domingo, 3 de outubro de 2010

Última actividade sísmica sentida pela população da ilha das Flores data de finais do séc. XIX ou início do séc. XX

As ilhas das Flores e do Corvo encontram-se localizadas num ambiente designado por intraplaca.

‘A frequência dos tremores de terra que está em relação com as grandes linhas de fractura da crosta terrestre’, ou seja, a sismicidade, é um fenómeno a que os açorianos, regra geral, estão habituados. Mas nem todos... mais para ocidente, concretamente nas ilhas das Flores e do Corvo o senso comum e o registo histórico não considera da mesma forma tal acontecimento e rege-se pela salvaguarda de que tal não acontece, pelo menos, com a mesma frequência. E aqui parece existir algum consentimento por parte dos especialistas. A placa tectónica americana, da qual fazem parte as ilhas do Grupo Ocidental e o vulcanismo activo são duas formas susceptíveis de actividade sísmica, mas os registos históricos e as informações das estações locais, e não locais, de rastreio desta acção não dão azo a registos mediáticos ou científicos tão intensos como a das restantes ilhas dos Açores.

De acordo com Teresa Ferreira, coordenadora do CIVISA (Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores), o enquadramento geodinâmico quer da ilha das Flores quer do Corvo é completamente distinto do enquadramento das restantes ilhas do Grupo Central e do Grupo Oriental. Flores e Corvo encontram-se localizadas num ambiente designado por intraplaca, estão no interior de uma placa tectónica (a americana). As outras ilhas estão numa zona de fronteira de contacto com duas placas tectónicas (a placa euro-asiática e a placa africana). Mas há mais a acrescentar ao puzzle que forma a geologia das ilhas açorianas. Entre a ilha das Flores e a ilha do Faial passa a crista média atlântica que é outra zona de fronteira de placas tectónicas, que de norte a sul tem uma fronteira em contacto entre placas distintas (numa zona mais a norte o contacto dá-se entre a placa americana e euro-asiática e mais a sul entre a americana e a africana). “Esta zona de fronteira é uma zona submarina onde vai tendo regularmente actividade e também actividade vulcânica, uma vez que é uma das muitas regiões do globo onde se está quase que continuamente a gerar a crosta oceânica”, explica Teresa Ferreira.

E é aqui que entra o registo do Instituto de Meteorologia que informou no passado dia 13 de Agosto que pelas “7h58 foi registado nas estações da rede sísmica do arquipélago dos Açores um sismo de magnitude 4.2 na escala de Richter e cujo epicentro se localizou a cerca de 330 kilómetros a sudoeste da freguesia do Lajedo”. Mas como esclarece Teresa Ferreira, não ocorreu na ilha das Flores, mas muito longe (mais de 300 kilómetros), simplesmente as Flores é a ilha que se encontrava mais perto do epicentro. Ou seja, “por vezes são registados sismos “na ilha das Flores” com origem na crista média atlântica (nos seus diferentes sectores - mais a norte ou mais a sul - dependendo da magnitude do evento e se as ondas sísmicas geradas têm energia ou não para chegar até próximo das ilhas) o que não significa que possam ser sentidos. Só seriam sentidos se fossem bastante fortes”, aclara Teresa Ferreira.

O sismo referido e registado (dia 13 de Agosto), tal como os “provenientes” da crista média atlântica “teriam que ser sismos muito fortes para serem sentidos”, evidencia Teresa Ferreira. E para reforçar tal facto, “o número de sismos sentidos na ilha das Flores é extremamente reduzido em termos históricos. Praticamente não temos quase informação sobre este assunto, pois é muito reduzida (isto no que diz respeito aos sismos de origem tectónica e associados à Região das várias fronteiras de placas onde se encontra situado o arquipélago dos Açores)”, revela Teresa Ferreira.

Os últimos sismos sentidos no ponto mais Ocidental da Europa datam de finais do século XIX ou início do século XX. Isto, tratando-se de informação respeitante a sismos locais, bem como de sismos mais distantes porque “uma zona é afectada em função dos sismos locais (pequena magnitude, mas que cuja magnitude e face à proximidade do epicentro é suficiente para que seja sentido), como também com sismos mais distantes (com magnitude muito maior possam ser sentidos)”, relata Teresa Ferreira que sublinha “para a ilha das Flores a informação é reduzida”, sinónimo de pouca actividade.

Faltando referir, mas não menos importante, que o vulcanismo é também responsável por actividade sísmica. O arquipélago dos Açores tem 26 vulcões e sistemas vulcânicos activos, mas nenhum indicia entrada em actividade e na ilha das Flores há um sistema vulcânico activo (as lagoas) e no Corvo um vulcão considerado activo. A sismicidade, associada aos fenómenos vulcânicos, é uma sismicidade muito mais localizada. Para Teresa Ferreira “a ilha das Flores é uma ilha que apesar de não ter tanta actividade sísmica como as restantes teve num passado recente, em termos geológicos, actividade vulcânica. Por isso do ponto de vista de actividade vulcânica, pensamos que tem potencial para, face à actividade vulcânica ocorrida e que não foi registada há muito tempo (2 a 3 mil anos o que é pouco em termos geológicos), ter actividade vulcânica no futuro. Como tal, é uma ilha que é interessante deste ponto de vista e temos tido um reforço da monitorização dessa ilha”, conta. Por exemplo, a ilha Graciosa com dois sistemas vulcânicos activos, tem a última erupção sensivelmente ao mesmo tempo que a ilha das Flores.

Quanto ao vulcanismo ‘a Ocidente’, “consideramos ter um sistema vulcânico activo, uma vez que as erupções mais recentes são aquelas que deram origem ao centro da ilha: Lagoa Funda, etc, as várias lagoas que são uma das imagens de marca da ilha das Flores”. Ainda assim, e mesmo que tenha havido esporadicamente vigilância sísmica esta “não tem sido feita com a mesma intensidade com que na outras ilhas do arquipélago porque em termos de um conjunto [as restantes ilhas] têm uma actividade muito superior”, frisa Teresa Ferreira. Mais: “quando instaladas e quando algumas estações estão operacionais a sismicidade registada tem sido praticamente local, nula”, afirma Teresa Ferreira, acrescentando que regista-se desde que haja equipamento instalado, mas quanto a sismicidade assinalada à própria ilha das Flores é muito fraca”. E sublinhe-se a actividade é muito fraca em termos de quantidade de registos e na força de energia que estes possuem. Ainda assim, [actividade sísmica nas ilhas das Flores e do Corvo] “merece toda a nossa atenção e temos tentado fazer o reforço de monitorização regularmente”, concluiu Teresa Ferreira.


Notícia: «Diário dos Açores».
Saudações florentinas!!

1 comentário:

MILHAFRE disse...

Realmente o que faz falta não era um abalo sísmico, mas uma grande «mexidela» nesta ilha, nesta região e neste país, de alto a baixo, por forma a enterrar todo este entulho politico que destruiu uma Nação quase milenar.

Amanhã é dia da República!

Uma república que ao longo de cem anos roubou, explorou e até chegou a ser uma feroz Ditadura!

Comemorar a merda desta república só mesmo na cabecinha de gentinha saloia e atrasada!

Vou aproveitar o dia para escovar o cão!