sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Pequenas lembranças eleitorais... (V)

Não é apenas mais IRS. É mais tudo. Tudo o que mexe e tudo o que é inanimado. O que se tem e o que se perde. Quando rasteja e quando voa. Paulo Portas acaba a mandar tributar o pai, a mãe, o avô, a avó, o gato e o periquito.

O aumento do IRS é avassalador, não apenas por causa da sobretaxa, mas através da redução do número de escalões do imposto. Essa redução [dos escalões de IRS], na prática, é apenas uma forma encapotada de aumentar o imposto.

Mas não são só as taxas. São as deduções específicas, as deduções à colecta, os benefícios fiscais. É o regime simplificado dos recibos verdes. É, nos outros impostos, taxas liberatórias nas rendas. O tabaco. O IMI, apesar do recuo na cláusula de salvaguarda. Este será o Orçamento mais extensivo de sempre, tributa quase à peça. É como se, além de tributar um sapato, tributasse a sola, a meia-sola, o salto, o couro e cada atacador.

O risco de tudo isto está mais do que diagnosticado: o aumento da economia paralela; e a espiral recessiva, em que se aumenta cada vez mais os impostos para uma receita cada vez menor numa economia progressivamente recessiva e repleta de desempregados.

Pedro Santos Guerreiro, editorial do «Negócios»

Os aumentos de impostos anunciados para o Orçamento do Estado para 2013 representam “napalm fiscal”, ou um sismo fiscal de magnitude oito, com efeitos devastadores sobre a economia, segundo Bagão Félix, conselheiro de Estado e antigo ministro da coligação PSD+CDS [de 2002 a 2005].

“A ideia que se dá ao País é que não vale a pena investir no futuro, no trabalho, na dedicação, no profissionalismo, no êxito, no sucesso. Não, não vale a pena. Porque, a partir de uma determinada altura, é um napalm fiscal, arrasa tudo. É devastador”, disse o antigo ministro das Finanças e da Segurança Social, ontem à noite na SIC Notícias.

Bagão Félix considerou, ainda, que "o ministro das Finanças não foi correcto" ao dizer que ia devolver um dos subsídios cortados aos funcionários públicos e pensionistas, porque com as alterações no IRS e a sobretaxa "não chegam a recebê-lo".

“O que nós estamos em presença é de um terramoto fiscal. A única dúvida é, na escala de Richter, se é 7, que é destruidor; se é 8, que é devastador. Porque isto dá cabo da economia”, disse Bagão Félix.


Notícia: jornal «Público».

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