terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

«Brumas e Escarpas» #122

Filhoses

Um dos doces que nunca faltavam em todas as casas da Fajã Grande nos dias de Carnaval eram as filhoses. Trata-se de um doce tipicamente açoriano que tem como base uma versão da massa sovada mas com um tratamento final muito diferente. A massa sovada, tradicional nas festas do Espírito Santo e nas bodas dos casamentos era cozida no forno sobre a forma de pão, no primeiro caso e de rosquilhas no segundo enquanto as filhoses típicas dos dias de Entrudo eram fritas sobre a forma de pequenos pedaços retirados da massa e fritos de depois de esticados e moldados com as mãos.

Não se sabe bem a origem destas filhoses comuns a todas as ilhas e chamadas malassadas em São Miguel, mas as ilhas açorianas, apesar de distantes do Continente português não apenas pelo espaço mas também pela cultura e pelas tradições receberam muita influência destes através dos primeiros povoadores. É verdade que no território continental não é costume celebrar-se o Carnaval com filhoses, sendo estas tradicionais por altura do Natal.

As filhoses na Fajã Grande eram feitas com farinha e fermento retirado do que se guardava da última fornada do pão de trigo. Feito o fermento inicial era-lhe juntado a farinha, os ovos, água, leite, manteiga, açúcar e muita raspa de limão. Tudo isto era amassado de seguida. A mulher a quem competia esta tarefa colocava um lenço de calafate, arregaçava as mangas e depois de misturar muito bem todos os elementos amassava-os aos murros como de massa sovada se tratasse. O alguidar onde a massa fora amassada era colocado em lugar quente e coberto com cobertores ou xailes a fim de que a massa levantasse muito bem. Só depois eram arrancados pequenos pedaços, esticados e moldados com as mãos que eram postos a fritar em banha de porco bem quente. Uma vez retiradas do lume as filhoses eram polvilhadas de ambos os lados com uma mistura de açúcar e canela. Eram excelentes e comiam-se devidamente racionadas nos quatro dias de folia carnavalesca, porque na Quarta-feira de Cinzas já era pecado comê-las não apenas porque era dia de jejum mas também porque tinham sido fritas em graxa de porco.

Na verdade, na Fajã Grande na década de cinquenta do século passado não havia Entrudo sem filhoses, sem batalhas de água, sem mascarados e sem danças que eram ensaiadas nas noites anteriores. As danças tinham sempre o velho e a velha mascarados a fazerem palhaçadas, a meter medo às crianças e a pedinchar filhoses pelas portas das casas por onde passavam.


Carlos Fagundes

Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Menos população e mais envelhecida

Os Açores poderão ter voltado a perder população no ano passado, segundo os dados até agora recolhidos pelo Serviço Regional de Estatística.

De Janeiro a Novembro do ano passado nasceram 2.074 pessoas na Região Autónoma dos Açores e morreram 2.200 pessoas, o que resulta num saldo natural de -126.

Já em 31 de Dezembro de 2015 as estimativas do Serviço Regional de Estatística registavam que residiam 245.766 indivíduos nos Açores, sendo 120.352 homens e 125.414 mulheres. Esta estimativa representa uma diminuição de 587 indivíduos em relação ao valor estimado para 2014.

Por ilhas verifica-se que o crescimento efectivo apresenta variações diferenciadas. Desta forma, e para 2015, todas as ilhas apresentam um valor negativo, com a excepção de Santa Maria e do Corvo. Dentro dos valores negativos, destacam-se a ilha Graciosa (-13,2‰) e a ilha das Flores (-8,3‰).

O Índice de Envelhecimento demográfico (relação entre a população idosa e o número de pessoas com 14 anos ou menos), fixou-se em 82,4 pessoas idosas por cada 100 pessoas jovens, contra os 78,6 em 2014. Por ilhas, este índice atingiu os valores mais elevados na ilha das Flores (147,7), no Pico (147,3) e em São Jorge (142,5).


Notícia: jornal «Diário dos Açores».
Saudações florentinas!!

domingo, 26 de fevereiro de 2017

«Brumas e Escarpas» #121

Leite

Há quem afirme que os pastos da ilha das Flores ainda hoje são dos melhores do mundo. Na primeira metade do século passado essa tese ainda seria mais verdadeira, sobretudo no que às pastagens da Fajã Grande dizia respeito. Situadas em zonas baixas, muitas delas regadas com nascentes de água, por vezes vedadas durante algum tempo ou alternadas com o cultivo do milho, eram de excelente qualidade. A primeira consequência de tudo isto era a excelente qualidade do leite, na altura elemento fundamental na economia da freguesia. Para além duma parte, a maior, que era vendida ou à Cooperativa ou a Martins & Rebelo, a outra parte era fundamental para alimentação diária das famílias. O leite, nas casas dos lavradores, era elemento fundamental do jantar, na altura denominado ceia. O leite bebia-se juntamente ou com pão, às sextas-feiras acabadinho de sair do forno, ou com o bolo do tijolo ou com as papas. Era ainda com o leite que se fabricava o queijo, também presente como conduto em muitas refeições.

A quantidade de vacas leiteiras que cada lavrador possuía é que era relativamente baixa - duas, raramente três e, nalguns casos, apenas uma. As relvas junto da porta eram poucas e poucos eram os homens que tinham tempo ou forças para ir ao leite ao mato todos os dias, dado a longa distância das pastagens e a dificuldade em subir e descer a rocha. Apesar de ordenhadas duas vezes por dia, a produção de leite obtida era relativamente baixa, pois rara era a vaca que em cada ordenha dava mais de dez litros, isto por alturas de dar a cria. O leite era recolhido diretamente da teta da vaca para as latas utilizadas para esse fim, feitas de folha-de-flandres, e fabricadas pelo latoeiro da freguesia, o Antonino de Ti Francisco Inácio. Consta que em tempos mais recuados, o leite era tirado das vacas em cabaças e transportado nas mesmas. As latas de leite quando vinham do mato, ou das terras em que as vacas nos meses de Abril e Maio estavam amarradas à estaca a trilhar as terras onde ia ser semeado o milho, eram transportadas presas e penduradas num pau, uma atrás das costas e outra à frente. Caso fosse necessário transportar três latas, aplicava-se um gancho na parte de trás do pau, permitindo assim prenderem-se duas latas atrás das costas, colocando à frente a mais pesada para contrabalançar. Arte e engenho não faltavam!

Nos dias em que não havia pão ou bolo fresco nem papas, o leite era fervido e deitado ainda a ferver sobre o pão que, nos últimos dias após a cozedura era fervido, sobre o vapor de água. Esta operação era feita num caldeirão com um suporte da madeira no fundo, sobre o qual o pão era colocado. Ao ferver, a água colocada no fundo do caldeirão provocava um vapor que penetrava no pão, amaciando-o. Assim ficava como se fosse acabadinho de sair do forno. Era o pão estufado, sobre o qual se despejava o leite que neste caso também não necessitava de ser fervido.


Carlos Fagundes

Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Missa no "novo" Império da Ponta Ruiva

Data de 1861 a construção da Casa de Espírito Santo da Ponta Ruiva. Passando por altos e baixos, a última remodelação acaba de ocorrer, tendo ficado muito bem. De salientar as pinturas e restauros de interiores, levados a cabo pelo pintor artista plástico florentino César Dinarco Castro.

Ponta Ruiva é um dos lugares mais pequenos na ilha das Flores. No dia desta gravação eram 39 os seus habitantes. Estando situada no cimo de uma encosta sobranceira ao mar, a Ponta Ruiva fica muito afastada das freguesias mais próximas, cerca de 5 kilometros dos Cedros a que pertence e cerca de 13 kilometros de Ponta Delgada.

Desde há vários anos que se realiza no último sábado de cada mês a Celebração da Palavra, estando a cargo do diácono Luís Alves. Desde o ano de 1954 que existem registos sobre os festejos aqui realizados.

Este vídeo foca a missa de benzedura e “inauguração” do Império do Divino Espírito Santo da Ponta Ruiva, após obras de reabilitação e restauro. Nesta eucaristia estiveram presentes todas as autoridades eclesiásticas da ilha das Flores, a saber: os padres Rúben Sousa, Eurico Caetano e Pedro Aguiar e ainda o diácono Luís Alves. A população acorreu à cerimónia, com o apadrinhamento do tempo que estava fantástico.

Obrigado à Ouvidoria da ilha das Flores, aos padres e diácono, aos responsáveis pelo Império, nomeadamente a dona Maria Luísa, os presentes na missa e toda a população. Obrigado especial à Luísa Silveira pelas imagens e a imprescindível ajuda na produção. Obrigado a todos.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Câmara das Lajes vai construir canil

A Câmara Municipal de Lajes das Flores, no decorrer das suas obrigações legais e no âmbito da defesa da saúde pública, da integridade física de pessoas e animais e do meio ambiente, vai avançar com a obra de construção de um canil municipal.

Esse canil ficará situado nos terrenos da Câmara das Lajes na zona da Pedreira e permitirá a criação de condições para o abrigo/alojamento temporário de animais abandonados ou errantes, capturados na via e em locais públicos.


Notícia: "sítio" da Câmara Municipal de Lajes das Flores.
Saudações florentinas!!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

À conversa com o chef Joel Vieira

Joel Vieira, natural da ilha das Flores, é chef de cozinha e é o jovem em destaque deste mês na TVJ Azores.

O jovem florentino fala-nos da sua paixão pela cozinha, das experiências de trabalho a nível internacional, do respeito pela tradição e pelo produtos. Joel explica em que consiste o seu projeto "Vieira em Casa" e dá a conhecer um pouco do seu futuro restaurante: O Vieira.


Vídeo: YouTube da TVJ Azores.
Saudações florentinas!!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Manuel Pereira garante investimentos

Os investimentos a decorrer e previstos para a ilha das Flores têm sido um dos temas das reuniões efetuadas pelo deputado do Partido Socialista no âmbito da preparação da discussão do Plano e Orçamento de 2017.

O deputado Manuel Pereira reuniu com diversas instituições, num contacto privilegiado no sentido de acompanhar a vida das entidades: “Tendo em vista a anteproposta para o Plano e Orçamento, estou a reunir com um leque alargado de instituições de várias áreas como a agricultura, as pescas, a proteção civil e a solidariedade social. Nestes encontros são destacados importantes investimentos na ilha das Flores como é o caso da ampliação e adaptação do quartel de bombeiros de Santa Cruz, com custo superior a 600 mil euros”.

Manuel Pereira sublinha ainda o percurso que tem sido feito pela Cooperativa Ocidental: “Esta cooperativa tem registado, devido ao esforço dos seus dirigentes e associados bem como ao apoio do Governo Regional, uma retoma muito expressiva. De 2015 para 2016 houve um aumento de 46% na quantidade de leite entregue em fábrica e a amortização da dívida a fornecedores de 58%, numa ilha em que o preço pago ao produtor é superior ao preço padrão. Este trabalho deve ser continuado e apoiado para que este renascimento do setor do leite na ilha das Flores prossiga”, sintetiza o deputado do PS.


Notícia: "sítio" do PS/Açores.
Saudações florentinas!!

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Comunidade escolar florentina une-se pela estabilidade do corpo docente e em defesa da qualidade de ensino nas FLW

Façam favor de assinar e divulgar a Petição pela estabilidade do corpo docente: Em defesa da qualidade do ensino na Escola Básica e Secundária das Flores.

A Escola Básica e Secundária das Flores tem, de forma progressiva, melhorado os seus resultados em avaliações externas, nomeadamente em exames nacionais, fruto da estabilidade do corpo docente que tem vivido na última década e meia.

Esta estabilidade permitiu, entre outros, a realização de um trabalho programado por vários ciclos, a renovação dos diferentes órgãos da escola e a abertura de novos cursos, o que se repercutiu numa escola melhor e conduziu os nossos alunos a taxas de sucesso que ocupam o pódio das escolas públicas da Região Autónoma dos Açores.

Todas estas conquistas serão seriamente comprometidas, num futuro muito próximo, se for aprovado o novo Regulamento de Concurso do Pessoal Docente da Educação Pré-Escolar e Ensinos Básico e Secundário da Região Autónoma dos Açores.

Enquanto ilha pequena, à semelhança de outras, com menor capacidade de apelo profissional, os contratos por tempo indeterminado com obrigatoriedade de permanência de, no mínimo, três anos letivos têm permitido uma menor flutuação do corpo docente. A EBS das Flores beneficiou, em muito, com esta medida, em particular os seus alunos (que são os destinatários do ensino público regional), mas, também, toda a comunidade educativa e até a própria ilha. Tudo aquilo que permita a fixação de técnicos superiores na ilha das Flores, qualquer que seja a área, repercutir-se-á na sua renovação e promoverá o seu desenvolvimento.

Uma das alterações do novo regulamento de concurso do pessoal docente, prestes a ser aprovado na ALRAA, terá consequências dramáticas na EBS das Flores (e em outras de pequena e média dimensão) e prende-se com o facto de o concurso de docentes, mesmo que passe a anual, não mais implicar a obrigatoriedade de permanência na escola de colocação. Nesta cláusula, são contempladas duas situações distintas, em que nenhuma delas beneficia a escola. Num primeiro cenário, o docente fica colocado no quadro da EBS das Flores, aceita a colocação, opta por não exercer a docência nessa escola e pede afetação para mais próximo da sua residência, no entanto, a vaga de quadro fica preenchida e, até que ele consiga mudar para o quadro da escola pretendida, será substituído por um docente contratado anualmente, que raramente se mantém em dois anos consecutivos. Esta situação poderá arrastar-se por muitos anos, gerando uma enorme rotação anual de docentes a assegurar a substituição de colegas que estão a ocupar uma vaga de quadro. Outro cenário possível será o professor ficar colocado no quadro da EBS da Flores, aceitar a colocação e optar por exercer nessa escola; se ficar mais do que um ano escolar, terá um bónus na sua graduação profissional, proporcional ao número de anos que permaneceu, para poder concorrer para outra escola. Prestar serviço nessa escola será uma forma de facilitar e promover a saída para outra.

A ser aprovada esta alteração, a flutuação de docentes na EBS das Flores, em todos os ciclos, crescerá de forma exponencial, o que resultará em implicações prejudiciais, óbvias, na qualidade do ensino, para além de sobrecarregar os docentes efetivos a exercer funções nessa escola.

Assim, os cidadãos abaixo assinados vêm, por este meio, reivindicar a alteração da proposta de decreto legislativo regional do Regulamento do Concurso do Pessoal Docente da Região Autónoma dos Açores, apelando para que continue a vigorar a cláusula de permanência mínima de três anos, de modo a que, nas escolas das ilhas de menor dimensão, haja uma estabilidade maior do corpo docente e um menor recurso a contratação, evitando uma situação de rotatividade sucessiva de um elevado número de docentes, com prejuízo para a qualidade de ensino nessas ilhas. Ademais, convém nunca esquecer que todas as alterações legislativas, no domínio da educação, devem centrar-se especialmente nos alunos e nos seus superiores interesses, em consonância com os direitos constitucionalmente consagrados.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

CPI deixa PSD/Flores partido ao meio

Lista afeta a Bruno Belo ganha tangencialmente a João Lourenço.

Na passada quarta-feira (dia 15) realizou-se a "segunda volta" da eleição para a Comissão Política de Ilha (CPI) do PSD da ilha das Flores.

Após uma votação que no dia 19 de Dezembro deu empate, foi necessário "repetir" esta eleição interna no PSD da ilha das Flores. Nesta "segunda volta" saiu vencedora a lista A (de João Quaresma e Bruno Belo) com 81 votos, apenas mais um voto do que a lista B (de Armando Monteiro e João Lourenço).

Saudações florentinas!!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Pulgas na Escola de Ponta Delgada

Infestação de pulgas encerra a escola de Ponta Delgada e as crianças do Jardim de infância e Primeiro Ciclo vão ter aulas temporariamente na Casa do Povo da freguesia de Ponta Delgada.

A escola de Ponta Delgada está sem condições para receber as cerca de 20 crianças do jardim de infância e do 1º ciclo. Esta situação deve-se a uma alegada infestação de pulgas que entretanto foi resolvida com recurso a creolina.

Contactado pela RTP Açores, o Conselho Executivo da Escola Básica e Secundária das Flores adianta apenas que "a infestação está resolvida e que nesta altura é o cheiro forte deixado pela creolina que impede os alunos de regressarem ao edifício."


Notícia: «Jornal da Tarde» da RTP Açores.
Saudações florentinas!!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Avaria no matadouro da ilha das Flores

Uma avaria no matadouro da ilha das Flores vai obrigar ao envio dos subprodutos animais para a Central de Valorização Energética da Ilha Terceira.

“O matadouro da ilha das Flores está confrontado com uma avaria na incineradora, designadamente ao nível do refratário, estando o Instituto de Alimentação e Mercado Agrícolas a diligenciar junto da empresa instaladora uma solução definitiva para o problema deste equipamento”, afirmou o secretário regional da Agricultura e Florestas.

“Na impossibilidade do uso temporário da incineradora e estando já encerrados os aterros da ilha das Flores”, o matadouro tem recorrido “ao enterramento dos subprodutos [produtos animais não destinados ao consumo humano] num terreno da sua propriedade, cobrindo-os imediatamente após a deposição”, disse João Ponte.

A partir de agora, “até que se resolva a situação de indisponibilidade da incineradora do matadouro das Flores, os seus subprodutos serão enviados para a Central de Valorização Energética da Terceira”, adianta o governante.


Notícia: jornal «Açoriano Oriental» e RTP Açores.
Saudações florentinas!!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Apenas duas águas balneares nas FLW

O arquipélago dos Açores tem este ano 70 águas balneares identificadas, mais seis do que no ano passado, mas a ilha das Flores tem apenas duas águas balneares identificadas em 2017.

"A identificação de águas balneares constitui uma garantia de qualidade perante a Comissão Europeia", refere o diretor regional dos Assuntos do Mar, esclarecendo que a inclusão das águas balneares na lista oficial deve pautar-se "por um compromisso sólido e consistente de manutenção de condições de usufruto ao longo dos anos, nomeadamente ao nível da saúde e segurança dos banhistas".

Para este ano prevê-se que São Miguel seja a ilha com maior número de águas balneares identificadas, num total de 24, seguida da Terceira com 15 e do Pico com 11. O Faial terá seis águas balneares, Graciosa e Santa Maria terão quatro cada, São Jorge terá três, a ilha das Flores terá duas e o Corvo terá uma.

“Em todas as ilhas do arquipélago, as principais zonas balneares terão as respetivas águas balneares identificadas e monitorizadas”, frisou Filipe Porteiro.


Notícia: «Açoriano Oriental» e «TeleJornal» da RTP Açores.
Saudações florentinas!!

sábado, 11 de fevereiro de 2017

«Brumas e Escarpas» #120

Queijo de fabrico caseiro

A ilha das Flores, contrariamente a outras do arquipélago açoriano como por exemplo São Jorge, apesar da sua grandiosa e excelente criação de vacas leiteiras, nunca se tornou conhecida nem muito menos famosa pela produção de queijo. No entanto, por toda a ilha e, mais concretamente, na Fajã Grande sempre se fabricou caseiramente muito queijo, pese embora este, contrariamente à manteiga, nunca fosse comercializado, nem muito menos exportado. Atualmente, porém, é possível encontrar algum queijo produzido nas Flores à venda noutras ilhas açorianas.

Na Fajã Grande na década de cinquenta assim como nas anteriores do século passado, fabricava-se muito queijo, fazendo o mesmo parte do cardápio diário na maioria das casas. Umas vezes comia-se fresco, ou seja, acabadinho de fazer, outras, ligeiramente, curado. Apesar de ser de uso exclusivamente caseiro, o queijo feito na Fajã Grande era de ótima qualidade embora sem fama nacional ou, muito menos, internacional, pese embora de vez em quando se enviasse, particularmente, um ou outro queijinho bem curado para familiares e amigos residentes noutras ilhas ou até na América. Essa boa qualidade do queijo fajãgrandense devia-se sobretudo à qualidade das pastagens, ao excelente tratamento que era dado às vacas e, consequentemente, à excelente qualidade do leite que se ordenhava das mesmas

O fabrico de queijo, na Fajã Grande, no entanto era, puramente artesanalmente feito nas próprias moradias, o que não impedia que apresentasse características de boa qualidade. Mas o fabrico era muito reduzido, geralmente fabricava-se um queijo dia-sim dia-não, uma vez que cada lavrador tinha apenas uma ou duas vacas leiteiras e, além disso, a venda do leite à Cooperativa ou ao Martins e Rebelo era fundamental para que cada família se sustentasse e conseguisse algum dinheiro a fim de comprar nas lojas, o café, o petróleo, o açúcar e todos os outros produtos que necessitava e que não produzia. Por vezes e em certas alturas do ano as vacas davam pouco leite ou até nenhum, quer porque estivessem para dar cria quer porque fossem utilizadas para puxar os carros ou os corsões e a lavrar os campos, dado que poucos eram os lavradores que tinham à porta gado alfeiro ou junta de bois de trabalho, para carrear as lenhas, as mondas, os milhos, os estrumes, lavrar e preparar as terras para semear os milhos.

Pelo contrário, na altura em que as vacas davam crias, geralmente nos meses de março e abril, havia grande abundância de leite, chamado crostes. Acontecia que, depois de dar a cria, a maioria das vacas dava muito leite, pois eram muito bem tratadas, antes do próprio parto e nos dias que se lhe seguiam. Alem disso, muitos vitelos nem bebiam o leite todo e, na maioria dos casos não bebiam nenhum, uma vez que naqueles tempos, não era hábito comer a carne dos vitelos, estes eram pura e simplesmente abatidos e enterrados logo após o parto. Apenas um ou outro se criava para fazer dele uma futura vaca ou um gueixo de engorda. Mas era necessário retirar o leite das vacas nos dias que se seguiam ao parto. Como este não servia para desnatar e ser vendido para o fabrico de manteiga, ficava em casa. Uma parte era utilizada na alimentação e a outra deitada aos porcos. Assim a parte dos crostes que sobrava era utilizada para fazer queijos – os tradicionais e célebres queijos de crostes. Estes queijos eram fabricados em grande quantidade pelo processo tradicional do fabrico do queijo com o leite normal, amornando um pouco os crostes e juntando-lhes de seguida o coalho líquido, comprado nas lojas e que na Fajã Grande existia em todas as casas. Depois de coalhada, a massa que originaria o queijo era colocado nas formas de lata, furadas nos lados e em cima duma tabuinha, suspensa numa selha, como se fazia com qualquer queijo., sendo o soro que escorria aproveitado para os porcos.

Os queijos de crostes assim como os de leite normal comiam-se frescos. Mas quando se faziam em maior quantidade, sobravam alguns que se punham a curar ao sol durante vários dias, ao mesmo tempo que se ia escoando o soro. O queijo ficava mais duro e adquiria a cor amarelada. Quero os frescos quer os curados eram excelentes e tinham um sabor adorável.


Carlos Fagundes

Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Pode estar em causa a produção de carne

O deputado florentino Bruno Belo está preocupado com o anúncio do Governo de que não vai renovar os contratos no âmbito da extensificação da produção pecuária por terem sido esgotadas as verbas.

Num requerimento entregue na Assembleia Regional, através do qual o Governo é instado a confirmar se irá renovar os contratos findos durante a vigência do ProRural+, o deputado do PSD considera que o Executivo foi “incapaz de prever as necessidades orçamentais futuras para manter esta medida, tornando imprevisível o futuro das explorações no modelo extensivo, promovendo mesmo o seu abandono e pondo em causa o mercado dos bovinos com as características que se procura valorizar”.

Bruno Belo defende que cabe ao Governo Regional apresentar um programa estruturado para a produção de carne nos Açores que promova a extensificação, mas fundamentalmente o abate na Região e apoie a logística e o acesso da carne a mercados de maior valor comercial: “Sem esta valorização nos mercados, restará ao Governo garantir os apoios públicos para compensar a manutenção do modelo extensivo, para todos os produtos que se candidatem a este apoio agroambiental”, sublinha o deputado social-democrata.

O deputado Bruno Belo lembra ainda que a “manutenção para a extensificação da produção pecuária garante, por um lado, a viabilidade das explorações e, por outro, a preservação de um modo de produção adoptado por produtores, técnicos e pelo Governo Regional, enquadrada, aliás, nas orientações da Política Agrícola Comum e do desenvolvimento rural sustentável”.


Notícia: "sítio" do PSD Açores.
Saudações florentinas!!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Carta aberta, em tom de desabafo e muito desânimo pela alteração do Regulamento de Concursos do Pessoal Docente na Região Autónoma dos Açores

Tenho pena, tenho mesmo muita pena, que as conquistas, feitas nos últimos 20 anos no ensino público regional, sejam postas de parte de um momento para o outro, de forma sobressaltada, quase como se não houvesse amanhã, e sem qualquer tipo de proteção em relação às ilhas mais pequenas.

Tiro o meu chapéu a todos os professores que, tendo concorrido por três anos para este desterro (na boca de alguns com responsabilidades políticas, nunca na minha), sabendo de antemão quais eram as regras do jogo, cumpriram com profissionalismo, competência e seriedade a “missão” que lhes foi confiada (e para a qual estavam a ser pagos). Aqui, falo daqueles que cumpriram, em simultâneo, com o seu dever de assiduidade. Todos estes ajudaram, em colaboração com outros, a construir uma escola melhor e a conduzir os nossos alunos a taxas de sucesso que em muito nos honram e que, apesar de públicas, não são devidamente divulgadas nos meios de comunicação social da região como se houvesse (será que não há?) umas escolas filhas e outras enteadas do sistema público regional. Nada que me espante, também em relação às ilhas, há umas de primeira, outras de segunda e, até há, as de terceira. Não se pode esquecer que aquilo que faz uma Escola não são as condições físicas, nomeadamente infraestruturas modernas e recursos tecnológicos de última geração, mas, acima de tudo, os recursos humanos envolvidos.

Não consigo resistir a abrir aqui um parêntesis: Por acaso alguém reparou nas imagens, de arquivo, da RTP-Açores sobre a Escola Básica e Secundária das Flores aquando da divulgação dos resultados dos exames nacionais? Este assunto e outros semelhantes, acrescidos ao número de vezes em que a ilha é referida nas notícias regionais apenas porque o “avião cancelou” (esclareço dois pormenores: nem todas as vezes que o avião não vem às Flores é por culpa “das condições atmosféricas no aeroporto de destino” e o avião não “passa” por cá, vem ou não vem) dava uma crónica daquelas!

Voltando ao assunto que hoje me preocupa, tal como os docentes que referi mais acima, existem outros, poucos, que por aqui já davam a cara, ou que, ao longo das últimas duas décadas assumiram que exercer a docência na nossa escola, fixar residência na nossa ilha e aqui constituir família seria o seu projeto de vida. Estes que, até hoje, permaneceram cá, por opção, ponderam seriamente a pertinência de por cá continuar, pois a estabilidade que permitiu um trabalho programado por vários ciclos, e do qual já obtivemos frutos, a renovação dos diferentes órgãos de escola e até a abertura de novos cursos, são algumas das conquistas que, rapidamente, entrarão em retrocesso. Serão poucos para desempenhar muitas funções, a maior parte delas sem qualquer tipo de remuneração, e isso cansa e desgasta. Digo mais, “os velhos da casa”, quando quiserem concorrer, podem dar-se ao luxo de prescindir da dita bonificação, que nos querem dar, porque, com a nossa graduação profissional, assumiremos os topos das listas no concurso.

Uma das alterações do novo regulamento do concurso do pessoal docente, prestes a ser aprovado na ALRAA, terá consequências dramáticas na nossa escola, e prende-se com o facto de o concurso de docentes passar a ser anual. Num primeiro cenário, o docente fica colocado no quadro da EBS das Flores, aceita a colocação e opta por não vir para cá, pede afetação para mais próximo da sua residência, no entanto, a vaga de quadro fica preenchida e, até que ele consiga mudar para o quadro da escola pretendida, será substituído por um docente contratado anualmente, que, sabemos, raramente se mantém em dois anos consecutivos. Esta situação poderá arrastar-se por muitos anos, gerando uma enorme flutuação anual de docentes a assegurar a substituição de “professores-fantasmas” (os que ocupam a vaga de quadro e não necessitam de comparecer na escola de colocação). Outro cenário possível será o professor ficar colocado no quadro da EBS da Flores, aceitar a colocação e optar por vir exercer nesta escola, passado esse ano, terá um bónus na sua graduação profissional para poder concorrer para outra escola, esta escola servirá, assim, de trampolim para voos mais altos.

Definitivamente, estas alterações vão “destruir” um trabalho de duas décadas. Sobre os docentes contratados, uma palavra: na sua grande maioria são profissionais da educação eficientes e cumprem com todas as funções que lhes são atribuídas. Não é isso que está aqui em causa, o que está em causa é a instabilidade que existirá na nossa escola com mais de 60% de docentes contratados anualmente.

Aos colegas que serão abrangidos por esta alteração legislativa e que não terão que cumprir com um ano, ou dois, a que ainda estavam sujeitos para concluir o módulo de três anos, e que, neste momento, contam os dias para sair de cá, duas considerações: oxalá que, ao longo da vossa vida profissional, não passem por nenhuma escola pior do que esta e que o pior sítio onde tenham morado ou venham a morar, na vossa vida, seja na ilha das Flores. Em vinte anos e meio de serviço nesta escola, vi chegar algumas centenas e partirem outras tantas, e garanto-vos que, aqueles que mais choraram à chegada, foram os que mais choraram à partida.

É claro que, idealmente, todos deviam poder trabalhar onde têm a família, onde gostam de estar, ninguém é mais apologista disto do que eu. O que está a acontecer, nesta situação, é que diversas regras instituídas vão mudar, de um momento para o outro, e a sensação que temos é que nos estão a tirar o tapete de debaixo dos pés. Não há aqui normas transitórias. A única regalia oferecida em contrapartida será a bonificação na graduação profissional para concorrer para fora da ilha das Flores. Qual o benefício que daí advirá para a EBS das Flores?

Nas décadas de 80 e 90, do século XX, alguns casais que viviam, trabalhavam e até tinham casa na ilha das Flores, optaram por sair da ilha para garantir, para além das condições de saúde, um ensino de qualidade para os filhos. Destes, pais e filhos, pouquíssimos voltaram. Os que não voltaram fizeram muita falta. Creio bem que voltaremos a assistir a um “êxodo” semelhante nos próximos anos, pois os pais das Flores perceberão que os impostos que pagam não estão a ter o mesmo retorno na educação dos seus filhos que os impostos pagos por contribuintes de algumas das outras ilhas do arquipélago. Esse êxodo está patente no diferencial plasmado nos censos de 2001 e 2011, acrescento, ainda, que o número de habitantes que esta ilha perdeu corresponde à redução do número de alunos na nossa escola, na referida década.

Aos nossos governantes algumas questões: É com medidas destas que pretendem reverter a desertificação das ilhas mais pequenas (as denominadas ilhas de coesão) nomeadamente na fixação de jovens casais e no incentivo à natalidade? Nalgumas ilhas dos Açores, estão a desenvolver-se diversas iniciativas para fixação de jovens qualificados, porque é que, na ilha das Flores, nem sequer se tenta manter aqueles que cá estão ou, no mínimo, fixar novos em igual número?

Aos órgãos máximos desta ilha, àqueles que foram eleitos para nos defender, não têm nada a dizer sobre este assunto? Por uma vez, pelo menos por esta vez, ponham de parte as quezílias partidárias e unam-se em torno de uma causa que, penso e quero acreditar, seja comum a todos nós, pois “quem não se sente, não é filho de boa gente”!


Opinião de Rosa Maria Belo Maciel, natural da ilha das Flores e residente por opção na ilha das Flores; ex-aluna desta escola, ex-presidente do Conselho Executivo da EBS das Flores (de 2007 a 2013), mãe e professora da EBS das Flores.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Formação da pastoral litúrgica nas Flores

Serão três dias de formação “intensa”, refere o diretor do Serviço Diocesano da pastoral litúrgica.

As primeiras Jornadas de Liturgia da ilha das Flores realizam-se entre 6 e 9 de Fevereiro, em Santa Cruz, com destaque para a formação de grupos corais.

“Esta é de facto uma prioridade nas nossas ilhas pois se, por um lado, temos grupos com vozes extraordinárias e com uma execução técnica perfeita, por outro, temos um longo caminho a percorrer pois não se trata de afirmar o canto simplesmente pela sua vertente estética mas como forma de oração”, refere o padre Marco Luciano, diretor do Serviço Diocesano da Liturgia e que será um dos formadores destas jornadas.

Além deste sacerdote irão participar nesta formação o padre Luís Leal, do Patriarcado de Lisboa e diretor do Serviço Nacional de Acólitos, e o padre Marco Sérgio Tavares, ouvidor adjunto de Ponta Delgada.

“Serão três dias de formação intensa com uma atenção no canto, nos acólitos e nos leitores”, refere ainda o padre Marco Luciano, lembrando que estas jornadas “servirão essencialmente para aprofundar os ministérios da liturgia”. A iniciativa decorre em Santa Cruz e pretende envolver toda a igreja florentina.

Este ano a Peregrinação Diocesana de Acólitos realiza-se em Julho na ilha das Flores.


Notícia: portal Igreja Açores.
Saudações florentinas!!

sábado, 4 de fevereiro de 2017

À conversa com Francisco Gomes Vieira

Francisco Gomes Vieira, nascido em 1940 na vila das Lajes das Flores, após a sua juventude passada nesta ilha emigrou para o Canadá, onde com sua esposa e filhos teve a sua vida constituída.

Desde cedo demonstrou ser possuidor de uma memória rara e cristalina. Agarrado aos livros e em especial os da História da ilha das Flores e os de geneologia. Como a ilha das Flores e segundo as suas palavras é deficiente em relatos históricos, Francisco Vieira sempre se agarrou a tudo a que teve alcance para reconstruir a história florentina. Assim sendo, este historiador concilia a História disponível mais as histórias das nossas gentes ao longo dos séculos para definir a história a mais verdadeira e real possível.

Todas as mais palavras que eu possa utilizar são desnecessárias. “Memória Cristalina” é o nome mais aproximado que encontro. Ora vejam o que este senhor sabe, sem ponto ou cábulas, a sabedoria flui, flui... Muito obrigado a este historiador florentino pela disponibilidade e em especial a enorme sabedoria e conhecimento que decidiu partilhar com todos nós, em prol de uma ilha mais clara para uma história mais rica.

Obrigado à Gabriela Silva por todo o empenho e profissionalismo que coloca no projecto Costa Ocidental. Obrigado à Luísa Silveira pela ajuda à produção e fotografia.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

“Estrada do Farol” encerrada para obras

A Câmara Municipal das Lajes informa que a estrada que liga o Farol à Rua da Autonomia, na freguesia das Lajes, estará encerrada até 16 de Fevereiro para obras de conservação e consolidação do talude.

Esta intervenção surge na sequência da instabilidade do talude, que devido à queda de pedras na via estava a pôr em causa a circulação de pessoas e veículos em condições de segurança.

Face à necessidade desta intervenção a Câmara Municipal das Lajes irá aproveitar para fazer o alargamento daquela via em toda a sua extensão, pedindo a compreensão de todos pelo transtorno causado.


Notícia: "sítio" da Câmara Municipal de Lajes das Flores.
Saudações florentinas!!