«Preto no Branco» #17
Meia dúzia de rabiscos que até rimam (2/3)
III - DOMINGO
Domingo Santo iça bandeira, o pranto.
Missa lava bandalheira que o povo ungido, depois reunido,
Tem o cozido preparado e o fato engomado, para o Fado.
Faz sol na arena, há futebol e a crítica não é amena.
Sempre se acaba na política que a noite espreita trabalheira,
Castelos de areia, Segunda-feira.
Agora é Dante, o tempo caminhante deu cabo da cadência da excelência
E dos finados dias louvados.
Foi-se a bandeira, o sino e o hino.
O cozido substituído por saladas ultrajadas.
É pena. Não há crítica, nem política, ou sequer futebol.
Que tristes animais somos sem rituais!
Com sorte, se houver um farol,
Alguém nos merece. E manda um sms que diz lol.
Prevalece interesse briol. Que se lixe!
Acabem lá de vez com o firmamento! Isso é que era fixe!
Apenas um pedido, não matem o cozido, alimento sagrado,
Dum agrado que é passado.
Ou será futuro?
Aguardo.
IV - LUTA
Podemos não mudar a Terra,
Talvez seja fantasia.
Mas sempre que vamos à guerra
Desde com alegria,
Trazemos a nossa especiaria,
Um mar memória,
Honra e Glória. De conquilharia.
Um dia, alguém nos vai derrotar,
Até matar.
Mas o legado não será desligado,
Fica no seu lugar.
Esse, jamais poderão enterrar.
Ricardo Alves Gomes
Lisboa, Julho de 2007
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