quinta-feira, 14 de maio de 2015

Preservar o património imaterial da construção dos nossos botes baleeiros

Deverá ser efetuado um levantamento dos processos e técnicas tradicionais de construção dos botes baleeiros, "o mais importante vestígio material do património baleeiro e da cultura" da caça à baleia, que terminou nos Açores no início da década de 1980.

Admitida a existência de técnicas de construção específicas de alguns lugares que deram origem a botes baleeiros diferenciados, é importante conhecer efetivamente melhor esta dimensão imaterial, designadamente entender as várias técnicas, estudá-las, conhecer as comunidades nas quais surgiram, as vivências que lhe eram inerentes e as inúmeras razões que terão levado a essas especializações.

A ilha de São Miguel, por exemplo, terá desenvolvido uma técnica de construção distinta e à semelhança deste, outros locais poderão também ter conhecido técnicas diferentes, sendo o bote baleeiro açoriano descrito por muitos especialistas como "a mais perfeita embarcação que alguma vez sulcou os mares".

Além disso, a história da baleação nos Açores revela-se transversal a todas as ilhas do arquipélago, configurando uma importante e incontornável peça histórica da identidade insular e cultura.

Assim, uma resolução da Assembleia Legislativa dos Açores recomenda ao Governo Regional que "desenvolva os procedimentos necessários à identificação e inventariação dos diferentes processos e técnicas tradicionais de construção dos botes baleeiros e das suas especificidades na história e no património imaterial da baleação dos Açores".

A inventariação deve estar concluída no prazo de um ano e meio. O fim da caça à baleia nos Açores, no início dos anos 80 do século XX, deixou muito património abandonado.

O bote baleeiro açoriano estava especialmente adaptado às condições de navegabilidade do mar dos Açores e ao modelo de baleação costeira praticado no arquipélago. O primeiro bote baleeiro açoriano foi construído em finais do século XIX, nas Lajes do Pico, pelo mestre Francisco José Machado, o 'experiente', e resultou da capacidade criativa e do génio dos construtores navais açorianos.


Notícia: jornal «Açoriano Oriental».
Saudações florentinas!!

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