Tecido empresarial das ilhas pequenas está a desmoronar-se de dia para dia
A Castanheira & Soares, Lda está no ramo da construção civil desde 1982. A empresa tem cerca de 250 trabalhadores nas ilhas das Flores, Corvo, Faial e São Jorge, mas conta também com grupos de subempreiteiros que, no conjunto, empregam mais cerca de 50 trabalhadores. Tendo já executado trabalhos no Algarve, neste momento tem mais centrada a sua actividade nos Grupos Ocidental e Central, podendo avançar brevemente para o Grupo Oriental [do arquipélago dos Açores].
A Escola Básica Padre Maurício de Freitas, a Aerogare, os edifícios dos Bombeiros de Santa Cruz e das Lajes, o Palácio da Justiça, o Lar de Idosos da Santa Casa da Misericórdia, as Casas do Povo das Lajes, Fajã Grande e Ponta Delgada, as estradas municipais das Lombas (em Ponta Delgada) e da Caldeira da Lomba às Lajes, a estrada regional entre as Lajes e a Ribeira da Cruz, o [piso] sintético do Campo Municipal [de jogos] de Santa Cruz e as 1ª e 2ª fases da protecção da orla costeira em Santa Cruz, figuram entre algumas das obras [recentemente] executadas nas Flores [pela Castanheira & Soares, Lda].
Neste momento, a firma tem em curso os trabalhos da estrada regional entre a Ribeira da Cruz e Santa Cruz, das instalações da SLCI para a ANA - Aeroportos, do armazém da Associação Agrícola e algumas moradias particulares, a que [ainda] se devem juntar [outras] obras no Faial e em São Jorge. Augusto Pereira Alves, gerente da empresa, diz em exclusivo ao EXPRESSO DAS NOVE que a construção civil esteve em alta, mas que baixou ligeiramente nestes últimos meses, perspectivando-se uma retoma com as obras que deverão surgir brevemente.
Pelo facto da sede da empresa se encontrar na ilha das Flores, os [seus] responsáveis foram obrigados a criar uma estrutura pesada, que funcionaria melhor se "além das obras das secretarias do Governo Regional, as duas Câmaras Municipais [de Santa Cruz e das Lajes] se empenhassem - como o fazem as [Câmaras Municipais] de outras ilhas - na valorização do tecido empresarial e se se preocupassem em ajudar a encontrar soluções (neste caso obras), a fim de se colmatarem algumas dificuldades que em determinados períodos aparecem".
Longe e a más horas
A ilha das Flores, por ficar afastada dos grandes centros de decisão, tem tido alguns problemas nos transportes aéreos, principalmente nos dias em que o horário do avião é adiado ou alterado devido às condições atmosféricas. "A programação [da SATA] para um voo mais tarde, mesmo com a melhoria do tempo, em muitos casos é cancelada, penalizando deste modo os passageiros e a ilha das Flores. Um voo aos domingos era importante, porque há pessoas debilitadas que têm consultas [médicas] noutras ilhas às segundas-feiras, e também para os empresários e pessoas que necessitam de resolver problemas da sua actividade profissional no início da semana, já que a saída ao sábado nos prejudica nas nossas tarefas normais, para além de nos penalizar economicamente." Augusto Pereira Alves considera, por outro lado, que os transportes marítimos de passageiros para as Flores não funcionam, havendo, no entanto, a informação de que no Verão [2007] irão operar com assiduidade: "Os transportes marítimos de mercadorias para a ilha são efectuados de 15 em 15 dias, salvo algumas agitações do mar que impeçam o navio de atracar. Em relação aos preços, tanto de fretes marítimos como de descargas locais, parecem ser demasiado elevados, o que sobrecarrega o custo de vida na ilha."
Privados [florentinos] arriscam pouco
Apesar de haver vários incentivos, Augusto Pereira Alves reconhece que os [empresários] privados [florentinos] têm alguma dificuldade em arriscar [fazer] investimentos, porque o mercado [da ilha das Flores] é muito diminuto: "E, como a política local está pouco vocacionada no acompanhamento e na resolução de soluções burocráticas, vemos com alguma apreensão o nosso já tão frágil tecido empresarial a desmoronar-se de dia para dia. Se não houver alguma tomada de posição a nível dos nossos governantes, no sentido de se arranjar soluções que criem alguma protecção às empresas com sede nas ilhas pequenas - como redução de impostos, apoio directo com técnicos na elaboração de projectos até à conclusão do investimento, baixa de custos nos transportes marítimos e aéreos, criação de stocks mínimos -, veremos num futuro muito próximo o encerramento de algumas empresas, a redução de outras, o consequente desemprego e a desertificação da ilha das Flores."
"Entrevista" integrante da edição de 5 de Abril do semanário regional «Expresso das Nove».
Saudações florentinas!!