terça-feira, 2 de setembro de 2008

«Miscelânea da Saudade» #1 (1/3)

No começo desta minha primeira crónica para o «Fórum ilha das Flores», pretendo saudar todos os florentinos naturais da ilha, como também aqueles que vieram doutros lugares e escolheram a ilha das Flores para nela viver.

Decorridos sessenta anos desde que saí das Flores, tenho bem fixado na memória a crise de produtos de importação que as ilhas do Grupo Ocidental atravessaram. Não eram recursos essenciais que nos faltavam, porque todos tinham o suficiente para viver, mas como lá viviam alguns oriundos doutras ilhas, como os meus antecessores, também esses não passavam fome porque os vizinhos ou nativos da ilha ajudavam. Haviam outras coisas que a ilha das Flores carecia, como: petróleo, tecidos, açúcar, café, e até medicina.

Naquele tempo, o isolamento da ilha das Flores, e do Corvo, últimas duas parcelas e "propriedade do país das cinco quinas" para o lado Oeste, tornaram-nas ilhas de esquecimento desde a data em que foram descobertas. Isolamento de comunicação com as restantes ilhas, e então com Portugal Continental nem convém falar...

A propósito do descobrimento e povoamento da ilha das Flores, e do Corvo, faz-me lembrar um episódio da primeira semana em que cheguei a Toronto, Canadá.

Abri conta num banco quando comecei a trabalhar na construção de pontes. Esse trabalho distanciava uma hora e meia de carro de Toronto, minha residência. Em ordem a poder trocar cheques de trabalho, tive de abrir essa conta bancária com 2 dólares, quase no sítio do trabalho. Dias depois saí desse emprego para outro mais perto de casa, e nunca mais pensei no banco, nem no dinheiro.

Dois anos mais tarde, recebi uma carta a dizer que havia dois dólares em meu nome 'no banco de tal'. O banco era distante, e os dois míseros dólares lá depositados não dariam sequer para a gasolina. Portanto, a minha conta se calhar ainda lá está, aberta ou fechada; não sei...

Portugal fez o mesmo com as ilhas das Flores e do Corvo: abriu conta com as duas ilhas, bateu asas e voou. Olhem!... Muito parecido com os austronatas americanos que, quando foram à Lua, meteram lá uma bandeira americana no solo, e desapareceram. Hoje reclamam que a Lua é sua. Claro, para lá ir de novo gasta-se muito dinheiro e talvez nem valha a pena...

Hoje, as ilhas das Flores e do Corvo, segundo o que leio, encontram-se mais bem servidas. O almighty da Autonomia dos Açores, de vez em quando, da sua reprodução de bondade ou aparente generosidade 'tapa-bocas', faz como um meu vizinho cá do burgo com um cão que tem no fundo do seu quintal: atira-lhe um naco de pão para ele ficar calado...

Denis Correia Almeida
Hamilton, Ontário, Canadá

2 comentários:

Anónimo disse...

caro Denis Almeida.
meus parabens!!!
Sua definiçao da politica cesarista para as ilhas do grupo ocidental é mais que perfeita.
Realmente meus parabens!!!
apoio 100%

Anónimo disse...

o sr helder emilio concerteza já se esqueceu do que mamou do nosso presidente do governo regional ,és de memória curta...devias era estar bem caladinho e não te estiues que o macaco fica-te curto.