quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

«Miscelânea da Saudade» #9

Desacordo do Acordo Ortográfico

Desde há muito tempo, os intelectuais, docentes e peritos das nações de língua portuguesa têm feito reuniões, para da nossa língua formarem uma só língua (escrita) porque falada é e (soa) sempre igual em toda a parte onde vivem portugueses. Pensam eles que, o português escrito com remendos novos será uma língua universal dentro do mundo onde o português é falado. Confesso e conheço que, comparado a essas pessoas, considero-me um inculto, quase analfabeto, sem preparação alguma para que possa criticar os académicos e comentar em assuntos que estão muito altos e fora do meu alcance. No entanto sinto-me frustrado se não escrever algo sobre isso.

Li, por aqui, em edição electrónica de jornais portugueses dos States, que chegaram à área de Boston no estado de Massachusetts, um grupo de estudantes universitários dirigido pela Dra. Graça B. Castanho, da Universidade dos Açores. Isto já acabou. Chegaram ao acordo!

Todavia, eles vieram dar as novidades da introdução da nova língua escrita, que vai sofrer alterações, ou já sofreu, para entrar em acção, a toda a força no próximo mês de Janeiro de 2010. Segundo a docente universitária: “quanto mais uniforme a ortografia, mais irá facilitar a promoção da língua portuguesa”. Digo como o outro dizia: Tá bonito, tá!.

Para o que abaixo irei dizer, desejo advertir que nada tenho contra o Brasil, Angola, Moçambique, ou qualquer das outras nações onde a nossa língua é falada. No entanto, estas promoções e despromoções de tirar e pôr, aumentar e diminuir torna-se ridículo, trocando acentos agudos por circunflexos, como é o caso da palavra (crónica) que será (crônica) estilo brasileiro. O acento agudo nalgumas palavras, será removido para o circunflexo entrar. Outras palavras como: acto e facto, passarão a ser (ato) e (fato) sem a letra (c) que se confunde com o substantivo fato de vestirmos; e a outra futura palavra passará a ser ato, em vez de acto. Um dia alguém escreverá: (não faz mal; eu ato o fato tudo junto) porque afinal a palavra ato, é relativa ao verbo atar, e não actuar. Parece impossível, gente extremamente instruída e armar uma (barraca) destas!

Os meses e os dias da semana, começarão com letra minúscula em vez de maiúscula. Os pontos cardiais e outras coisas mais, todos começarão com letra minúscla. Tudo isto irá mexer com o juizo a muita gente, excepto com o meu, por já me encontrar velho e inútil para remendos. Quem remenda calças velhas com remendos, no fim fica sem calças...Ou seja: a língua vai-se mas fica o vestígio dela.
A estas mudanças todas, podemos chamar: (cozinhado à brasileira) tendo todas as características dos nossos compatrícios do Sul. Não porque eu tenha algo contra eles mas, como se sabe: “a parte maior mata a menor” e é isto que se vê presentemente.

Por estas terras de Corte-Real, como mais ao Sul os nossos (porúguêzes) do tio-Sam e até nos Açores, (dizem) que, por causa dessas séries telenovelas, qual analogia linguística, a rapaziada nova e copiadora que nunca viveu no Brasil, mas assiste a esses dramas televisivos, os tais que deixam alguns maridos sem ceia, e o ferro de engomar a queimar a roupa, está invadindo o juízo de muita gente. Agora por cima, entra o desarranjo do acordo ortográfico. Qual (caldeirada de peixe) de todas as qualidades...

Fica-se de boca-aberta com esse Acordo Ortográfico, com o progenitor da Língua Portuguesa presente, aproximando-se dos outros, quanto estes é que deviam aproximar-se de nós. As alterações da nossa língua, com o põe e tira a favor dos interessados, deixa-nos sem originalidade. Esses, que durante anos, fizeram a língua portuguesa à sua maneira, adaptando novas formas mais fáceis de comunicarem, dá-nos a impressão que somos um pequeno restaurante que prepara o cozinhado ao gosto deles. A Língua portuguesa, já não era, desde há muito, e jamais será a Língua de Camões, porque os exímios, académicos e letrados portugueses, embrulham tudo. Valha-nos Deus! Na ditadura dizia-se: “óh marquês, desce cá abaixo — e eu digo: óh Camões não venhas cá, porque morrerás de novo indignado!.


Denis Correia Almeida
Hamilton, Ontário, Canadá


O presente artigo de opinião foi publicado (originalmente) no «Portuguese Times» [o Jornal da Comunidade portuguesa dos Estados Unidos], edição de 23 de Dezembro passado e também no «Correio dos Açores», na sua edição de 31 de Dezembro último.

7 comentários:

Joana disse...

Senhor Denis, "crónica" continua "crónica" (tem grafia dupla), o nosso "facto" continua "facto"(não cai o "c"), em Portugal os dias da semana já se escreviam com letra minúscula...

MILHAFRE disse...

As observações feitas pelo colaborador deste Fórum, Sr.Denis Correia Almeida, acerca do novo acordo ortográfico são pertinentes e certeiras.

Os ingleses e os franceses nunca cederam às suas antigas colónias ou áreas de influência onde aquelas linguas são oficiais.

E todos sabemos que a língua inglesa falada nos EUA, no Canadá ou na Oceânia é bastante diferente do que é falado nas Ilhas Britânicas, apesar da grafia ser praticamente igual.

O problema com a língua portuguesa não será propriamente o "acordo ortográfico" outorgado quase por imposição do Brasil, mas sim a qualidade do português (escrito e falado!) que se aprende nas escolas
portuguesas e até nas universidades.

Bastas vezes deparo-me com textos ou conversas alegadamente em "português" que subvertem por completo as regras ortográficas e gramaticais.

A ignorância nas escolas e universidades portuguesas é avassaladora.

Ultimamente, os jovens falantes da língua no Brasil sabem muito melhor falar e escrever português do que os seus irmãos europeus.

MILHAFRE disse...

Qualquer dia e avaliando o nível de ensino em Portugal os nossos jovens escreverão textos mais ou menos da seguinte forma:

"quero contudo dzer que aqui no forum das flores o prublema do acordo ortugráficu não se coloca...
Pur aqui continuaremus a respeitar a noça lingua escrevvendu preçeito com presseito ou mesmu com preççeitu e que vai dar ao mesmu...

Queru também dzer que o noço amigo Patu Bravu tem uma logomaquia muito apressiável e tem um perfil artisicu digno de Óliude.

Patu Bravu é um moço daqueles que tem um calibre como há poucos e a sua contribuissão neste forum será uma oportunidade únika pra produzir um efeito de demonstrassão e nos ençinar a todos os ignaros e idiotas que paçam por aqui, e em particular esse tal de Dr.Pardal, que tanto doitor como o Pereira é inginheiro, sobre estas intricadas questõis dos modelos de desenvolvimentu ecunómicu e como se retiram os devidos divendendus do graveto publico que foi enterrado e que todos os dias é enterrado neste survedor que é o noço gransiozo Purtugal.

O noço amigo Patu Bravu se quer acompanhar o precurço blogosférico do Dr.Pardal, que é tanto doitor como o pereira é inginheiro, sempre pode ligar-çe ao façebooke ou ao tuíta e sempre estará a par dos açuntos e das çuçeçivas nuvidades..."

Pato Bravo disse...

Dr.Pardal,não habitue mal os visitantes deste lindo blogue.
Mas antes escreva assim,sempre é melhor do que seja em Jaaapuuunês.
Vxa têm pedalada,e faz-me lembrar o FDM.
Já agora, é melhor ele ficar por onde está, sabe porquê?
Não concordo que a irracionalidade deva estar, barrada pelas grades, no jardim zoológico. Até a irracionalidade deveria ser livre, mas na selva, em ambiente natural, longe das urbes, dos consultórios, dos hospitais.

MILHAFRE disse...

Cum carago!

E lipoaspirações ao cérebru?

Como ainda não xegámus ao Japão, purtanto cá vai uma linguiçazinha do tonitruante braga mais um vinhuzinho de xeiro do pico à saúde de voça exçelência e agora vamos contar anedotas sobre continentais que nunca tinham visto uma baleia ou um caxalote e que quando xegavam aqui no barco da carreira botavam bom palavreadu e nós pençávamos que os gajos eram todos doitores ou inginheiros como é o noço amigo pereira e muitos até diziam, para açediarem as donzelas, que tinham grandes quintas e outras coisas que nos punham com a boca aberta...

Aqui no forum vamos continuar a rexpeitar o acordu ortugraficu para desespero dos seus aççiunistas...

Entretanto e em primeiriçima mão para o noço amigo Patu Bravu...uma nutíçia cainda ninguém mençionou e ningém sabe...tá um frio du camandru...

Anónimo disse...

Hardlink a chorar de riso

Depois de ingerir uma boa jantarada
com um pouco de indigestão, sentei-me ao computador, voltando ao blogue de comentários do Fórum ilha das Flores.

Para fazer isto curto, digo que, o exagero da futura língua portuguesa na teclagem moderna e refinada ortografia do Dr.Pardal) digiriu-me as generosas sopas que comi. Para relatar o resto, quero salientar o mais embaraçoso acto das funções do nosso organismo.

Os meus tubos uriníferos, oscilaram de tal maneira que, com os impulsos do riso e o mar a galgar penedos, a maré foi tão forte que me entrou nas calças.
Passa diabo!..

Denis Correia Almeida
Hamilton, Ont Canadá.
Hardlink@aol.com

Anónimo disse...

Hardlink DCA
Exma sra Joana.

Minha senhora! Eu acredito que esses movimentos e alterações da (nossa) língua portuguesa, gradualmente continuará a ser alterado. Eu também li isso.

Tudo o que escrevi, críticas, foi da minha autonomia, com excepção da própria notícia, com base no que li em publicações de versão portuguesa.

No entanto, como sabemos, as notícias dos jornais são pouco escrupulosas.
Quem se arrisca como (eu) a transcrever espectativas de notícias há espera que as verdades se realizem, será como dizer: "amanhã vai fazer Sol vamos passear" O tempo mudou e o manhã trouxe chuva.
Conclusão: Jornais dos states publicaram. Ouve quem refilou, os próprios estudantes universitários
mostraram o desagrado, algures nos states.
Veio um artigo com todas,ou parte das modificações. Eu apenas li e critiquei baseado no que li.

Agora, se eles não cumpriram o que foi dito. Olha!..antes seja assim.
Obrigado!..

Denis Correia Almeida
Hamilton, Ont. Canadá.
Hardlink@aol.com