Região compra no exterior quase todo seu consumo de produtos hortícolas
A importação de frutas e vegetais tem aumentado todos os [últimos] anos nos Açores, passando a Região de uma situação de auto-suficiência para outra em que compra no exterior quase tudo o que consome, alertaram alguns produtores hortícolas do arquipélago.
“Importa-se tudo, da salsa à batata, passando pelo repolho ou pelo tomate. As pessoas deixaram de produzir e a capacidade de compra tem vindo a diminuir”, afirmou Oliveira Melo, empresário do sector, à margem do Primeiro Encontro de Horticultura da ilha de São Miguel.
O empresário recordou que a nossa Região tinha há cerca de duas décadas uma situação de auto-suficiência, mas agora "importa cada vez mais todos os anos", incluindo batata "que era talvez o único produto derivado da terra onde há anos o arquipélago era auto-suficiente".
Nas contas de Oliveira Melo, a ilha de São Miguel "importa anualmente cerca de 6 mil toneladas", frisando que "até a salsa é importada". Os números que apresentou referem ainda que fava, tremoço, maçãs e batatas são produtos importados que chegam ao arquipélago vindos de países como Chile ou Nova Zelândia.
"Estima-se que as importações agrícolas se situem em valores entre 20 a 30 milhões de euros nos Açores", frisou o empresário agrícola, atribuindo a quebra na produção agrícola regional ao aumento significativo da pastagem que "começou a galgar terrenos [anteriormente] destinados à agricultura".
"As pessoas [que nos visitam] ficam fascinadas com o nosso clima e a nossa verdura, mas é praticamente só pastagem", afirmou Oliveira Melo, que adiantou estar confiante numa alteração deste quadro uma vez que já existem indícios "bastante promissores" no cultivo de produtos hortícolas.
"Já existem mais horticultores e pessoas novas com formação académica superior que têm destinado o seu tempo à agricultura", afirmou o empresário agrícola, acrescentando que a crise e as dificuldades "vão fazer regressar" as pessoas ao cultivo de produtos hortícolas.
Notícia: «Açoriano Oriental» e «Jornal Diário».
Saudações florentinas!!
2 comentários:
para que nunca mais haja crise é por estes moços novos das flores de sacho na mão a trabalhar de sol a sol.
Adenda informativa sobre este Primeiro Encontro de Horticultura da ilha de São Miguel, através duma notícia do «Açoriano Oriental»: "Produtores apelam à cooperação da Universidade dos Açores".
“A longo prazo gostaríamos de entrosar todos os intervenientes com a Universidade dos Açores”, disse o engenheiro agrónomo e empresário Oliveira Melo. “Julgo que produtores e população só teriam a ganhar se estreitássemos esta relação”, apelou o mentor deste Primeiro Encontro de Horticultura da ilha de São Miguel.
A já referida quebra na produção [regional] dos produtos hortícolas, a importância da aposta na diversificação dos produtos, o uso dos substratos no cultivo, a qualidade e segurança nos produtos hortícolas, a hidroponia (cultivo aquático) e os diversos incentivos financeiros disponíveis a produtores, foram alguns dos temas discutidos no encontro.
O sucesso deste Primeiro Encontro de Horticultura da ilha de São Miguel levou mesmo Oliveira Melo a ponderar a possibilidade de se realizar um segundo encontro desta natureza, mais virado para os produtores hortícolas amadores.
No período entre 2007 e 2011, a área de cultivo nos Açores destinada à horticultura aumentou mais do dobro, revelação feita pelo secretário regional da Agricultura e Florestas, Noé Rodrigues, no encerramento do Primeiro Encontro de Horticultores.
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