Tal Qual: Abertura à Crítica
Ninguém é perfeito.
Nem sequer podem ser perfeitos aqueles que são escolhidos, ainda que fosse em actos eleitorais genuinamente livres, para desempenharem funções públicas, seja em órgãos legislativos, judiciais, ou executivos, como Governos nacionais, regionais, em autarquias locais e todos os órgãos e serviços que daí resultam.
A imperfeição é indissociável da natureza dos humanos, por mais elevadas e legítimas que sejam as funções que desempenham.
Mas se é indiscutível que aqueles que desempenham funções públicas, em nome de outros e ao seu serviço, têm o elementar dever de estar abertos à crítica e a especial obrigação de corrigir os erros e de procurarem melhorar a respectiva actuação.
Tem por isso todo o sentido que essas entidades e os respectivos titulares busquem tudo quanto estiver ao seu alcance para reconhecer os erros, ponderar as sugestões, encontrar novas soluções alternativas.
Visto a esta luz, não se pode considerar aceitável que as entidades públicas se aborreçam, enervem e muito menos que se enfureçam perante as críticas que lhes são feitas pelos seus concidadãos, mesmo que elas possam não ser inteligentes, nem exequíveis, nem sequer construtivas. E nem que venham de órgãos de comunicação social, que, por via de regra, o fazem por dever e no exercício do poder de liberdade que também lhes é confiado. Seria bom que o poder fosse capaz de entender que quem dirige e exerce funções na comunicação social também é humano, igualmente não é perfeito e por isso também pode errar. Acima de todas as polémicas entre os que detêm o poder e a comunicação social, estão os cidadãos que discernirão e a todos julgarão.
Mas pior do que os poderes públicos se consideram infalíveis ou quase, de se enervarem ou enfurecerem, de perderem a capacidade de distinguir entre as pessoas e as funções que desempenham, em cumprimento também de um dever, é quando caem na tentação da vingança.
Tal Qual: pior que errar, é não querer reconhecer... pior ainda é persistir... mas execrável é a vingança, venha donde vier e seja contra quem for.
José Renato Medina Moura
Este artigo de opinião é parte integrante do jornal «As Flores», edição de 24 de Janeiro de 2008.
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