sábado, 15 de novembro de 2014

Serviços da caridade da Igreja não podem ser meras sucursais do Estado

O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana afirmou este sábado que os serviços da caridade da Igreja Católica não podem ser meras sucursais do Estado, admitindo que este pode ser um risco decorrente das compensações financeiras.

“Este serviço da caridade não nos pode conduzir a ser meras sucursais do Estado, num sistema centralizador e, às vezes, até algo estatizante. É um risco que corremos, por termos algumas compensações”, afirmou o arcebispo Jorge Ortiga, no conselho geral da Cáritas Portuguesa.

Admitindo que “muitos querem burocratizar o serviço social”, Jorge Ortiga adiantou que há quem procure “formatar demasiado as respostas sociais e outros até ‘tecnicizar’ estes serviços, através de uma ação realizada por técnicos competentes mas que, por vezes, é anónima, repetitiva e fechada em esquemas académicos, e longe das situações concretas em que as pessoas vivem”.

Neste contexto, desafiou os presentes, representantes das Cáritas Diocesanas do país, mas numa alusão a toda a ação social da Igreja, a estarem próximos de quem precisa, sem perder a “originalidade e identidade”: “Neste serviço, hoje, mais do que nunca para nós, é obrigatório sair”, declarou o responsável, recusando que as instituições da Igreja se fechem nos gabinetes à espera para atender as solicitações e apontando a necessidade de a saída ser marcada pela resposta criativa face às “novas pobrezas”.

Para o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana, “diante das novas pobrezas há que procurar encontrar novas soluções”, sendo que as “novas soluções e a criatividade nascem muito da proximidade que a Igreja tem”.

“Nenhuma instituição no mundo e em Portugal tem esta capacidade para conhecer essas novas pobrezas”, observou, acrescentando que “a ação social da Igreja não pode deixar-se, pura e simplesmente, pelas estatísticas ou números, mas pela atenção a cada pessoa, crente ou não crente”.

Jorge Ortiga salientou ainda que “a natureza da Igreja é a caridade” e que este serviço “não é nem pode ser opcional”: “Sem este serviço a Igreja não existe”, sustentou o arcebispo que, citando o papa Francisco, referiu que a Igreja “não é uma ONG [organização não governamental] e, muito menos, uma empresa”.

Para o responsável, sendo a “caridade natureza essencial” do ser e agir da Igreja, os cristãos não podem considerar-se “agentes de um simples serviço social”: “Somos muito mais do que um serviço social, partimos de um serviço social que queremos competente e adequado às exigências dos tempos que correm, mas este nosso serviço tem que ser orientado para poder anunciar o Evangelho”, afirmou.


Notícia: «Açoriano Oriental» e jornal «Público».
Saudações florentinas!!

1 comentário:

Anónimo disse...

Palavras certas que também servem para os Açores.