terça-feira, 22 de julho de 2008

Quem descobriu os Açores?? Afinal talvez não tenham sido os portugueses quem cá chegou primeiro...

O investigador Joaquim Fernandes, da Universidade Fernando Pessoa (no Porto), lançou [no passado dia 8] o romance "O Cavaleiro da ilha do Corvo", onde defende, baseado em factos reais, que a descoberta do arquipélago dos Açores ocorreu muito antes da chegada dos portugueses.

O professor universitário Joaquim Fernandes recorda como os navegadores portugueses que chegaram à pequena ilha do Corvo, nos Açores, em meados do século XV, encontraram ali uma intrigante estátua de pedra, representando um cavaleiro com traços característicos do norte de África.

A notícia, normalmente ignorada nos relatos oficiais, tem no entanto uma fonte histórica autorizada: Damião de Góis (1502-1574), o grande humanista português do Renascimento, que descreve, com algum detalhe, no capítulo IX da sua Crónica do Príncipe D. João, escrita em 1567, as circunstâncias em que o inesperado monumento - "antigualha mui notável", como lhe chama - foi achado no noroeste da pequena ilha, a que os mareantes chamavam "ilha do Marco".

O cronista [Damião de Góis] refere que a descoberta [da estátua] ocorreu no período a que classificou de "nossos dias", ou seja, no seu tempo de vida, provavelmente entre os finais do século XV e os inícios de XVI, no decurso do reinado de D. Manuel I e durante as primeiras tentativas de colonização da ilha do Corvo.

O monumento era "uma estátua de pedra posta sobre uma laje, que era um homem em cima de um cavalo em osso, e o homem vestido de uma capa de bedém, sem barrete, com uma mão na crina do cavalo, e o braço direito estendido, e os dedos da mão encolhidos, salvo o dedo segundo, a que os latinos chamam índex, com que apontava contra o poente."

"Esta imagem, que toda saía maciça da mesma laje, mandou el-rei D. Manuel tirar pelo natural, por um seu criado debuxador, que se chamava Duarte D`armas; e depois que viu o debuxo, mandou um homem engenhoso, natural da cidade do Porto, que andara muito em França e Itália, que fosse a esta ilha, para, com aparelhos que levou, tirar aquela antigualha; o qual quando dela tornou, disse a el-rei que a achara desfeita de uma tormenta, que fizera o Inverno passado", refere o cronista.

"Mas a verdade foi que a quebraram por mau azo; e trouxeram pedaços dela, a saber: a cabeça do homem e o braço direito com a mão, e uma perna, e a cabeça do cavalo, e uma mão que estava dobrada, e levantada, e um pedaço de uma perna; o que tudo esteve na guarda-roupa de el-rei alguns dias, mas o que depois se fez destas coisas, ou onde puseram, eu não o pude saber", acrescenta.

A este estranho monumento juntou-se a descoberta, no século XVIII, de um não menos perturbador vaso de cerâmica, achado nas ruínas de uma casa, no litoral da mesma ilha [do Corvo], repleto de moedas de ouro e de prata fenícias, que, segundo numismatas da época e não só, datariam de, aproximadamente, entre os anos 340 e 320 antes de Cristo.

No romance, o autor refere um testemunho que reforça de modo evidente o relato de Damião de Góis: um mapa dos irmãos Pizzigani, de 1367, descoberto em Parma um desenho, uma forma de aviso, com uma legenda em latim onde se diz: "Estas eram as estátuas diante das colunas de Hércules..." Ora esse desenho está colocado à latitude dos Açores, no meio do Atlântico, sugerindo a tradição das Estátuas como marcos-limites do oceano navegável ou conhecido e serviriam para avisar os perigos que corriam os navegadores mais ousados.

O livro «O Cavaleiro da ilha do Corvo» da autoria de Joaquim Fernandes foi lançado [no passado dia 8] no Palácio Valenças, em Sintra.


Notícia: «Portugal Diário», «Açoriano Oriental», «Notícias.RTP - Rádio e Televisão de Portugal» e revista «Visão»; adicionalmente pode também ser lida uma entrevista do autor do livro ao «Açoriano Oriental».
Saudações florentinas!!

1 comentário:

Fórum ilha das Flores disse...

Leia-se a interessante notícia do «Correio dos Açores»: o romance «O Cavaleiro da ilha do Corvo. A conspiração dos Cristoforos», do historiador Joaquim Fernandes, já tem um projecto para cinema numa adaptação de Elsa Wellenkamp, ex-realizadora da RTP.