segunda-feira, 23 de junho de 2014

Espécies marinhas invasoras ameaçam os ecossistemas das ilhas açorianas

Espécies invasoras marinhas que chegam aos Açores incrustadas em embarcações de recreio e navios podem pôr em causa as espécies endógenas da Região, dada a fragilidade dos seus ecossistemas e, consequentemente, o pescado, afirma uma investigadora.

“Considerando que os ecossistemas das ilhas, em particular das oceânicas, são muito frágeis, se alguma coisa chega por mão humana é relativamente simples ter condições de se desenvolver e proliferar, deixando de ser uma espécie exótica para ser uma espécie invasora”, disse a investigadora Ana Cristina Costa.

A bióloga está ligada ao projeto ‘Açores: stop over for marines aliens species’, do departamento de Biologia da Universidade açoriana, que visa contribuir para travar a entrada de espécies marinhas invasoras, decorrendo até 2015.

Ana Cristina Costa afirma que os ecossistemas dos Açores se podem confrontar com “grandes problemas”, uma vez que, por competição pelo espaço e por serem mais eficazes em termos reprodutivos, algumas espécies podem dominar todo o sistema, fazendo desaparecer algumas espécies endógenas: “Acaba por haver um empobrecimento do sistema e poderá haver algum decréscimo na competitividade, inclusive de espécies com interesse comercial e que são exploradas”, frisa a bióloga.

A investigadora refere, por outro lado, que o “grande risco” para a saúde pública das espécies marinhas invasoras reside no facto de algumas serem portadoras de outras de menor dimensão, que podem causar problemas ao nível do consumo, em termos de intoxicações: “É o caso do pescado, sobretudo do marisco, embora as espécies geralmente mais afetadas sejam bivalves [mexilhão, amêijoa e conquilha, entre outros], o que não existe muito nos Açores e nos resguarda”, declara a bióloga.

Ana Cristina Costa sublinha que não há uma relação direta: “Em termos de risco para a saúde pública, geralmente o que é preocupante são algumas espécies de mais pequenas dimensões que possam vir associadas a outras espécies introduzidas, que podem tornar-se invasoras”, declara a bióloga.

A investigadora especifica que o projeto ‘Açores: stop over for marines aliens species’ visa identificar espécies invasoras através das marinas e portos, dos navios comerciais oriundos de outros países, sendo identificadas inúmeras espécies exteriores à Região: “Estamos a avaliar a situação das portas de entrada e relacioná-las com o tráfego de embarcações, nomeadamente de recreio, a mais importante via de entrada nos Açores, através das incrustações nos cascos das mesmas”, afirma.

Ana Cristina Costa refere que o estudo se processa através da recolha dos organismos que estão nos cascos das embarcações, quando estas vêm a doca seca, tentando-se perceber a ligação entre a origem das embarcações e as espécies: “Nos Açores, as espécies são disseminadas pelas embarcações que fazem o circuito das ilhas. Muito facilmente, algo vindo das Caraíbas, num instante se instala numa ilha, ou desta para outras”, frisa a bióloga. As espécies invasoras são consideradas uma ameaça global à biodiversidade marinha.


Notícia: «Açoriano Oriental», «Público» e jornal «i».
Saudações florentinas!!

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