«Brumas e Escarpas» #55
O Burrinho do Lamé
Muitas eram as brincadeiras e os jogos, individuais e colectivos, que fazíamos em criança, sobretudo para ocupar da melhor forma as tardes de domingos e feriados, o tempo durante o qual, fora da porta da escola, aguardávamos a senhora professora, ou aqueles momentos do dia em que estávamos livres de qualquer tipo de trabalho ou espécie de tarefa.
Entre os vários jogos colectivos figurava “O Burrinho do Lamé”. Bastava que alguém convocasse a malta miúda e era uma correria louca e acelerada para o adro da Igreja, para Praça ou para outro qualquer local estrategicamente apropriado para tal:
- Vamos brincar ao Burrinho do Lamé.
O jogo em si era simples e fácil, tendo como objectivo principal que todos os participantes evitassem, da melhor e mais astuta forma possível, figurar ou fazer o papel de burro durante o jogo.
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- O burrinho donde vem?
- Vem do Lamé. - respondia o burro.
Se tivesse acertado no seu agressor, este passaria de imediato a fazer de burro, transportando-o às cavalitas para o lugar vago, enquanto o chefe confirmava:
- Deita cá que é.
Se não acertasse ouvia do líder: - Vai por lá que não é.
E, depois de voltar a carregar o que trouxera junto do chefe às costas, continuava assim carregadinho para lá e para cá, até encontrar o agressor, o que por vezes se tornava muito difícil.
Carlos Fagundes
Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».
3 comentários:
Isto no tempo em que havia muita miúdagem e o local da brincadeira era a rua, chovesse ou fizesse sol.
pois é agora brincamos mais ao burrinho da cabeça grande
A miudagem hoje é finaa.
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