As pessoas a saírem das suas ilhas
Considerado por muitos um paraíso no Atlântico, para outros os Açores constituem um destino do adeus. Analisando as estimativas da população residente em cada uma das ilhas é possível verificar que muitos açorianos saíram das suas ilhas entre 2012 e 2015.
Desde logo, a estimativa do Serviço Regional de Estatística dos Açores indica que o número total da população residente no arquipélago diminuiu, passando de 247.549 para 245.766 pessoas, ou seja, são menos 1.783 pessoas. Ao observar tal registo levantam-se algumas questões, até porque coincide com o período de governação do atual Governo Regional. Como terá sido a evolução por ilha desde o início da presente legislatura (2012) até aos últimos dados existentes (2015)? Esta é uma das primeiras questões a colocar.
O panorama é deveras preocupante. Num período de três anos estima-se que São Jorge tenha perdido 370 pessoas, o Pico 260 pessoas e o Faial 189 pessoas. Na Graciosa igualmente verificou-se um decréscimo da população residente, desde 2012 até 2015 verifica-se uma diminuição de 71 pessoas. Os resultados são, pois, desoladores para as ilhas do Grupo Central sobretudo para o dito Triângulo.
Na ilha das Flores sucedeu o mesmo estimando-se, assim, menos 87 residentes.
Os resultados também não são nada animadores para as maiores ilhas do arquipélago. Curiosamente assistimos à diminuição da população residente em São Miguel, tendo perdido 338 pessoas e a Terceira 499 pessoas. Ora até nas ilhas onde supostamente existe maior desenvolvimento económico e social se verifica um decréscimo.
O cenário não é nada animador para o Governo Regional. As políticas do atual Governo Regional não estimularam o crescimento da população açoriana, sendo que o decréscimo na maioria das ilhas tem um efeito ainda mais pernicioso. Portanto, em sete ilhas verificou-se uma diminuição da população residente num período de três anos. É certo que não contempla o último ano de legislatura por não haver dados existentes. Mas leva-nos a crer que nem tudo está a ser feito para incentivar os açorianos a ficarem nas suas terras.
Como podemos ver nem tudo é um mar rosas. Este é um cenário que nos leva a questionar que políticas têm vindo a ser adotadas.
Os testemunhos de que nem tudo está bem nas várias ilhas ganham cada vez mais força. São inúmeros os açorianos que procuram alternativas fora das suas ilhas porque não existe trabalho nas suas terras. São inúmeras as pessoas que são quase que forçadas a sair das suas ilhas, sobretudo das mais pequenas, porque procuram um melhor Serviço Regional de Saúde quando confrontados com a ausência de especialidades médicas nas suas ilhas. São também tantos que procuram uma melhor educação fora, porque o sucesso escolar esfuma-se ano após ano na nossa Região.
Questiono-me onde está efetivamente a força da nossa Autonomia? Creio que está na mudança e nuns Açores para todos. Os açorianos merecem mais e melhor.
Opinião de Carmen Gaudêncio, publicada no «Açoriano Oriental».
Saudações florentinas!!
6 comentários:
A diminuição da população nas ilhas não é deste ano nem da semana antes das eleições. Tem décadas e décadas. Só na década de 60 do século passado viemos todos para metade!
Não se deve só a governos, como certas mentes pretendem fazer crer. Tem raízes colectivas que todos nós alimentamos e, como se fosse a coisa mais natural deste mundo, aceitamos.
Refiro-me à má língua, ao mexerico, à intromissão, ao desrespeito e à marginalização. Esta gente nova não aceita viver em sociedades amesquinhadas deste tipo, e procura nos meios grandes formas de viver mais saudáveis.
Quem está na idade ativa e já se instalou, não sai das ilhas pequenas. Agarra-se como pode ao trabalho que tem e sacode com os mais novos, melhor habilitados, que se querem instalar. Ninguém conhece casos destes?
A fixação de gente nova e habilitada obedece a regras, que, como toda a gente sabe, não tem em conta a competência, os currículos e os méritos escolares obtidos. A norma assenta na cunha, no amigo e na ficha dos partidos. Uma ou outra fixa-se pelo palmo de cara que tem.
Isto traz o quê? Atraso, Incompetencia, Inépcia, Malandrice e uma brutal Corrupção. Um povo ou uma sociedade que sacode com os seus melhores, para dar guarida aos piores, espera o quê do futuro? Uma sociedade que menospreza o mérito para valorizar "os conhecimentos sociais", enfraquece, defina, e mais cedo ou mais tarde morre.
Qual foi o mote principal do debate eleitoral nas Flores? Qual foi? O empregozinho deste e daquele obtido sabe lá Deus como, e as entradas pela porta do cavalo. E quantos e quantos com qualidade, bons noutras partes da região e do mundo, ficaram para traz?
Anónimo das 15:36, não vale a pena discutir a política florentina! Não merecem as palavras que gastamos com eles tal é a mediocridade de tais personagens!
A filha de um ocupa o cargo tal, o genro do outro "apanhou" o lugar tal, o irmão do outro entrou para um emprego publico, o filho da sopeira da outra entrou para um rico emprego... a Maria das Lapas, que como se observa tem boa perna, arranjou um emprego a secretariar fulano de tal. Esta foi uma das temáticas largamente debatidas pelos candidatos e objecto de acusações.
Vergonhas da minha cara ir ali discutir coisas destas! Muita necessidade tem esta gente de ganhar o ordenado de deputado. Muita vontade tem esta gente de mandar. Muita necessidade de reforço tem o ego desta gente.
Esta gente nova procura formas de viver mais saudáveis nos meios grandes? Talvez não tenhamos o mesmo conceito de "saudável". Ou talvez o meu amigo anónimo não tenha nunca verdadeiramente vivido num meio grande para saber o que é a experiência quotidiana de estar permanentemente rodeados de milhões de pessoas que querem é que o seu próximo vá morrer longe. É tudo menos saudável viver num meio "grande". É apenas muito triste.
E na bisbilhotice safada e invejosa da aldeola?
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