segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Há sede de livros na ilha das Flores

Nas Flores não há livrarias. Para que os florentinos possam comprar livros, a Biblioteca Municipal de Santa Cruz organiza uma feira. As vendas são um sucesso. O povo leitor prefere os romances.

A Biblioteca Municipal de Santa Cruz está a organizar uma Feira do Livro na ilha das Flores, que se justifica sobretudo pela falta de livrarias na ilha, uma fenómeno que existe de forma persistente. Andreia Silva, da organização em 2012 da Feira do Livro nas Flores, afirmou ao jornal «Diário Insular»: "Os livros mais procurados são sem dúvida os romances, de escritores portugueses ou estrangeiros, e os livros infantis".

- Como se resolve no dia-a-dia das pessoas que residem na ilha das Flores a inexistência de livros à venda no mercado local?

- Apesar de haver uma papelaria onde se podem encontrar alguns livros, nomeadamente infantis e sobre a ilha, a Biblioteca Municipal de Santa Cruz procura manter um acervo atualizado de romances, monografias temáticas, literatura infantil e juvenil, de forma a ir ao encontro das necessidades da população e suprir a falta de livrarias durante o resto do ano em que a feira não funciona.

- A Feira do Livro das Flores vive[u em 2012] a sua quarta edição, o que já significa alguma longevidade. Qual o balanço que faz da iniciativa, designadamente no que diz respeito ao volume de vendas e aos principais interesses dos clientes/leitores?

- A iniciativa foi um sucesso desde o início, exatamente pela falta que faz ter uma livraria na ilha. Todos os anos conseguimos vender mais de metade dos livros que nos chegam da Bertrand, cerca de 300 exemplares num mês, balanço bastante positivo. Os livros mais procurados são, sem dúvida, os romances, de escritores portugueses ou estrangeiros, e os livros infantis, facto que penso justificar-se pela época natalícia que a feira contempla.

- A crise que vivemos - que empurra as pessoas para a resolução de necessidades básicas, destacando-se entre elas as provisões alimentar essenciais às famílias - estará, dalguma forma, a refletir-se este ano na Feira do Livro, designadamente com menos vendas e menos afluência?

- Uma vez que a feira está ainda na sua primeira semana, é cedo para tirar conclusões, mas posso adiantar que até agora a crise não parece ter afetado a procura dos nossos livros por parte da população. Temos pouco mais de meia centena de exemplares vendidos em apenas três dias, o que para nós é óptimo.

- Para quem vive fora da ilha das Flores, pode parecer estranho o facto de não existirem livrarias abertas ao público e com literatura variada para quem se interessa apenas por ler ou para quem necessita de qualquer tipo de apoio bibliográfico. Em seu entender, a inexistência de livrarias nas Flores deve-se a quê? Falta de população/clientes em número suficiente ou desinteresse generalizado pela leitura?

- Penso que o desinteresse pela leitura não é um fator, até porque ao longo do ano temos uma afluência bastante grande de leitores aqui na Biblioteca Municipal de Santa Cruz. Talvez a população reduzida nunca tenha atraído quem quer que se pudesse interessar pelo negócio, com receio de não resultar.

- Sem livrarias, como resolvem as escolas locais o acesso a livros escolares e no geral, o acesso a literatura, uma vez que a leitura é considerada essencial ao desenvolvimento integral (e escolar) das crianças e dos jovens?

- Em relação aos livros escolares, estou certa de que a própria biblioteca escolar consegue colmatar essa necessidade e quanto à literatura, penso que os nossos jovens ainda estão pouco sensibilizados para a importância da leitura, uma vez que a maioria só nos procura quando não tem outra alternativa e a escola exige a leitura de determinado livro para determinada disciplina.

- Uma biblioteca, no caso municipal, numa terra sem livrarias pode ser vista á distância como uma espécie de oásis. Como caracteriza a movimentação diária na Biblioteca Municipal de Santa Cruz? O público compensa aí a falta de livros ou não? Os estudantes procuram na Biblioteca colmatar a falta de livrarias?

- Podemos dizer que a nossa Biblioteca é mais movimentada que a maioria, pois, para além do empréstimo de livros, disponibilizamos computadores, organizamos exposições, fazemos atividades com crianças e temos inclusive uma sala onde elas podem brincar, ver filmes, ler, etc... Apesar de não conseguirmos substituir uma livraria, disponibilizamos uma série de serviços tendo sempre em vista colmatar as falhas que podem existir a nível cultural e pedagógico na ilha.

- O recurso a compras online é considerado, hoje, determinante para pequenas comunidades sem massa crítica que viabilize, por exemplo, a existência de negócios relacionados com a cultura, como parece ser o caso na ilha das Flores. Como analisa o mercado online nas Flores de produtos como livros e outros de cariz cultural?

- As compras online são, de facto, a forma mais viável de adquirir os produtos que aqui na ilha não se conseguem encontrar, e os livros são sem dúvida um desses produtos.


Notícia: jornal «Diário Insular», edição de 23 de Novembro de 2012.
A Feira do Livro 2013 decorre desde dia 7 de Dezembro até ao próximo dia 24, com as portas abertas das 10 horas às 18 horas na Biblioteca Municipal de Santa Cruz, junto à Praça Marquês de Pombal.

Saudações florentinas!!

10 comentários:

Anónimo disse...

Quando as camaras tem ideia para construir um cemiterio para caes?
Alguem sabe o que se faz com os animais domesticos que morrem?

Anónimo disse...

Votação para direcção administrativa do Lar de idosos das Lajes hoje pelas 20h.
Atenção velhinhos é tudo gente que veste saias.

Anónimo disse...

Hoje compram-se livros pela net em qualquer parte do mundo.
Longe vão os tempos da biblioteca itinerante da Calouste Gulbenkian.

Anónimo disse...

No meu fraco entender os animais dómesticos deveria ser enterrados no quintal do dono.

Anónimo disse...

Em resposta ao Anónimo de 16, 15h51, eu digo: Os meus foram sepultados digna e amorosamente, com muitas lágrimas, no meu jardim, embrulhados num pano e colocados dentro de uma caixa de cartão, em local identificado.
De qualquer modo, concordo e apoio plenamente com a sua ideia.

Anónimo disse...

ao anónimo de 16, 17h27: Mas foram os únicos que que conseguiram gerir aquilo com honestidade, isenção e competência. Concorda?

Anónimo disse...

Há quem não tem quintal...

Anónimo disse...

Ao anónimo de 16/12, 21h37, gostava de dizer que uma coisa é a aquisição e a leitura virtual de livros, muito prática e até por vezes mais económica, eu já o experimentei,outra é a sensação única, de manusear e folhear fisicamente um livro, ou pô-lo na mesa de cabeceira. "Tá" (como se diz agora)?
Boas Festas e boas leituras, virtual ou fisicamente, como preferir; se é que é leitor habitual!...

Anónimo disse...

Nas livrarias virtuais compram-se livros, com capa de cartão e folhas de papel imprimidas, que se podem colocar à mesa de cabeceira.
A grande vantagem é a de se ter uma escolha variadíssima, impossível de encontrar numa livraria real, ainda por cima nas Flores.

Anónimo disse...

A biblioteca pertence á Camara Municipal!