terça-feira, 14 de abril de 2009

Navio encomendado pelo Governo não atinge a velocidade desejada

O navio Atlântida terminou [no passado dia 26 de Março] os testes de mar realizados no Continente sem ter conseguido atingir os 19 nós de velocidade, a 75 por cento da potência, como pretendia o Governo Regional.

De acordo com o que revelou [no passado dia 27 de Março] à Agência Lusa fonte ligada à construção, depois de três dias de testes, o máximo que o [navio] Atlântida conseguiu alcançar foi 16,5 nós, a 85 por cento da potência, ou seja, uma velocidade inferior à contratualizada, e com recurso a maior esforço das máquinas.

Esta situação que não deverá estar alheia aos problemas de estabilidade em caso de avaria, detectados ainda na fase de projecto do navio de transporte de passageiros que está em fase final de construção nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC).

O navio recebeu um reforço na sua estrutura e viu aumentado o calado, o que o tornou mais seguro mas, por outro lado, também mais lento, como agora demonstram os testes de mar.

A velocidade é uma das exigências fundamentais do caderno de encargos do Atlântida, uma vez que o contrato determina que o dono do navio está obrigado a recebê-lo, se a velocidade máxima atingir, pelo menos, 18 nós. Abaixo desse valor, o Governo Regional não é obrigado a aceitar o barco e pode mesmo, em termos legais, rescindir o contrato com o construtor.

Os ENVC também não conseguiram cumprir com os prazos de entrega do navio, que inicialmente devia estar a operar em Abril de 2008, data alterada depois para Setembro do mesmo ano. O contrato assinado entre o executivo socialista e o construtor determina que o dono da obra pode rescindir o contrato no caso do prazo de entrega exceder três meses, situação que se verifica também nesta altura (já se passaram seis).

A mesma fonte disse à Agência Lusa que os Estaleiros [Navais] de Viana [do Castelo] também não deverão conseguir assegurar as exigências contratuais em relação à capacidade de carga do [navio] Atlântida, que devia estar preparado para receber 750 passageiros, 40 tripulantes e 140 viaturas.

O polémico navio, que deverá custar 48 milhões de euros aos cofres da Região já levou os partidos da oposição nos Açores (PSD, CDS, BE, PCP e PPM) a propor a criação de uma comissão parlamentar de inquérito, para apurar os «inúmeros problemas» detectados durante a construção do Atlântida.

O Governo Regional e a AtlânticoLine, a empresa de capitais públicos que ficará responsável pela gestão do navio, continuam a garantir, no entanto, que o [navio] Atlântida estará operacional no dia 13 de Maio, depois de devidamente certificado pelo Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM). O último relatório do IPTM ao Atlântida, concluído a 5 de Fevereiro deste ano, aponta ainda cerca de uma centena de falhas que o construtor terá de alterar, antes de entregar o navio ao Governo Regional.


Notícia [do passado dia 27 de Março]: edição on-line do semanário «Sol», «Correio do Minho», «Diário dos Açores», TVi 24, «Correio dos Açores» e «A União».
Saudações florentinas!!

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