Na festa de homenagem a José Amorim
É sempre triste quando se recebe uma notícia do falecimento de um ente-querido, de um amigo, de um conhecido. Neste último caso, chegou-me mais uma de tristeza, através de um artigo alinhavado por Renato Moura, também colunista deste matutino e com residência em Santa Cruz das Flores. A paradisíaca ilha das Flores que visitei pela primeira vez, ao serviço de «A União», e acompanhando o Lusitânia, para fazer cobertura da homenagem prestada ao guarda-redes do Boavista, o agora falecido José Amorim que, manda a verdade dizer, ficou radiante com a nossa presença, visto se tratar de um jornal com expressão na ilha Terceira e consequentemente nos Açores. Isto aconteceu em 1984, com o Lusitânia a realizar primeiro um jogo em São Miguel e, depois, partida para a ilha das Flores e cuja população de Santa Cruz nos recebeu com muito carinho e o José Amorim sempre presente com aquele ar de felicidade pelo facto do mais campeão dos Açores participar na sua festa, que não sei se foi de despedida. De homenagem, sim, e de todo merecida pela grande figura que foi José Amorim ao serviço do futebol florentino. E encaixa muito bem esta frase do presidente do rival Minhocas: “Amorim está para o futebol das Flores, como o Eusébio para o do Benfica”, óbvio dentro da relatividade das coisas.
Com a presença do Lusitânia foi uma jornada de excelente confraternização e de muito divertimento, à noite, na residencial do Machado, que, como se sabe, é terceirense (Fonte do Bastardo) e se fixou nas Flores. Nesse ano, o João Luís (“o Zenite”) jogava no Lusitânia e o irmão fez questão de acompanhar a caravana, para mais que lá estavam alguns amigos mais íntimos, destacando, nomeadamente, o presidente e vice-presidente, respectivamente, Guilherme Carvalhal e Jorge Valadão, para além de outros amigos, tais como, o próprio Couto (treinador), Valdir e Ramiro. Contudo, numa bela noite, no hall da residencial onde funcionava o bar, o nosso bom amigo Avelino Luís Gonçalves, perante a presença do José Amorim e de outras pessoas ligadas à organização da festa, viu-se a braços com uma situação de algum modo "tragicómica”, sem pontinha de exagero. Os dirigentes do Lusitânia tentaram vestir-lhe uma camisa do clube para uma foto de posteridade. Jamais o “pequenino”, que hoje é o grande presidente do Angrense, se deixou levar naquela onda verde-e-branca, rolando-se pelo chão e daí os seus amigos não conseguirem concretizar os intentos da tal foto que no fundo teria uma pitada de sacanagem, sabendo-se que o Avelino Luís Gonçalves sempre se revelou um anti-lusitanista. Eu próprio, confesso, fiquei surpreendido com a sua presença, mas, também, acabei por compreender que ele ali estava pelo irmão e pelos seus amigos Guilherme Carvalhal e Jorge Valadão. O José Amorim, que chegou a ser guarda-redes do Angrense, revelou-me que, no tempo em que esteve na ilha Terceira, frequentava muito a Zenite e que muito conversava com o senhor Avelino.
Depois de contada esta história, cabe-me dizer que, em representação deste jornal «A União», em Agosto de 1984, tive o grato prazer de estar na festa de homenagem do José Amorim em Santa Cruz das Flores. E porque nunca me esqueço das pessoas que fazem parte do meu trajeto jornalístico (48 anos, será pouco tempo?), não podia, de forma alguma, deixar de falar do José Amorim, falecido no dia 13 de Janeiro. Pena, realmente, e segundo o que descreveu o Renato Moura, que muitos outros colegas do futebol, incluindo dirigentes, não estivessem presentes no último adeus a um homem que no futebol - e não só nesta actividade - deu muito à ilha das Flores.
Descansa em Paz, José Amorim, velha glória do futebol florentino e cidadão que todos se habituaram a respeitar.
Carlos Alberto Alves
Artigo do jornalista terceirense Carlos Alberto Alves, n' «A União».
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