Um Voto bem Florentino
Domingo, o PS deverá ganhar as eleições para a Assembleia Legislativa Regional dos Açores, quer em número de votos expressos, quer em mandatos conferidos, pelo que Carlos César disporá do apoio parlamentar mais que suficiente para formar Governo.
O que é que, desta vez, essa percepção generalizada poderá importar no sentido do voto florentino?
Vejamos:
- Quem é militante ou simpatizante do PS, entende que Carlos César deve continuar a ser o Presidente do Governo Regional, e acha que o PS merece tornar a eleger pelas Flores os (mesmos) dois deputados, então, seguramente, votará no Partido Socialista;
- Quem é militante ou simpatizante do PS, entende que Carlos César deve continuar a ser o Presidente do Governo Regional, mas acha que o PS não merece tornar a eleger os mesmos dois deputados, então, seguramente, poderá optar por não votar no Partido Socialista;
- Quem é militante ou simpatizante do PSD, entende que Costa Neves deve passar a ser o Presidente do Governo Regional, e acha que o PSD merece tornar a eleger um deputado, então, seguramente, votará no Partido Social Democrata;
- Quem é militante ou simpatizante do PSD, entende que Costa Neves não tem hipóteses de ser o próximo Presidente do Governo Regional, e acha que tanto faz o PSD tornar a eleger um deputado ou não, então, seguramente, poderá optar por não votar no Partido Social Democrata;
- Quem é militante ou simpatizante da CDU, entende que a CDU deve estar representada no parlamento regional, e acha que Paulo Valadão merece tornar a ser eleito deputado, então, seguramente, votará na Coligação Democrática Unitária;
- Quem é militante ou simpatizante da CDU, entende que esta força deve estar representada no parlamento regional, acredita que isso vai acontecer (através do Círculo Regional de Compensação), e acha que Paulo Valadão não merece voltar à Assembleia (após lá ter estado durante 4 mandatos, 16 anos consecutivos – 1992/2004), então, poderá optar por não votar na Coligação Democrática Unitária;
- Quem é militante ou simpatizante do CDS, entende que o CDS deve aumentar o número de deputados no parlamento regional, e acha que Paulo Rosa merece ser eleito deputado pela primeira vez, então, seguramente, votará no Centro Democrático Social;
- Quem é militante ou simpatizante do CDS, entende que o CDS deve aumentar a sua representação parlamentar, acredita que isso vai acontecer (através do Círculo Regional de Compensação), e acha que Paulo Rosa, “à primeira vez”, não merece ser eleito deputado, então, poderá optar por não votar no Centro Democrático Social;
- Quem é independente, entende que Carlos César deve continuar a ser o Presidente do Governo Regional, mas acha que o PS deve ser penalizado nas Flores, então, seguramente, poderá optar por votar noutro candidato, de outra força partidária, que não os do Partido Socialista;
- Quem é independente, entende que Costa Neves deveria ser o próximo Presidente do Governo Regional, mas acha que o PSD não merece ser premiado nas Flores, então, seguramente, poderá optar por votar noutro candidato, de outra força partidária que não os do Partido Social Democrata;
- Quem é independente, e entende que o seu voto “não vai pôr nem tirar” Carlos César da Presidência do Governo Regional, acha que os actuais candidatos a deputados pelas Flores, tanto do PS como do PSD, uma vez eleitos, vão continuar a “tocar na orquestra conforme o maestro ordenar”, e que tanto os candidatos da CDU como do CDS, a serem eleitos, (já) não têm, nunca tiveram, ainda não têm, ou não parece que venham a ter “unhas para tocar viola”, então, seguramente, só resta uma alternativa aos florentinos:
Exercer o dever de votar. Revelar, democraticamente, o seu entendimento nas urnas. Manifestar à Região o poder que um e todos os votos expressam, preto no branco.
Sendo que, aqui “o Preto” vai dobrado em quatro, e em Branco!
Ricardo Alves Gomes