quinta-feira, 7 de março de 2013

Florentino eternizou História do Brasil

O espólio fotográfico de José Christiano Júnior é muito respeitado na América Latina. Trata-se, dizem os especialistas, de documentação antropológica. Esse espólio regista a escravatura negra no século XIX, as fotografias eram vendidas aos turistas como "souvenirs".

José Christiano Júnior, fotógrafo açoriano, é um dos grandes responsáveis pelo acervo fotográfico que dá conta da escravatura no Rio de Janeiro, no século XIX. Natural da ilha das Flores, José Christiano de Freitas Henriques Júnior deixou um importante espólio de imagens, hoje guardado no Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional do Brasil.

O fotógrafo, nascido na ilha das Flores em 1832, emigrou para o Brasil em 1855 e iniciou a sua actividade em 1860. Três anos mais tarde, já no Rio de Janeiro, dedica-se a captar imagens da população cativa da cidade. De facto, quando essas fotografias são produzidas, a população de negros escravos que trabalha nas ruas da cidade é de 55 mil pessoas, um terço da população total. De acordo com os especialistas, muitos desses registos são acompanhados de anotações que identificam a nação dos escravos, o que indicia as suas preocupações antropológicas.

São os retratos de corpo inteiro que mostram os diferentes ofícios a que os escravos se dedicavam. Há vendedores de frutas, barbeiros, amoladores de facas; imagens vendidas no comércio local como souvenirs. De acordo com os especialistas, José Christiano Júnior conhecia bem a obra dos pintores do início do século, já que as suas fotografias são semelhantes aos trabalhos destes artistas. Em 1866, o fotógrafo florentino ganhou a medalha de bronze na Exposição Nacional.

Em 1866, José Christiano Júnior instala-se em Buenos Aires, na Argentina, onde inicia uma maciça produção de retratos. Investigadores argentinos que examinaram o seu trabalho - depositado no Archivo General de La Nación - estimam que o fotógrado produziu mais de 4 mil retratos entre 1873 e 1875, o que perfaz uma média de cinco clientes por dia.

O sucesso fê-lo inaugurar um novo ateliê, desta vez dedicado ao público infantil. O estúdio foi destruído pelo incêndio em 1875. Nesse ano, aliás, José Christiano Júnior tornou-se o fotógrafo oficial da Sociedade Rural Argentina. Aos poucos, o florentino vai amadurecendo a ideia de desenvolver um álbum com imagens do país. Em 1876 é editado o primeiro volume desse trabalho, intitulado «Album de vistas e costumes de la Argentina»: composta por 16 imagens da cidade de Buenos Aires, a obra é ainda acompanhada de textos explicativos em quatro idiomas. Trata-se do primeiro trabalho deste género produzido na Argentina.

José Christiano Júnior decide vender o estúdio em 1878, no auge da sua carreira. A decisão ficou a dever-se à vontade de continuar os álbuns dedicados à Argentina, que entretanto já contavam com um segundo volume dedicado às personalidades urbanas e às construções modernas e históricas do país. Entre 1879 e 1883, o florentino conhece as mais variadas regiões do país. O seu trajeto, feito em cima de uma mula, é contado nos jornais da época. Já em 1883, o fotógrafo deixa o seu último ateliê, na cidade de Corrientes, abandonando temporariamente a fotografia e dedicando-se à produção e ao comércio de licores.

José Christiano de Freitas Henriques Júnior faleceu aos 70 anos de idade. Os últimos anos foram passados a pintar fotografias. Um artigo de Marcelo Eduardo Leite dá conta da importância do açoriano: "As imagens deixadas no Brasil e na Argentina por Christiano Júnior são um testemunho da sua peculiar forma de ver e, sem dúvida, apresentam-se como uma referência incontornável para a reflexão a respeito da História social da América Latina".


Notícia: jornal «Diário Insular».
Saudações florentinas!!

3 comentários:

Anónimo disse...

Ultima hora.Acabo de passar pelo Site da Camara Municipal das Lajes das Flores onde tive o prazer de apreciar novas fotografias das grandes obras que esta Camara está a fazer. Vou salientar os nomes de algumas começando pelo o novo Museu das Flores, obra essa muito moderna nas Flores. Tambem não queria deixar de referir aquele Miradouro do Porto em Proa de barco, e por último o Miradouro da Pedrinha que nas fotografias está a ficar um espectáculo. Ao Senhor Presidente e seues colaboradores os meus Parabéns pelas excelentes obras. Assina o sempre atento para o melhor no Concelho das Lajes

Anónimo disse...

Pede á Camara para colocar as fotos da Piscina! estao um espectaculo!

Anónimo disse...

É bom é que alguem se lembre de ter alguem a tomar conta dessa piscina porque senão não leva 2 (dois) meses até que seja tudo vandalizado pelo Fabio Canoca e pessoal da mesma raça. Juventude que nao quer nada da vida, não trabalha, roubam(como foi o caso do reçém nascido clube naval das Lages) e não prestam. Deviam ser expulsos da ilha esses parasitas da sociedade que tanto estragam a ilha das Flores.