Ricardo Alves Gomes
19 comentários:
É imperioso regressar ao verdadeiro espírito de Natal.
Presentemente esta época serve para vender tralha e bugigangas, a coberto desse tal de Pai Natal, invenção do capitalismo para enxugar os magros subsídios de natal dos pobres.
Ele é "festas de solidariedade", patuscadas, hipocrisias mil,etc.Até enviam postais como tívessemos em época eleitoral.
O Natal do Menino Jesus não se coaduna com estas poucas vergonhas.
àrvore e presepio não???entâo???tenho 33 anos e desde pequena sempre me lembro da árvore de natal com fios multicoloridos e o presépio em baixo feito no principio pela minha mãe e depois por nós três filhos,era um mês de alegria a fazer andar os pastores e os reis todos os dias um pouco pra frente.hoje sou mãe de uma menina que anseia enfeitar a àrvore e fazer o presépio comigo,assim será enquanto ela estiver em casa pois estas são as tradições dos nossos pais que se devem passar para os nossos filhos,e não acho nada de mal,até pelo contrario sonhar com o pai natal é sinal que se sonha e enquanto se sonha é sinal que se vive.
é verdade como diz que sempre conheceu ser feita arvore de natal.Eu tenho 54 anos e desde criança sempre conheci a arvore de natal e sempre fiz é claro que naquele tempo não havia fios dourados nem pisca, pisca mas havia laranjas que se pendurava nos ramos da arvore e que belos tempos que as vezes me dá saudades.
com tantos estudos nunca vi pessoa tão atrazada agente deixase enganar
por tanto politico corrupto porqeu não dar 1 poupco de fantazia as crianças agora o natal é bonito o
qeu o rodeia é qeu é mau
O Ricardo até parece um gajo de extrema-esquerda a falar, tirando a parte do Presépio, claro! Não sou grande adepto do Natal, mas gosto dos piscas-piscas, dá outro brilho.E não é pelo facto,de se fazer árvore que se perde o "espírito do Natal", que sim deveria ser todos os dias! Vai lá tentar convencer uma criança, que este ano não se faz árvore,porque não!Contenta-te com o Presépio!
Pelos comentários, vejo que não perceberam. Paciência...
Como escrevi, quem entender, entendeu, quem não percebeu, é que não era mesmo para perceber.
Boas Festas, a uns e a outros.
Caro Ricardo Alves Gomes nao chames burros as pessoas que vem aqui a estes blog e leem o que escreves.que até algum como eu pode nao ter tido a oportunidade de estudar como tu mas não sou burro.e tens razão ás vezes não percebo mesmo metade das asneiras que escreves,mas não são mesmo para perceber,acho eu...um Feliz Natal e Bom Ano Novo a todas as pessoas que aqui passam um bocadinho do seu tempo.
O Dr. sempre com a mania que é mais inteligente do que os outros...Assim, receio que a sua carreira política nas Flores ´não irá muito longe...Aqui, o burro deseja-lhe umas boas festas...
se um dia concorreres a um cargo
politico tenho medo de não saber votar em ti com a minha borriçe
um conselho... pelas flores nao concorras,que aqui os burros nao votaram em ti de certeza.pq nao sao assim tao burros...boas festas
Os burros votam nos continentais.
Por isso é que são BURROS.
Entristece um pouco escrever sobre o Natal - que aí está - e ver comentários a passar "ao lado", para mais gratuitamente insidiosos.
Calma! Teremos tempo para falar doutros assuntos, em rubricas expressas para o efeito.
Boas Festas!
Ricardo Gomes tem razão: o Natal hoje em dia só serve para "tapar o sol com a peneira". A quesão dos presentes é mesmo uma maneira de as pessoas se remirem daquio que não fazem ou dedicam durante um ano inteiro àqueles que deviam, e depois toca de comprar uma bugiganga para o calar (quiçá para se calarem a sí próprios). Para montrarmos a uma pessoa que nos lembrámos dela não é preciso oferecer um objecto qualquer. Basta pegar num telefone e falar para saber como está, etc. Mas não. Com a sua pequenez, a generalidade das pessoas quer é dar para se fazer notar. Mas isso é tudo insegurança e remorsos. Eu faço algumas ofertas, mas estou integrado numa sociedade à qual não posso vencer pelos actos, qual David contra Golias, mas tenho uma opinião e essa ninguém me a tira. Melhor era se com o dinheiro que gastam nas prendas que dão a quem nem tem falta e muitas vezes não aprecia o que lhe dão, tendo que usar esses objectos a contra gosto, fizessem um cabaz de natal e fossem oferecer a quem tem falta, mas sem que aquele que recebe soubesse de quem era, por dois motivos: para não ter de haver agradecimentos, e para que ninguém se sentisse humilhado, porque saibam que nas Flores há pobreza escondida, e como ninguém se quer assumir como pobre, pode haver humilhação, e isso não é espírito de natal. Bem hajam todos
voçês estão muito zangados com a vida
Tapar o sol com a peneira? no inverno? ou tenho andado distraído, ou o verão já passou faz tempo...
Eu estou muito zangado com a vida mas até nem é por causa do Natal. É por haver por aí alimárias que escrevem "voçês" em vez de "vocês"
alimárias ou luminárias?...
deves pertençer as lajes voçês
este deve ser de santa cruz por isso escreve tão mal. passa ai:::
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