quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Memórias da baleação na ilha do Corvo

Eis que o homem sonha e a obra nasce... Em boa verdade depende do sonho e depende do homem. Neste caso temos um sonho do presidente da Câmara Municipal do Corvo, Manuel das Pedras Rita, que o contou a outro sonhador e executante de sonhos, Tomaz Vieira. Mas sabendo em pormenor qual esse sonho: que as presentes e futuras gerações corvinas tivessem um bote baleeiro no seu património cultural, histórico e humano.

Contado o sonho, e atentamente ouvido, foram postas mãos à obra e passados uns meses e muito trabalho por parte de muitas pessoas envolvidas com outras tantas boas-vontades, eis que surge o sonho realizado. O bote em questão arqueia o nome de “O Corvino”, cuja construção data de 1965 tendo como oficial de construção José Vieira Goulart, mais conhecido por José da Ponta, que era oficial baleeiro (mestre da arrais) e que era um artista multifacetado, tendo entre as suas artes e ofícios: músico, maestro, regente, pedreiro, carpinteiro, baleeiro, etc.

“O Corvino” ancorou na ilha do Corvo no passado mês de Outubro com toda a dignidade e verticalidade, próprias de quem exemplarmente levou uma vida de maresias, com a balouçante faina à baleia que durante décadas foi responsável pela sobrevivência de muitas famílias em muitas das nove ilhas açorianas. Esta relíquia dos tempos onde a História contará as suas histórias, pode ser visitada no centro da Vila do Corvo, num local apropriado para o efeito: a Casa do Bote.

Por agora fica esta pequeníssima introdução, já que toda a história bem como muitas outras serão contadas pelos próprios intervenientes num trabalho em vídeo a publicar em breve.

Muito obrigado ao presidente da Câmara do Corvo, Manuel Rita, a Tomás Vieira, a Manuel Monteiro Machado (responsável pela reconstrução estrutural do bote), a Manuel Homem da Silva (responsável pelo “aparelho” palamenta) e a todos os que tornaram possíveis estas imagens, bem como o vídeo.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

5 comentários:

Anónimo disse...

É uma iniciativa do maior iinteresse,dada a importância que a baleação teve em todas as Ilhas dos Açores, económica e socialmente.
É no entanto discutível o local onde foi colocado.O Museu? recentemente inaugurado, ou mesmo uma zona mais próxima do seu ambiente natural (o local de arrear), teriam sido, porventura, mais interessantes,se calhar até com uma arquitectura diferente (nunca vi nenhuma casa dos botes daqule feitio, embora não as tenha conhecido todas.
Mas o essencial é que lá esteja.
Deus queira que a falta de consenço local nessa matéria, não façam com que, mudados os actores de cena, a obra não seja ignorada e abandonada ao esquecimento, como muitas vezes acontece, com obra que não é "nostra".
O futuro dirá.

Anónimo disse...

Caro anónimo da 1.49m
Concordo com os pontos por si enunciados e um alerta atempado às gerações futuras.No que diz respeito
à arquitectura estou em pleno desacordo.É uma geometria antiquíssima que seria usada para poupar materiais.Já os Vikings a usaram e nos Açores também.Tenho ,por exemplo,uma foto de meados do século passado, com 8 construções destas no porto baleeiro do Comprido no Capelo Faial,só que eram feitas com canas da rocha.
N.F.

Anónimo disse...

Caro Anónimo das 11,06
Obrigado pela informação; como disse, não conheci, nem pouco mais ou menos, todas as casas de botes.Já que me parece condescender com a minha opinião, àcerca da localização,convenhamos que, se a escolha tivesse recaído numa zona mais próxima do Boqueirão,e depois de saber o que me conta,o aspecto arquitectónico seria para mim bem mais pacífico, sobretudo do ponto de vista visual e do impacto paisagístico.
O meu apreço por ter alimentado o debate de ideias àcerca desta questão, o que é sempre útil e enriquecedor, a todos os títulos. Já manifestei aqui esse desejo,àcerca de outros assuntos de semelhante interesse.
P.N.

Anónimo disse...

É discutível esta construção no Corvo, assim como um bote. Nunca existiu uma armação baleeira no Coro com sede no Corvo. O que por existiu foram botes das Flores e não sei se de outras Ilhas, que por alí estavam no Verão a trabalhar. Com sede no Corvo, não houve nenhuma.

Anónimo disse...

No meu modesto entendimento, não importa o facto de não ter existido qualquer Armação no Corvo, nem mesmo embarcações da própria Ilha.
O que importa, creio, é que a Ilha e as suas gentes, sobretudo estas, participaram na actividade. A história e a tradição, não são propriedade de ninguém em absoluto.São contributo de todos os que para elas concorreram e constituem um legado às gerações futuras.E esse legado é de todas as Ilhas, sem excepção.