domingo, 27 de dezembro de 2009

Pierluigi: de Itália para a ilha das Flores

Movido pela vontade da descoberta, na década de 80 Pierluigi Bragaglia deixa Itália e parte para os Açores. As paisagens e as gentes da ilha das Flores conquistam-no e depois de regressos sucessivos, um dia mudou-se para a mais ocidental das ilhas do arquipélago. Nos mais de 15 anos em que vive nas Flores, Pierluigi Bragaglia tem-se dedicado a trilhar a ilha, criando roteiros que possam contribuir para o conhecimento daquela a que chama as Caraíbas portuguesas.

Uma bolsa de estudo viabiliza a mudança de Pierluigi Bragaglia desde Itália para a ilha das Flores. «Fiz uma tese sobre os Açores e a Madeira», conta-nos o italiano. O escritor relembra: «comecei por vir de férias aos Açores porque era o sítio da Europa de que menos sabia e quis vir ver de perto. Vim pela primeira vez em 1985. Nos anos 90 mudei-me [em definitivo] para as Flores».

Explorar a ilha foi desde sempre uma tarefa que Pierluigi realizou com gosto. Ao longo dos anos foi partilhando as suas descobertas com o público através de roteiros. Parte desses trabalhos estão, agora, reunidos num só volume: «Ilha das Flores - Açores: Roteiro Histórico e Pedestre». O autor fala sobre a obra com entusiasmo: «são quase 400 páginas sobre as Flores. O roteiro histórico e pedestre da ilha das Flores assume-se como um manual de instruções ambivalente, uma ferramenta para quem esteja interessado, por um lado, em pesquisar as diversas temáticas históricas que a ilha inspira, por vezes aqui reinterpretada com outro olhar. E por outro lado, também para quem queira visitar fisicamente a mesma ilha na prática, sabendo se tem de virar à esquerda ou à direita ao longo de um dos seus magníficos trilhos».

Quando a bolsa de estudo terminou, o regresso a Itália não fazia sentido. Ainda hoje Pierluigi Bragaglia confessa que «voltar nem lhe passa pela cabeça. Itália só para férias». Reunir turistas e fazer percursos pedestres pelas Flores foi uma forma de sobrevivência. A este trabalho juntou o projecto Argonauta, hoje uma casa de hóspedes. Mas nem sempre assim foi. «Comecei o Argonauta com uma casa antiga que foi restaurada ao longo dos anos. Começou como uma espécie de pousada da juventude e, aos poucos, foi evoluindo para uma casa de hóspedes», diz Pierluigi Bragaglia.

O italiano das Flores gosta de chamar à sua ilha e à vizinha, o Corvo, as Caraíbas portuguesas por serem «exóticas, e porque estão assentes na placa [tectónica] americana». Pierluigi Bragaglia afirma que as Flores têm sempre um mundo para descobrir. A beleza paisagística da ilha, juntamente com «o baixo nível populacional (menos de quatro mil pessoas) e as características afáveis das suas gentes» cativaram-no há mais de 15 anos e continuam a ser os pilares da sua estadia em Portugal. «Sempre me senti em casa», comenta sorridente.

A sua mais recente obra, o roteiro «Ilha das Flores – Açores: Roteiro Histórico e Pedestre» divide-se em três capítulos. O primeiro é dedicado à «apresentação da ilha e do roteiro», seguindo-se depois viagem «de Santa Cruz às Lajes das Flores: as duas vilas e a costa sudeste». A terminar, um capítulo sobre «o sudoeste, as lagoas e o extremo ocidental europeu». O roteiro está à venda na internet.


A presente "reportagem" foi publicada (originalmente) no sítio «Café Portugal: prazeres de viagem e de passeio».
Saudações florentinas!!

3 comentários:

Anónimo disse...

Grande senhor o nosso Pierluigi.

CAM disse...

Parabens Pier, , MUITISSIMOS deram o seu melhor ao serviço dessa BELA ILHA e NOBRE POVO e deles pouco ou na reza a Historia.
Bom ano para todos os FLORENTINOS

Anónimo disse...

Parabens pelo exelente trabalho.
Argonauta rules!!!!

de um pierre para outro pierre.