segunda-feira, 13 de abril de 2009

«A ocidental beleza açoriana» (2/4)

"Outra área que não pode ser esquecida é a promoção do sector marítimo, uma vez que as actividades náuticas são actualmente alvo de procura por parte dos turistas."

O concelho das Lajes das Flores situa-se no extremo ocidental da Europa, tem uma área de aproximadamente 70 km2, distribui-se por 7 freguesias e conta com uma população residente à volta de 1.490 habitantes. O concelho caracteriza-se por uma forte ruralidade que está bem patente na ocupação cultural e populacional, nas paisagens características da ilha e na sua identidade cultural.

A maioria dos problemas de desenvolvimento socioeconómico que a ilha das Flores apresenta, e o concelho das Lajes das Flores em particular, tem “à cabeça” as dificuldades estruturantes causadas pela distância e isolamento e pelo índice de envelhecimento da população (cerca de 85%).

Se aos dois primeiros factores, que têm levado ao êxodo dos florentinos, juntarmos o índice de envelhecimento, chegamos à conclusão que se caminha para uma perigosa desertificação da ilha, originada pelo decréscimo da população, o que só contribui para vermos cada vez mais agravados os problemas estruturantes que travam o desenvolvimento da ilha das Flores, e de uma forma muito mais acentuada do concelho das Lajes.

Clique aqui para ler na íntegra este artigo de opinião...
Estes problemas estão relacionados essencialmente com as acessibilidades e as comunicações.
Quanto às acessibilidades, porque precisamos de mais e melhores transportes aéreos e marítimos, para além de facilitar a vida dos florentinos que saem da ilha, quer seja por razões profissionais, de saúde ou simplesmente para férias, sabemos que não há turismo se não houver transportes que correspondam às necessidades e anseios dos que nos pretendem visitar.
Quanto a comunicações, porque como é sabido o Grupo Ocidental do Arquipélago dos Açores ficou de fora da ligação de cabo de fibra óptica ao restante arquipélago (esta situação, segundo informações recentes, parece estar encaminhada e prestes a ser resolvida).

A economia do concelho das Lajes das Flores assenta essencialmente nos sectores primário e terciário.
Relativamente ao sector primário tem-se verificado uma diminuição do número de explorações agro-pecuárias. Na pesca a situação também é semelhante, não se tendo verificado um aumento do número de pescadores.
No que se refere ao sector terciário, as hipóteses de emprego são diminutas atendendo à reformulação que se tem verificado ao nível da administração pública, com uma reduzida disponibilização de ofertas de emprego. Esta situação tem sido compensada pela Município das Lajes das Flores que tem disponibilizado um razoável número de postos de trabalho.

No que se refere à cultura, mais uma vez devido ao decréscimo da população, não é muito fácil manter instituições culturais em funcionamento. Contudo no concelho existe a única Filarmónica da ilha, a Filarmónica Nossa Senhora dos Remédios, da freguesia da Fajãzinha, que com muito empenho dos seus dirigentes e músicos vai mantendo a sua actividade. É também neste concelho que existe o único grupo folclórico da ilha, o Grupo Folclórico e Etnográfico da Associação Cultural Lajense. Esta Associação tem desenvolvido uma apreciável actividade cultural que, para além do referido Grupo Folclórico, tem contemplado desfiles etnográficos, encontros de Ranchos Tradicionais de Natal, aulas de música, e bem recentemente organizou uma dança de Carnaval tradicional da ilha das Flores, que já há muitos anos não se via, e que actuou em todas as freguesias e lugares da ilha.

Quanto a perspectivas de desenvolvimento futuro, e atendendo às limitações referidas, e segundo o empresário Pierluigi Bragaglia o "combate à desertificação deve ser feito através da construção de pequenas unidades hoteleiras, uma vez que as ilhas pequenas dos Açores cativam turistas aficionados e são aquelas onde os pequenos hotéis esgotam porque a pequenez é o segredo do seu sucesso".

Neste aspecto partilho da sua opinião chamando a atenção para o Turismo no Espaço Rural, particularmente o AgroTurismo (não confundir com Turismo de Habitação e Turismo Rural), que é o exercício da actividade turística em casas de habitação ou seus complementos integrados numa exploração agrícola, caracterizando-se por algum modo de participação dos turistas nos trabalhos da própria exploração (ordenha, muda dos animais, etc.), ou em formas de animação complementares, como sejam os passeios a pé, o hipismo, a caça e as festas de raiz popular. É necessário compreender que com o AgroTurismo a função agrícola não se extingue, continuando a ruralidade a influenciar a cultura popular das comunidades, mantendo o espaço rural a sua qualidade ambiental e sendo preservada a paisagem agrária humanizada.

E é nos passeios a pé que entram os trilhos pedestres, sendo necessário aumentar-se muito substancialmente as verbas para a sua recuperação e manutenção, sendo também necessário pensar-se em ajudas ao investimento para unidades de turismo no espaço rural e actividades de animação turística.

Outra área que não pode ser esquecida é a promoção do sector marítimo uma vez que as actividades náuticas são actualmente alvo de procura por parte dos turistas que visitam a ilha das Flores. Aqui, com a prevista construção do Pólo de Recreio Náutico das Lajes das Flores, poderão surgir novas oportunidades de investimento viradas para o mar, e para todas as actividades com ele relacionadas, desde o mergulho ao excursionismo náutico e à pesca desportiva.

É também aqui, neste aspecto do sector marítimo, que se nota o estigma das ilhas mais pequenas e que é não se fazer grandes investimentos porque a população é pouca, mas se não se fazem investimentos também não se criam condições para a fixação das pessoas, e que tem a ver com a construção duma Marina. A ilha das Flores, e o Porto das Lajes das Flores são o primeiro ponto de entrada nos Açores dos iates que cruzam o Atlântico; sem as mínimas condições chegam a estar na baía deste Porto, principalmente no mês de Junho, cinco dezenas de iates, mas nunca foi entendido pelos sucessivos Governos [Regionais] esta necessidade, que irá agora, parcialmente, ser colmatada com o pólo de recreio náutico.

Outro aspecto que pode vir a revelar-se positivo, se a candidatura for aprovada, é a classificação da ilha das Flores como Reserva da Biosfera da UNESCO, galardão este que se pode tornar um símbolo que potencia uma divulgação internacional a nível turístico e científico.

Ao nível da actividade desportiva estão criadas condições para a sua prática uma vez que o Município das Lajes, em parceria com Governo [Regional] dos Açores, construiu um Pavilhão Gimnodesportivo, recentemente inaugurado, com todas as condições para diversas modalidades desportivas “indoor”. Em anexo a este Pavilhão, e já em fase de projecto, está a construção de uma piscina coberta aquecida, que será uma mais-valia importantíssima, quer para utilização pela população, quer para a “arte do aproveitamento do mar”, arte esta que quer para o lazer, quer para o negócio essencialmente de Verão, e citando novamente Pierluigi Bragaglia, começa no Inverno, numa piscina coberta e aquecida com monitores de natação e mergulho.

Ao nível desportivo há ainda a realçar a previsão da construção, por parte do Município, dum complexo desportivo na freguesia da Fajã Grande, que contará com um campo de futebol de sete, um campo de futebol de praia e um campo de voleibol de praia.


Apesar dos problemas estruturantes referidos, julgo que estão a ser criadas neste concelho algumas condições que podem permitir a fixação de mais alguma população, apesar de haver ainda muito a fazer, como por exemplo na área da saúde, na qual está prevista a criação do Posto de Saúde das Lajes das Flores.


Paulo Reis
Presidente da Assembleia Municipal de Lajes das Flores

Artigo de opinião de Paulo Reis, integrante da edição de 27 de Março do semanário regional «Expresso das Nove», contendo um caderno temático especial exclusivamente sobre a ilha das Flores.
Saudações florentinas!!

3 comentários:

Anónimo disse...

Se não se fizer grandes investimentos nas Lajes daqui a uns anos as flores deicha de existir. O Governo tem de pensar antes que seja tarde. José Antonio.

Anónimo disse...

as flores o as lajes estas tu dizendo

Anónimo disse...

as flores e as lajes