terça-feira, 30 de setembro de 2008

Saudade e Poesia #2

Campo da Igualdade

Termina o homem na terra,
Vai-se a cobiça e a guerra,
De ele querer p'ra si só;
Soberbo, humilde ou nobre,
Egoísta, rico ou pobre,
Tudo que a terra cobre,
Reduz todo o corpo a pó.

Terminou sua ganância,
Diminuindo a distância,
Do berço à sepultura;
Pouco pensava na morte,
Por lhe correr bem a sorte,
Pensando ser sempre forte,
Mais do qu'outra criatura.

Quem for a um cemitério,
Campo Sagrado e funéreo,
Se olhar e meditar bem;
Tendo o mais subtil ouvido,
Não ouve nem um gemido,
Volta de lá esmorecido,
Sem resposta de ninguém.

Não há dinheiro no Mundo,
Que retarde um só segundo
A morte, a um milionário;
Não se discutem assuntos,
'Marcha' co'dois pés juntos,
Igual aos outros defuntos,
Deixando atrás seu erário.

No túmulo do mais notável,
Vê-se uma urna impecável
Talvez, de prata moldada!...
Tudo exposto ao abrigo,
Mas quem abrir tal jazigo,
É igual ao dum 'mendigo'
Ossos, caveira e mais nada.

Não importa o que se tem,
Quando a morte feia vem,
Acabaram-se as delícias;
Jamais se pede, ou se dá,
E aqueles que ficam cá,
Não escrevem para lá,
Nem recebem mais notícias.


Denis Correia Almeida
Hamilton, Ontário, Canadá

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