sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Exuberância destas ilhas ocidentais

Quiseram a natureza, a geografia e as gentes das Flores e do Corvo fazer dos pedaços de terra mais ocidentais dos Açores, de Portugal e da Europa, recantos de exuberância insular. São ilhas singulares que aguardam uma visita sua.

Aninhadas no extremo do arquipélago açoriano, as ilhas das Flores e do Corvo possuem personalidades únicas, assumindo-se como as paragens mais ocidentais da Região, do país e da Europa. Longe dos continentes, tornaram-se ilhas irmãs pela proximidade e pelas afinidades histórico-culturais. Estão repletas de natureza por explorar e, no dia-adia, as pequenas comunidades que nelas habitam - cerca de 4.500 residentes - fazem do isolamento vontade e arte de bem-receber.

Separadas por pouco mais de vinte quilómetros – uma brevíssima viagem de 15 minutos de avião ou, se preferir, de quarenta minutos por barco –, quer a ilha das Flores, quer a do Corvo são destinos que valem por si.

Ambas são mundialmente reconhecidas pelos seus ecossistemas naturais, classificadas pela UNESCO, desde 2007, como Reservas da Biosfera e santuários da vida animal. Um selo de conservação e desenvolvimento sustentável que honra locais e atrai turistas.

Não é de estranhar, pois, que os visitantes partam em busca dos inúmeros trilhos pedestres que existem nestas duas ilhas, seja à procura das sete mágicas lagoas florentinas ou das centenas de ribeiras e cascatas que precipitam experiências únicas de canyoning em fajãs e fajãzinhas. Há ainda o birdwatching, que tanto chama ornitólogos, como entusiastas da fauna local na (re)descoberta, a cada estação migratória, de aves marinhas em redor dos ilhéus e penedos, das falésias e escarpas que recortam estas ilhas do Grupo Ocidental açoriano. E há também quem não resista às suas águas cristalinas para banhos ou, como no Corvo, para um fantástico mergulho entre gigantes meros que ocupam um caneiro próprio e protegido.

É um facto: ninguém fica indiferente aos ex-libris verdejantes destas ilhas: a Rocha dos Bordões, assente em imponentes colunas de basalto com cerca de 20 metros de altura; e o Caldeirão do Corvo, cratera abatida do vulcão que terá originado a ilha, com mais de dois quilómetros de diâmetro e com uma lagoa no seu interior que, segundo os locais, recria uma paisagem panorâmica das nove ilhas açorianas. Um regalo para os olhos.

Exuberante é também o seu património cultural. Estas ilhas, ao contrário das suas congéneres, não tiveram a mesma lógica de povoamento, devido ao afastamento geográfico dos países conquistadores de outrora. Por essa razão, reinam lendas de piratas e corsários dos séculos XVI e XVII, preservam-se achados e histórias travadas entre locais e invasores e percebe-se o traçado que edificou, conforme a necessidade, os seus povoados.

São, por tudo isso e mais, ilhas abertas ao imenso Oceano Atlântico, vulneráveis e misteriosas à distância; hospitaleiras e serenas no encontro; pequenas ao olhar forasteiro; preenchidas no seu interior; e sempre, sempre, exuberantes.


Notícia: revista «Azorean Spirit - SATA Magazine», número 67.
Saudações florentinas!!

1 comentário:

Anónimo disse...

E de repente a saudade bateu à porta...