sábado, 18 de abril de 2009

«A ocidental beleza açoriana» (3/4)

"Há bloqueios, mas também potencialidades. Importa ultrapassar uns e identificar os outros", diz o empresário florentino Renato Moura.

Uma ilha pequena, onde há meio século a população se dedicava sobretudo à agricultura e à pecuária. Cultivava-se a maior parte do que se consumia, criava-se gado e exportava-se; produzia-se muito leite, fabricava-se artesanalmente manteiga considerada excelente no mercado açoriano e continental.

O padre José Furtado Mota, nascido em Santa Cruz e que paroquiava no Lajedo, lançou em 1912 uma ideia salvadora, que levou à criação, nos anos seguintes, de um movimento cooperativo pioneiro, muito forte durante dezenas de anos, que libertou os produtores locais da exploração dos empresários privados da indústria dos lacticínios. Dependência absoluta, porque esses empresários eram também os principais empregadores e os maiores comerciantes, onde era obrigatório adquirir o calçado, o riscado para as camisas, o cotim para as calças, o açúcar, o sabão...

A emigração foi levando tanta gente; muita terra arável passou a pastagem; os matos, do alimento para o gado e da lenha para cozinhar, tornaram-se impenetráveis e deram lugar às rações e ao gás. Gado de leite substituído pelo de carne; aspirada função pública, para toda a vida, garantida a muitos; acomodação ao trabalho por conta de outrem, que o alargamento dos serviços permitiu.

A ilha das Flores ficou assim mais pequena! Restou-lhe o contributo útil, de parceria com o Corvo, para a dimensão consideravelmente maior dos Açores. Mas nem os modernos Governos, da já Região Autónoma, cederam ao reclamado reconhecimento de que aqui era a porta ocidental da Europa e, por isso, se deveriam construir nas Flores as plataformas adequadas, que valorizariam não só os Açores mas Portugal, se aptas para oferecer apoio, a vários níveis, aos parceiros europeus e não só.

Clique aqui para ler na íntegra este artigo de opinião...
Os franceses já haviam descoberto [a ilha d]as Flores antes de meados da década de 60 e aqui instalaram uma Estação de Medidas dos engenhos [balísticos] sem ogiva nuclear, enviados da França para Ocidente. O acordo luso-francês foi essencial para o desenvolvimento económico e social da ilha, durante cerca de três dezenas de anos. A ilha teve um aeroporto, quando a maioria [das outras ilhas] não tinha; um Hospital com cirurgião, parteiras, analista, um serviço de saúde francês com médico, radiologista, anestesista e dentista, todos eles também ao serviço dos florentinos. Nascia-se nas Flores, todas as cirurgias vulgares se faziam sem ter de sair da ilha. Uma central eléctrica, suportada exclusivamente por fonte hídrica, iluminou toda a ilha. Ponta Delgada, a maior freguesia depois das sedes de concelho, ficou com estrada. A Estação [francesa] gerou muitos empregos, a economia cresceu, pois os agentes franceses ganhavam bem, melhor por estarem deslocados, recebiam em francos e pagavam em escudos; e aumentou o poder de compra de muitos portugueses que chegaram a ter duplo emprego, também com a criação de muitos postos de trabalho de mão-de-obra feminina. A convivência entre os dois povos foi culturalmente importante e deixou marcas.

Quando os franceses deixaram Santa Cruz, já lá vão mais de quinze anos, quase simultaneamente com a extinção, nas Lajes, da Estação Rádio Naval, responsável pela presença de muitos militares da Armada, importantes para a dinamização da vida e da economia local, a ilha das Flores sofreu um rude golpe.

Os principais problemas das Flores tinham sido identificados muito antes e a pressão política levou a que, em 1987, fossem finalmente reconhecidos pelo Governo [Regional] e decidida “uma resposta global que permita ultrapassar os impasses e as carências existentes”, a qual incluía na Resolução um conjunto de medidas, com realce para o último aumento da pista de aviação, construção da fábrica de lacticínios, aumento do aproveitamento dos recursos hídricos para produção de energia, construção do lar de idosos e de polivalentes para as “Casas do Povo”.
Todavia ainda seria necessário ir até à ruptura política que deixou o Governo Regional [então presidido por Mota Amaral] sem o apoio de uma maioria parlamentar absoluta, em 1991, para que finalmente a Resolução tivesse um grau de cumprimento aceitável. Resolvidos alguns problemas, o desenvolvimento da ilha deveria ter prosseguido.

Há bloqueios, mas também potencialidades. Importa ultrapassar uns e identificar os outros. Mas os Governos autónomos nunca determinaram as verdadeiras vocações desta ilha. Cada um faz o que lhe parece e os mais habilidosos desenrascam-se com uns apoios dos orçamentos públicos. Estão a construir-se alguns equipamentos colectivos importantes. Mas o que é que se quer fazer desta terra?

Nesta ilhaduas Câmaras Municipais, dois presidentes, quatro vereadores a tempo inteiro, três deputados [regionais], vários delegados de Secretarias Regionais, uma Associação de Municípios, um Conselho de Ilha, cerca de uma centena de autarcas a receberem dinheiro dos orçamentos. Esta gente toda tem deveres próprios e se forem bons responsáveis políticos, saberão pensar, dialogar franca e abertamente, discutir e pronunciar-se directa e frontalmente sobre o que o Governo [Regional] e as autarquias fazem e sobre o que não fazem. Terão de trabalhar muito e pavonear-se menos. São eles que vivem aqui e a terra é a deles.

Os erros e omissões do passado terão fechado caminhos. Mas a imobilidade e a ineficácia do presente acabarão com o dinamismo que ainda resta em alguns empresários e fará com que se percam oportunidades que não voltarão.

É que o verdadeiro desenvolvimento é algo de complexo que só se promove quando estão definidos os objectivos e traçado o rumo. As políticas do Governo [Regional] e das autarquias locais têm de ser compatibilizadas e articuladas, pensadas, promovidas e realizadas com a participação directa de todos os parceiros locais, que são sobretudo os empresários, mas também as associações e colectividades de natureza cívica, social, recreativa, desportiva, ambiental, empresarial e sobretudo cultural, pois sem nível de cultura elevado, não haverá futuro.

Quando existe uma ilha que muitos consideram a mais bonita dos Açores, estando ela ainda por descobrir, quando é possível preservar o ambiente e remediar alguns erros cometidos, onde abunda água, quando há mar e mar, persistindo alguma população e alguns jovens que foram estudar e voltaram, é preciso agir depressa e bem.


Definam-se as opções. Um turismo que não seja de três meses e acrescente valor ao que produzimos? Uma agricultura que não pode ser de mera subsistência? Uma pecuária com garantia de preços e escoamento? A criação de serviços que possam ter viabilidade económica e garantam oferta aos que vêm, qualidade de vida aos que residem e estímulo para que os florentinos voltem e outros se fixem? Mas as escolhas têm de se articular e complementar.

Aqueles que – na política ou na sociedade – acordarem da lenta mudança em que os fizeram anestesiar, os que romperem o conformismo e sacudirem o torpor de uns míseros interesses, poderão vislumbrar que os recursos florentinos existem. A ilha pode voltar a ser grande: se o sentimento de esperança for colectivo, pois somos pequenos de mais para estar divididos; quando se descobrir onde fincar os pés para agarrar o futuro.


Renato Moura
Empresário

Artigo de opinião de Renato Moura, integrante da edição de 27 de Março do semanário regional «Expresso das Nove», contendo um caderno temático especial exclusivamente sobre a ilha das Flores.
Saudações florentinas!!

32 comentários:

Anónimo disse...

Renato Moura, empresário??? do quê??

Anónimo disse...

Caro Renato Moura:

Definitivamente: és uma pessoa má. Intrinsecam ente má. Genéticamente deverias dar um "case study" interessante. seria certamente importante descobrir qual o gene que transporta essa maldade que destilas em cada palavra que debitas, independentemente de ser falada ou escrita.
Então a maior falta na Ilha das Flores não era o porto comercial. Aquele que foi construido nas Lajes. Aquele pelo qual te bateste até à tua morte enquanto político relevante, para que fosse construído na baía da Ribeira da Cruz?.
O veneno e a maldade que destilas em tí é tanta que passados 20 anos do início da sua construção e quase 25 da decisão de o construir no local onde foi constrído, continuas rancoroso sobre o assunto. Tanto que se calhar continuas a fechar os olhos quando passas nas Pedras Brancas, nas Lajes, não vendo p Porto, e assim tentando convencer-te a tí mesmo que ele não existe, e que tudo foi um pesadelo.
Não Renato, o Porto das Lajes existe, é uma realidade bem palpável. Esta é a prova que o teu tempo acabou. Estás ainda no tempo em que não existia Porto Coimercial nas Flores. Assume: o teu tempo passou. Recolhe-te ao silêncio. Assume-te. Escreve as tuas memórias. Publica-as como edição de autor. mas dou-te um conselho: não edites mais do que 50 exemplares, pois vais ficar com eles num canto da garagem, ou se calhar, ao pé das 5 garrafas de gas que tens em casa pensando que o navio vai andar um mês à volta da Ilha por causa do mau tempo e depois vai embora, e o gas acaba-se na loja, pelo que tens que fazer açambarcamento em casa, contribuyindo para que se acabe mesmo.

J.Costa disse...

Meus amigos,já estava à espera de começar a bordoada no melhor Politico,em conjunto com Cristiano Gomes, que esta ilha já alguma vez teve.É o que faz dar nas vistas,cria-se muitos ódios e invejas.Bem sei que o Renato têm como todos nós defeitos e virtudes,até compreendo que lhe apontem mais defeitos,mas temos que ser realistas meus amigos.Em relação ao Porto das Flores só mentes atrasadas no tempo ainda o metam em causa.Está feito onde foi decidido e muito bem,apesar do presidente da autarquia lajense na altura, ter dito em vários orgãos de comunicação social,que queria o Porto nas Lajes mas o lugar melhor seria em Santa Cruz.Mas isto agora não interessa,o que eu mais desejava era pessoas que discutissem abertamente sem se querer esconder no anonimato,apesar que se eu quisesse jogar no totobola quase que acertava.
P.S. A última palavra que Camões escreveu nos Lusíadas foi inveja.

Anónimo disse...

eu sou lajense e gostaria de conhecer este anonimo das 10,08 19 abril. eu home tu escreves mui bem e são respostas certeiras eu se te conhece-se queria agradecer as tuas verdades. avante camarada.

Anónimo disse...

Muito bem j.costa,discutir o Porto das lajes agora é como discutir o sexo dos anjos.

Anónimo disse...

Caros amigos dos comentários anteriores a respeito de Renato Moura.

Ele foi empresário do Jornal as Flores e muito bem.

Como pessoa não é dos piores, como politico foi do melhor que passou pelas Flores, toda a popolação da ilha o sabe embora tenha puxado um pouco mais para o seu concelho.

O renato enquanto esteve nas finanças desgraçou alguns comerciantes nasa flores, alguns sem rasão de ser mas esses comerciantes nunca lhe perduarão porque, não havia tal rasão para tal.

Sei que em determinada altura em que esercia a vida política tinha um grau de autoridade a mais na cabeça dele mas com o tempo ele foi ficando melhor mai manso e menos autoridade.

Hoje é um homem como todos nós porque tudo se acaba tem uma bela reforma e é isso que lhe interessa.

Fez bem a uns e mal a outros se fosse a votos ele perdia como homem de pouco caracter, ou seja person não gentil.

Em relação ao porto comercial, todos nós sabemos que foi uma mais valia para as Flores independentemente de ser nas Lajes ou em Santa Cruz, porque foi uma promessa do Dr.Mota Amaral ao Nosso Amigo Cristiano em ele se candidatar a favor do PPD na altura aonde ele era da ASDI e assim o Cristiano cumpriu, porque na ribeira da cruz tinha cido metado do preço que até hoje se gastou no porto das Lajes.
Óxalá se faça a MARINA porque era para começar em Janeiro e já lá vão quaise 4 meses e nada.

Em relação ao comentário das 10.08 de 19 de abril, nem tanto o que voce diz talvez mais um pouco porque eu sei coisas do Renato Moura que até nem parece dele mas inflismente são.

J.Costa disse...

Caro anónimo das 20h50,
cum raio pá, um gajo que sabe escrever,sim sabes escrever, vens é para aqui gozar com a gente com esses erros todos não sei porquê!?
Enfim,espero que tenhas uma boa semana.

Anónimo disse...

Aos invejosos
Uso cada pedra que me atiram para construir os degraus da escada que subo.

Anónimo disse...

continua a subir meu amigo mas cuidado que quanto mais alto sobes maior e a queda

Anónimo disse...

o j. da costa gosta mui dele que pegue nle ás costas e dei uma volta á praça. nas lhajes está o porto comercial da ilha e de lá não sai sei que ainda á desgostos profundos por não estar em santa cruz mas isto um dia vai passar . em santa cruz naquela época que eu sei de fonte limpa que o dinheiro que se gastava na estrada dava para fazer o porto nas lhajes. josé do ocidente.

Anónimo disse...

Nossa Senhora permita que não venha temporal nenhum que destrua em 30% pelo menos aquele Porto,porque fica de certeza para pescas e arrancam com outro em Santa Cruz.
Isto não é bairrismo,porque nem das Flores sou,mas estas conversas existiram dentro do próprio governo aquando das últimas tempestades que remexaram no molhe.
Que fique bem ciente que se tal acontecesse eu não concordo que se gaste um dinheirão num Porto novo,mas que as conversas existiram nem duvidem....

António Alexandre disse...

Eu gostava de ver os nomes dos anónimos que escreveram acerca de Renato Moura.Dar a cara mais devagarinho. Saudaçoes Florentinas

Anónimo disse...

isso é tudo treta,se houvesse temporal que destruisse alguma coisa de certo que ia ser arranjado como já aconteceu e tambem noutras ilhas e mai nada.

J.Costa disse...

António Alexandre,
eu conheço de cor e salteado um dos que escreveu.Agora se descobrires outro já não é mau!

Anónimo disse...

pois basta lar alguns jornais da ilha.E como diz o outro:quem ve a cara de um ve o cu do outro...

Anónimo disse...

ó moços da lomda da fazenda e das lhajes não vale a pena agente andar a discutrir o porto das hlajes vamos é ver se o governo faz um novo aeroporto entre as lhajes e a fazenda para aterar abiões da america e a tap de lisboa pra termos muitos turistas. isto é mas importante.

Anónimo disse...

Será mesmo verdade o que ouvi aqui na Terceira de um amigo das Flores.Ele disse-me junto com a Marina das Lajes o Porto Comercial das Flores vai ter mais um aumento de 60 metros para Navios Cruzeiros, será que alguém ai nas Lajes tem conhecimento deste caso.Antonio Ventura.

Marlene disse...

eu se fosse voces tambem sonhava com o TGV para irem da lomba-fazenda-lajes-lajedo-costa-mosteiro-fajazinha-faja e vice-versa....
Etaaaaa caaammmbada,isso seria uma alegria......

Anónimo disse...

Como todos os anos se fala no Porto Comercial das Flores fui à minha caixinha das antiguidades e encontrei o Jornal do Ocidente que muitas saudades tenho dele. Neste Jornal e com data de 10 de Setembro de 1987 destacava a seguinte noticia. Porto das Flores-----chegou a sua vez! Mais a frenta dizia o seguinte.Antes do inicio da campanha eleitoral, o Dr. Mota Amaral havia recebido, na cidade da Horta, uma comissão da assembleia Municipal de Santa Cruzdas Flores que pretendia sensibilizá-lopara que a construçãodo Porto das Flores se fizesse na baia da Ribeira da cruz, procurando, deste modo ,contrariar um estudo que dá como local privilegiadoe suficiente, em termos económicos e técnicos, a baia das Lajes das Flores. Artigo tirado do Jornal do Ocidente com data de 10 Setembro de 1987.

Anónimo disse...

E viva as lhajes vamos pedir para ser cidade já que é o conselho mais antigo das Flores.

J.Costa disse...

E não tinha lá as caixas de lapas,cavacos,chernes,goraz e outros ingredientes do genero que iam para o secretário mamar?
Sejamos honestos,ambos os lados utilizaram estes truques,mas que Diabo,era preciso mamar tanto à nossa custa para assinar uns simples despachos?

Anónimo disse...

boa ideia é de pensar no aeroporto entra a fazenda e as lajes e está facil começando na ponte capitão e acabar na ribeira funda só terá de levar uma ponte na ribeira da fazenda e servirá para aviões grandes já que em s. cruz não hà mais espaço. avante camarada com a ideia.

Anónimo disse...

o nosso porto das lajes com aquelas luzes acezas parece a cidade de lisboa.

Anónimo disse...

esse aeroporto que estão a falar ira chamar-se aerovacas

Anónimo disse...

áté se pode chamar ero-burro o que entressa é que esteja feito.

Anónimo disse...

Eu só como lapas e cherne é quando vou às Flores.

J.Costa disse...

Bem bom que não gostas de cavacos.
Tambem é proibido....

Anónimo disse...

cá pra mim o Porto deveria ter sido feito na Lagoa da Lomba, e assim continuava no concelho das LAJES!!!

Anónimo disse...

nao foi na lagoa da lomba para não estragar as nossas belezas naturais do concelho das lajes e como ia ser para o turismo se agente destruir as belezas que nós cá no concelho das lajes temos visto que no concelho de santa cruz não tem nada pra apresentar a não ser aquela linda vista de ponta delgada.

Anónimo disse...

"CASE STUDY", em primeiro lugar não reconheço competência ao papa hostias para tecer estes comentários, segundo se não é ele a casa estava por vender....

Anónimo disse...

só manda quem sabe mandar. e andam sempre a falar mal do homem e se calhar ainda vão precisar dele ou até se clhar já precisaram e como á ignorantes quando estão servidos largam-se a falar mal.

Anónimo disse...

o renato teve na assembleia 16 anos e muito fez pelas flores,só nao ve quem nao quer.o manel manguito quando acabar este mandato totaliza tambem 16.depois digam-me o que ele fez