quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Assim foi a Festa de Santa Filomena


Mais uma devoção, mais uma festa, mais um calendário religioso cumprido: a Festa de Santa Filomena. A freguesia do Mosteiro, a mais pequena da ilha das Flores, fica situada entre o Lajedo e a Fajãzinha, no concelho de Lajes das Flores. Engalanada a preceito, muitos foram os que ocorreram a esta festa para cumprir mais um ritual/promessa.

Quanto a Santa Filomena, da sua vida pouco se sabe. Quanto à história de como cá chegou a sua adoração é muito interessante e curiosa. Um tal de António Freitas, nascido na Fajãzinha em 1792, foi estudar para o seminário de Angra onde permaneceu dois anos, tendo se evadido no ano de 1810 numa embarcação rumo ao desconhecido: o longínquo Oriente, mais concretamente a China, onde acabou por se instalar no próspero entreposto em Macau. Rapidamente ganhou fortuna, sendo um dos ramos do seu negócio o ópio. De salientar que nessa altura este era um negócio (do ópio) regularizado, onde eram pagos os respectivos impostos. Não obstante que algum desse negócio seguisse o caminho do contrabando.

Foi durante a guerra iniciada pela Inglaterra, conhecida como Guerra do Ópio, que António Freitas resolveu voltar à ilha para salvar a sua família (esposa e dois filhos). Dada a sua avultada fortuna, comprou um navio mandando carregar os seus haveres. Algumas histórias são conhecidas com versões várias. Uma vez chegado ao Mosteiro, mandou construir uma igreja e no seu interior foram colocadas as imagens de Santa Filomena e São Nicolau: a Igreja da Santíssima Trindade, edificada em 1847.

Graças a esta obra da igreja, assim o Mosteiro viu a sua elevação a freguesia, por decreto de Dona Maria II, em 23 de Outubro de 1850. Foi assim o início da devoção, nesta ilha, a Santa Filomena. Como curiosidade: o cabelo e as vestes da imagem são autênticos, ao longo dos tempos há sempre uma senhora que doa os seus cabelos e alguém borda as suas vestes.

Quanto a António Freitas, tem o seu túmulo no cemitério do Mosteiro e na sua campa tem gravado na pedra o símbolo da morte: uma caveira entre duas tíbias, símbolo também utilizado pelos piratas.

Muito obrigado a todos os que tornaram possíveis estas imagens. Especial agradecimento à Luísa Silveira pela recolha das fotografias e ajuda à produção.


Vídeo: YouTube de José Agostinho Serpa.
Saudações florentinas!!

1 comentário:

Sincronias disse...

Boa tarde e obrigada pela informação. Preciso de salientar que a caveira com as tíbias se pode encontrar em grande parte dos túmulos da época. Basta uma visita ao cemitério do Alto de São João, em Lisboa, para constatar. Nada tem a ver com pirataria. Os piratas usavam-na como símbolo da Morte.

Cumprimentos,

Rita Mackay de Freitas