Rainer Werner Fassbinder - "Die bitteren Tränen der Petra von Kant"...
Venho apenas deixar aqui a minha modesta e humilde opinião e reconhecimento a este magnífico grupo de trabalho que quanto a mim de "amador" só têm o nome e o orçamento.
Pois é... fui um daqueles (e infelizmente não foram muitos) que trocaram na noite de sábado o "joguito" da Selecção Nacional pelo teatro local, e meus amigos, não perdi nada com isso, nem tão pouco me senti menos lusitano, senti-me sim um pouquinho mais Florentino, por ter apoiado aquilo que é nosso e assim se espera de todos nós a coragem de não afirmar mais tarde em banal conversa de café que "Nesta terra nada acontece".
Mas vamos ao que interessa... Já calculava pelo pouco que conhecia do autor alemão que a coisa não era tarefa fácil (por acaso já tinha visionado "a correr" a adaptação para longa-metragem), acrescente-se o facto de que esta obra aborda temáticas um pouco difíceis, mas nem por isso menos actuais e reais, depois vem ao de cima o facto de que (habituados às excelentes revistas com que nos tem presenteado este Grupo de Teatro) esta não era uma peça de comédia, não deixando por isso de ser uma aposta ganha, provando que nem só de risos vive esta arte, caso contrário pobre de sir William e do seu Hamlet (mas sem dúvida este facto terá infelizmente condicionado a afluência do público).
Mas eu gostei... Gostei bastante... Gostei da adaptação e do cenário... Mas gostei muito mais da brilhante actuação de Dora Valadão, não menosprezando de forma nenhuma o excelente trabalho deste talentoso elenco de 6 mulheres, (sim foi uma peça totalmente feminina e já não é a primeira) mas mais uma vez sobressaíram as qualidades da cabeça de cartaz, que ao longo deste renascer da "Jangada", tem sabiamente "vestido" todos os papeis que lhe dão e “Frau” Von Kant não foi excepção, por tudo isso nota "+" para todo o elenco.
Gostei... Gostei de certos pormenores... Gostei da música (não sei de quem veio a ideia e a selecção musical, mas foi bastante agradável), gostei bastante de ver certos momentos "enfatizados" com o som de "La vie en Rose" na voz da intemporal Edith ou "La Bohéme" com Charles Aznavour, denota o cuidado que se tem em certos pormenores, coisa que só acontece a quem se preocupa com a qualidade daquilo que apresenta. (O fundo musical é sem dúvida uma mais valia que poderia ser melhor explorada em futuros trabalhos.)
Não queria acabar de opinar, sem deixar uma nota sobre o excelente trabalho que nós público não vemos (à excepção do resultado final claro) mas que enobrece todo este trabalho e sem o qual nada deste esforço resultaria. São aqueles que não dão a cara, mas que dão os braços à arte de decorar, de pintar, de construir, de iluminar, etc... A todos vocês o meu reconhecimento pela vossa dedicação, porque já Cervantes sabia como é difícil lutar contra "moinhos de vento".
Todos têm direito de discordar deste artigo. E eu... Eu tenho direito a uma opinião!!!