domingo, 24 de janeiro de 2016

A morte do jornal «O Monchique»

Foi com muita tristeza que recebi a notícia do fecho do jornal «O Monchique», da ilha das Flores. Dezoito anos foi a sua longa vida, muito jovem para ser de utilidade pública. São muitas as vozes que se calam, para uma ilha que fica tão longe e tão isolada. Só nos resta olhar em frente para o ponto mais ocidental da Europa, que é o ilhéu do Monchique. Já em 2010, no seu editorial, se alertava: "Tudo tem um princípio, tudo tem um fim". O financiamento já se tornava insuportável, por parte dos assinantes que não pagavam as suas quotas, ou por falta de publicidade, mas tudo leva a crer que os fundos estruturais que recebia por parte do Governo Regional, referentes à publicidade institucional, por vezes não passavam dos 55 euros. Só podia dar em doença "oncológica prolongada" para chegar rapidamente à sua morte. Ficou a ilha das Flores sem voz, sem um registo público, mas talvez foi o desejo desses que pensam ser donos dos açorianos, nomeadamente desta ilha da coesão, mas que está cada dia mais isolada... Vou transcrever algumas palavras e o último desabafo editorial do jornal «O Monchique»: "Um dia alguém recordará que O Monchique, para além de ser o ponto mais ocidental da Europa, também foi título de jornal e deixou impressa alguma da nossa história coletiva que ocorreu nos últimos dezoito anos!".

Um bem-haja José António, diretor do jornal «O Monchique».


Opinião de João Ventura, publicada no jornal «Diário Insular».
Saudações florentinas!!

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