sexta-feira, 2 de julho de 2010

Novos hotéis respeitam identidade local

A actividade baleeira e a vinha foram as características inspiradoras da arquitectura das mais recentes unidades hoteleiras dos Açores, projectos da autoria de Luís Francisco Gomes de Menezes.

O gabinete de arquitectura Multiconsult é também responsável pelos projectos dos hotéis das Flores e da Graciosa. "Nestes dois projectos, inseridos nas ilhas de coesão e promovidos pela 'Ilhas de Valor', teve-se em especial atenção conciliar a modernidade e contemporaneidade com a realidade local por forma a assegurar que, sem prejuízo do conforto e funcionalidade, houvesse uma preservação da identidade cultural do local onde se inserem", explica o jovem arquitecto.

No caso do Hotel das Flores, a unidade funciona numa relação de estreita vizinhança com a antiga fábrica baleeira e como apoio privilegiado da adaptação desta fábrica a museu e centro interpretativo ambiental. "O conceito do resgate do património alusivo à época baleeira e sua conversão para a divulgação e promoção do ambiente é um projecto muito interessante e 'civilizado'", refere Luís Gomes de Menezes. "No hotel por nós projectado, transportamos este conceito para o seu interior através da lente do fotografo Nuno Sá que, de modo apaixonado, montou uma selecção de belíssimas fotos sobre a vida no mar dos Açores para decorar esta unidade. Fotos aliás muitas delas premiadas internacionalmente e tratadas a preto e branco pela primeira vez e propositadamente para esta unidade hoteleira."

O Hotel da Graciosa assenta na temática da vinha da ilha. "Trata-se de uma unidade muito distinta da das Flores, pela maior dimensão e pelo facto de estar num local menos agreste", afirma. Arquitectonicamente, o hotel tem as suas referências nas adegas, pelo que é todo em basalto e madeira no exterior, com as coberturas em terra onde se plantavam as vinhas. "O interior é da autoria de Ana Feijó [também responsável pelo interior do Hotel das Flores] e é em madeiras de carvalho e cortiça, alusão aos cascos dos barris e rolhas das garrafas. As peças de arte de complemento são serigrafias numeradas, só de pintores açorianos. Tivemos aqui, e mais uma vez, a colaboração especial, em dedicação e gosto pela nossa terra, de Teresa Tomé, em representação do Centro Cultural da Caloura", explica Luís Gomes de Menezes.


Arquitectura deve respeitar raízes açorianas

Os hotéis das Flores e da Graciosa são mais dois no vasto currículo do gabinete Multiconsult. Contudo, estes sobressaem "pela sua feliz génese política, coesão e solidariedade, como por demonstrarem a nossa capacidade de com equipas locais sermos capazes de projectar boa arquitectura contemporânea, assente no que culturalmente temos para oferecer", sublinha Luís Gomes de Menezes. "Com estes dois exemplos penso ter igualmente dado resposta ao que entendo ser as linhas a seguir para o desenvolvimento de uma arquitectura contemporânea para os Açores. Ser ambiciosa, procurar o mais moderno e sofisticado, mas tendo sempre como premissa a reinterpretação das nossas raízes e origens culturais", salienta o jovem arquitecto.

"Entrevista" integrante da edição de 5 de Fevereiro do semanário regional «Expresso das Nove».
Saudações florentinas!!

2 comentários:

Pato Bravo disse...

É bom manter as tradições da cultura Açoriana no seu auge,seja através de fotos,seja(e muito bem)no aspecto exterior dos referidos Hoteis,em particular o da Graciosa.

MILHAFRE disse...

O novo hotel veio de facto «puxar» a qualidade da oferta hoteleira da ilha para cima.

Espero que a concorrência não fique para trás, e para isso, não é preciso avultados investimentos.

É necessário simpatia, cortesia, preços em linha com as instalações, animação e promoções.