sábado, 7 de novembro de 2015

Orquestra Regional Lira Açoriana: um projeto de comunhão através da música

“Encontrámos na ilha das Flores condições fantásticas de alojamento, alimentação e socialização. A comunidade local acolheu-nos muitíssimo bem, o que fez com que tudo resultasse na perfeição”, afirma Marco Torre, coordenador do projeto que reativou a Orquestra da Lira Açoriana.

A nossa conversa foi de uma hora mas ao fim de dez minutos já era possível perceber que o maestro Henrique Piloto é uma daquelas pessoas especiais, verdadeiramente apaixonadas pelo que fazem. No caso dele existem duas grandes paixões - a música e o ensino - que aliadas lhe permitem executar aquilo que considera ser a sua contribuição para a humanidade: “fazer pessoas felizes através da música”.

É isso que tem feito nos Açores, e continuará a fazer até 2016 através do projeto Lira Açoriana, que dará a 70 jovens açorianos, com idades compreendidas entre os 14 e os 24 anos, a oportunidade de ter formação intensiva e trabalhar numa Orquestra de Sopro com um maestro de referência.

Durante o projeto, com duração de dois anos, são efetuados quatro estágios de sete dias, cada um numa ilha diferente dos Açores, onde os alunos poderão não só trabalhar com professores credenciados e desenvolver as suas capacidades técnicas e musicais, além de outras competências como disciplina, autonomia, responsabilidade e pontualidade.

O trabalho desenvolvido durante a semana de estágio culmina com concertos onde os jovens terão oportunidade de mostrar à comunidade o resultado do seu empenho, num repertório variado que junta peças de diferentes autores de renome, incluindo autores açorianos e do continente português.

Na ilha das Flores tivemos a oportunidade de assistir a um concerto inesquecível, onde a cumplicidade entre os alunos e professores se revelou através de uma performance pautada por momentos de grande energia e, sobretudo, por momentos de grande emoção.

Mas o papel deste projeto na comunidade envolvente foi muito além dos dois concertos que marcaram o encerramento deste estágio, um realizado na igreja da Fajãzinha e outro na Matriz de Santa Cruz. “Durante a nossa permanência na ilha das Flores [no passado mês de Setembro] recebemos elementos da banda filarmónica da Fajãzinha para ter formação connosco e fazer uma participação especial nos concertos. Recebemos, também, alunos do ensino pré-escolar para uma sessão pedagógica, onde mostrámos os instrumentos e explicámos como funcionavam, e levámos um pequeno concerto a um lar de terceira idade, proporcionando momentos de grande alegria a pessoas que, por terem limitações de locomoção, não poderiam de outra forma assistir a um concerto ao vivo”, explica Marco Torre, coordenador do estágio.

O papel da música na sociedade é, de facto, inestimável. É um papel que ultrapassa em muito o entretenimento. “Ao longo da História, a música sempre foi um elemento de comunicação. A música junta grupos de jovens que se identificam uns com os outros, comunica ideais, sentimentos e emoções. Usamos a música para fins tão diferentes como para passar mensagens de intervenção social, para adormecer, para acordar, para descontrair... A função da música é praticamente infinita”, afirma o maestro Henrique Piloto. É por isso que a formação dos músicos é tão importante também a nível humano.

Com isso em mente, no final do projeto será atribuído um prémio ao aluno que mais se destacar a nível artístico e comportamental, constituído por formação complementar, com todas as despesas incluídas, em Portugal ou no estrangeiro.

Concluída a formação, os jovens levarão a bagagem técnica, cultural e humana recém-adquirida para as suas Bandas Filarmónicas engrandecendo, assim, o valioso património cultural dos Açores.


Notícia: revista «Azorean Spirit - SATA Magazine», número 70.
Saudações florentinas!!

1 comentário:

Anónimo disse...

Quando é que isso aconteceu?