sábado, 16 de setembro de 2017

A cruz da Igreja da Fajãzinha

A Igreja da freguesia da Fajãzinha, conforme consta da sua própria fachada, foi edificada pelo padre Alexandre Pimentel de Mesquita, em 1778. É monumento de uma dimensão notável, só semelhante na ilha das Flores à Igreja Matriz de Santa Cruz. A grandiosidade do templo pode hoje parecer surpreendente, mas outrora a freguesia tinha muitos habitantes e a Igreja era Matriz das povoações vizinhas, nomeadamente da Fajã Grande.

Félix Augusto Pereira Martins, um continental que a Marinha Portuguesa trouxe à ilha das Flores, que se fixou nas Lajes, constituiu família, foi empresário, funcionário da Direcção-Geral de Aeronáutica Civil e das empresas que lhe sucederam e deputado, conta que o padre António Joaquim de Freitas, o último pároco residente na Fajãzinha, já nos anos sessenta considerava difícil mobilizar paroquianos ágeis para efectuar a manutenção da Cruz da Trindade, que encimava a Igreja.

A degradação absoluta da cruz levou Félix Martins em 2015 a tomar a decisão de construir uma cruz igual à original, em homenagem à Igreja, à sua gente e à origem da sua esposa. Seguiram-se as peripécias para descobrir o modelo original, que um acidente em 2016 fez adiar. Felizmente a zeladora da Igreja, Teresa Avelar, tinha tido o cuidado de guardar os fragmentos que, embora muitos ferrugentos, permitiram tirar medidas correctas e riscar moldes, bem como recolher, para recuperação, o medalhão central.

Foram gastos cerca de 74 kg de barras de aço inoxidável polido, de varão e cavilhas, 300 eléctrodos, algumas dezenas de discos de corte, de rebarbar e de roletos de lamelas de lixa para polir.

A junção dos 98 elementos e o desgastante trabalho de soldadura, para evitar torturas, empenos e danos de respingos dos eléctrodos, demorou mais de dois meses, resultando numa cruz com 2,24 metros de altura e 1,33 de haste a haste, com cerca de 70 kg de peso, a qual foi oferecida à Comissão para os Assuntos Económicos em 19 de Agosto de 2017, imediatamente fixada no local da anterior e benzida antes da festa da padroeira Nossa Senhora Remédios.

Poderá dizer-se que, começar pela cruz, foi a melhor forma de vaticinar a prevista recuperação da Igreja, que está bastante degradada, mas será uma obra muito dispendiosa, de que a população da Fajãzinha vai ser capaz, pois há anos trabalham, em união e afanosamente, para o conseguir, desde agora sob a protecção duma divina e admirável obra de arte, iluminada de noite e brilhando de dia com o esplendor do Sol.

E Cristo compensará a iniciativa, a generosidade e o esforço.


Opinião de Renato Moura, publicada no portal Igreja Açores.
Saudações florentinas!!

1 comentário:

Anónimo disse...

Não é das Lajes, mas já tem mais anos deste Concelho do que do continente. Felix é um Homem que eu conheço de bem novo, sempre teve ideias, e a última obra que ele fez eu ainda estava na ilha foi um iate.