sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Destino turístico de natureza, mas trabalho continua sazonal e precário

As empresas marítimo-turísticas nos Açores funcionam, essencialmente, durante os meses de Verão e com recurso a trabalho sazonal, apesar do arquipélago ser cada vez mais reconhecido internacionalmente como destino turístico de natureza.

“Nós temos dois trabalhadores efetivos e sem ser do quadro costumamos ter umas dez pessoas. Em geral, contratamos pessoas formadas ou que estão a formar-se”, afirmou Paulo Aguiar, gerente de uma empresa marítimo-turística que existe na ilha Terceira há dez anos, acrescentando que no Inverno “há pouco serviço”.

Também o gerente de outra empresa de observação de cetáceos na ilha do Faial reconheceu que durante Junho, Julho e Agosto costuma contratar trabalhadores precários, normalmente oito e quase todos licenciados em biologia e ambiente, com idades entre os 20 e os 35 anos.

“Nós só contratamos durante o Verão, depois fechamos a porta. Em termos fiscais continuamos a ser altamente penalizados tendo uma atividade completamente sazonal. É uma perfeita sangria no Inverno, porque não temos atividade nenhuma, não faturamos absolutamente nada”, afirmou Pedro Filipe, acrescentando que “com tantos impostos não é possível manter tantos postos de trabalho no Inverno”.

Para este empresário, seria possível manter postos de trabalho durante o Inverno “se a meteorologia permitisse e depois se houvesse uma diferenciação fiscal para as empresas que laboram com pouco 'staff' e muitas despesas ao nível do combustível, seguros e licenças”.

Apesar da chegada, este ano, das companhias aéreas 'low cost' e do aumento do número de turistas na ilha de São Miguel, o empresário Carlos Paulos, ligado ao mergulho, considerou que “para já” não se justifica ter mais pessoas efetivas, dado que os melhores meses para mergulhar nos Açores são apenas Setembro e Outubro.

Segundo disse Carlos Paulos, a sua empresa, sediada em Vila Franca do Campo, tem apenas uma pessoa efetiva e durante o pico do Verão contrata mais cinco a seis, normalmente, finlandeses, noruegueses, alemães e espanhóis. “Cá não se aposta verdadeiramente em formação que interesse para esse tipo de coisas, infelizmente. Há uma série de escolas profissionais, mas que não dão formação de jeito nessa área e a que dão é uma vergonha”, afirmou Carlos Paulos, que defendeu a “criação real de reservas livres de pesca” para que se possa desenvolver nos Açores o turismo de mergulho.


Notícia: jornal «Açoriano Oriental».
Saudações florentinas!!

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