quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Património natural açoriano sob invasão

Espécies vegetais e animais açorianas competem regularmente nos seus espaços naturais com espécies invasoras. Património natural caraterístico dos Açores com dificuldades de conservação. Existe uma mudança de mentalidades, mas ainda não é suficiente.

A situação da laurissilva dos Açores dá-nos notícias más e notícias razoáveis, segundo Eduardo Dias, professor auxiliar na Universidade dos Açores e especialista nas áreas da biologia e ecologia. Por um lado, existem algumas ilhas no arquipélago que perderam quase todo o seu património vegetal. Por outro, as manchas de vegetação que ainda subsistem em outras ilhas são, muitas vezes, mal preservadas.

A situação é transversal a ambos os arquipélagos portugueses onde, regra geral, quanto maior a mancha de vegetação, pior se encontra o seu estado de preservação. Existem ainda casos de potenciais manchas não aproveitadas, que acabam por regredir face à pressão de outras plantas dominantes e infestantes.

Um dos problemas que persistem nos arquipélagos dos Açores e da Madeira, segundo o especialista, é justamente a competição dos seus espaços naturais com espécies invasoras que acabam por predominar, não só de plantas mas também de vários tipos de animais, como os insetos e os coelhos.

Eduardo Dias dá como exemplo a costa Norte da ilha de São Jorge que, segundo o especialista, tem vindo a ser progressivamente abandonada e onde se começam a observar verdadeiros "matagais de espécies invasoras".

Como consequência deste clima de pressão, o cenário comum é desaparecerem do território açoriano várias espécies endémicas do arquipélago, um número que o especialista afirma rondar os 50% do total das espécies classificadas. "Oficialmente, só há uma espécie endémica dos Açores extinta", diz o Eduardo Dias, "mas temos mais cerca de uma dúzia delas em perigo".

Eduardo Dias está confiante na crescente onda de apoio às causas de preservação e conservação da natureza. "Os Açores estão numa mudança de paradigma", diz o especialista, com a criação de parques naturais, zonas protegidas, trilhos e percursos de lazer e procurando um "equilíbrio entre políticas agrícolas e de preservação da natureza".

Um desenvolvimento que, mesmo assim, já vem tarde, já que "os Açores são provavelmente a última região da Europa com zonas protegidas". Antes destas classificações, "eram os outros que arrumavam a nossa casa" através de regras e diretrizes externas.

Se, como diz Eduardo Dias, "o território é a expressão da cultura de um povo", então não abona muito a favor da cultura açoriana quando são poucas as ribeiras que ainda correm água permanentemente e raros os lagos que não estejam em mau estado nas várias ilhas.

Diz o especialista que muito do controlo ambiental que a natureza oferece de graça nós tendemos a desprezar, e que por isso é que se dão as catástrofes naturais: "A natureza é um importante auxiliar para garantir a estabilidade do sítio onde vivemos", acrescenta.


Notícia: jornal «Diário Insular».
Saudações florentinas!!

2 comentários:

Marcia Andre disse...

I am very happy to see mention of the terrible problems associated with invasive species in the Azores. After 3 visits in the last few years to several of the island, it is clear the more needs to be done. The laurel forest are a precious part of the Azores ecology, and must be better protected. Keep up the good work in this direction! Thank goodness for Google Translate!

Marcia Andre USA

Anónimo disse...

Boa noite,
Esta notícia que veicula a opinião do Dr.Eduardo Dias,é oportuna mas insuficiente ou omissa. Seria uma oportunidade para divulgar o nome e a forma como preservar algumas espécies,nomeadamente as menos conhecidas.
É que,apesar de toda a acção desenvolvida pelos serviços do Governo Regional,existe ainda muita falta de informação e alguma incompreensão, acerca das regras a respeitar.
Por exemplo; O Dr.Eduardo Dias fala de excesso de espécies invasoras,mas o incenso,que creio ser uma delas e que abunda nas nossas Ilhas,só se pode podar, sendo proibido cortar!...
Afinal, em que ficamos?
Depois,existem realidades diferentes em cada Ilha do nosso Arquipélago,que justificariam medidas diferenciadas,ou mesmo dentro da mesma Ilha.Por exemplo,a Ilha das Flores,possui vastas áreas onde abundam o cedro e a queiró. No passado,a queiró era usada para chamuscar os porcos abatidos em ambiente doméstico e nunca se extinguiram.Actualmente estão a morrer de velhas e a invadir as pastagens. É uma situação que hoje quase não se põe, porque o progresso a ultrapassou.
Do mesmo modo,o cedro,antes usado para algumas peças na construção de embarcações e de alfaias agrícolas,também sempre prosperou e hoje morre de velho. Trata-se de uma madeira nobre,excelente para fabrico de artesanato,dada a sua cor e cheiro caracteristicos e finos,mas totalmente inacessivel. Estes são alguns aspectos que merecem reflexão e debate,decerto em momento e contexto adequados. Fica a ideia.