sábado, 14 de novembro de 2009

«Miscelânea da Saudade» #7 (parte 1)

Não sei quem é

Apenas sei que o conterrâneo florentino abaixo descrito, me fez sentir mais próximo das Flores. Da forma como escreve e descreve, talvez por serem coisas de que me lembro, nunca conseguirei dizer tanto e tão bem dito como ele diz. Não por não querer; mas por me faltar "aquilo" que ele tem...

Como gosto de ler jornais, alguns electrónicos e outros em versão impressa, em Setembro passado o [jornal] «Portuguese Times», de New Bedford, Massachusetts, do qual sou assinante, trouxe um artigo relacionado com a nossa ilha das Flores.
Mais do que o título da crónica «Notas de Rodapé», o subtítulo onde se lia "A MINHA ILHA É OUTRA ILHA" causou-me curiosidade. A entrada da leitura e a estética e forma de apresentação, tudo em letra maiúscula com diferentes dimensões na ortografia intercalada, foi o motivo que me levou a ler.
Admiro quem escreve bem; e como a forma da leitura é apresentada. Talvez por ser da ilha das Flores, prestei muita atenção ao ler as suas bonitas frases de elogio, que me faz pena de não ter aprendido para poder dizer assim, ou então, próximo do que ele diz. Ele enaltece a nossa ilha das Flores, nunca exagerando, mas valorizando e falando do muito que a ilha merece, desde as coisas mais banais à sua atractiva e natural beleza, como também o mérito que ele dá aos filhos das Flores, que fazem para que a ilha tenha progresso e acompanhe o resto do Mundo evoluído.

Todavia, o autor da crónica "A Minha Ilha é Outra Ilha", é o Sr. Nuno A. Vieira, um fazendense, da Fazenda das Lajes das Flores e, como acima digo: não sei quem é. Ele menciona lugares das Lajes e Fazenda, sim, porque dos lados de Santa Cruz, na idade que saí das Flores apenas havia ido lá duas vezes na companhia de quem me deu à luz, minha santa mãe. Se tivessem mudado o lugar da "loja do Rato" (como diziam, e eu conheci) para o Boqueirão, para mim não havia diferença porque pouco conheci de Santa Cruz. Naquele tempo, as estradas eram como atalhos tortos e pé descalço e com topadas na cabeça dos dedos.

O nosso conterrâneo, em sua crónica, falou na Ribeirinha da Fazenda das Lajes, local do seu nascimento e onde eu passava muitas vezes para ir ao moinho, que me lembro um pouco do nome dele, mas para não confundir com o da Ribeira Funda, deixo ficar assim. Outras vezes, eu ia à leitaria da ribeirinha, com o meu irmão José Maria, escanchados numa égua, para desnatar o leite das vacas de António Garcia Vieira, do lugar do Jogo da Bola. Mais à frente, lembro-me da Ribeira da Fazenda, na qual havia uma azenha a que se ia levar o saco de milho (se havia) para ser moído, a 'moenda' como lhe chamávamos.


[continua...]

Denis Correia Almeida
Hamilton, Ontário, Canadá

4 comentários:

Anónimo disse...

Recordar é viver!

Anónimo disse...

Hardlink
DCA
Aludindo a "recordar é viver"
do anónimo das 3H13m

Quadra extraída dum soneto meu, muito a popósito do (acima dito) que mais tarde será publicado neste Fórum.
--
Recordar é viver horas felizes,
Renovando um passado cor de rosa;
É pensar e fingir que ainda goza,
-Balsamar as profundas cicatrizes.

Denis Correia Almeida
Hamilton, Ont. Canadá
Hardlink@aol.com

Anónimo disse...

a olhar para este moinho faz lembrar o ti josé louriana da fazenda era ele que tomava conta do moinho e agente deichava as moendas na casa dele. muito visita hle fiz ao moinho pois eu ia mais meu pai que deues o tenha em bom lugar e meus irmãos com os pés descalços no inverno acartar lanha e incessos de uma terra que fica num caminho por cima deste moinho e havia um atalho nesta entrada do moinho que hoje está fecha com cana roca, e era por este atalho que se vinha trazer a lanha e os incenssos para a beira da estrada tinha eu os meus 11 anos e eu mais meus dois irmãoes era todo o dia para baixo e para cima meu pai ia cortando com um machado os incessos e nós iamos acartar e o ti josé louriana que deues o tenha num bom lugar tinha sempre na sua lareira ao pé desta porta de entrada um tacho com café quente e naqueles dias gelados oferecia sempre o seu bom café que aquecia o estomago para o resto do dia estava em forma para acartar incenssos. recordar é viver.

Anónimo disse...

Hardlink
Aludindo ao anónimo das 11H12m, que descreve seu passado, para mim mais presente do que muitos (passados) que não passaram há muito, tempo antigo que revivemos muitas vezes em pensamento, comungo com o meu compatrício das Flores.

Porquê? Porque me revejo vezes a miúde nesse tempo. Por exemplo: adormeço pensando quando era rapaz; talvez porque dizem que "somos meninos duas vezes"

No entanto, sei que estou na minha cama e que não dá saudade de (ir p'ra trás) mas, vamos lá a outra coisa: se eu tivesse a opção de escolha, estar por aqui mais uns dias, (juntar os pés) e partir que, indubitavelmente é isso que virá, ou então: optasse para regressar à idade dos 10 anos, tendo que repetir tudo igual até ao presente, optaria para seguir o (enterro e aproximar-me da cova) porque o mesmo passado não o queria passar mais.

Denis Correia Almeida
Hamilton,Ont. Canadá.
Hardlink@AOL.com