quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Importa preservar ‘oásis’ no nosso mar

Durante duas semanas, uma equipa científica internacional estudou a vida marinha das zonas costeiras e nos bancos de baixa profundidade das ilhas de São Miguel, Santa Maria e ilhéus das Formigas a partir do Plan-B, o navio da Fundação Waitt.

Esta expedição científica teve como objectivo principal promover um levantamento exaustivo dos valores naturais marinhos presentes na Região e documentar em filme os trabalhos realizados, tendo sido avaliadas as actuais zonas incluídas no Parque Marinho dos Açores.

Realizaram-se dezenas de filmagens em oceano aberto e nos montes submarinos de baixa profundidade (até 200 metros), vários seguimentos com marcas electrónicas de grandes animais pelágicos, como as jamantas, e uma enorme quantidade de registos de vídeo e fotografia para documentar as riquezas naturais da Região e a importância dos habitats dos Açores para esses animais e plantas: de áreas de maternidade de cachalotes e tartaruga-boba marinhas, a grandes agregações de jamantas adultas, passando pelo registo de pradarias de algas e a miríade de peixes que delas dependem em baixas oceânicas, de bancos de corais e esponjas de profundidade na plataforma das ilhas, ou dos locais de crescimento de meros, uma espécie considerada “ameaçada” pelos investigadores.

Durante a expedição foi possível comprovar “a fragilidade” dos ecossistemas únicos que os investigadores encontraram no mar dos Açores. Embora faltem alguns meses para analisar todo o manancial de informação científica, foram já notórias diferenças entre zonas onde existe uma efectiva protecção para outras mais exploradas.

O chefe da equipa, o professor Emanuel Gonçalves, deixou claro que a par de zonas onde os investigadores “ficaram tristes” com o impacto de uma pesca intensiva, onde “é preciso reduzir o esforço de pesca”; encontraram outras zonas que “são oásis únicos e frágeis” que “é importante proteger” no mar dos Açores.

Os investigadores registaram diversas espécies exóticas e potencialmente invasoras, bem como a ocorrência de espécies subtropicais que, com as alterações globais, poderão aumentar de frequência na Região. Os muitos aparelhos de pesca perdidos em zonas legalmente protegidas, e encontrados pelos mergulhadores, “são sinais evidentes da necessidade de promover acções concretas de conservação, nomeadamente através do estabelecimento de áreas marinhas protegidas eficazes, para a conservação das riquezas destes mares e a promoção do desenvolvimento sustentável das actividades económicas de que a Região depende”.


Notícia: jornal «Correio dos Açores».
Saudações florentinas!!

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