sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Exercícios militares no Atlântico podem afectar cetáceos que passam nos Açores

Exercícios militares americanos que implicam detonações subaquáticas, se efectuados no Atlântico podem afectar as populações de cetáceos que também circulam no mar açoriano, concordam investigadores da Região.

golfinhos comuns e cagarros a caçar Um estudo realizado por investigadores norte-americanos no Pacífico, veio agora deixar claro que este tipo de exercícios militares possui impactos profundos quer em cetáceos como em aves marinhas. Em causa está o estudo intitulado "Seabird and Dolphin mortality associated with underwater detonation exercises" (em tradução livre: "Mortalidade de aves marinhas e de golfinhos associada a exercícios de detonação subaquática").

Os investigadores debruçaram-se sobre dois eventos de mortalidade de espécies em consequência da actividade no Silver Strand Training Complex, em San Diego (Califórnia, EUA). Concluíram que um exercício militar, em Março de 2006, que implicou detonações sucessivas, levou à morte de 70 aves marinhas. Um segundo exercício, em Março do ano passado, matou três a quatro golfinhos comuns de bico longo.


Cetáceos dos Açores

Quanto à importância desta informação para o arquipélago, a investigadora Mónica Silva, do Departamento de Oceanografia e Pescas adiantou ao jornal «Diário Insular» que a eventual existência de exercícios militares no espaço atlântico pode afectar espécies de cetáceos que se deslocam para a Região. "São actividades humanas que podem ter impacto sobre as populações de cetáceos que existem nos Açores. Não disponho de informação que indique se existem exercícios militares desta natureza nos Açores, mas este tipo de acções podem afectar espécies que ocorrem no arquipélago vindas de outras áreas", explicou a investigadora do DOP.

Golfinho comumJá em relação aos impactos específicos, Mónica Silva adianta: "Existe consequências directas. Se os cetáceos se encontrarem muito próximos da fonte da detonação, isso pode provocar-lhes a morte. Por outro lado, noutras circunstâncias a morte pode não acontecer de imediato. Podem haver lesões a nível dos órgãos internos provocadas pelo impacto da onda de choque que levam depois à morte", especificou. Por outro lado, existem as lesões acústicas. "Os cetáceos possuem um sistema de orientação particular. Podem ser provocadas lesões acústicas, que provocam, indirectamente, a morte", concluiu.

Também o biólogo marinho e professor da Universidade dos Açores, João Pedro Barreiros, recorda que este é um debate que já se prolonga há longo tempo, mas que não lhe persistem dúvidas sobre a existência de consequências da poluição sonora e detonações subaquáticas sobre espécies de cetáceos. "É já sabido que alguns tipos de poluição sonora, quer em altas como baixas frequências, têm impactos consideráveis nos cetáceos, nomeadamente no seu sistema de orientação", começou por adiantar. "Existem frequências sonoras militares, nomeadamente utilizadas pela Marinha, que têm essa consequência", precisou. Quanto às detonações subaquáticas adoptadas em exercícios militares, João Pedro Barreiros considerou que "provocam ondas de choque, que, naturalmente, afectam qualquer ser vivo e também peixes ou cetáceos".

No estudo norte-americano, das investigadoras Kerri Danil e Judy St. Leger, é ressalvado que, após os eventos verificados em 2006 e no ano passado, as forças militares norte-americanas tomaram medidas. "Ambos os eventos tratam-se de mortalidade acidental e foram os primeiros a serem documentados devido a detonações subaquáticas levadas a cabo pela Marinha no Havai, sul da Califórnia e ao longo da costa este dos Estados Unidos da América", pode-se ler. "A Marinha actualizou as suas medidas de mitigação depois de cada um destes eventos, para limitar o potencial de mortalidade futura, impondo que as detonações sequenciais ocorram quer menos de 5 ou com mais de 30 minutos de espaço entre elas e suspendendo detonações de efeito retardado até ser possível tomar medidas de precaução mais robustas", é assinalado pelas investigadoras americanas.


Notícia: jornal «Diário Insular».
Saudações florentinas!!

1 comentário:

Anónimo disse...

Os Açores e os Açorianos sempre viram nas margens do Atlântico dois mundos: o colonial a oriente, velho, caduco e insaciável a usurpar e o da liberdade da ocidente, cheio de oportunidades, rico e com futuro.

Esta noticia, dada pelo conhecido jornal Terceirense, não é politicamente inocente.

A morte de 50 aves e 4 golfinhos num exerciocio militar em S. Diego o que é que representa? Que significado tem, num mundo onde se dorme na rua, se comem restos de lixo, se morre sem assistencia médica, e em cada minuto morrem 3 crianças por subnutrição?

O que se pretende é atingir os nossos hóspedes americanos, a quem muito devemos, e que, pacientemente, aguentam gente com complexos esquerdoides de juventude.