sábado, 13 de maio de 2017

«Brumas e Escarpas» #124

A Fajã Grande pertenceu ao concelho de Santa Cruz

Em 1895 foi extinto o concelho das Lajes, pelo que a Fajã Grande assim como as restantes freguesias deste concelho passaram a integrar o de Santa Cruz. Em tempos idos, antes da criação da freguesia da Fajã Grande, o lugar da Ponta pertencente à freguesia de Ponta Delgada também estivera na dependência daquele concelho.

Na verdade já em 1869, o celebérrimo Governador Santa Rita opinava que "a ilha das Flores não comporta a existência de dous municipios, e que, no caso da ilha do Corvo, uma administração parochial é quanto basta àquelles povos". A profecia havia de cumprir-se, até porque, quatro anos depois, a própria Câmara de Santa Cruz propunha a extinção do concelho das Lajes.

De facto, a extinção do concelho a que sempre pertenceu a Fajã Grande aconteceu em 1895, pelo decreto de 18 de Novembro, publicado no Diário do Governo do dia seguinte, que suprimiu, entre outros, os concelhos de Lajes das Flores e do Corvo. Cuida-se que esta decisão terá sido influenciada pelo pedido que, na verdade, a Câmara Municipal de Santa Cruz, na época, sob a tutela de membros do Partido Regenerador, dirigiu ao Governo visando a supressão do concelho vizinho.

Mas não durou muito o tempo em que os habitantes da Fajã Grande para tratar dos seus assuntos relacionados com a edilidade rumaram a Santa Cruz, uma vez que o poder político em Portugal mudou de partido e a 13 de Janeiro de 1898 foram restaurados os concelhos anteriormente destituídos, incluindo o das Lajes das Flores. A Fajã Grande voltou a integrar o seu concelho de origem, pese embora conste que a população da Fajã Grande manifestou interesse em continuar a integrar o concelho de Santa Cruz, uma vez que a deslocação àquela vila, realizada pela subida da rocha e depois por um caminho existente no interior da vila, se tornava mais fácil do que o trajeto que tinham que percorrer para se deslocarem às Lajes, obstaculizado sobretudo pela travessia da Ribeira Grande, sem ponte e, por vezes, com um caudal intransponível.


Carlos Fagundes

Este artigo foi (originalmente) publicado no «Pico da Vigia».

1 comentário:

Anónimo disse...

As voltas que o mundo dá.
À velocidade que a ilha esta a ser despovoada, não me admira nada daqui por uns anos voltar ao que foi, porque todo o mundo já deu por isso só a classe politica não deu para que não voltamos ao passado.