domingo, 16 de dezembro de 2012

O grupo que leva o teatro às Flores

Desde 1980, com um intervalo de dez anos, o Grupo de Teatro «A Jangada» anima a ilha das Flores com comédias, peças infantis e revista à portuguesa. Os adereços e figurino são feitos pelos próprios elementos do grupo. A viagem do encenador Joaquim Salvador é paga pelos comerciantes da ilha, ficando alojado em casa de elementos d' «A Jangada». «É um grupo que tem tudo para não existir mas existe», explica António Lopes, da direcção.

Domingo à tarde no auditório da Escola de Santa Cruz das Flores. Os actores do Grupo de Teatro A Jangada ensaiam mais uma vez a peça infantil «O Sonho do Burro Malaquias» destinada a ser exibida na época do Natal às crianças da ilha. A companhia, a única na ilha das Flores, nasceu a 5 de Dezembro de 1980 como Grupo Cénico de Amadores A Jangada e mantem-se hoje como A Jangada Grupo de Teatro, lutando num cenário de insularidade e isolamento.

«Esta companhia tem tudo para não existir mas existe», explica António Lopes, presidente da direcção. «Temos um elenco residente de cinco a sete pessoas e depois vamos incluindo muitas pessoas que estão cá um ano e vão embora». Neste momento, o grupo, fundado por florentinos, conta apenas no elenco com um natural da ilha. Todos os outros elementos são continentais.

O grupo de teatro, criado em 1980, esteve parado cerca de dez anos entre a década de 80 e 90. Até que um dia, uma directora regional de Cultura convidou os elementos antigos a realizarem um sarau cultural. A noite, nas instalações da Sociedade Filarmónica doutor Armas da Silveira, foi um sucesso.

A partir daí, a actividade teatral recomeçou. «Nessa altura, havia a ideia de que uma peça por noite não chegava, então ensaiávamos duas peças. Actuávamos ao fim-de-semana e as salas esgotavam», conta António Lopes. Em 1999 fizemos duas peças no Verão e estávamos a ensaiar uma peça para o Inverno quando se deu o desastre de aviação em São Jorge, que vitimou membros do grupo.

Em 2000 a professora Cândida Almeida sugeriu ao grupo trazer à ilha o encenador Joaquim Salvador. «Pedimos patrocínios ao comércio e pagámos a passagem ao encenador. Ele viu o que estávamos a fazer, deu-nos conselhos, sugeriu alterações e desde então trabalhamos com ele». Não é, no entanto, muito fácil trazer o encenador do Continente. «Vem cá 15 dias, fica alojado em casa dos membros do grupo e come em casa de cada um. O resto é apoiado pelos comerciantes e pelo subsídio que recebemos da Direcção Regional da Cultura».

O grupo conta também com um elemento, o professor Fernando Oliveira, que há 12 anos escreve textos para uma revista à portuguesa levada há cena anualmente. «Neste momento está destacado no Continente».

Ao todo, ao longo do ano, A Jangada faz uma comédia, uma revista à portuguesa, uma peça infantil e uma outra peça mais dramática. «Críamos ainda os prémios As Criptomérdias de Ouro que distinguem com humor personalidades da ilha. A princípio foi complicado mas agora é o delírio. Temos o cuidado de nunca chamar as pessoas pelo nome próprio e as pessoas adoram».

O mais difícil é mesmo sair da ilha com as peças, sobretudo quando envolvem muitos elementos. «Fomos convidados para ir a Samora Correia com a peça “Elas e a Fama”, uma peça que conta a história de quatro mulheres que querem ser vedetas. Também concorremos para ir a São Jorge com esta peça infantil mas somos muitas pessoas... vamos ver...».

O grupo de teatro que sobrevive na ilha mais ocidental dos Açores e da Europa em condições adversas - os adereços e as roupas são feitos pelos elementos da própria Jangada - está agora empenhado na peça infantil «O Sonho do Burro Malaquias». Os cenários foram criados pelos alunos de Educação Visual da Escola de Santa Cruz das Flores. As crianças, essas, já se habituaram a contar com a peça pelo Natal. «É uma iniciativa que já tem quatro anos e que eles esperam com ansiedade».


Crónica do jornalista Nuno Ferreira no portal «Café Portugal».
Saudações florentinas!!

3 comentários:

Anónimo disse...

bem... ha muito a dizer acerca disto!
1º existem poucos florentinos no grupo, porque os estavam ha muitos anos, foram escurraçaodosou entao foram criadas as condiçoes para sairem....
2º o grupo e as peças perderam o interesse porque durante um periodo deste gruppo, este orientou-se pelo dizer mal de tudo e todos.

Anónimo disse...

Tanto bonito o teatro e ninguem comenta mas, se fosse para falar mal de alguem não faltava comentarios.

Anónimo disse...

Ao Anónimo de 21 de Dezembro,20H23.
E porque será que mais ninguém comenta?
Disse-me uma vez um anciao, que o que nao suscita reaçoes (positivas ou negativas, naturalmente), é porque nao tem interesse. Será por isso?
Na altura fiquei a duvidar se o velho tinha razao. Se calhar tinha,,,
Boas Festas. Este é um tempo de paz. O mal fica com quem o faz.

Bos Festas